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Caixa traz gravações inéditas de Ivan Lins da década de 70

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Por Fabian Chacur

Ivan Lins teve na década de 1970 o período decisivo em sua brilhante carreira. Foi durante aqueles anos que ele deixou de ser apenas um artista promissor para se inserir com força entre os grandes nomes da MPB, gravando discos essenciais e cativando o público. O selo Discobertas celebra os 70 anos de idade do artista e lança Ivan Lins Anos 70, caixa com três CDs de gravações inéditas do genial cantor, compositor e pianista carioca.

O material contido neste ótimo lançamento registra dois momentos distintos na carreira do autor de Madalena. Os volumes 1 e 2 trazem gravações feitas ao vivo em dois shows realizados em 1975, o primeiro (sem especificação do mês) em Curitiba (PR) e o outro em São José do Rio Preto (SP), este último no mês de novembro. São apresentações que marcam a primeira turnê mais extensa do artista, que estreava uma nova banda de apoio, a Modo Livre.

Além de Ivan nos vocais e piano, o grupo trazia Gilson Peranzzetta (teclados, que seria a partir dali seu braço direito nos próximos dez anos), Ricardo Pontes (flauta e sax), Fred Barboza (baixo) e João Cortez (bateria). O grupo surgiu para acompanha-lo depois do lançamento do álbum Modo Livre (1974), e se mostra em pleno processo de entrosamento nesses dois registros ao vivo.

A edição de som não nos permite deduzir se os shows foram gravados na íntegra ou não, mas a inclusão de falas de Ivan em algumas partes acaba sendo bem informativa, como no momento em que no show de Curitiba ele anuncia que iria cantar três músicas que seriam lançadas em seu próximo álbum, o então ainda inédito Chama Acesa. Apenas quatro músicas se repetem no repertório dos dois shows: Abre Alas (primeira parceria e primeiro hit escrito com Vitor Martins), Acender As Velas (Zé Ketti), Nesse Botequim (Ivan Lins e Vitor Martins) e Quero de Volta o Meu Pandeiro (Ivan Lins e Ronaldo Monteiro de Souza).

No set list, o artista demonstra rebeldia ao deixar de lado seus hits mais impactantes até então, as músicas Madalena e O Amor é Meu País, substituídas ou por canções ainda inéditas em discos dele, ou composições de Zé Kéti (Opinião é a outra, além de Acender as Velas), ou ainda temas instrumentais compostos por ele e/ou integrantes da banda. Os improvisos são frequentes, e o resultado dos dois shows no geral é bem bacana, com qualidade de áudio ótima.

Para o terceiro CD, foram reservadas 12 gravações feitas por Ivan em 1978 no estúdio Eldorado, em São Paulo. Por Cima dos Ossos (Ivan Lins-Ronaldo Monteiro de Souza) é inédita. As Minhas Leis, Esse Pássaro Chamado Tempo, Eu Preciso de Silêncio e Desalento (todas parcerias de Ivan com Ronaldo) foram gravadas por outros intérpretes e nunca haviam entrado antes em um álbum do próprio autor.

A Visita (Ivan Lins-Vitor Martins) entraria em outra versão no seminal álbum Nos Dias de Hoje, lançado naquele mesmo 1978. Temos as instrumentais Gaivota e Procurando Inês/Minas de Mim, assinadas só por ele. Acender as Velas, de Zé Kéti, é curiosamente a única música que aparece nos três CDs, em versões diferentes.

Completam o repertório do CD de estúdio O Sol Nascerá (Cartola e Elton Medeiros), O Amor em Paz (Tom Jobim e Vinícius de Moraes) e Não Me Diga Adeus (Paquito, Luiz Soberano e Correa da Silva). As performances são no esquema piano e voz, sendo que em quatro delas temos a participação da cantora e atriz Lucinha Lins (então casada com ele) nos vocais, todas muito boas. O clima intimista domina e encanta.

A apresentação da caixa é simpática, os encartes trazem as letras das canções e algumas fotos legais, mas deixa a desejar no sentido de que não temos textos com informações mais detalhadas sobre as gravações ou mesmo as contextualizando em relação à carreira do astro carioca.

O crédito da música Chega no encarte e na contracapa também está errado, pois a música é só de Ivan, e não da dupla Ivan Lins-Vitor Martins. Mas são deslizes perdoáveis, se levarmos em conta a preciosidade do material contido aqui. Uma homenagem à altura desse grande Ivan Lins, um gênio da música popular brasileira.

Quero de Volta o Meu Pandeiro– Ivan Lins:

Chega– Ivan Lins:

A Visita– Ivan Lins:

Sandy estreia turnê do DVD Meu Canto com ótimo show

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Por Fabian Chacur

Na noite desta quinta-feira (5), Sandy estreou a turnê que irá divulgar Meu Canto- Ao Vivo, seu novo DVD, que será lançado pela Universal Music entre o fim de maio e o começo de junho. O show, que teve segunda data no dia seguinte, foi realizado no Tom Brasil, em São Paulo, e foi recebido com muito entusiasmo pelo público presente, que lotou a casa de shows. Uma recepção mais do que merecida, se levarmos em conta a qualidade do espetáculo oferecido pela cantora e sua banda.

Com 26 anos de estrada, essa cantora e compositora dá provas de que sabe como desenvolver uma carreira artística. Seu trabalho evoluiu a olhos vistos, a cada ano que se passou. Quando encerrou a trajetória da dupla que fez com o irmão Júnior, preparou-se com calma para dar o próximo passo, sem cair em truques ou opções apressadas. Tanto que Manuscrito, a esperada estreia solo, só saiu em 2010. Valeu a espera.

Esse primeiro trabalho em CD e também o seguinte, Sim (2013), proporcionaram uma obra sem receios de ser pop e acessível ao ouvido médio, mas sem cair no lugar comum. Aqui, cada faixa é trabalhada com esmero, com carinho, com assinatura própria. Lógico que ninguém está redescobrindo a roda na música atual, mas Sandy mostra muito respeito por seus fãs e por ela própria, e isso transparece nas canções que grava e em tudo que cerca sua trajetória artística.

Meu Canto- Ao Vivo, seu segundo DVD (o primeiro, Manuscrito ao Vivo, saiu em 2011), traz músicas dos CDs anteriores, releituras de canções alheias, um ou outro sucessos dos tempos de Sandy & Junior e ainda quatro inéditas, em gravações realizadas ao vivo no final de 2015 em Niterói, Rio de Janeiro. Participam do trabalho o jovem talento Tiago Iorc e o mestre Gilberto Gil.

No show, cujo cenário procura representar de forma elegante e simples em termos físicos o conceito duplo do título do DVD (o lado da cantora e o lugar em que ela se sente à vontade), Sandy se mostra solta e bastante tranquila, mesmo com um pequeno pigarro que a levou a tomar bastante água durante os aproximadamente 90 minutos do show. Mas nada que conseguisse prejudicar uma única nota emitida por ela durante esse período. Coisa de profissional.

A sequência musical foi muito bem encadeada, sem deixar a peteca ir ao chão e alternando momentos agitados com aquelas pausas estratégicas para canções mais introspectivas. Os hits foram muito bem recepcionados, entre eles Pés Cansados, Aquela dos 30, Desperdiçou e a belíssima Morada, esta última com letra que é poesia em estado puro. As inéditas, bem divulgadas, também arrancaram reações bacanas, entre elas as consistentes Respirar e Me Espera.

A banda da filha de Xororó é um caso a parte. Integrada por Alex Heinrich (baixo), Delino Costa (bateria), Eloá Gonçalves (teclados), Edu Tedeschi (guitarra e violão), Maurício Caruso (guitarra e violão) e Patrícia Ribeiro (cello), se mostrou muito bem entrosado, e dando a cada canção uma moldura sonora adequada e inspirada, especialmente Patrícia, com um instrumento não tão comum em bandas pop.

O público se mostrou receptivo em todos os momentos, especialmente na parte final, quando largou as convenções e invadiu os lugares mais privilegiados, além de subir nas mesas e cadeiras para extravasar sua felicidade. Vale também ressaltar as releituras bacanas de Cantiga Para Luciana, sucesso há mais de 45 anos com Evinha, e All Star, de Nando Reis e hit na voz da saudosa Cassia Eller. E que vestido lindo, moça!

Pelo andar da carruagem, Meu Canto- Ao Vivo tem tudo para ser mais um sucesso no currículo desta cantora ainda jovem, mas cuja trajetória já é bem longa e tende a se ampliar ainda mais. Tudo feito com muita tranquilidade, sem apostar em fórmulas surradas ou caindo nos modismos. Sandy está de parabéns, pois não é fácil se manter relevante e com sucesso em um meio no qual as carreira sobem e descem em questão de semanas, em verdadeiros impeachments populares.

Me Espera– Sandy e Tiago Iorc:

Escolho Você– Sandy:

Morada– Sandy:

Álbuns de Prince geram novo recorde na parada dos EUA

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Por Fabian Chacur

Diziam alguns cínicos e não muito éticos dirigentes de outrora das gravadoras que em algumas ocasiões o melhor passo que um artista pode tomar para impulsionar suas vendagens de discos é a morte. Infelizmente, essa máxima macabra se mostra real mais uma vez, e agora o personagem é Prince, morto no dia 21 de abril aos 57 anos. Sua Majestade Púrpura acaba de quebrar um recorde na parada Billboard 200 da revista Billboard, a bíblia da indústria fonográfica dos EUA.

A edição publicada esta semana da parada, que quantificou as vendas de discos físicos e virtuais entre os dias 21 e 28 de abril, trazem nada menos do que cinco álbuns do autor de Kiss entre os 10 mais. Esse fenômeno não ocorria na terra de Donald (toc, toc, toc) Trump desde o longínquo ano de 1963. No total, são 19 CDs do cantor, compositor e multi-instrumentista americano entre os 200 mais esta semana.

Somados, esses trabalhos venderam nesta semana computada a bagatela de 4.41 milhões de cópias no mercado ianque, segundo a Billboard. Para efeito de comparação, na semana anterior, quando ainda estava entre nós, Prince teve comercializados apenas 5 mil álbuns e 14 mil canções. E ele só não repetiu o primeiro posto obtido na semana anterior com apenas um dia de vendas pós-morte porque Lemonade, o novo trabalho de Beyonce, não permitiu.

The Very Best Of Prince, o álbum mais bem posicionado (nº2), é uma coletânea simples com versões editadas de algumas músicas, mas parece ser a opção mais cobiçada pelo ouvinte médio. Duas outras coletâneas melhores, The Hits/The B-Sides (nº4) e Ultimate (nº6) também estão no Top 10. Completam o elenco Purple Rain (nº3) e 1999 (nº7), este último duas posições acima da mais alta que havia obtido anteriormente, em 1982, época de seu lançamento original.

Vale ressaltar a lembrança contida na própria matéria do site da Billboard: esse fenômeno não seria possível se em 2009 a parada Billboard 200 não tivesse sido unificada, incluindo também discos de catálogo, que na classificação deles são trabalhos que saíram há mais de um ano e meio e já haviam saído dos charts. Agora, com “tudo junto e misturado”, fenômenos como esse tendem a se repetir em outros casos semelhantes (toc, toc, toc 2-a missão).

Lógico que alguns podem achar meio mórbido as pessoas se interessarem pela obra de um artista apenas após sua ida para o outro lado do mistério. Mas lembro que eu, um adolescente de 19 anos e que já tinha alguns discos de John Lennon em sua coleção, foi atrás do que faltava nos meses seguintes após aquele triste 8 de dezembro de 1980. Mesmo assim, fica a dica: vá atrás da boa música sempre, independente de efemérides, falecimentos ou coisas do gênero.

Love Song– Madonna & Prince:

A Love Bizarre (live)- Michael Hedges:

I Feel For You– Chaka Khan:

Chal mescla folk, rock e MPB em seu segundo CD, Enlace

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Por Fabian Chacur

Chal é um cantor, compositor e músico goiano que estreou em disco em 2014 com o trabalho Aonde o Tempo é Solto. Ele volta ao cenário musical para apresentar seu segundo CD, Enlace, e oferece ao público um trabalho consistente, bem cuidado e repleto de boas canções e de uma voz poderosa. Não são poucos os aspectos positivos a serem ressaltados nesse álbum, a começar por sua bela embalagem, encarte e apresentação gráfica.

Ele soube se cercar de gente talentosa para auxiliá-lo, a começar pelo experiente produtor Felipe Rodarte, o mesmo responsável pelo trabalho anterior. Na guitarra (e também violão) e no baixo, por exemplo, ele tem respectivamente Fernando Magalhães e Rodrigo Santos, integrantes do Barão Vermelho, que deixaram suas digitais poderosas em cada faixa de que participaram. Kadu Menezes (bateria) e Sérgio Villarin (teclados) são outros craques a serviço do músico de Goiás.

Como requinte adicional, algumas faixas trazem arranjos com direito a cordas de verdade, tipo viola, violino e violoncelo. E o estúdio de gravação foi o Toca do Bandido, criado pelo saudoso Tom Capone e usado por nomes importantes da música brasileira, entre os quais O Rappa, Maria Rita, Adriana Calcanhoto e Erika Martins, só para citar alguns. No entanto, nada disso teria importância se o trabalho de Chal não estivesse a altura de tudo isso. E, felizmente, está, e muito.

Com um timbre de voz grave e encorpado, o intérprete nos oferece músicas que misturam folk, country, música brasileira em geral, rock e romantismo, em doses sempre bem equilibradas. Enlace é daquele tipo de disco que vai crescendo a cada nova audição, pois existem filigranas que o ouvinte só degustará com o tempo, embora isso não signifique que seja um trabalho de difícil assimilação. Pelo contrário, dá para curtir logo de cara, sem susto e com muito prazer auditivo.

As 12 faixas do segundo álbum de Chal são bastante equilibradas e fazem um todo bem sólido. O tom folk rock dá as cartas, mas há momentos que seguem outras linhas, como a bela balada Foi Tudo Culpa do Amor, o endiabrado rockabilly Lobo Solitário ou a sensacional releitura blues-guarânia de O Cio da Terra (Milton Nascimento e Chico Buarque), com participação de Luis Carlos Sá, um dos país do rock rural brasileiro com o trio Sá, Rodrix & Guarabira e depois a dupla Sá & Guarabira.

Enlace é um trabalho que merece ser conhecido pelo grande público, e tomara que seja capaz de consolidar a carreira de Chal, um artista talentoso que tem a capacidade de criar uma música ao mesmo tempo substanciosa e acessível ao ouvido médio. Em um mundo perfeito, deveria tocar muito nas rádios e aparecer nas programações de TV. Mas não espere que isso aconteça, e ouça agora mesmo. Vale a pena.

Enlace– Chal:

O Cio da Terra– Chal e Sá:

Lobo Solitário (versão voz e violão)- Chal:

Cantora Halsey lança EP com remixes do belo single Colors

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Por Fabian Chacur

Depois de uma participação marcante no Lollapalooza Brasil 2016 em março, festival no qual foi um dos destaques, a jovem cantora e compositora americana Halsey acaba de lançar um novo EP pela via digital. Intitulado Complementary Colors, traz remixes de Colors, uma de suas músicas mais conhecidas. Você pode conhecer essas novas versões dessa canção aqui.

Nascida nos EUA em 29 de setembro de 1994, a garota de cabelos anteriormente longos e hoje adoravelmente curtos é uma das boas revelações da música pop nos últimos tempos. Seu álbum de estreia, Badlands, já vendeu um milhão de cópias mundialmente, sendo 13 mil delas no Brasil, que é o 6º país no mundo onde esse trabalho vendeu mais, e o segundo em termos de acesso ao perfil dela no Facebook.

A música Castle, um dos destaques do CD, integra a trilha do filme O Caçador e a Rainha de Gelo, estrelado por por Charlize Theron, Emily Blunt, Chris Hemsworth e Jessica Chastain. Além dessa e de Colors, outros hits de Badlands até o momento são Hurricane e New Americana. Halsey é também garota propaganda da campanha global dos cosméticos MAC. Olho nela, que a garota é muito talentosa!

Show de Halsey no Lollapalooza Brasil 2016:

Castle– Halsey:

Colors– Halsey:

Ricardo Bacelar mostra a sua versão da fusion em CD/DVD

ricardo bacelar 2

Por Fabian Chacur

Quem vê hoje em dia Ricardo Bacelar pode até não imaginar, mas esse bem-sucedido advogado cearense, vice-presidente da OAB do Ceará e profundo conhecedor de direitos autorais e incentivo à cultura, tem um rico passado musical. Aliás, só passado, não. Presente também. Sua carreira como músico está sendo retomada em grande estilo, com o lançamento do CD/DVD Concerto Para Moviola- Ao Vivo, no qual faz um belíssimo mergulho no universo da fusion.

Fusion, ou jazz rock, é o rótulo pelo qual ficou conhecida a vertente jazzística que enveredou por uma mistura daquele sofisticado estilo musical com rock, música latina, funk, soul e pop, resultando em uma sonoridade ao mesmo tempo muito bem elaborada e acessível aos ouvidos médios. Fez muito sucesso nos anos 1970 e 1980 graças a grupos e artistas solo como Weather Report, Yellowjackets, David Sanborn, Pat Metheny e diversos outros.

Ex-integrante do grupo Hanói-Hanói, do qual fez parte por 11 anos, Bacelar largou a música para se dedicar ao Direito. Mas o bom músico nunca deixa de ser músico, e ei-lo de volta, com um trabalho gravado ao vivo no qual mescla quatro composições próprias com obras de Pat Metheny, Bob Mintzer (do Yellowjackets), Joe Zawinul (do Weather Report) e Chick Corea e também dos brasileiros Ivan Lins, Egberto Gismonti, Moacir Santos e Tom Jobim.

Em entrevista ao Mondo Pop, Bacelar nos fala sobre sua carreira, os critérios que usou para gravar Concerto Para Moviola- Ao Vivo, lembranças dos tempos do Hanói-Hanói e o que o levou a investir em um trabalho tão requintado e de alta qualidade musical em uma era na qual o descartável infelizmente prevalece no cenário musical brasileiro.

MONDO POP- Como surgiu o conceito que gerou Concerto Para Moviola- Ao Vivo?
Ricardo Bacelar– Meu primeiro CD solo, In Natura (2001), era mais clássico, mais erudito. Quando recebi o convite para participar do Festival de Jazz e Blues de Guaramiranga (realizado no Ceará), resolvi fazer algo de que eu realmente gostasse, sem me preocupar com o resultado comercial. As coisas mudaram muito, é bem mais fácil gravar um disco hoje. Essa mudança democratizou muito as coisas, mas também abriu caminho para muitas coisas de má qualidade.

MONDO POP- E aí veio a ideia de mergulhar do seu jeito na fusion dos anos 1970 e 1980?
Ricardo Bacelar– Sim. É um estilo musical que eu ouvi muito quando era adolescente, é mais alegre, pra cima, embora muito sofisticado. Procurei fazer um trabalho com um acabamento de muita qualidade em todos os aspectos, do repertório à embalagem. Pesquisei muito os timbres de instrumentos, montei uma banda com grandes músicos. O resultado é um tipo de produto raro hoje em dia no Brasil, e fiz às próprias custas.

MONDO POP- Que tipo de critério você seguiu para selecionar o repertório incluído no CD/DVD?
Ricardo Bacelar– Procurei fugir do óbvio. Fiz um trabalho de pesquisa em cima de músicas que me marcaram. Gosto muito dessa coisa da mistura, e o fusion é bem isso, é como roupa, você pode criar o seu próprio visual, sua própria roupagem. Optei por solos curtos, com espaços para cada músico. A gravação foi muito à vontade, fiz sem a obrigação de lançar. Foram gravados dois shows, e escolhemos a gravação feita no Teatro do Via Sul, em Fortaleza (CE).

MONDO POP- Uma bela sacada sua foi também incluir autores nacionais que tem muito prestígio no exterior e foram gravados por artistas internacionais de fusion. Um deles é o Ivan Lins, que infelizmente não é tão valorizado pelos críticos aqui no Brasil.
Ricardo Bacelar– O Ivan Lins tem melodias sofisticadas, é um grande arranjador, e consegue fazer música radiofônica de forma muito bem elaborada. A música Setembro, que gravei, é uma parceria dele com o Gilson Peranzetta, outro grande tecladista. Também incluí composições do Tom Jobim, Egberto Gismonti e Moacir Santos.

MONDO POP- Conte um pouco sobre como foram os seus onze anos com o Hanói-Hanói.
Ricardo Bacelar– Entrei no grupo em sua segunda formação, que foi a que mais durou. Eu era muito garoto, aprendi a conviver no ambiente de gravadoras, do profissionalismo, aprendi muito com o Arnaldo Brandão. E tínhamos um estúdio de gravação onde fizemos coisas para teatro, cinema e TV. Viajamos muito, fizemos muitas coisas legais. Era um grupo de rock mais sofisticado, com percussão, letras irônicas.

MONDO POP- E o que te levou a sair do grupo?
Ricardo Bacelar– Quando fiz 30 anos de idade, tive vontade de ter uma vida mais estável, com família, e achei que o Direito seria um caminho para isso. Aí, mudei do Rio e voltei para Fortaleza (CE), passando a me dedicar em tempo integral à advocacia.

MONDO POP- Antes disso, você lançou um primeiro CD solo, In Natura, não é isso? Como foi a experiência de gravar esse trabalho, que teve várias participações especiais?
Ricardo Bacelar– Esse disco saiu em 2001, e teve participações especiais do Belchior, Frejat, Waldonys, Kátia Freitas e do pessoal do Hanói-Hanói. Já tinha trabalhado antes com o Belchior, compusemos juntos a música Vício Elegante, que foi a faixa título de um CD dele lançado em 1996 do qual participei tocando e fazendo arranjos.

Veja o DVD Concerto Para Moviola-Ao Vivo em streaming:

Killer Joe- Ricardo Bacelar:

Birdland- Ricardo Bacelar:

Márcio Gomes faz show e vai receber homenagem no Rio

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Por Fabian Chacur

Há dois anos, Márcio Gomes deu início ao projeto Eternas Canções. Mal sabia o sucesso que iria conseguir, interpretando grandes clássicos da música da chamada Era do Rádio. Com seu vozeirão, ele cativou um público fiel. Nesta quarta (6) às 16h, o cantor vai ser homenageado com uma placa que será entregue por Marcelo Calero, secretário municipal da Cultura da cidade do Rio de Janeiro. O evento ocorre durante show no Rio no Imperator- Centro Cultural João Nogueira (rua Dias da Cruz, nº 170- Meyes- fone 0xx21-2597-3897), com ingressos a R$ 20,00 e R$ 40,00.

Eternas Canções já rendeu um CD homônimo. Produzido pelo talentoso Thiago Marques Luiz, o repertório vai de Luiz Vieira a Charles Chaplin, investindo em boleros, tangos, canções italianas, portuguesas e standards americanos. Ângela Maria participa do álbum, cantando com Gomes Ave Maria No Morro e Adeus Querido.

Trazendo de volta a tradição da voz potente que predominava na música brasileira até a década de 1950, Márcio Gomes já gravou com Ângela Maria, Cauby Peixoto e Bibi Ferreira, e investe em repertório repleto de boleros, tangos, canções italianas, portuguesas e standards da música norte-americana, sempre com canções marcantes.

O show ocorre com a interação do público, que escolhe três cantores e três cantoras da Era do Rádio, sendo que Márcio interpreta os sucessos mais significativos de cada um deles. As apresentações ocorrem uma vez por mês, e tem sido realizadas sem interrupção nos últimos dois anos, atraindo um público que disputa com avidez os ingressos.

Márcio Gomes e Angela Maria ao vivo:

Banda Superdose lança single e promete DVD para breve

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Por Fabian Chacur

Com mais de dez anos de estrada, a banda Superdose promete para breve o lançamento de seu primeiro DVD, Cidade Luz. Gravado ao vivo, o trabalho traz nove faixas inéditas e também releituras de músicas lançadas por eles em seu primeiro CD de estúdio, de 2012 e autointitulado. Como forma de promover o trabalho, já está disponível em plataformas digitais para streaming e/ou download pago o single Coração de Plástico. O link está aqui.

Os irmãos João (vocal e guitarra) e Antônio Frugiuele (guitarra) são a base do som do Superdose, com suas guitarras nervosas e seu som com influências bem digeridas de The Who, Oasis, Beatles, Blur, Rolling Stones, The Verve e outros. Eles já abriram shows para bandas internacionais de prestígio como Placebo, The Ataris, Stereophonics e Creed, e também contam em sua formação com Rodrigo Luminatti (baixo) e Mauricio Hoffman (bateria).

Cidade Luz (Ao vivo)- Superdose:

Coração de Plástico (ao vivo)- Superdose:

Gwen Stefani transforma sua vida sentimental em novo CD

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Por Fabian Chacur

Muita coisa aconteceu na vida de Gwen Stefani desde que ela lançou seu trabalho solo anterior, The Sweet Escape, em 2006. Sua banda No Doubt voltou à cena, ela teve três filhos, viu seu casamento de 13 anos com o roqueiro Gavin Rossdale (da banda Bush) acabar, atuou no reality show musical The Voice e iniciou namoro com o cantor country Blake Sheldon. Ufa! E agora, volta à trajetória solo com This Is What The Truth Feels Like.

O álbum, o terceiro da cantora nascida em 3 de outubro de 1969 nos EUA como solista, veio com força total em termos de desempenho comercial. Chegou esta semana ao topo da parada americana, a primeira vez que ela consegue tal façanha sozinha (com o No Doubt, ponteou os charts ianques com Tragic Kingdom em 1996). O CD sai no Brasil com cinco faixas bônus, e tem características bem interessantes.

Em termos musicais, o trabalho segue a linha que marca a carreira dessa carismática cantora e compositora, com direito à mistura de pop, reggae, dancehall, raggamuffin, disco music e ska, além de parcerias com Justin Trenter, conhecido por trabalhos com Selena Gomez, Justin Bieber e Fall Out Boy e a dupla sueca Mattman & Robin. Trata-se de um disco pop por excelência, alto astral, para se ouvir sem medo de ser feliz.

Nada de complicações ou tentativas exageradas de inovação. Gwen preferiu apostar na simplicidade sofisticada, acrescentando à sua música apenas um pouco da sonoridade do pop atual de nomes como Kesha. Quem acompanha a carreira da cantora do No Doubt certamente irá curtir a nova safra de canções, um mais do mesmo bem temperado.

No setor letras é que a coisa fica divertida. Como já havia feito com o No Doubt nos anos 90 após ter sido dispensada em relacionamento afetivo pelo baixista da banda, Tony Kanal, a belíssima loira transformou seus sentimentos em canções. Na ótima Used To Love You, por exemplo, ela diz que “pela primeira vez desde que comecei a te odiar, me lembrei que eu costumava te amar”. Na balada Me Without You, a moça garante que “agora estou sem você e as coisas melhoram a cada dia”. E por aí vai…

Não faltam músicas bacanas com cara de hits. Aliás, algumas delas já são hits, como as duas citadas e também as contagiantes Make Me Like You (aparentemente dedicada a Blake Sheldon e com clipe luxuoso) e a dancehall pura Misery. O visual da moça na capa e no encarte do álbum é Marilyn Monroe total, com um pouquinho da Madonna dos bons tempos. Prova de que ela não virou ícone da moda por acaso. Um bom CD pop sem contraindicações.

Make Me Like You– Gwen Stefani:

Used To Love You– Gwen Stefani:

Hollaback Girl– Gwen Stefani:

Fábrica de Apresentadores: o curso chega a SP em junho

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Por Fabian Chacur

O curso Fábrica de Apresentadores, criado no Rio e com 250 alunos matriculados em cinco turmas desde 2015, chega a São Paulo em junho. Passaram por ele na edição carioca nomes como Bruno Padilha, Mel Fronckowiak, André Martinelli, Kyra Gracie e os irmãos Team Nogueira (Minotouro e Minotauro), entre outros. As inscrições já estão abertas, com vagas limitadas. Mais informações podem ser obtidas em www.cursosknvideo.com.br e também pelo fone (0xx11)94231-3965.

O objetivo básico do Fábrica de Apresentadores é a preparação de apresentadores não só para programas de TV, mas também para as outras mídias que fazem parte do atual cenário da comunicação, como Youtube, redes sociais etc. O projeto é da produtora de conteúdos televisivos KN Video e é coordenado pelo diretor Jorge Nassaralla, com mais de 25 anos de carreira e vários programas dos canais Globosat no currículo, entre outras realizações.

Nassaralla descobriu e fortaleceu talentos hoje bastante reconhecidos, entre os quais Bruno de Luca, Dani Monteiro, Fiorella Mattheis, Mel Lisboa, Priscilla Fantin e Susana Verner. O curso visa estudantes em processo de formação profissional, apresentadores à procura de aprimoramento e profissionais de diversos segmentos que busquem um melhor desempenho frente às câmeras de TV e de outras mídias.

Veja vídeo com trechos de aulas do curso:

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