Por Fabian Chacur

Se há uma expressão que já encheu as medidas há muitos anos, é a famosa “bola da vez”.

Será que precisamos mesmo de uma “bola da vez” toda hora em todas as áreas?

Sei não…

Seja como for, na MPB, a artista que mais se encaixa nessa definição atualmente atende pelo nome artístico de Maria Gadú.

A paulista radicada no Rio lançou seu primeiro álbum, auto-intitulado, em 2009, pelo selo Slap, da Som Livre.

A apresentação visual do CD era sublime, assim como sua produção.

Fiz crítica desse trabalho aqui em Mondo Pop.

O conteúdo, no entanto, mostrava uma artista ainda imatura em seus 23 anos de idade, tendendo entre lampejos originais e a repetição de fórmulas melhor desenvolvidas anteriormente por Marisa Monte, por exemplo.

No entanto, a inclusão da simples/simplória Shimbalaiê na trilha de uma novela global tornou a cantora, compositora e violonista um fenômeno de popularidade.

Os shows que fez em 2010 ao lado do fã ilustre Caetano Veloso, que irão virar DVD em 2011, ajudaram a ampliar essa visibilidade, levando-se em conta o calibre desse aval.

No final de 2010, chega às lojas o prematuro DVD/CD ao vivo lançado em parceria com o canal a cabo Multishow, reprisando boa parte do repertório do disco de estreia e acrescentando várias releituras desnecessárias.

No momento, existem duas grandes correntes na crítica: a do que apontam a moça como um grande talento já amadurecido e a dos que a ironizam, não vendo nada de mais em Gaduzinha.

Teve até um cara que implicou, vejam só, com o fato de o sobrenome artístico da moça levar acento, como se houvesse regras gramaticais para nomes. Meu Deus…

E tem também o folclore em torno de sua orientação sexual, algo mais do que batido em pleno 2011.

Ou será que ainda somos os mesmos e vivemos como os nossos pais?

Aos 25 anos de idade, Maria Gadú certamente é mais uma prova viva de uma teoria desenvolvida por um crítico do qual infelizmente esqueci o nome e que me foi apresentada pelo amigo Ayrton Mugnayni Jr. há uns bons anos.

O conceito é simples: a música popular não aceita vácuo.

Esmiuçando, é o seguinte: se um artista estoura fazendo um determinado estilo e ou o abandona, ou sai de cena, cedo ou tarde aparecerá alguém para preencher esse espaço.

Não faltam exemplos, como os Beatles e os Monkees, Crosby Stills & Nash e o grupo America, Djavan e Jorge Vercilo etc.

Maria Gadú preenche o espaço deixado por Marisa Monte, que nos últimos anos vem se dedicando cada vez menos à música e tido grandes hiatos sem lançar novos trabalhos ou fazer shows.

O estilo da estrela carioca, no entanto, tem um número imenso de fãs que acabariam sendo atraídos por alguém que emulasse esse jeitão musical mezzo MPB mezzo pop de forma competente.

Gadú faz isso, com timbre vocal muito semelhante ao da intérprete de Bem Que Se Quis.

Por enquanto, está dando certo. Vamos dar à moça o benefício da dúvida.

Quem sabe a parceria com Caetano não acrescente a ela a originalidade de que tanto precisa?

Por enquanto, prefiro ouvir A História de Lilly Braun com Gal Costa e Baba, de Kelly Key, com ninguém, o mesmo podendo ser dito de Shimbalaiê.

Veja Shimbalaiê ao vivo, com Maria Gadú: