Por Fabian Chacur
Em 1998, com 25 anos de idade, o guitarrista Max Viana começou sua carreira de músico profissional integrando a banda de seu pai, ninguém menos do que Djavan. Era o princípio de uma trajetória repleta de conquistas. A mais recente é seu quarto álbum solo, Outro Sol, que está sendo lançado simultaneamente no formato digital no Brasil e Japão. Ele fala sobre este trabalho e sobre a carreira em entrevista concedida a Mondo Pop.
Mondo Pop- A sua carreira como músico profissional começou há 20 anos, como guitarrista da banda do seu pai. Quando sua trajetória como artista solo se iniciou? Como foi esse processo?
Max Viana– Na verdade, o início foi também em 1998, na mesma época em que entrei na banda do meu pai. Eu comecei a gravar as minhas composições para ver como elas ficariam na minha voz, visava mais a validação das minhas músicas. Aí, eu gostei do que ouvi e iniciei um longo processo que retomei em 2001 e que teve como consequência o meu primeiro disco solo, lançado em 2003.
Mondo Pop- Como você compara esse seu primeiro disco solo, No Calçadão, com Outro Sol?
Max Viana– Vejo coisas no meu novo álbum que tem a ver com as músicas de No Calçadão. A junção entre a black music e a MPB, por exemplo. Tem Linha de Frente, que é mais samba rock, tem O Amor Não Acabou, que é um samba. Sempre investi na diversidade, de não seguir um único caminho. Para mim, a MPB ganhou todo esse espaço no mundo graças a essa versatilidade, essas várias tendências e estilos diferentes.
Mondo Pop- Você lançou quatro álbuns solo nesses 20 anos de carreira, um número relativamente pequeno. Qual é a explicação para isso? Perfeccionismo, os problemas do mercado musical?
Max Viana– É uma soma de várias coisas, incluindo esses problemas do mercado discográfico. Meu pai é bem mais perfeccionista do que eu, o disco para mim é legal no sentido de ser a fotografia de um momento. Fiquei dez anos trabalhando com o meu pai, produzi discos do Dudu Falcão, da Luiza Possi, de artistas de Angola, fiz a trilha para uma peça teatral da Heloísa Périssé, gravei com a Claudia Leitte, compus com o Guilherme Arantes, trabalhei em vários projetos diferentes.
Mondo Pop- Caramba, você fez muitas coisas nesse tempo todo de carreira…
Max Viana– Ter uma aptidão para a música e não explorá-la ao máximo não é legal. Por isso, procuro sempre estar aberto aos mais diversos tipos de trabalho, sem me dedicar apenas a uma dessas vertentes.
Mondo Pop- Como foi que surgiu a oportunidade de lançar Outro Sol no Japão?
Max Viana– O Renato é um brasileiro que atua no Japão, ele fez o contato, e foi a Universal Music Japan quem na verdade me convidou para gravar por lá. Mas ficou claro que seria um desperdício não lançar no Brasil, também, e é por isso que o álbum está saindo aqui e lá. No Japão, também sairá no formato físico no segundo semestre. Não mudei a minha concepção musical em função do disco sair no Japão, pois o público japonês gosta dessa diversidade da música brasileira, a música dita “de exportação” dá ao músico uma liberdade maior.
Mondo Pop- Você regravou nesse álbum Samurai, um dos maiores sucessos do Djavan. Como surgiu a ideia dessa releitura?
Max Viana– Eu gravei parcerias minhas com o meu pai nos meus dois primeiros discos solo, mas nunca havia relido um sucesso dele. Quem teve a ideia foram os japoneses, pois Samurai fez muito sucesso lá nos anos 1980, regravá-la seria uma espécie de fecho de um ciclo. Ficou uma versão renovada, turbinada, bem 2018.
Mondo Pop- A música que você faz é bastante sofisticada, mas possui melodias e letras que fogem do hermético, tanto que Canções de Rei e Prazer e Luz (ambas de No Calçadão, de 2003) integraram trilhas de novela. Como você se autoavalia, musicalmente, e porque seu estilo musical aparece pouco atualmente na grande mídia?
Max Viana– Acho o meu trabalho muito acessível em termos de melodias e letras. Tenho uma veia popular, mas um pouco mais sofisticada do que o que toca hoje em rádios e na TV. Nada contra, cada um vai buscar o que gosta, o que é preciso acontecer é mais democratização nos veículos de massa, abrindo espaços para estilos musicais além dos que estão na moda.
Mondo Pop- Como foi para você ter decidido trabalhar com música sendo filho de um dos nomes mais importantes da história da MPB?
Max Viana– Para mim, sempre foi tranquilo a coisa de ser filho do Djavan. Uns são mais rigorosos comigo, outros, mais acessíveis, você se acostuma com a vida que você tem. Em outras profissões, isso é encarado com mais naturalidade, tipo medicina, direito, um filho seguir os passos do pai nessas áreas, enquanto na música encaram de forma um pouco pejorativa. Tem o lado bom e o lado ruim. A vida é sábia, não tem de ter só o lado bom, é preciso do equilíbrio.
Mondo Pop- Você compôs várias músicas com o Dudu Falcão, que também é parceiro de Lenine e Danilo Caymmi e foi gravado por muita gente. Como é seu trabalho com ele?
Max Viana– Já fizemos parcerias de todas as formas, com ele fazendo letra e eu música, os dois fazendo as duas coisas etc. Ele é muito rápido, intenso, natural, aprendo muito com ele, A gente compõe sempre, independente de trabalho, de ter um disco para lançar ou coisa assim. Eu produzi o disco dele, não se trata “apenas” de um letrista.
Canções de Rei (clipe)- Max Viana:
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