Tive o prazer de conhecer este cantor, compositor e violonista oriundo do Vale do Paraíba no lançamento do jornal eletrônico O Toque, no comecinho de outubro. Bem impressionado com sua performance no formato voz e violão, recebi posteriormente de suas mãos o CD Veredas do Vale , que ele lançou há não muito tempo. A expectativa para o conteúdo do mesmo era das melhores, e, felizmente, foi bem recompensada.

Rafael é um batalhador. Já participou de inúmeros festivais, tocou em todos os bares e casas noturnas possíveis e imagináveis, e continua na estrada, com fé no próprio taco. Seu trabalho investe em uma coisa muito importante no meio musical, e que às vezes parece extinta, que é o lirismo. Com uma voz grave muito bem colocada, agradável e cativante, ele nos oferece canções rurais, básicas, de simplicidade comovente, mas nunca banais. Poesia pura, abordando aquelas coisas “pequenas”, como as maravilhas da natureza, amores que vem e vão, festas e filosofias simples de vida. O som dele é centrado basicamente em violão, viola (tocada pelo competente Manoel Camargo), acordeão percussão, com ênfase no formato acústico.

O clima é de uma noitada em cidade pequena, acolhedora, em noite de lua, com direito a ritmos ora dançantes, ora mais próximos das serestas, mas que nunca vão te deixar indiferente. Rafael se encaixaria feito luva em programações que incluíssem gente do naipe de Almir Sater, Alzira Espíndola, Diana Pequeno e outros artistas com esta mesma pegada mais básica, rústica, próxima das raízes da música rural. Um disco delicioso, com doze músicas boas de se ouvir, com destaque para O Canto do Macuco , Coração Sem Milagre , Amor Poeta e Alfa Apagada . Boa sorte, Rafael, você merece!