Por Fabian Chacur

O árabe é fatalista por natureza. Uma das provas dessa característica é a palavra maktub, que significa “estava escrito”, forma como a qual meus antepassados procuram encarar com certa naturalidade situações difíceis de serem compreendidas.

É dessa forma que encaro a triste notícia de que Amy Winehouse foi encontrada morta neste sábado (23) em seu apartamento, no bairro de Canden, em Londres, aos 27 anos de idade.

A cantora e compositora inglesa ainda vivia o impacto do cancelamento de sua turnê europeia (prevista para agosto), após dar vexame em um show na cidade de Belgrado, na Sérvia, no dia 19 de junho.

Em janeiro, Amy fez shows polêmicos no Brasil, que obtiveram tanto elogios dos fãs mais alucinados como críticas ásperas por parte de quem esperava mais profissionalismo por parte dela.

Amy Winehouse nasceu no dia 14 de setembro de 1983 em Londres, e lançou seu primeiro álbum, Frank, em 2003, com boa repercussão no Reino Unido e Europa.

Foi graças ao segundo, Back To Black (2006), com produção a cargo de Mark Ronson (filho do mitológico guitarrista Mick Ronson, que tocou com David Bowie nos anos 70), que ela se tornou uma estrela em termos mundiais.

Com esse CD, a doidinha de mil tatuagens e cabelo inusitado ganhou inúmeros prêmios, incluindo cinco Grammys, o Oscar da música, entre os quais por canção e gravação do ano e artista revelação.

Com uma voz com forte teor de soul music e acompanhada por uma banda excepcional, Amy surgia como uma forte promessa para a música popular, tornando-se rapidamente um ícone.

Infelizmente, ela não conseguiu segurar a onda de tanto sucesso, e mergulhou de cabeça em drogas, escândalos, romances mal resolvidos etc. Deixou de ser só uma cantora e virou personagem preferencial da imprensa de celebridades.

Ironicamente, seu sucesso mais conhecido, Rehab, fala exatamente de ela tirando onda de quem achava que ela deveria encarar uma clínica de reabilitação por causa das drogas.

Frank e Back To Black acabaram sendo os únicos álbuns que Amy Winehouse lançou em vida, sendo que ambos foram relançados com inúmeras faixas-bônus.

Como sempre rolou muita controvérsia em torno do possível sucessor de Back To Black, não se sabe com certeza o que existe em termos de material inédito da estrela, mas certamente teremos algum tipo de lançamentos póstumos. A indústria fonográfica precisa faturar.

Ainda não se sabe se a morte da estrela ocorreu devido a uma overdose, mas muitos apostam nessa direção.

Várias coincidências ligam Amy a outra morta precoce ilustre do rock, Janis Joplin.

Ambas se foram aos 27 anos, eram brancas que cantavam com alma de negras e vieram ao Brasil pela primeira vez no ano de suas mortes trágicas. Janis só para uma visita, e Amy, para shows polêmicos, amados por uns e odiados por outros.

Aliás, Amy Winehouse se une ao triste panteão dos músicos célebres que morreram aos 27 anos, que inclui Jimi Hendrix, Janis Joplin, Brian Jones (dos Rolling Stones), Kurt Cobain, Robert Johnson, Pete Ham (do grupo Badfinger) e inúmeros outros.

Na minha opinião, Amy nos deixou dois bons discos (não ótimos, nem excepcionais), mas demonstrava claramente que tinha potencial para fazer coisas muito melhores. Ela estava apenas no começo, mas não conseguiu segurar a onda do sucesso, fama, dinheiro etc. Que descanse em paz. Uma pena!

Tears Dry On Their Own – Amy Winehouse: