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Maysa viveu sempre no limite

Por Fabian Chacur

 

A minissérie global Maysa Quando Fala o Coração teve ao menos um grande mérito: chamar a atenção do público para a excelente biografia da cantora carioca intitulada Maysa-Só Numa Multidão de Amores e assinada por Lira Neto. O livro, da Editora Globo, é uma verdadeira aula de como se fazer um trabalho desse naipe. Repleto de informações, fotos e detalhada discografia, trata-se de um enorme manancial de conteúdo sobre uma das personalidades mais marcantes da história do show business brasileiro. Maysa Figueira Monjardim (1936/1977) certamente nunca soube o significado da palavra limite. Viveu “como uma vela ao vento”, parafraseando a letra da canção Candle In The Wind, de Elton John e Bernie Taupin. Sempre em busca do tal do “amor perfeito”. Nessa perseguição, amou diversos homens, incluindo André Matarazzo, de família tradicional paulistana, que lhe proporcionou seu único filho, o diretor televisivo Jayme Monjardim. Largou o casamento para se dedicar em tempo integral à carreira de cantora, estourando com canções românticas exacerbadas e rotuladas na época como de “fossa”, entre as quais Ouça, Meu Mundo Caiu, Por Causa de Você e Adeus. Deu grande força à então emergente bossa nova, gravando músicas de Tom Jobim, Vinícius de Moraes e Ronaldo Bôscoli, entre outros, sendo que teve tórrido romance com este último, autor de O Barquinho, cuja primeira gravação é dela. Apresentou programas de televisão, foi jurada, participou de festivais e tornou sua voz grave e doce uma das mais rapidamente reconhecidas da história da MPB. E bebeu muito, sendo alvo constante dos paparazzi de sua época. Ironicamente, morreu em horrível acidente automobilístico em janeiro de 1977, quando sua música Meu Mundo Caiu voltava às paradas como parte integrante da trilha da novela global Estúpido Cupido e lhe abria novas possibilidades em termos de carreira. Vale a pena rever as obras dessa intérprete e compositora intensa, que viveu no limite e pagou caro por isso, mas que não veio ao mundo a passeio. Não mesmo.

 

Rápida entrevista e a interpretação de Meu Mundo Caiu na tevê japonesa:

 

http://br.youtube.com/watch?v=BgkEb_EHaP0

5 Comments

  1. Bom dia!

    Livro vibrante não?
    Narra a vida dela de forma muito humana, e acredito que muito próxima do que ela foi.
    Gosto muito da interpretação dela de Bonita, Dindi.E as músicas da Maysa sempre me tocaram, porque sempre me passou de um jeito ou de outro que ela vivia aquela tristeza toda.O que infelizmente, foi confirmada na biografia.

    Saudações, Chacur!

  2. Muito obrigado pela visita! Realmente Maysa interpretava com um estilo de quem sabia perfeitamente do que tratavam as letras que gravava em seus discos e incluía nos shows. Belíssimo livro. Pena o fim dela, nada feliz….enfim, coisas da vida!

  3. vladimir rizzetto

    January 30, 2009 at 4:43 pm

    A trajetória da Maysa é de fazer qualquer rockstar morto parecer a madre Tereza de Calcutá! Arrisco-me a dizer que poucos artistas foram tão autodestrutivos como ela, uma pena!
    Um pouco antes de sua morte, até a inclusão de Meu Mundo Caiu na trilha global, ela estava vivendo num relativo ostracismo, não é, Fabian?

  4. Eu concordo plenamente com o que foi dito sobre a importância de não se permitir que certos nomes desapareçam . Agora , de outro modo isso me alerta pra uma outra questão . Porque muitas pessoas hoje em dia perderam essa vontade de procurar , de aprender , de investigar sobre coisas de valor ? Todo dia surgem novas expectativas e promessas , mas esquecer do que foi feito , é nem ter por onde começar . É sempre bom esse tipo de atitude , e agora mais do que nunca . Ou então sentem no sofá e esperem a última “novidade” , com o carimbo dos programas que são “sucesso que o meu povão gosta” ! Certo Fabian ?

  5. Certíssimo, só para variar, meu caro Covoes. Na verdade, Rizzetto, a Maysa vivia um período de ostracismo por causa dela própria, que lançou seu último disco em 1974 e passou por vários problemas pessoais, incluindo a separação do ator Carlos Alberto. Se tivesse percebido a oportunidade que o retorno de Meu Mundo Caiu às paradas poderia lhe dar em termos de retomada da carrreira…..mas aquele horrível acidente de carro na ponte Rio-Niterói encerrou de forma trágica essa história. Grande abraço aos dois!!!!

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