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Jerry Lee Lewis, 87 anos, o último dos pioneiros do rock

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Por Fabian Chacur

Jerry Lee Lewis, o último grande astro da geração inicial do rock que ainda estava entre nós, nos deixou aos 87 aos. Sua morte foi confirmada nesta sexta-feira (28) por seu assessor de imprensa, Zack Farnun, que afirmou ter o lendário cantor e pianista americano nos deixado em Desoto County, Mississippi, ao lado de sua sétima esposa, Judith. Boatos sobre sua morte nos últimos dias haviam circulado, mas a confirmação só veio agora.

Nunca irei me esquecer da entrevista coletiva desse mitológico artista realizada em novembro de 1993 em São Paulo no hotel Maksoud Plaza, situado na região da Avenida Paulista. Olhos incrivelmente verdes, olhando para nós,jornalistas, como se estivesse escolhendo um para dar uns bons tiros, jeitão de pouca paciência e poucos amigos. Suas respostas foram lacônicas e volta e meia atravessadas.

Após aproximadamente 15 minutos, nos quais rejeitou o filme que havia sido feito há alguns anos sobre a sua carreira (falarei mais sobre isso depois), ele levantou e disse isso: “bem, pessoal, eu fiz uma longa viagem, estou cansado, até mais!” Levantou-se e saiu de cena rapidinho, andando no melhor estilo “dez pras duas”, com suas botas de couro. Bem, pelo menos saímos ilesos.

Meu grande amigo Marcelo Orozco viu um dos shows, que foram realizados em 30 de novembro e 1º de dezembro de 1993 em São Paulo no hoje extinto Palace, situado no bairro de Moema. Ele fez uma belíssima resenha (leia aqui ), com a sua categoria habitual.

Também fiz uma resenha em Mondo Pop, no ano de 2016, da sua excelente autobiografia, uma das mais francas e diretas que já tive a oportunidade de ler nesses anos todos (leia a resenha aqui).

Jerry Lee Lewis nasceu em 29 de setembro de 1935, e desde pequeno mostrava inclinação pela música, tanto que seus pais logo o apoiaram. As coisas engrenaram para ele em 1956, quando foi contratado pela Sun Records, de Sam Phillips, gravadora que lançou outros craques da geração inicial do rock and roll, como Elvis Presley, Johnny Cash e Carl Perkins.

Entre 1956 e 1958, lançou os seus maiores hits, clássicos do porte de Whole Lotta Shakin’ Goin’ On (nº 3 nos EUA e nº 8 no Reino Unido), Great Balls Of Fire (nº 2 nos EUA E nº 1 no Reino Unido), Breathless (nº 7 nos EUA e Reino Unido) e High School Confidential (curiosamente a única escrita por ele, nº 21 nos EUA e nº 12 no Reino Unido).

O grande mérito de Jerry Lee foi trazer o tempero country do seu piano e incorporá-lo ao pique do rock and roll, com direito a uma performance alucinada com direito a subir no piano e coisas assim, além de ter uma voz recheada de pique e jogo de cintura.

Seu temperamento errático, no entanto, logo cobrou um alto preço, quando ele, no final de 1957, separou-se de sua já segunda esposa para ficar com Myra Gayle, garota com apenas 13 anos de idade. Quando foi fazer uma turnê no Reino Unido, a levou junto com ele, e admitiu à imprensa local que se tratava de sua esposa. Tentem imaginar isso em plena década de 1950…

O artista teve de lidar com uma grande reação conservadora por parte da mídia, que ele só conseguiu superar com o decorrer dos anos. Ele voltou a emplacar um hit ao menos mediano apenas em 1964, com I’m On Fire. Em 1968, no entanto, atingiu o 1º lugar na parada country americana com Another Place Another Time, e emplacou mais outros 30 sucessos nessa área até o fim dos anos 1970.

O revival do rock original rendeu shows importantes como o The Rock And Roll Revival Concert em 1969, no Canadá, e o London Rock N’ Roll Festival em 1972, em Londres, nos quais ele brilhou ao lado de contemporâneos como Little Richard, Bo Diddley e Chuck Berry, entre outros. No primeiro, tivemos também a participação de John Lennon e a sua Plastic Ono Band, um dos raros shows que ele realizou sem os Beatles, vale registrar.

A partir da segunda metade da década de 1970, Lewis conviveu com vários problemas de saúde e também com diversas confusões geradas por seu alto consumo de bebidas e temperamento irascível. Em 1989, foi lançado o filme Great Balls Of Fire (A Fera do Rock, no Brasil), dirigido por Jim McBride e estrelado por Dennis Quaid e Wynonna Ryder.

Embora tenha feito uma ponta no filme e regravado alguns de seus hits para a trilha sonora (muito boa, por sinal), Jerry Lee Lewis o rejeitaria nos anos seguintes. Na célebre entrevista coletiva, ele afirmou que não havia gostado do resultado final, e que um dia faria o seu próprio filme sobre sua vida, o que, infelizmente, acabou não conseguindo concretizar.

Ele se manteve ativo nas últimas décadas, fazendo alguns shows, gravando álbuns como Youngblood (1995) e participando da trilha sonora do filme Dick Tracy (1990, estrelado por Warren Beatty e Madonna) com a música (muito boa, por sinal) It Was The Whiskey Talking (Not Me) (ouça aqui).

Great Balls Of Fire (clipe)- Jerry Lee Lewis:

Autobiografia mostra agitada vida do astro Jerry Lee Lewis

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Por Fabian Chacur

Dos integrantes da primeiríssima geração do rock and roll, nos anos 1950, Jerry Lee Lewis pode ser considerado um dos mais alucinados, no melhor sentido da palavra. Ele, que completou 80 anos de idade em 29 de setembro de 2015, lançou em parceria com o jornalista americano Rick Bragg a autobiografia Jerry Lee Lewis- Sua Própria História (Edições Ideal), um livro simplesmente delicioso, repleto de histórias incríveis.

O livro, extremamente bem escrito por Rick Bragg, com texto fluente e muito bom de se ler, traz como base longas entrevistas concedidas pelo roqueiro americano ao autor. O rico material é complementado por elementos extraídos de outras fontes, e não cai no clima “chapa branca”, pois não se furta de tocar em temas complicados da conturbada vida de Lewis, como os inúmeros casamentos e a morte precoce de filhos.

A trajetória de Jerry Lee Lewis é simplesmente incrível, e é contada em ricos detalhes no livro. Da infância atribulada ao encontro com a música gospel, seguido pela paixão pelo blues e outras vertentes da música negra, o cara aos poucos se tornou um cantor e pianista de estilo inconfundível. Compunha pouco ou quase nada, mas como poucos soube reler canções alheias com originalidade e energia, tornando-as suas.

Boa parte do conteúdo se concentra nos anos formativos e na fase áurea do sucesso inicial do roqueiro, entre 1957 e 1958, quando hits como Whole Lotta Shakin’ Going On, Great Balls Of Fire e Breathless invadiram as paradas de sucesso de todo o mundo. A fase áurea na mitológica Sun Records, o relacionamento com seu dono, o visionário Sam Phillips, e a amizade com Elvis Presley são detalhadas com esmero.

O casamento com a prima Myra, de apenas 13 anos, algo comum na família de Jerry Lee Lewis, bagunçou sua carreira quando de sua primeira turnê pela Inglaterra, em 1958. Viriam anos difíceis, que só seriam superados a partir de 1968, quando o cantor enveredou com sucesso pela música country, tornando-se um campeão de vendagens no estilo, que ajudou a inovar com sua criatividade.

A franqueza de Lewis ao comentar cada episódio de sua conturbada vida é impressionante. Ele, inclusive, afirma que o fato de nunca ter escondido nada das pessoas em termos de vida pessoal certamente lhe trouxe muitas dores de cabeça, ao contrário de amigos como Elvis, que se cercavam de pessoas especializadas em ocultar e não divulgar fatos mais obscuros de suas vidas, só conhecidos posteriormente.

Detalhes sobre shows e gravações também estão incluídos na autobiografia, que serve como uma bom relato de como o nosso amado rock and roll surgiu, e também das dificuldades vividas por seus pioneiros, que pagaram caro por ajudar a inventar esse incrível estilo musical. Tipo do livro indispensável para roqueiros de todos os quilates, e também para quem curte boas histórias. E pensar que o cara está ainda aí, firme, na ativa…. Um milagre!

Great Balls Of Fire– Jerry Lee Lewis:

Breathless– Jerry Lee Lewis:

Whole Lotta Shakin’ Going On– Jerry Lee Lewis:

Jerry Lee Lewis e novo casamento polêmico

Por Fabian Chacur

Normalmente eu deixo notícias sobre a vida pessoal dos artistas para as colunas de fofocas da vida, que sabem tratar esse tipo de assunto de forma mais adequada. Mas essa aqui eu não resisti em dar nesse Mondo Pop.

Segundo o site americano da revista Billboard, Jerry Lee Lewis se casou pela sétima vez. Até aí, tudo bem, embora The Killer já esteja com 76 anos. O curioso fica por conta de quem está assumindo o posto de sétima esposa.

Trata-se de Judith Brown, cujo casamento com um dos grandes mitos do rock and roll ocorreu no dia 9 de março de 2012 na cidade de Natchez, no estado ianque do Mississipi.

Ela é a ex-mulher do baterista Rusty Brown, que tocou com Jerry Lee em seus anos de ouro, na década de 50, quando foram gravados hits eternos como Whole Lotta Shakin’ Going On, Great Balls Of Fire e tantos outros.

Rusty tem outras ligações com Lewis. Ele é seu primo e também o irmão mais velho da terceira esposa do lendário roqueiro, Myra Gale Brown (na foto com The Killer nos anos 60).

Myra se casou com Lewis em dezembro de 1957, e de certa forma ajudou o músico a entrar em desgraça na mídia, pelo fato de ter apenas 13 anos quando contraiu núpcias com o roqueiro. Eles ficaram juntos até dezembro de 1970, e tiveram dois filhos juntos.

Nascido em 29 de setembro de 1935, Jerry Lee Lewis é um dos grandes nomes da primeira geração do rock and roll graças a sua voz potente e ao desempenho endiabrado ao tocar piano. Ainda na ativa, ele lançou seu mais recente álbum de estúdio em 2007.

Trata-se de Last Man Standing, que contou com as participações especiais de feras do naipe de Mick Jagger, Keith Richards, Jimmy Page, Willie Nelson e Rod Stewart, entre outros.

Jerry esteve por aqui em 1993 e 2009, quando fez shows bastante concorridos.

Estive presente na entrevista coletiva concedida por ele em 1993, no hotel Maksoud Plaza. Ele olhava com seus olhos verdes para os repórteres como se estivesse escolhendo qual levaria a primeira saraivada de balas. Apavorante. Aí, após uns 20 minutos, se tanto, ele se levantou, disse que estava cansado devido à viagem ao Brasil e se mandou, para surpresa de todos os presentes. Ninguém recebe o apelido The Killer por acaso…

Whole Lotta Shakin’ Going On, com Jerry Lee Lewis, no Brasil em 2009:

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