Mondo Pop

O pop de ontem, hoje, e amanhã...

Biografia traz um John Lennon contraditório e humano

Por Fabian Chacur

 

Meu amigo Raul Bianchi diz que conhecer de perto um ídolo pode não ser uma experiência muito agradável. Nem sempre o artista está a altura do ser humano, e nem sempre o ser humano é compatível com a qualidade artística do ídolo. Não pude deixar de lembrar disso ao ler as mais de 800 páginas de John Lennon- A Vida, biografia de John Lennon escrita por Philip Norman, conhecido por outro livro ligado ao artista, Shout!, uma das mais elogiadas bios dos Beatles. O autor pesquisou com afinco sobre o tema, colhendo depoimentos especialmente para seu livro e também colhendo material de jornais, revistas e diversas outras fontes. Entre os entrevistados, até mesmo Yoko Ono, que, no entanto, preferiu não dar o seu aval ao livro, achando que Norman foi um pouco maldoso com o cantor, compositor e guitarrista inglês, um dos nomes mais importantes da história do rock. Na verdade, o que temos aqui é um ser humano despido de sua aura de mito. Um cara que admite ter tido apetite sexual pela própria mãe. Cujas “puladas de cerca” em relação ao seu primeiro casamento, com Cynthia Powell, deixariam até um Don Juan profissional envergonhado. Que negligenciou por completo a educação do primeiro filho (Julian), a ponto de, quando teve o segundo (Sean), ter deixado a carreira de lado para se dedicar única e exclusivamente a cuidar do mesmo. Lógico que, felizmente, o cantor, compositor e músico também é abordado e devidamente analisado. O livro é bom, embora Norman às vezes se perca em opiniões discutíveis (Get Back, uma música fraca? O panfletário e dispersivo Some Time In New York City, um bom disco? Ugh!), e se mostre um pouco anti-Paul McCartney (que, no entanto, colaborou com o livro, acredite se quiser). Seja como for, ainda acho melhor conhecer John Lennon através do que ele fez de melhor, que foram os discos que gravou com os Beatles (todos, sem exceção) e os que fez na carreira solo, dos quais se destacam os maravilhosos John Lennon-Plastic Ono Band (1970), Imagine (1971) e Walls And Bridges (1974).

 

Videoclipe de Instant Karma!:

 

http://www.youtube.com/watch?v=EqP3wT5lpa4

 

7 Comments

  1. Fabian, ainda não li esse livro, mas quando vi uma reportagem dele no jornal fiquei também chocado. Parece que ele sentia atração pelo Paul também né, além da própria mãe (!).
    Mas você tem razão, melhor ficar sempre com as coisas positivas de sua carreira, seja as marcantes canções ou as suas mensagens de paz.
    Abs

  2. vladimir rizzetto

    April 24, 2009 at 5:16 pm

    John Lennon era contraditório por excelência. Em Mother lamentava a ausência dos pais, porém fez o mesmo com seu primeiro filho, Julian.
    Escreveu God, a canção mais pessimista, anti-cristã e barra-pesada de todos os tempo, além de ter “profetizado” que o Cristianismo iria acabar, entretanto, clamou pela ajuda do Senhor em Help Me to Help Myself… “Oh help me Lord, Please help me Lord…”.
    Vendia a imagem de um cara “comum”, porém, morava em palacetes (antes do Dakota) e posava de messias em Working Class Hero: “… if you want to be a hero well just follow me”.
    Sabe, Fabian, ás vezes, é melhor não conhecer a fundo nossos ídolos, pois podemos nos decepcionar.
    Musicalmente falando, que é o que interessa, John Lennon sempre foi o cara! Plastic Ono Band é para mim seu melhor trabalho, um disco áspero, cru e revoltado, mas também gosto de todos os outros, principalmente Walls and Bridges, Imagine e Double Fantasy, Mind Games é outro bom disco, mas está um degrauzinho abaixo destes.
    Panfletário é uma ótima definição para Sometime in New York City, um disco fraco e que foi feito com relaxo. E o que dizer dos álbuns “conceituais” ou “experimentais”??? Tinha de ser John Lennon, para posar pelado na capa junto com Yoko e sua “taturana”. Two Virgins e Life with the Lions são as maiores gozações que um artista já fez com a indústria fonográfica e com os fãs, e só encontra um concorrente de peso em Metal Machine Music (Lou Reed), um verdadeiro soco no estômago das gravadoras!
    E eu também acho Get Back uma “músicona”, mas é do Paul!
    Grande abraço, Fabian e amigos!

  3. Acho o Lennon complexo e confuso demais.Prefiro me focar em sua obra.De tanto tentar entender os ídolos, fundi a minha cuca analisando o Jim Morrison demais,me confundindo ainda mais que acho que não consiguirei entender mais ninguém deste mundo rock n´roll he he he

    A saber:Double Fantasy me agrada um bocado.E não acho a Yoko o bicho de sete cabeças que andam pintando.

    Saudações Chacur.

  4. Alexandre Damiano

    April 25, 2009 at 11:46 pm

    Haha
    esse assunto de conhecer ídolos eu tenho experiência.
    Me aborreci com alguns que conheci e em surpreendi com outros.
    Concordo com o Rizzetto. Melhor apenas curtir o trabalho deles e pronto.
    Afinal, somos todos humanos e suscetíveis.

    abraços

  5. Muito obrigado pelas ótimas respostas de todos. O tema “conhecer de perto nossos ídolos” é bem interessante, e bem complexo, também. É, Rizzetto, essa coisa da “atração pelo Paul” não é explicitada no livro, mas o ciúme que ele tinha da projeção artística do ex-parceiro era dos maiores…….E todos concordamos em um ponto: o legado artístico que John Winston Ono Lennon nos deixou é dos maiores. E peço desculpas pela demora na respostas e por novos posts, mas meu computador está em obras……Abração!!!!!

  6. jane edil belmonte

    June 12, 2009 at 5:04 pm

    Olá, tenho certeza que freud explica!!! rsrsrs a sexualidade dele pela mãe…freud fala muiito disso…todo mundo tem o melhor dentro de si, e ele nos ofereceu isso….um gde abraço Jane

  7. Antes de tudo, muito obrigado pela visita, Jane! Realmente é uma questão polêmica, beeeem polêmica..rsrsrsrsrs

Leave a Reply

Your email address will not be published.

*

© 2024 Mondo Pop

Theme by Anders NorenUp ↑