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Paulinho da Viola: 80 anos do mestre zen da nossa música

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Por Fabian Chacur

Trabalhar como jornalista especializado em música já me proporcionou alguns momentos de raro prazer. Entre eles, coloco as oportunidades que tive de entrevistar alguns grandes nomes. Entre eles, destaco Paulinho da Viola, que neste sábado (12) completa 80 anos de idade. É o Mestre Zen da MPB.

Simpático, inteligente e articulado, Paulinho é daqueles entrevistados dos sonhos, pois facilitam e muito a tarefa do repórter. Sua humildade é impressionante. Após a primeira ocasião em que tive a honra de entrevistá-lo, pedi um autógrafo em uma coletânea de vinil com seus maiores sucessos. Olha o que ele escreveu: “obrigado pelo papo”. Eu é quem deveria agradecer!

Nascido em 12 de novembro de 1942 no Rio, Paulinho começou a se tornar conhecido do grande público nos anos 60, e estourou em termos de popularidade com o espetacular samba Foi Um Rio Que Passou Em Minha Vida, em 1970. A partir daí, suas músicas ganharam as paradas de sucesso, aliando qualidade artística e apelo comercial.

O maior mérito dele em termos artísticos é provavelmente o fato de dialogar tanto com as gerações anteriores à sua quanto com as novas, criando dessa forma uma obra que paga respeitoso tributo ao chorinho e ao samba tradicional, mas sempre com a mente aberta para elementos de bossa nova, do samba renovado e de outras possibilidades, como bem relata em sua maravilhosa carta de intenções Argumento.

Com uma voz deliciosa, ele também toca com maestria o violão e o cavaquinho. Seus shows são sempre uma delícia de se ver, pois além de investir em seu repertório imbatível,Paulinho nos conta de forma fluente e afetiva causos maravilhosos de sua vida e dos seus parceiros de música e de vida. Você se sente na sala da casa dele!

O primeiro disco dele que eu comprei foi o compacto simples com Guardei Minha Viola (1973). Esse é apenas um dos vários clássicos lançados por ele nesse período, entre os quais Dança da Solidão, Coração Leviano, Pecado Capital, Argumento, Pode Guardar as Panelas e Por Um Amor No Recife, só para citar alguns dos mais significativos e marcantes.

Mestre como compositor de sambas, ele também soube investir em experimentação, como a fantástica Sinal Fechado prova de forma enfática, e demonstrou categoria na releitura de composições alheias, entre as quais destaco sua reinterpretação simplesmente espetacular de Nervos de Aço, pérola do compositor e cantor gaúcho Lupicínio Rodrigues.

Se viveu o seu auge na década de 70, a produção artística de Paulinho não caiu de qualidade nas décadas seguintes. Ele passou a gravar em quantidade menor, mas sem deixar a qualidade de lado, como atestam álbuns como Eu Canto Samba (1989), Bebadosamba (1996) e Acústico MTV (2007).

Paulinho da Viola felizmente completa 80 anos repleto de saúde, maturidade e capacidade de trabalho. Que venham em breve novos shows, novos discos e novas manifestações de seu enorme talento. E que eu possa voltar a entrevistá-lo em breve, sempre um prazer indescritível.

Guardei Minha Viola– Paulinho da Viola:

Choro das 3 e Paulo Paolillo fazem show gratuito em SP

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Por Fabian Chacur

Nada mais legal na música do que talentos que se reúnem para somar esforços e criar novos projetos. Esse é o caso do grupo Choro das 3 e do cantor lírico Paulo Paolillo. A parceria entre eles, apresentados por uma amiga em comum, deu início a uma tabelinha precisa e preciosa, no qual os universos da música popular e lírica se unem. O show gerado, Choro Lírico, será a atração na próxima quarta-feira (20) às 20h em São Paulo no Centro Cultural Fiesp (avenida Paulista, nº 1.313- fone 0xx11-3322-0050), com entrada gratuita.

Na estrada há duas décadas e formado pelas irmãs Corina Meyer Ferreira (flauta), Elisa Meyer Ferreira (multi-instrumentista) e Lia Meyer Ferreira (violão 7 cordas), o Choro das 3 possui 11 álbuns em seu currículo, sendo o mais recente Olho de Boi, que chega nas plataformas digitais e em CD físico no Brasil pelo selo do próprio trio, o Macolé, após sair inicialmente nos EUA, França, Portugal, Espanha e Itália. É o último com a participação, no pandeiro, do pai das meninas, Eduardo, que infelizmente se foi em 2021.

Por sua vez, Paulo Paolillo é um cantor de sólida formação erudita que estudou no Brasil, EUA e Itália, participou de diversas encenações de óperas famosas no Brasil e em outros países e também de diversos concursos de canto pelo mundo afora, sempre com destaque.

O repertório de Choro Lírico apresenta afinidades e intersecções entre os repertórios erudito e popular. O chorinho, para alguns, soa como uma espécie de estilo de câmara da música popular, exigindo o mesmo rigor de execução e preparação que seus correspondentes na música erudita. Corina explica: “No Brasil não se fala muito sobre isso. No exterior, os músicos eruditos comentam com a gente: vocês são um conjunto de câmara exótico.”

Mia Gioconda (clipe)- Choro das 3 e Paulo Paolillo:

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