Mondo Pop

Por Fabian Chacur

Morto há 12 anos, Renato Russo continua sendo uma mina de dinheiro. Seus trabalhos solo, e também os da banda que liderou, Legião Urbana, continuam vendendo bem, e garantindo ótimos rendimentos às gravadoras e a seus ex-integrantes e herdeiros. Acaba de chegar às lojas pelo selo Discobertas, do produtor Marcelo Fróes (com distribuição da gravadora Coqueiro Verde) o CD O Trovador Solitário. Trata-se de um belíssimo e caprichado trabalho de resgate de uma fita cassete gravada pelo cantor, compositor e músico em 1982, no esquema voz e violão. Nela, ficam ressaltados com exatidão o melhor e o pior desse artista tão polêmico e cultuado.

Das onze faixas, nove são dessa fita cassete mitológica, que circulou entre fãs durante muitos anos. São versões cruas, porém bem próximas das que seriam posteriormente gravadas em estúdio, de clássicos do Pastor Russo, entre elas Eduardo e Mônica, Geração Coca-Cola, Faroeste Caboclo e Veraneio Vascaína. As outras duas são uma demo de Que País É Este de 1978, e o registro ao vivo de dueto entre Cida Moreira e o cantor em 1984 do clássico Summertime.

Letras demagógicas e messiânicas sempre foram a marca do líder da Legião Urbana, que soube como poucos manipular os fãs e dar a eles “mais do mesmo”. Acompanhado só por voz e violão, no entanto, fica ainda mais nítido o que meu amigo Ademir Benedicto me chamou a atenção há mais de 20 anos: a dicção de Russo é perfeita, permitindo a todos entender cada palavra que cantava. Além disso, sua voz é inconfundível e marcante, e fica melhor sem o acompanhamento chinfrim de seus ex-colegas de grupo. O encarte que acompanha o CD é detalhado, com letras, fotos e imagens que farão os fãs se arrepiarem. Como produto, nota dez. Mas quem, como eu, abomina a banda, continuará abominando-a pelos próximos cinco séculos, no mínimo.

Renato Russo no videoclipe de La Solitudine:

[youtube]R68UGGFfodI&hl=en&fs=1[/youtube]