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Cinepiano Tony Berchmans é atração de novo na Europa

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Por Fabian Chacur

Iniciado em 2010, o projeto Cinepiano Tony Berchmans se consolidou como um sucesso de proporções mundiais. Novamente ele vai à Europa, em temporada com seis datas que começou no último dia 29 de maio em Pisa, Itália, prosseguiu no dia 1º na Romênia e seguirá adiante neste sábado (4) em Arcos de Valderes, Portugal, dia 11 em Lisboa, Portugal (aqui, com direito a um workshop), dia 17 em Hexham, Inglaterra e será encerrada em Londres, Inglaterra, no dia 25.

Cinepiano é um belo tributo ao cinema mudo, período em que os filmes eram apresentados ao público com trilha sonora feita por músicos ao vivo. Tony Berchmans, ao piano, improvisa sons para cada ocasião/filme, valendo-se de temas musicais compostos por ele e também alguns trechos clássicos, sempre com a preocupação primordial de não perder a sincronia com as imagens. Os estilos musicais utilizados são costumeiramente o ragtime, o jazz tradicional e outros estilos típicos daqueles anos iniciais do século 20.

Os filmes acompanhados por Berchmans variam a cada apresentação, sendo que estão na atual programação uma homenagem a Alfred Hitchcock e o clássico Nosferatu, de Murnau. A ligação dele com o cinema é antiga, sendo que em seu currículo temos o livro A Música do Filme- Tudo o Que Você Gostaria de Saber Sobre a Música do Cinema.

Berchman é um pianista, compositor e cinéfilo brasileiro radicado em São Paulo que atua desde 1992 no cenário musical, criando e produzindo sons para rádio, TV, cinema e internet. Em 2007, foi o curador do badalado evento Música Em Cinema- 1º Encontro Internacional de Música de Cinema, realizado no Rio e com a presença dos consagrados Ennio Morricone e Gustavo Santaolalla.

Saiba mais sobre Cinepiano- Tony Berchmans:

Cinepiano Tony Berchmans- Cops (clipe):

Cinepiano Tour 2012- Trechos:

Soundscape Big Band toca no Teatro Commune, São Paulo

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Por Fabian Chacur

Toda Segunda é Dia de Big Band é um projeto muito interessante que abre espaços para que bandas com trabalhos consistentes e instigantes possam se apresentar em São Paulo, onde os espaços para esse tipo de formação não são dos maiores. Nesta segunda (6) às 21h, a atração será a Soundscape Big Band, e o local, o Teatro Commune (rua da Consolação, nº 1.218- Consolação-S.P. fone 0xx11-3476), com ingressos a R$ 10,00 (meia) e R$ 20,00 (inteira).

Na estrada desde 1999, a Soundscape Big Band investe na estrutura básica de cinco saxofones, quatro trombones, quatro trompetes, baixo acústico, bateria, piano e guitarra. Na sua escalação, músicos experientes que já tocaram com celebridades musicais do naipe de Ivan Lins, Tom Jobim, Lionel Hampton Orchestra, Lee Konitz, Milton Nascimento, João Bosco etc. Eles tocam arranjos e composições de diferentes sonoridades e texturas do jazz contemporâneo.

Em seu currículo, a big band tem os CDs Maybe September (2001),Uncle Charles (2007) e Cores Vol.1 (2011). Seu mais recente trabalho é Paisagens Sonoras. Eis a sua escalação:

Saxofones:
Josué dos Santos (líder) – sax alto/soprano/flauta/flauta alto.
Samuel Pompeo: sax alto/flauta/clarinete baixo.
Vitor Alcântara: sax tenor/soprano/flauta/sax alto.
Jefferson Rodrigues: sax tenor/flauta
Carlos Alberto Alcântara: sax tenor/flauta. (convidado especial)
Luiz Neto: sax barítono/flauta.

Trompetes:
Junior Galante (líder)
Daniel D’Alcântara
Sidmar Vieira
Paulo Jordäo

Trombones:
Paulo Malheiros Jr (líder)
Jorge Neto
Marcelo Boim
Jaziel Gomes – trombone baixo.

Guitarra: Djalma Lima.
Piano: Edson Sant’anna.
Baixo acústico: Bruno Migotto.
Bateria: Cuca Teixeira

Paisagens Sonoras– Soundscape Big Band:

Almirante Nelson– Soundscape Big Band:

Naked Soul– Soundscape Big Band:

Bandas Linda Lobo e Vital são as atrações do Rio Novo Rock

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Por Fabian Chacur

Duas bandas da novíssima geração do rock carioca serão as atrações deste mês do Rio Novo Rock (RNR), projeto que existe há quase dois anos na cidade do Rio de Janeiro e que já teve 23 edições, com a presença de 47 bandas e 23 DJs. Estão escalados para a festança os grupos Linda Lobo (FOTO) e Vital. O show rola nesta quinta-feira (2/6) às 20h no Imperator- Centro Cultural João Nogueira (rua Dias da Cruz, nº 170- Meier- fone 0xx21-2597-3897), com ingressos a R$ 10,00 (meia) e R$ 20,00 (inteira).

Na estrada desde 2013, a banda Vital é integrada por Pedro Anversi, Marcelo Caldas, Matheus Buonocore, Lincoln Bispo e Felipe Lopes. Seu som é uma mescla de hard rock e rock alternativo, com influências de Three Days Grace e Velvet Revolver, entre outros. Eles acabam de lançar o EP Selvagem, com produção a cargo do experiente Felipe Rodarte. Combustão, Amanhecer e Martírio são algumas de suas músicas.

Por sua vez, a Linda Lobo surgiu em 2014 e já passou por palcos nobres como Circo Voador e Fundição Progresso. Estão no time Rocky Malias (vocal), Gustavo Antunes (guitarra), Lucas Castelo (guitarra), Figa (baixo) e Bernardo Salgueiro. Volume 1, seu novo EP, cujo subtítulo é “Histórias Selvagens de Uma Dama Fatal”, traz um rock ardido e com tempero blueseiro e dançante, incluindo faixas como Blues do Jon, Truque de Mágica e Linda e Louca. Também estão na programação do evento RNR deste mês o DJ Abrahin e o VJ Miguel Bandeira.

Volume 1 (EP)- Linda Lobo:

Combustão– Vital:

DVD Mr. Dynamite viaja pela trajetória de James Brown

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Por Fabian Chacur

James Brown (1933-2006) teve uma vida que nem mesmo o mais criativo roteirista de cinema poderia ter imaginado, de tão fascinante e improvável. Criado por uma tia em uma casa de prostituição, preso ainda muito novo, encrenqueiro, poderia perfeitamente ter morrido jovem e desconhecido. Pois o cara não só sobreviveu como ainda virou um dos nomes mais importantes e influentes da história da música pop. Essa trajetória é contada de forma crua e sem rodeios em Mr. Dynamite- The Rise Of James Brown, documentário que a Universal Music acaba de lançar em DVD no Brasil.

Com produção de ninguém menos do que Mick Jagger e direção de Alex Gibney, o documentário traz riquíssimo material de arquivo, com direito a registros de shows, trechos de entrevistas concedidas pelo protagonista do filme em diversos momentos de sua vida e, creme do creme, entrevistas atuais com alguns dos músicos mais próximos a ele e integrantes de suas bandas de apoio, que tiveram importância decisiva para que o cara chegasse onde chegou.

Aliás, uma das grandes virtudes do documentário é a franqueza com que os músicos falam sobre o antigo patrão. Elogiam quando é o caso, mas baixam o cacete no cara nas horas certas, sem pintar um quadro de santinho que qualquer pessoa que conheça um pouco da vida de James Brown sabe que ele nunca foi e nunca quis ser, por sinal. O com lembranças mais afetivas é o baixista William “Bootsy” Collins, e o mais amargo é o saxofonista Maceo Parker.

As revelações sobre como era James Brown como bandleader são simplesmente deliciosas. Melhor não ficar contando muito para não estragar a surpresa de quem ainda não viu. Mas vou entregar uma passagem fantástica: a lembrança do baterista Melvin Parker, quando apontou a arma e ameaçou Brown, quando este vinha em direção a seu irmão Maceo pronto para enfiar uma muqueta em sua cara, nos bastidores após a realização de um show. Inacreditável.

O início difícil, as inseguranças, a criação do seu som, as mudanças da banda, a evolução da soul music para a funk music, está tudo ali, detalhado, de forma muito boa de se ver. Seu incoerente posicionamento político também é exposto, com guinadas da esquerda à direita. Mas o mais importante fica sempre em evidência, a genialidade criativa de um cara que rompeu barreiras e ganhou fãs nos quatro cantos do mundo. E a seção de extras traz 27 minutos de depoimentos adicionais, sendo que o documentário tem mais de duas horas.

Obs.: nos extras, temos também uma excepcional parceria gravada ao vivo lá pelos idos de 1976 no legendário programa de TV Soul Train reunindo James Brown, B.B.King e Bobby “Blue” Bland, que por si só já valeria a aquisição deste DVD.

Mr. Dynamite- The Rise Of James Brown-em streaming:

Funky Drummer– James Brown:

Cold Sweat– James Brown:

Richie Sambora fará 2 shows em São Paulo com Orianthi

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Por Fabian Chacur

Richie Sambora se apresentou ao vivo pela primeira vez no Brasil em 1990, com duas performances no Hollywood Rock Festival. Desde então, ele voltou algumas vezes, sempre com o grupo que o tornou conhecido mundialmente, o Bon Jovi. Em julho, seus fãs tupiniquins poderão rever o guitarrista e vocalista americano, mas desta vez em carreira solo. Ou melhor, em dupla com outra guitarrista e vocalista, a australiana Orianthi. Um casal muito competente.

A dupla Sambora/Orianthi será a principal atração do Samsung Best Of Blues Festival. Estão programadas duas apresentações em Sampa City, uma no dia 8/7 no Tom Brasil (os ingressos começarão a ser vendidos em breve) e outra gratuita no Parque do Ibirapuera no dia 10 de julho. Os shows mostrarão aos brasileiros uma nova fase na carreira do músico, que saiu do Bon Jovi em 2013, após 30 anos e mais de 130 milhões de discos vendidos mundo afora.

Na verdade, Richie Sambora já tinha uma carreira-solo que levava de forma paralela. O primeiro disco nesse formato, Stranger In This Town, saiu em 1991, e contou com a participação de Eric Clapton. Undiscovered Soul (1998) e Aftermath Of The Lowdown (2012) foram as suas outras incursões individuais até o momento. Ele também regravou em 1990 a música The Wind Cries Mary, de Jimi Hendrix, para a trilha do filme The Adventures Of Ford Fairlane.

No Reveillon de 2014, Mr.Sambora conheceu Orianthi durante uma jam session, e a semente para uma dobradinha no mundo da música e também no afetivo surgiu ali mesmo. Os primeiros shows em dupla começaram naquele mesmo 2014, com direito a passagem pelo enorme Download Festival. Eles estão gravando o primeiro álbum, com participações confirmadas de Darryl Jones (baixista dos Rolling Stones) e William Calhoun (baterista do Living Colour), sendo que os nomes de Buddy Guy e Stevie Wonder também estão sendo especulados.

Para quem não tem a menor ideia de quem seja a parceira atual de Richie Sambora, lá vai uma biografia resumida da moça. Orianthi Panagaris nasceu em Adelaide, Austrália, em 22 de janeiro de 1985, filha de uma família de origem grega. Começou a tocar com apens seis anos de idade. Aos 11 aninhos, seu pai a levou para ver um show de Carlos Santana, e a jovem loirinha não só ficou encantada com o músico como decidiu ser guitarrista profissional ali mesmo.

Quando Santana voltou a tocar na Austrália, Orianthi tinha 18 anos, e ali foi a vez de o astro mexicano ouvir a moça tocar e ficar encantado, a ponto de ela ter participado de seu show. A cantora e guitarrista lançou dois CDs independentes, Under The Influence e Violet Journey, e em 2006 se mudou para os EUA no final de 2006, sendo contratada pela Geffen Records (hoje selo da Universal Music).

Na terra de Barack Obama, foi contratada para ser a guitarrista da estrela pop Carrie Underwood. Ao participar da cerimônia do Grammy em 2009 com a cantora, foi vista por Michael Jackson, que não demorou a convidá-la para entrar em sua banda. Orianthi ensaiou por meses com o Rei do Pop, mas a turnê nunca se concretizou, pois o autor de Billie Jean morreu em 25 de junho de 2009. Ela, no entanto, tem presença importante no filme This Is It, que registra exatamente essa fase de preparação da turnê tristemente abortada.

Nesse mesmo 2009, Orianthi lançou o álbum Believe, do qual faz parte o hit According To You. Em 2011, ela entrou na banda de Alice Cooper, com quem tocou até 2014, participando de duas turnês mundiais. Em seu currículo, também constam trabalhos com Carlos Santana, Steve Vai, Michael Bolton, Prince, ZZ Top, Adam Lambert, John Mayer e Dave Stewart (com quem gravou o álbum Heaven In This Hell em 2013).

Em entrevista concedida em fevereiro de 2016 antes de uma cerimônia de premiação da Billboard, Richie Sambora definiu de forma bem-humorada seu trabalho com Orianthi como “Sonny & Cher com esteroides”. Fica a curiosidade para conferir ao vivo o show deles, e também em breve como soará esse CD da dupla. Será que Jon Bon Jovi irá curtir? Aguardem as cenas dos próximos capítulos!

I Got You Babe– Richie Sambora & Orianthi (trecho):

Richie Sambora e Orianthi em uma loja de guitarras raras (Norman’s Rare Guitars-Tarzana-California):

Richie Sambora – Orianthi – Stranger in this town live Download festival 2014:

O grupo Bicho de Pé faz show no Canto da Ema- São Paulo

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Por Fabian Chacur

Com 16 anos de estrada, o grupo Bicho de Pé é um dos mais legais e consistentes dentre os que apareceram no estouro do chamado “forró universitário”, lá pelos idos de 2000/2001. Para quem ainda não teve a chance de vê-los ao vivo e a cores, uma boa oportunidade ocorre nesta quarta-feira (25), véspera de feriado, a partir da meia-noite, no Canto da Ema (avenida Brigadeiro Faria Lima, nº 364- Pinheiros- fone 0xx11-3813-4708), com ingressos de R$ 20,00 a R$ 35,00.

O trabalho do Bicho de Pé mistura xote, baião, forró, xaxado e maracatu, entre outros ritmos nordestinos, com direito a composições autorais, como o megahit Nosso Xote, e obras de Gonzagão, Lenine e Raul Seixas, entre outros. Em seu currículo, temos quatro CDs e 2 DVDs, e eles já tiveram a oportunidade de trabalhar com Elba Ramalho, Chico Cesar, Dominguinhos, Miltinho Edilberto, Caju e Castanha e Caíto Marcondes.

O destaque do time é a ótima e carismática cantora e compositora Janaína Pereira, que vez por outra faz ótimas parcerias com outra cantora e compositora bem bacana, Vanessa Bumagny. Também fazer parte do grupo Cleyton Gama (sanfona), Daniel Teixeira (baixo) e Chica Brother (zabumba). Além de shows pelo Brasil, eles já fizeram duas turnês pelos EUA e quatro pela Europa, passando por países como Suíça, Alemanha, Holanda, Bélgica, Portugal, França, Itália, Finlândia, Rússia, Espanha, Áustria e (ufa!) Inglaterra.

Nosso Xote– Bicho de Pé:

No Meu Pé de Serra/Só Xote/O Xote das Meninas (ao vivo)- Bicho de Pé:

Linha de Fogo (ao vivo)- Janaína Pereira e Vanessa Bumagny:

Corina Magalhães explora do seu jeito a mineirice no samba

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Por Fabian Chacur

Tem mais uma mineira das boas no samba. Trata-se da cantora Corina Magalhães. Com 32 anos de idade e natural da cidade de Cambui (MG), a moça estreia em disco de forma segura e inspirada, mostrando que se preparou muito bem para executar essa tarefa, algo que infelizmente muitos artistas não fazem em seus primeiros trabalhos. O álbum, intitulado de forma simples e direta Tem Mineira no Samba, é um verdadeiro banho de swing, classe e sutileza. Bom demais da conta!

O conceito por trás do CD que abre a discografia desta intérprete é simples, mas muito bem desenvolvido. Ela selecionou 13 composições de autores mineiros de várias épocas, mais uma, Guerreira, escrita por dois cariocas (João Nogueira e Paulo Cesar Pinheiro), que, no entanto, foi feita e gravada pela mais famosa e bem-sucedida sambista mineira de todos os tempos, a saudosa Clara Nunes.

Com um repertório muito bem selecionado, o próximo passo foi criar uma moldura musical adequada e que se afastasse do óbvio, e nisso Corina mais uma vez se mostrou craque. Sua concepção musical temperou o baticum sambista com bons elementos de chorinho e especialmente de jazz, apostando na sutileza, nas nuances e em um delicioso diálogo entre voz e instrumentos em vários momentos, algo típico dos intérpretes jazzísticos mais bem dotados.

O resultado é um disco que flui gostoso a cada faixa. Uma grande qualidade desta mineirinha é o fato de se valer de um registro vocal doce e suave sem cair em uma mesmice, ou seja, sem se lambuzar de doçura e correr o risco de nos oferecer um trabalho sem variações e proibido para diabéticos. Nada disso. Corina prova que é possível ser suave e ao mesmo tempos nos oferecer variações de timbre e interpretação das mais expressivas, sem gritar ou exagerar.

Corina se porta bem na árdua missão de nos oferecer novas leituras para algumas músicas bem conhecidas, como Sem Compromisso (Geraldo Pereira-Nelson Trigueiro), Ai Que Saudade da Amélia (Ataulfo Alves-Mário Lago), Escurinho (Geraldo Pereira) e Falsa Baiana (Geraldo Pereira). Todas elas aparecem aqui de roupa nova, não se assemelhando a releituras anteriores e soando muito legais.

As três que ela pinçou da obra dos geniais João Bosco e Aldyr Blanc ficaram matadoras. São elas Casa de Marimbondo, Prêt-a-Porter de Tafetá e A Nível de…, esta última um dos momentos mais bem-humorados e sarcásticos da dupla mineiro-carioca. Em Aqui é o País do Futebol (Milton Nascimento-Fernando Brant), a intérprete dá uma aula no quesito suavidade-tensão, trocando de registros com uma categoria absurda.

Das novas gerações, boa representante é a deliciosa Galo e Cruzeiro, do versátil Vander Lee. E tem três do mestre Ary Barroso, Faceira, Camisa Amarela e Morena Boca de Ouro. E quer saber? Melhor você ir atrás e descobrir por si só esta bela obra, uma das estreias mais consistentes dos últimos anos. Muita cantora por aí tem se metido a cantar samba atualmente, mas poucas com esta consistência, esta categoria e essa fluência. Coisa muito, mas muito fina mesmo!

obs.: ah, e também merece muitos elogios a apresentação visual do CD, simplesmente espetacular, com direito a belíssima capa tripla no formato digipack, com direito a um belo encarte com as letras e ficha técnica. Coisa de primeiro mundo.

Aqui é o País do Futebol– Corina Magalhães:

Guerreira– Corina Magalhães:

Faceira– Corina Magalhães:

Pet Sounds e seu redemoinho de boas emoções e sensações

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Por Fabian Chacur

Pet Sounds completa 50 anos de lançamento neste mês de maio. O trabalho mais mitificado dos Beach Boys e presença inevitável na lista de melhores álbuns de rock de todos os tempos, trata-se de um disco que, tanto tempo depois de chegar ao conhecimento do público, permanece capaz de causar incrível prazer auditivo e mental a quem mergulha em seu conteúdo. Um clássico que merece essa badalação toda.

A semente que gerou a criação deste clássico CD foi a insatisfação de Brian Wilson, cantor, compositor e líder dos Beach Boys, ao ouvir Rubber Soul, dos Beatles, e se sentir muito atrás da banda britânica em termos criativos. Ele já estava cheio de falar sobre praias, sol, mulheres e diversão, sempre com uma base sonora leve e contagiante. A fórmula rendeu coisas muito boas, mas ele queria seguir adiante e não se repetir.

Como forma de tentar viabilizar esse objetivo ambicioso, resolveu deixar de participar dos shows da banda, passando a partir do final de 1965 a se dedicar exclusivamente ao trabalho de composições e de gravações do grupo. Convocou o letrista Tony Asher para ajuda-lo a traduzir em palavras seus sentimentos sobre amor, vida, sonhos, decepções etc. De quebra, resolveu transpor as fronteiras habituais e buscar outros instrumentos musicais e influências sonoras.

Foi dessa forma que nasceu Pet Sounds. Arranjos grandiosos, com direito a sonoridades até então não comuns no rock, incluindo instrumentos típicos da musica erudita e experimental, mudanças no andamento das canções, vocalizações elaboradas e tudo o que pudesse significar um novo rumo na vida musical dos Beach Boys. O grupo olhou esse desejo de Brian com certo temor, mas preferiu seguir os passos do líder, acreditando em sua intuição e talento. Fizeram bem.

Ouvir Pet Sounds equivale a uma bela viagem emocional, repleta de nuances sonoras e poéticas. Tudo começa com Wouldn’t It Be Nice, que coloca no condicional uma possibilidade aparente de felicidade, tipo “não seria legal se ficássemos juntos?”. As letras do álbum enveredam pela busca do amor, do seu eu interior, e da inadequação das pessoas mais sensíveis a um mundo costumeiramente violento, seco e sem espaços para o lirismo e o idealismo.

God Only Knows, sua música mais conhecida, é uma das declarações de amor mais belas jamais feitas (“só Deus sabe o que seria da minha vida sem você”). Here Today enfoca a fugacidade habitual do amor, enquanto Caroline No lamenta as mudanças ocorridas no comportamento da pessoa amada com o decorrer do tempo e o fim da paixão. I Know There’s An Answer vai fundo na ferida, com seus versos “eu sei que existe uma resposta, mas eu vou ter de achar por conta própria”.

O momento chave do álbum, e quem sabe para o que Brian Wilson sentia naquele momento de sua vida, aos 23 anos, é I Wasn’t Made For These Times, quando diz “aposto que não fui feito para esse tempo”. Não é de se estranhar que, nos anos que se seguiriam, o genial artista americano entraria em parafuso emocional, e teria muita dificuldade de lidar com a vida real, ficando muito próximo de enlouquecer ou mesmo morrer precocemente. Felizmente ele sobreviveu.

O resultado comercial de Pet Sounds nos EUA na época foi decepcionante, não passando do 10º lugar na parada da Billboard. Na Inglaterra, o trabalho se deu melhor. Mas os críticos gostaram, e mesmo vários colegas, entre eles Paul McCartney, que desde então sempre cita God Only Knows como sua música favorita de todos os tempos. Reza a lenda que Brian pirou após ouvir Sgt. Peppers, pois não se sentia à altura de tentar superar tal álbum.

Depois desse disco incrível, a genialidade de Brian Wilson permaneceu ativa. Smile, o clássico que ele desejava ser sua obra-prima, ficou pelo caminho e só se concretizou no longínquo 2004, quase 40 anos após o início de sua concepção. Valeu a espera, pois é um belo álbum, creditado a Brian Wilson como artista solo. Nada mais justo, pois Pet Sounds pode ser considerado, na prática, seu primeiro trabalho individual.

Brian Wilson fez coisas incríveis antes de Pet Sounds, e também faria, sozinho ou com os Beach Boys, outras maravilhas depois, como os ótimos álbuns Sunflower (1970), Surf’s Up (1971) e Holland (1973). Ficou bem, casou, teve vários filhos, voltou a fazer shows, esteve no Brasil e tudo. Tive a honra de apertar sua mão e ter meu Smile autografado por ele. Só Deus sabe a emoção que eu senti…

Obs.: uma última notinha: ouça Here Today e, na sequência, Alvorada Voraz, do RPM, e sinta como o riff da música da banda brasileira deve muito a uma parte da canção dos Beach Boys…

Pet Sounds– The Beach Boys (em streaming):

I Wasn’t Made For These Times– The Beach Boys:

Here Today– The Beach Boys:

Alvorada Voraz– RPM:

A cantora Thathi homenageia Cássia Eller com show no Rio

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Por Fabian Chacur

Cássia Eller morreu em 29 de dezembro de 2001 com apenas 39 anos. No entanto, deixou para os fãs uma obra consistente e repleta de emoção e grandes momentos. A cantora e guitarrista baiana Thathi fará um show em homenagem à intérprete de Por Enquanto e tantos outros sucessos em show no Rio de Janeiro nesta sexta-feira (20) às 21h30 no Solar do Botafogo (rua General Polidoro, nº180- Botafogo-RJ- fone 0xx21-2543-5411), com ingressos custando R$ 25,00 e R$ 50,00.

Intitulado Cássia Eller Por Thathi, a apresentação oferecerá ao púbico uma interpretação pessoal por parte da artista baiana, que dará uma geral em momentos importante do repertório de Cássia, com direito a Malandragem, ECT e All Star, entre outras. Embora seu timbre vocal lembre o da saudosa intérprete, a ideia é mostrar uma versão personalizada desses sucessos, sem cair na mera imitação.

Thathi possui uma carreira na qual estão computados três álbuns lançados até o momento. Seu mais recente trabalho é um EP que conta com participações especiais de Herbert Vianna, dos Paralamas do Sucesso, e da cantora e compositora Isabella Taviani. A produção ficou a cargo de Ricardo Feghali, conhecido como tecladista do Roupa Nova.

Malandragem (ao vivo)- Thathi:

All Star (ao vivo)- Thathi:

CD Coleção traz raridades da trajetória de Marisa Monte

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Por Fabian Chacur

Marisa Monte sempre se disse contrária ao formato coletânea de sucessos. Como forma de encerrar a parceria de seu selo Phonomotor Records com a Universal Music/EMI, a cantora optou por uma compilação norteada por outro conceito, o de reunir não hits, mas canções que a cantora e compositora carioca registrou em discos alheios e que estavam espalhados por aí. Nasceu, assim, Coleção, que curiosamente equivale a seu melhor álbum desde Tribalistas (2002).

A primeira fase da carreira discográfica de Marisa Monte foi simplesmente arrasadora. Com os álbuns MM (1989), Mais (1991) e Verde Anil Amarelo Cor de Rosa e Carvão (1994), ela conseguiu renovar a MPB e se tornar um caso raro de artista que conseguia fazer um trabalho consistente em termos artísticos e ao mesmo tempo disputar com força total os primeiros lugares das paradas de sucesso. A combinação perfeita e sonhada por todos e concretizada por poucos.

A partir do mezzo ao vivo mezzo de estúdio Barulhinho Bom- Uma Viagem Musical (1996), as coisas mudariam de feição. O marco é o fraco Memórias, Crônicas e Declarações de Amor (2000), redundante, autoindulgente e com direito a coisas como Amor I Love You, popularesca até a medula. Com exceção do ótimo projeto Tribalistas (2002), que gerou um belo CD, tornar-se-ia difícil pescar boas músicas nos poucos trabalhos que a cantora lançaria nos anos seguintes.

Os lançados simultaneamente Infinito Particular e Universo Ao Meu Redor, de 2006, são de uma inconsistência assustadora, enquanto O Que Você Quer Saber de Verdade (2011) consegue diluir ainda mais o que já não era lá essas coisas. E isso após anos de espera. Ou seja, a artista não pode alegar pressão de gravadora ou coisa que o valha para justificar tal conteúdo fraco. Felizmente, nos shows a mistura das poucas músicas novas boas com várias dos bons tempos e alguns covers mantiveram o alto padrão dos anos de ouro de 1988 a 1996.

Temos em Coleção 13 faixas gravadas entre 1993 (Alta Noite, na versão incluída no disco solo de Arnaldo Antunes, Nome) e 2015 (Chuva no Mar, do CD Canto, de Carminho). São muitas coisas boas. Ilusão, por exemplo, dueto gravado ao vivo em 2011 com a ótima Julieta Venegas. Ou Esqueça (Forget Him), hit da Jovem Guarda que Marisa regravou em 2003 para a trilha do filme A Taça do Mundo é Nossa.

A versão da clássica Carinhoso, que reúne Marisa e Paulinho da Viola, no melhor estilo voz e violão, estava relegada apenas ao belo documentário O Meu Tempo é Hoje (2003). E David Byrne aparece na curiosa e quase divertida Waters Of March, versão bilíngue do clássico Águas de Março de Tom Jobim registrado em 1996 para o CD beneficente Red Hot + Rio. Coleção ficou uma coletânea muito boa de se ouvir.

O álbum, no entanto, não reúne todas as faixas de Marisa Monte perdidas por aí. Sem pesquisar a fundo, posso citar três delas: a deliciosa Mais Um Na Multidão, dueto com Erasmo Carlos registrado em 2001 no álbum Pra Falar de Amor, do Tremendão, Flores, gravada ao vivo e lançada no álbum dos Titãs Acústico MTV em 1997, e Sábado à Noite. Esta última merece um parágrafo próprio.

Lançada em 1985 na trilha do filme Tropclip, Sábado à Noite, de Sérgio Sá (o autor de Eu Me Rendo, hit com Fábio Jr, entre outras) foi a primeira música gravada e lançada oficialmente por Marisa Monte, com apenas 18 anos na época. Trata-se de uma faixa constrangedora, um funk pop cheio de clichês do gênero. Pior: Marisa aparece nela como se fosse mera coadjuvante. A música tem 3m52 de duração, sendo que ela aparece em míseros 35 segundos, mais precisamente dos 2m01 até os 2m36. Não é de se estranhar que isso não faça parte de Coleção

Carinhoso– Marisa Monte e Paulinho da Viola:

Waters Of March– Marisa Monte e David Byrne:

Ilusão (Ilusión)– Marisa Monte e Julieta Venegas:

Sábado à Noite- Marisa Monte (da trilha de Tropclip-1985):

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