Por Fabian Chacur

O primeiro disco que a gente tem a oportunidade de ouvir de uma banda importante nunca é esquecido. Pelo menos, não por mim.

Há 25 anos, depois de ler muito sobre eles, enfim tive a oportunidade de ouvir um álbum do The Cure. Foi logo o primeiro trabalho deles a sair no Brasil.

Trata-se de Concert The Cure Live, que chegou às lojas britânicas em 1984 pelo selo Fiction, distribuído no Brasil atualmente pela Universal Music e que chegou por aqui quase um ano depois.

O impacto foi profundo logo a partir da faixa de abertura, a contundente Shake Dog Shake, com seu riff pesado e repetitivo e um peso que, descobri posteriormente, a tornou muito melhor do que a versão de estúdio incluída no álbum The Top (1984).

Na época, a banda criada e liderada pelo cantor, compositor e guitarrista Robert Smith incluía também Porl Thompson (guitarra, teclados e sax), Andy Anderson (bateria), Phil Thornalley (baixo) e Laurence Tolhurst (teclados).

Concert foi gravado ao vivo em shows no Hammersmith Odeon em Londres e também em Osford, e traz faixas dos então quase seis anos de carreira da banda britânica.

O rock básico e vigoroso em Primary, o clima percussivo/psicodélico de The Hanging Garden, a energia quase heavy metal de Give Me It, a levada dançante de The Walk, o clima quase progressivo de A Forest

Ficou bem claro para mim, logo na primeira audição do álbum, que eu estava diante de uma banda muito especial. E estava certo.

Tanto que, hoje, tenho praticamente todos os seus álbuns, e fui um dos privilegiados que os viu por aqui em 1987, no Ginásio do Ibirapuera, um dos raríssimos shows naquele lugar que teve ótima qualidade de som.

Sim, não precisa tirar sarro da minha cara, eu perdi o show deles no último Hollywood Rock, em janeiro de 1996. Não tinha um puto no bolso, estava momentaneamente fora do jornalismo musical… Um horror!

Logo a seguir ao lançamento de Concert, o Cure deu um tempo e Smith tocou guitarra durante uns tempos com Siouxsie And The Banshees, gravando com aquela banda o seminal Hyaenna.

Mas, felizmente, voltaram à ativa pouco depois com o ótimo Head On The Door, dos hits Inbetween Days e Close To Me.

Atrevo-me a dizer que Concert The Cure Live é um dos melhores álbuns ao vivos de rock dos anos 80. Aliás, um dos melhores em qualquer tempo. Discoteca básica perde.