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Paula Santoro mostra Sumaúma com um show no Rio de Janeiro

paula santoro capa 400x

Por Fabian Chacur

Há três décadas na estrada da música, Paula Santoro construiu uma carreira sólida que lhe valeu inúmeros shows no Brasil e exterior e parcerias muito bacanas. Ela acaba de lançar, nas plataformas digitais e em caprichada versão em CD, seu 7º álbum, Sumaúma. Ela mostra no Rio de Janeiro o repertório desse trabalho e ainda mais em um show nesta terça-feira (22) às 20h no Teatro Prudential (rua do Russell, nº 804), com ingressos a R$ 80,00 (saiba mais aqui).

A árvore Sumaúma é considerada a “mãe da floresta” pois, na temporada de chuvas, acumula água em suas raízes tabulares (sapopemas) e na seca, ela extravasa essa água no solo e as plantas ao redor não morrem. Paula explica o tema do álbum: “É urgente fazermos algo sobre a preservação da natureza e tento dar meu recado através de minha arte. Aliás, sempre faço arte com intuito de transformar as pessoas e a mim mesma.”

O álbum mescla músicas inéditas e releituras, entre as quais Coisa Mais Maior de Grande (Gonzaguinha), Sassaô (João Bosco), Na Boca do Sol (Arthur Verocai-Vitor Martins) e Lala Lay Ê (João Donato e Lysias Enio). Temos participações especiais de nomes do porte de João Bosco, João Donato, Ivan Conti Mamão e Toninho Horta.

Além das músicas do álbum, a cantora e compositora oriunda de Belo Horizonte (MG) incluirá no show outras duas de João Donato, um dos convidados especiais de Sumaúma e que nos deixou recentemente. São elas as marcantes Êmoriô e A Paz, ambas parcerias dele com Gilberto Gil.

Paula Santoro será acompanhada por uma banda integrada por Rafael Vernet – seu maior parceiro na música – arranjador, pianista, produtor musical do álbum e diretor musical do show, o baterista Cyrano Almeida, o contrabaixista Rodrigo Villa e o percussionista Serginho Silva.

E Lala Lay Ê– Paula Santoro e João Donato:

João Donato, 88 anos, um genial e irreverente criador musical

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Por Fabian Chacur

O nome João Donato entrou no meu radar em 1975, quando, ainda adolescente, comprei a trilha sonora nacional da novela global Pecado Capital. Das várias músicas ótimas constantes na mesma, uma das minhas favoritas era a balançada Que Besteira, parceria dele com Gilberto Gil na qual seu swing e irreverência ficavam muito claros.

Esse grande cantor, compositor, arranjador e multi-instrumentista que no deixou na madrugada desta segunda-feira (17) aos 88 anos teve como marca essa capacidade de misturar estilos musicais à sua própria moda. Tem forte ligação com a bossa nova, mas foi muito além da mesma, somando a essa sonoridade jazz, música latina, música regional e o que mais pintasse.

Tive a oportunidade de entrevistá-lo em meados dos anos 1990 em um hotel em São Paulo, e foi uma experiência muito curiosa. Fui junto com a fotógrafa Nadirene, cujo nome ele repetiu algumas vezes, admirado. Eles nos atendeu à porta com uma toalha pendurada na barriga, obviamente recém-saído do banho, e amaria ter um registro da cara que eu e a fotógrafa fizemos ao vê-lo assim, totalmente surpreendidos.

Lembro de ele ter sido bem simpático e boa praça, falando conosco ao lado de Leila, a famosa musa que inspirou um de seus trabalhos mais instigantes, Leilíadas (1986), que teria algumas de suas faixas instrumentais letradas posteriormente, uma delas a absolutamente maravilhosa A Paz (ouça aqui ), que ganhou os versos de um de seus parceiros mais constantes, Gilberto Gil.

Nascido em Rio Branco, Acre, em 17 de agosto de 1934, Donato se mudou com a sua família para o Rio de Janeiro em 1945, e por lá iniciou a sua carreira musical, ainda criança/adolescente. Seu primeiro álbum, Chá Dançante (1956), teve a produção do então ascendente Tom Jobim. A partir dali, sua carreira se mostrou repleta de possibilidades bem concretizadas.

Morou nos EUA, onde consolidou sua reputação como um artista dos mais competentes e lançou um álbum até hoje muito cultuado, A Bad Donato (1970), que ele tocou na íntegra em São Paulo no Teatro Municipal, durante a Virada Cultural de 2007. Gravou discos solo e também alguns com parceiros como Marcos Valle, Carlos Lyra, Emilio Santiago, Roberto Menescal, Bud Shanks, Paulo Moura e Eumir Deodato, só para citar alguns.

Dos inúmeros dons que tinha, o da composição rendeu maravilhas do porte da já comentada A Paz e também Lugar Comum (parceria com Gil, ouça aqui), A Rã (ouça aqui), Nasci Para Bailar (ouça aqui) e Bananeira (ouça aqui), bons exemplos de uma frutífera produção.

Mesmo enfrentando problemas de saúde, João Donato se manteve produtivo até o fim, lançando, entre outras coisas, um álbum com o talentoso filho Donatinho (Sintetizamor– 2017), o recente Serotonina (de agosto de 2022) e Síntese do Lance (2021), este último em parceria com Jards Macalé e na capa do qual os dois aparecem sem camisa, algo que surpreendeu a muitos, mas obviamente não a mim, relembrando aquele dia dos anos 1990…

Link para sensacional entrevista de João Donato para JÔ Soares aqui.

Que Besteira– João Donato:

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