Mondo Pop

Por Fabian Chacur

Pode um garoto com 18 anos de idade e cara de quem tem ainda menos fazer um concerto de piano solo no qual mistura, sem o menor pudor, Luiz Gonzaga, Heitor Villa-Lobos, Chico Buarque e Radiohead? Mais importante: realizar tal fusão com grande qualidade artística? A resposta é sim. Essa figura, que vive de camiseta, jeans e tênis, atende pelo nome de Vitor Araújo. Vivendo em Recife, sua cidade natal, ele atualmente consegue façanhas como ter sido um dos destaques do badalado festival Abril Pro Rock, participar com destaque do Programa do Jô e, agora, lançar seu primeiro trabalho, Toc-Ao Vivo no Teatro de Santa Isabel, pela Deckdisc.

A ousadia já começa pelo formato, que é o Dualdisc. Para quem não sabe, o mesmo inclui CD e DVD em um mesmo disco, que pode ser tocado em qualquer aparelho de DVD, e com preço normal. Mas isso se torna apenas um detalhe, após conferir ambos. O grande lance, aqui, é a música. Vitor se vale do piano acústico em toda a sua extensão, para tirar sons originais e com assinatura própria.

E sem soar com aquele jeitão experimental que costuma afastar o grande público. O repertório do show, que foi gravado ao vivo no mais badalado teatro de Recife, inclui três obras de Villa-Lobos (entre elas Dança do Índio Branco), Chico Buarque (Samba e Amor), Tom Zé (Toc), Luiz Gonzaga (Asa Branca) e duas do próprio Vitor (Valsa Pra Lua e A Última Sessão).

A surpresa máxima fica por conta de inusitada leitura para Paranoid Android, do Radiohead. Guardadas as devidas proporções, Vitor Araújo está para o piano brasileiro assim como Yamandú Costa para o violão, e com a semelhança de ambos terem surgido muito jovens e fora do eixo Rio-São Paulo. Uma grande estréia. Ele se apresentou recentemente em São Paulo em show fechado no Tom Jazz, e estará na Virada Cultural. Não perca.

Vitor Araújo toca ao vivo Paranoid Android:

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