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Randy Meisner, 77 anos, um dos fundadores do grupo Eagles

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Por Fabian Chacur

Em 1977, os Eagles viviam o seu auge em termos de popularidade. Um de seus integrantes, no entanto, não conseguia segurar a onda. Era o baixista e também vocalista Randy Meisner, que em setembro daquele ano surpreendeu a todos ao sair da banda. Desde então, ele se manteve ativo, como veremos a seguir, mas esse momento mágico não se repetiria mais. Ele nos deixou nesta quarta-feira (26) aos 77 anos, vítima de problemas pulmonares.

Nascido no estado de Nebraska, nos EUA, em 8 de março de 1946, Randall Herman Meisner virou fã de rock and roll ao ver Elvis Presley na TV. Com o tempo, aprendeu a tocar baixo e integrou pequenas bandas. Com a The Poor, gravou alguns singles, participou de um filme estelado por Jack Nicholson e abriu um show de Jimi Hendrix, tudo isso em meados de 1967 e 1968.

Com o fim do Buffalo Springfield, que ficou famosa com o hit For What It’s Worth e revelou Neil Young e Stephen Stills, outros dois integrantes do grupo, Richie Furay e Jim Messina, resolveram montar uma nova banda, e Randy foi convidado a entrar no time. Era o Poco, grupo que se solidificou como um dos mais populares do chamado country rock. Logo após participar do álbum de estreia, Pickin’ Up The Pieces (1969), Meisner saiu fora, substituído por Timothy B. Schmit. Guarde este nome.

Não faltou trabalho para o nosso amigo neste período pós-Poco. Ele integrou a banda de apoio de Rick Nelson, a Stone Canyon Band, com quem fez vários shows e gravou os álbuns In Concert At The Troubador, 1969 (1970) e Rudy The Fifth (1971). Ele também participou, tocando baixo, dos álbuns Sweet Baby James (1970), de James Taylor, e Singer of Sad Songs (1970), do astro country Waylon Jennings.

Aí, a sorte grande bateu na sua porta. Ele foi convidado a tocar na banda de apoio da então emergente cantora Linda Ronstadt, e conheceu dessa forma Don Henley, Glenn Frey e Bernie Leadon. No finalzinho daquele 1971, ele e os novos amigos resolveram deixar aquele emprego e montar a sua própria banda. Nascia, assim, Eagles, uma das bandas mais populares do rock.

Nesses 6 anos com a banda, Meisner gravou os álbuns Eagles (1972), Desperado (1973), On The Border (1974), One Of These Nights (1975) e Hotel California (1976), que venderam milhões de cópias e geraram turnês intermitentes com direito a todas as tentações que a estrada proporciona.

Além de tocar baixo e fazer vocais de apoio, Meisner também compôs e fez o vocal principal nas músicas Take It To The Minute, Try and Love Again, Is It True?, Take The Devil, Tryin’, Certain Kind Of Fool e Too Many Hands. Ele fez o vocal principal em Most Of Us Are Sad (composição de Glenn Frey) e Midnight Flyer (de Paul Craft) e duetou com Don Henley em Saturday Night. Ufa!

Dessas todas, o seu principal hit foi certamente Take It To The Minute, de 1975, na qual tinha uma performance brilhante no vocal. No entanto, ele não gostava de ficar no centro dos holofotes, e isso, aliado ao fato de se sentir estafado e com saudades da família o levaram a tomar a inesperada decisão de deixar a banda no seu auge.

Adivinhe quem entrou no lugar dele? Foi exatamente aquele nome que eu pedi pra você deixar anotado, o de Timothy B. Schmit. Não foi for acaso que, anos depois, ao receber seu troféu do Rock and Roll Hall of Fame, em 1998, Schmit fez questão de agradecer a Meisner por essas oportunidades.

Randy marcou presença também em 5 das 15 faixas do álbum Eagles Live, lançado em 1980 e que trazia gravações ao vivo registradas em shows realizados pela banda em 1976 (ainda na fase com o seu baixista original) e em 1980 (com Timothy no seu lugar).

Logo ao sair dos Eagles, Randy Meisner iniciou a carreira-solo em 1978 com um autointitulado álbum que passou batido. One More Song (1980) teve repercussão muito melhor, atingindo o posto de nº 50 nos EUA e emplacando os hits Deep Inside My Heart (dueto com Kim Carnes) e Hearts On Fire, que no formato single chegaram respectivamente ao n º22 e nº 19.

Randy Meisner (1982) o manteve bem cotado na cena rock, chegando ao nº94 nos EUA e trazendo como destaques as faixas Strangers (Elton John e Gary Osbourne), que ele cantou em dueto com a cantora Ann Wilson, do grupo Heart, Never Been In Love (atingiu o posto de nº 28 na parada de singles) e Tonight, composição de Bryan Adams e Jim Vallance.

Em 1985, criou a banda Black Tie ao lado de dois outros músicos famosos, James Griffin (ex-integrante do grupo Bread) e Billy Swan (cantor pop-country que emplacou em 1974 o hit I Can Help. Lançaram um álbum sem grande repercussão.

Recordando o passado de glórias, Randy Meisner participou de uma retomada da formação original do Poco, que rendeu o álbum Legacy (1989), nº 40 na parada pop ianque e incluindo os hits Call It Love e Nothin’ To Hide (composição de Richard Marx).

A partir daqui, a carreira de Randy tomou um rumo mais obscuro. Ele afirmou ter ficado magoado ao não ser cogitado para integrar os Eagles em seu retorno triunfal em 1994, mas a banda optou por manter a formação de sua fase 1977-1980 com Timothy B. Schmit. No entanto, participou com os antigos colegas na entrada da banda no Rock and Roll Hall Of Fame em 1998, com direito a tocarem ao vivo Hotel California e Take It Easy.

Em 2013, ele foi convidado a participar da turnê History Of The Eagles, mas teve de recusar devido a problemas de saúde que o acompanharam desde os anos 1970. Randy também teve problemas mentais e psicológicos, certamente amplificados devido à trágica morte de sua esposa, Lana, em 2016, que atirou em si própria com um rifle de forma acidental.

Take it To The Minute (live)- Eagles:

Ivan Conti Mamão, 76 anos, um craque das baquetas e da vida

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Por Fabian Chacur

Acompanhar o perfil no Facebook de Ivan Conti Mamão era uma delícia. Sempre imagens bacanas de sua intimidade com a família e amigos, e também registros dos inúmeros shows realizados por ele com a banda que o tornou mundialmente famoso, a Azymuth. Imaginem o susto que tomei ao ler, nesse mesmo perfil, o anúncio de sua morte, ocorrida nesta segunda-feira (17), aos 76 anos.

Sem causa divulgada, a partida deste grande baterista e compositor carioca choca por ocorrer em meio à turnê que celebrava os 50 anos de carreira do seu grupo, com muitas datas ainda a serem cumpridas. Ninguém imaginava que o simpático e talentosíssimo Mamão estava em vias de nos deixar. Assim é a vida, mas fica difícil vê-lo nos deixar ainda tão produtivo e feliz.

Nascido em 16 de agosto de 1946, Ivan Miguel Conti Maranhão iniciou a sua carreira como músico profissional tocando em grupos e participando de gravações com outros artistas. Nesse período, montou um grupo ao lado dos amigos Alex Malheiros (baixo) e José Roberto Bertrami (teclados). E em uma dessas sessões, por volta de 1972, conheceram o grande Marcos Valle.

Esse encontro se mostraria providencial. Eles gravaram dois discos não creditados com o músico, e receberam o convite para participar da trilha do filme O Fabuloso Fittipaldi (1973), de Roberto Farias. Por razões contratuais, Valle ficou oculto, e o álbum com a trilha sonora foi creditado ao trio, que acabou batizado com o nome de uma música de sua autoria de 1969 resgatada por Marcos Valle para este trabalho.

E que batismo abençoado! Em 1975, o grupo lançou o seu primeiro álbum oficial, Azymuth, e sua música Linha do Horizonte (ouça aqui) estourou nacionalmente, incluída na trilha sonora da novela global Cuca Legal.

Essa canção virou um belo cartão de apresentações para o trio, com seu som misturando pop, soul, jazz, música brasileira e o que mais pintasse. Logo a seguir, Melô da Cuíca (ouça aqui), da trilha de Pecado Capital, trouxe ainda mais brazilidade swingada ao som deles.

Em 1977, Águia Não Come Mosca manteve a ascensão dos rapazes no mercado brasileiro, com direito a mais um hit em trilha de “telelágrimas” (como alguns chamavam as novelas de TV na época, de forma irônica), a não menos incrível Voo Sobre o Horizonte (ouça aqui).

Naquele mesmo 1977, foram convidados e participaram do badalado Festival de Jazz de Montreux, na Suíça, e em seguida fizeram uma turnê pelos EUA ao lado dos conterrâneos Airto e Flora Purim. Pronto. As portas do mercado internacional estavam abertas, e o Azymuth entrou com tudo.

Com o álbum Light as a Feather (1979), consolidaram essa abertura internacional, com a faixa Jazz Carnival (ouça aqui) tornando-se rapidamente um grande hit no mercado internacional, especialmente no Reino Unido, onde emplacou o Top 20 como single em plena era disco.

Nos anos 1980, o trio emplacou diversos álbuns no mercado internacional, até que em 1989 Bertrami resolveu sair do time. Após alguns anos com outras formações, o resgate de gravações antigas da banda por DJs britânicos reacendeu não só o interesse pelo grupo como também resgatou a sua formação clássica, que voltou na metade dos anos 1990 e se manteve até 2012, com a morte de José Roberto Bertrami.

Nessa última década, Mamão e Malheiros tiveram a seu lado o ótimo tecladista Kiko Continentino, com quem se mantinham em franca atividade. Paralelamente ao trabalho com o grupo, Mamão gravou com inúmeros artistas, entre os quais Hyldon, Odair José, Roberto Carlos, Jorge Ben Jor, Gal Costa, Paulinho da Viola, Raul Seixas e Chico Buarque.

O músico também desenvolveu uma carreira solo, lançando os álbuns The Human Factor (1984), Pulsar (1997) e Poison Fruit (2018).

Vai fazer muita falta esse verdadeiro dínamo que era o Mamão enquanto músico, um mestre do ritmo. E fará ainda mais falta o cara simpático, acessível, sem estrelismos e que adorava seus amigos e sua família. Meu abraço solidário a todos eles, e a mim também, que sempre curti e muito a sua música envolvente e encantadora. Difícil ficar triste ouvindo o Azymuth.

RIP, querido Mamão!

Jazz Carnival (live)- Azymuth:

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