Por Fabian Chacur

 

Rotular o cantor e compositor mineiro Renegado de rapper é querer limitar o impacto de sua música. Ele tem uma formação que se vale desse ritmo seminal para a música pop moderna como base, mas vai muito além dele para conceber a sua música. A mistura inclui reggae, funk de verdade, soul music, samba e até elementos do folclore musical brasileiro. Nascido e criado na Favela Alto Vera Cruz, em Belo Horizonte, ele é cantor, compositor e músico, e lançou em 2008 seu disco de estréia, Do Oiapoque a Nova York, com produção do mestre Daniel Ganjaman, um dos melhores produtores da cena independente paulistana. Tive a oportunidade de conferir, na noite de ontem, durante o festival Conexão Vivo, realizado no Parque Municipal, em Belo Horizonte (MG), uma performance sensacional desse artista, vencedor do prêmio Hutús, o mais importante do rap brazuca, como revelação de 2008. E fiquei de queixo caído. Renegado é um artista pronto e talhado para o estrelato. Imprime melodias deliciosas a seu canto “rappeado”, investe em letras fortes e positivas, na qual incentiva as pessoas a superarem as dificuldades sem cair nos atalhos da criminalidade ou das drogas. A seu lado, os excelentes Felipe Fantoni (baixo), Padovani (bateria) e o DJ Spider. Para melhorar ainda mais as coisas, ele contou, em seu show, com a participação especial do rapper Cubanito, outro talento emergente, e de um dos mestres da soul music brasileira, o brilhante Marku Ribas. A performance do trio na música Mil Grau levou a platéia presente ao delírio. Outros momentos marcantes: a forte música Renegado, a ótima Sei Quem Tá Comigo e uma versão certeira de Não Vou Ficar, de Tim Maia e sucesso na voz de Roberto Carlos, que foi mixada no melhor estilo mashup com Superstition, de Stevie Wonder. Renegado, é rap, é reggae, é funk, é soul, é pop, é samba, é mestiço de bamba, como a melhor música brasileira sempre é.

 

Confira Mil Grau, ao vivo no Show Livre:

 

http://www.youtube.com/watch?v=cIeoIXXw5X4