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Exile On Main ST em relançamento primoroso

Por Fabian Chacur

Exile On Main ST (1972), um dos melhores álbuns da carreira dos Rolling Stones, está sendo relançado pela Universal Music em uma edição que merece o adjetivo primoroso como definição.

De cara, a embalagem em forma de caixinha, que reproduz com maior fidelidade a vinil duplo original equivale a um belo acréscimo. Mas tem mais. O encarte luxuoso é repleto de fotos e ficha técnica de cada faixa. Só faltou um texto sobre esse trabalho, mas o documentário sobre o álbum que foi exibido em Cannes e sairá em DVD ainda em 2010 suprirá essa falha.

Embora não seja para mim o melhor álbum do grupo liderado por Mick Jagger e Keith Richards (ponho Sticky Fingers, de 1971 e imediatamente anterior a este em tal posto), é um desses clássicos perenes do rock.

Certas características marcam Exile. De cara, é o trabalho da banda mais pontuado pelas influências de blues, country e gospel. A pegada blueseira do guitarrista Mick Taylor, que em 1969 substituiu Brian Jones, certamente teve muita influência nisso. A participação em algumas faixas dos virtuoses no piano Nicky Hopkins e Billy Preston também ajudaram nisso.

A produção mais suja de Jimmy Miller, aquele tipo de profissional que tinha como marca não complicar, simplesmente gravando os músicos e procurando deixá-los à vontade, marca os trabalhos da fase 1969-1973 da banda, uma das melhores (a melhor?) de sua longa trajetória.

Outra influência perene em todo o álbum é a do grupo The Band, que com sua combinação de blues, soul, rock básico, folk e country trouxe o rock de volta às suas raízes, fazendo a cabeça dos Stones, Eric Clapton, George Harrison, Mark Knopfler e inúmeros outros.

Mal comparando, Exile On Main Street é uma espécie de White Album dos Rolling Stones, sem abrir tanto o leque como o álbum dos Beatles mas propondo (e realizando!) viagens sonoras tão diversificadas e profundas quanto a de seus contemporâneos britânicos.

As musicas mais conhecidas do álbum são os singles matadores Happy (que me ganhou quando eu tinha só dez aninhos!) e Tumbling Dice (rock soul da melhor qualidade cujo single integrava a discoteca de Victor Chacur), mas o álbum é uma festa.

Loving Cup, I Just Want To See His Face, Shine a Light (que deu nome ao recente documentário da banda dirigido por Martin Scorsese), Sweet Virginia, é uma paulada atrás da outra, além de releituras de dois clássicos do blues, Stop Breaking Down (do mítico Robert Johnson) e Shake Your Hips (de Slim Harpo).

Antes de ouvir o álbum, li uma resenha que dizia ser a dobradinha de faixas que o abrem, Rocks Off e Rip This Joint, de deixar o cidadão sem fôlego logo de cara. Acredite, são mesmo!

Se a versão remasterizada do material lançado originalmente já seria razão suficiente para comprar o álbum, o CD adicional que traz dez gravações inéditas o torna indispensável. São gravações feitas na época.

Duas faixas são versões alternativas de Loving Cup e Soul Survivor, enquanto Good Time Women é na verdade Tumbling Dice mais rápida e básica, e com diferenças na letra.

As totalmente inéditas receberam alguns poucos acréscimos de estúdio, sendo os mais identificáveis os vocais de apoio de Lisa Fischer e Cindy Myzelle, que não descaracterizaram as canções.

Esse CD bônus soa bastante coeso, o que chega a ser quase um milagre em se tratando de material adicional. A swingada Pass The Winte (Sophia Loren), a balada rasgada a la Beast Of Burden cujo título é Plundered My Soul e a deliciosa So Divine (Alladin Story) poderiam integrar qualquer álbum do grupo, sem ficar devendo coisa alguma.

Esta edição de Exile On Main  ST é a prova concreta de que o formato físico ainda terá muita importância para as gravadoras, pois quem só ouvir as músicas em mp3 só conhecerá uma pequena parte da história.

2 Comments

  1. vladimir rizzetto

    May 30, 2010 at 12:02 am

    Grande notícia, Fabian!
    Também considero Sticky Fingers, imbatível. É o melhor disco dos Stones.
    Sabe, Fabian, eu acho que a fase mais genial da banda, é de Their Satanic… a It´s Only Rock and Roll. Eu diria, que apenas Goat´s Head Soup é um disco “menor”, mas tem clássicos no naipe de Star, Star, Heartbreaker, Angie… Olha o nível!
    Exile on Main Street é o disco mais “negão” dos Stones. Os caras mergulharam o mais fundo possível na música negra e, o resultado foi esse discaço que conhecemos.
    Mas, uma pergunta não quer calar, caro baluarte: Esta preciosidade não será lançada no Brasil, certo?

    Grande abraço, Fabian.

    Ah, me diverti pra caramba lendo a história do disco do Johnny Rivers. Sensacional!

  2. admin

    June 3, 2010 at 10:00 pm

    Acaba de sair no Brasil Varonil, meu caro Vladimir!!!! Pode ir na loja mais próxima ou encomendar via internet!!!! Grande abraço e muito obrigado pelos elogios generosos e pela força de sempre. Rock on!!!!

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