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Cocteau Twins – Head Over Heels (4 AD-1983)

Uma das grandes lições do punk é o famoso lema DIY (do it yourself). Faça você mesmo, e do jeito que puder/quiser. Outra fica por conta da luta contra os virtuosismos sem sentido, que o rock progressivo tornou praxe na metade dos anos 70.

De forma inteligente, as bandas pós-punks souberam investir em uma soma dessas duas coisas: valendo-se de recursos minimalistas, criaram sonoridades peculiares, diferenciadas e cativantes. Nessa seara encaixa-se o duo britânico Cocteau Twins.

Criado pelo então casal Robin Guthrie (guitarras etc) e Elizabeth Frazer (vocal), o grupo tinha como características básicas o uso de texturas sonoras delicadas, bateria eletrônica ditando a base rítmica e vocalizações sublimes. Romantismo intenso e climático.

Head Over Heels saiu em 1983, antecedido por dois EPs e o álbum de estréia, Garlands (1981). Trata-se de um trabalho excepcional. Sonoridades lúgubres, intensas, recheadas de ambiências de tom gótico e viajantes, ou seja, com leve influência do rock progressivo, mas no que essa subdivisão do rock tinha de melhor. Acordes simples, uso inteligente de reverbs, pedais de efeito, bateria eletrônica e uma arma mortal: a voz intensa, potente e lírica até a medula de Liz Frazer.

O álbum melhora a cada nova audição. Hipnotiza. Inspira sonhos, imagens, visões. As variações rítmicas são intensas. Sugar Hiccup, a faixa mais tocante, por exemplo, é a rigor uma valsa, com clima romântico e ideal para trilha sonora de namoro no início. Uma pérola. When Mama Was Moth inicia a viagem de modo cortante. In Our Angehood é nervosa, enquanto Glass Candie Granades envereda pelo rock mais gótico.

A incisiva In The Gold Dust Rush é um tapa na cara de quem considera esse tipo de som “chato”. E Musette And Drums encerra o CD com ares de passeio na madrugada, nas ruas de algum parque em alguma cidade urbana, ou mesmo em uma rua mal iluminada de Sampa City, por exemplo.
Musette And Drums ao vivo na tevê inglesa:

[youtube]_SRpJst3Tyw&rel=1[/youtube] 

3 Comments

  1. sei, lá, nao gostei não..
    Esse é bem discutivel

  2. Também gosto muito dessa banda!Tem que ter personalidade prá sair tocando algo assim…

  3. Bom, sou suspeito pra falar de Cocteau. Estava procurando uma capa na web deste disco e me deparei com esta resenha. Pela primeira vez encontrei alguém que escreveu algo coerente a respeito desta banda.

    Concordo com tudo que foi dto! Cocteau Twins consegue cirar texturas e atmosferas que nunca consegui identificar em outros sons.

    Já criei imagens, pinturas, trabalhos de tipologia e artes mais gráficas, todos eles baseados nos sons “texturiais” do Cocteau.

    Vida longa a eles!!!

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