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DVD ajuda a matar saudades de Cássia Eller

Por Fabian Chacur

Cássia Eller nos deixou em um triste 29 de dezembro de 2001, com apenas 39 anos. Sua curta trajetória nos deixou ótimos trabalhos e a força de uma intérprete que sabia mesclar como poucas rock, MPB, soul, jazz e o que mais pintasse na sua frente, sempre de forma intensa e original. Duro ficar sem ela.

Como forma de matar saudades desse verdadeiro furacão musical, chega às lojas um novo DVD que mescla material inédito e já lançado anteriormente. O título é Do Outro Lado do Avesso – Cássia Eller Solo (Universal Musical), e serve como boa amostra de um talento simplesmente arrasador.

As 12 faixas inéditas foram extraídas do show Luz do Solo, que a cantora fez em março de 2001 valendo-se apenas de voz e violão. Em apenas uma música ela conta com o apoio de um saxofone. De resto, só ela, ela e ela. E quem será capaz de reclamar? Eu, com certeza, não serei uma dessas hipotéticas pessoas.

Com seu jeito tímido e desencanado, Cássia nos apresenta interpretações intensas de músicas como All Star (Nando Reis), Gatas Extraordinárias e Diamante Verdadeiro (ambas de Caetano Veloso), Queremos Saber (Gilberto Gil) e You’ve Changed (Bill Carey e Carl Fischer).

Complementando os 90 minutos de duração total do DVD, foram incluídas faixas ao vivo extraídas de cinco outros lançamentos anteriores, com um total de 10 faixas adicionais. Dessa forma, temos uma espécie de “melhores momentos ao vivo”, que tornam este DVD uma espécie de coletânea, cartão de visitas ou iniciação, como você preferir definir.

Ouvir Cássia mandando brasa em músicas como Try a Little Tenderness (hit com o soul man Otis Redding), Smells Like Teen Spirit (do Nirvana), Woman Is The Nigger Of The World (John Lennon) e Todo o Amor Que Houver Nessa Vida (Cazuza e Frejat) são provas da incrível personalidade da intérprete, que faz uma falta danada!

Queremos Saber (ao vivo), com Cássia Eller:

As minhas lembranças de Cássia Eller, uma intérprete maravilhosa

Por Fabian Chacur

Se ainda estivesse entre nós em termos físicos, Cássia Eller estaria completando nesta segunda-feira (10) 50 anos de idade. Como ela permanece na memória de todos os fãs da melhor música brasileira, vale celebrar essa data redonda e lembrar um pouco desta artista brilhante, que nos deixou em um triste 29 de dezembro de 2001.

Meu primeiro contato com ela ocorreu graças a uma grande amiga, a Regina Estela Vieira, em 1990. Na época, a Reka (seu apelido) era assessora de imprensa da gravadora Polygram (hoje, Universal Music), e me convidou para ver, no teatro do hotel Crowne Plaza (hoje extinto, ficava na rua Frei Caneca, em São Paulo), o show de uma nova cantora que havia acabado de ser contratada por aquele selo.

Nunca vou me esquecer daquele impactante contato inicial. Aquela moça bela e simples entrou em cena e, acompanhando-se inicialmente só por voz e violão, mandou ver um trecho de I’ve Got a Feeling, dos Beatles, para depois investir em Por Enquanto, obscura música da Legião Urbana de Renato Russo.

Aquele vozeirão incorporou a letra e a melodia da canção de tal forma que me fez gostar de uma composição escrita por um artista e grupo que sempre detestei, a Legião Urbana da Boa Vontade do Pastor Renato Russo. O resto daquele show, com banda, completou o serviço de me tornar fã de Miss Eller.

A partir daquele exato momento, passei a acompanhar passo a passo a carreira de Cássia, com direito a entrevistá-la em pelo menos três ocasiões. Numa delas, a moça veio acompanhada do poeta Wally Salomão, seu produtor no belíssimo álbum em homenagem a Cazuza, Veneno Antimonotonia (1997).

Cássia era tímida, mas quando percebia que você era uma pessoa legal e tinha boas perguntas, acabava se soltando, proporcionando ótimas entrevistas. Minha última vez com ela foi na coletiva organizada para divulgar o álbum Acústico MTV (2001), seu trabalho com melhor resultado em termos comerciais.

Poucas intérpretes brasileiras se mostraram tão efetivas na hora de pegar canções alheias e dar a elas um formato personalizado e próprio como Cássia Eller.Ela não compunha, mas, tal qual Elis Regina, sabia como poucas tomar posse de uma música.

Difícil saber como teria sido se ela tivesse chegado até aqui em termos físicos para comemorar cinco décadas de vida. O mais importante é ver que a obra que Cássia nos deixou continuará servindo como uma bela trilha sonora para nossas vidas.

Por Enquanto, ao vivo em 1990, com Cássia Eller:

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