Há artistas que preferem apostar na velha máxima de que menos é mais, e Madeleine Peyroux é certamente uma de suas fiéis seguidoras. Em concorrido show realizado na noite de terça feira na Via Funchal, para mais de três mil espectadores, a cantora americana deu mostras de que timidez pode ser superada com simpatia, bom senso e muito, muito talento, que é seu caso. Sempre comparada com Billie Holiday, a moça, no entanto, não soa como mera cópia, inspirando-se na inigualável voz da eterna diva para desferir uma assinatura própria. Acompanhando-se ao violão em boa parte do tempo, tem a acompanhá-la um quarteto básico de jazz, composto por baixo acústico, bateria, guitarra semi-acústica e teclados (piano acústico e órgão, usados de forma alternada). Músicos seguros, que aproveitam com categoria o espaço que lhes é dado para solar com categoria, bom senso e sensibilidade.

O repertório do show teve como foco os discos Careless Love (2005) e Half The Perfect World (2006), com espaço para ao menos uma do disco de estréia, Dreamland (1996). Há uma divisão entre standards jazzísticos, obras de autores como Leonard Cohen e composições de sua própria autoria. Cada uma delas ganhou seu tempero próprio. Smile (Charlie Chaplin), La Vie En Rose (Edith Piaf), Everybody’s Talking (Fred Neil), Dance Me To The End Of Love (Leonard Cohen, integrou a trilha sonora da novella global Belíssima) e La Javanaise (Serge Gainsbourg) foram alguns dos momentos mais aplaudidos, e com justiça. Fica no ar o clima para o lançamento de um futuro CD/DVD ao vivo, pois a moça segura a onda no palco. Foi sua segunda visita ao Brasil, tendo a primeira ocorrido em 2005, com show na mesma Via Funchal (SP).
Careless Love ao vivo em 2005:

http://www.youtube.com/watch?v=zQKata2M2Es
Half The Perfect World ao vivo em 2006-televisão:
http://www.youtube.com/watch?v=B_YZ4_mVe-g