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Andy Summers e Fernanda Takai gravarão CD

Por Fabian Chacur

De um lado, a cantora do Pato Fu, que iniciou carreira solo paralela com um belo tributo a Nara Leão. Do outro, o ex-guitarrista do The Police, uma das bandas mais bem-sucedidas da história do rock. O resultado dessa parceria será um álbum em dupla, previsto para sair ainda no primeiro semestre. A foto da dupla foi feita por Bruno Descaves.

Fernanda Takai, a intérprete, recebeu o convite de Andy Summers, o guitarrista, meses após os dois terem se conhecido através de Roberto Menescal, um dos papas da bossa nova e parceiro do músico britânico no DVD United Kingdom Of Ipanema.

A estrelinha mineira participou do DVD, e desde então ficou no ar o clima para que uma colaboração entre ela e Summers rolasse. A sempre simpática Fernanda explica:

“Dois anos depois de conhecê-lo, fiquei sabendo que Andy tinha composto várias canções pensando na minha voz. Ele é profundamente influenciado pela bossa nova e queria fazer um álbum que refletisse isso. Pensei que faria apenas uma participação especial, mas ele me convidou para ajudar na seleção do repertório e para cantar em todas as faixas”.

O álbum será gravado em breve na cidade de Santa Monica, California, no estúdio do próprio Andy, e contará com as participações do brasileiro Marcos Suzano na percussão e do baixista Abraham Laboriel. Este último é o pai de Abraham Laboriel Jr., atual baterista da banda de Paul McCartney.

Ainda sem título definido, o trabalho sairá no Brasil através da gravadora Deck, e deve chegar às lojas do Japão, Estados Unidos e de alguns países europeus.

Veja dois vídeos curtos sobre a parceria Takai/Summers:

Filme mostra Tom Jobim só com suas músicas

Por Fabian Chacur

O consagrado cineasta Nelson Pereira dos Santos esbanjou inovação e criatividade em seu novo trabalho. A Música Segundo Tom Jobim procura mostrar o saudoso Maestro Soberano única e exclusivamente através da interpretação de algumas de suas músicas mais famosas.

Nada de entrevistas, locutor, ordem cronológica rígida ou coisas assim. O documentário, já em cartaz nos cinemas paulistanos, exibe artistas das mais diversas tendências e eras apresentando suas releituras de clássicos do naipe de Wave, Eu Sei Que Vou Te Amar, Garota de Ipanema e diversos outros.

O resultado é delicioso. De cara, ficar ouvindo durante mais de 90 minutos algumas das músicas mais belas já compostas na história da humanidade equivale a uma sublime pausa nessa vida maluca que a gente tem de encarar diariamente. Um bálsamo, uma dose de energia necessária.

A escolha dos intérpretes é bem abrangente, indo desde gente que veio antes de Tom, como Elizeth Cardoso, como jovens de gerações bem posteriores, como Fernanda Takai, dá uma boa ideia de como a obra de Antonio Carlos Jobim é universal e ultrapassou os limites do tempo.

As performances, extraídas de shows e gravações que vem desde os anos 50 até o século 21, se dividem entre alguns momentos hilariantes, que enfocam a faceta “música para turista” que eventualmente a bossa nova teve, até experimentos com música pop moderna.

Além de astros como Elis Regina, Gal Costa, Sarah Vaughan, Diana Krall, Judy Garland, Nara Leão, Frank Sinatra Chico Buarque e Maysa, temos em vários momentos o próprio Jobim esbanjando categoria cantando e tocando suas cobiçadas crias musicais.

Cenas de arquivo vão situando o espectador e exemplificam a passagem do tempo na vida do próprio Tom, que aparece desde seus tempos de jovem até seus últimos anos.

Uma sacana sensacional é o fato de o filme não ter legendas para identificar os intérpretes e a época em que as performances foram gravadas, enquanto são exibidas. Isso dá uma leveza à película, além de deixar as imagens limpas.

Como forma de identificar no fim do documentário os participantes e os anos de cada gravação, temos uma telinha apresentando uma foto de cada performance em questão, copiando o recurso utilizado pelo Youtube para identificar seus vídeos. Golaço!

A Música Segundo Tom Jobim é uma belíssima homenagem ao mais celebrado nome da história da música brasileira no exterior. Nelson Pereira dos Santos já aprontou outro filme sobre o mestre da MPB, A Luz de Tom, previsto para estrear no fim de 2012. Que venha logo!

Tom Jobim e Elis Regina interpretam Águas de Março:

João Gilberto faz 80 anos mais chato do que nunca

Por Fabian Chacur

Nesta sexta-feira (10), João Gilberto completou 80 anos de idade e pelo menos uns 40 ou 50 de auto-indulgência total e completa.

Sim, meus caros, você não irá ler aqui mais um dos inúmeros textos laudatórios e repletos de adjetivos dizendo que é Deus no céu e Mr. Gilberto na terra.

Para mim, John Gilbert sempre foi o esteótipo do mala, do chato, daquele cara que fez coisas realmente importantes, mas que preferiu se manter namorando o umbigo ao invés de crescer como artista.

A criação e popularização da célebre batida do violão da bossa nova, além de algumas das mais importantes gravações da fase inicial desse estilo musical, fazem dele um nome realmente respeitável.

Lógico que gosto de suas gravações de Chega de Saudade, Desafinado, Wave, S’ Wonderful, e que sua voz sempre se manteve agradável e bem colocada.

Mas, ao contrário de Tom Jobim, por exemplo, ele estacionou no tempo, tal qual um Chuck Berry da música brasileira, deitando em cima dos louros do que ajudou a criar e não fazendo rigorosamente mais nada de criativo.

Tom, sim, merece ser chamado de Papa da Bossa Nova. Ele compôs vários dos maiores clássicos do gênero, sempre evoluiu como músico, sempre se abriu a belas e produtivas parcerias…

Mesmo às vésperas da morte, que infelizmente ocorreu em um triste novembro de 1994, Jobim lançou um álbum fantástico, Antonio Brasileiro. Ou seja, criou até o último instante, praticamente.

Enquanto isso, o JG se manteve repetindo até a exaustão a fórmula criada por ele, com sutilezas que nunca justificaram a baba dos fãs, sempre com a maldita frase “ele se reinventa a cada ano”. O cacete!

Shows dele são sempre a mesma coisa, com pedidos neuróticos de silêncio e a repetição daquelas músicas de sempre (belas, sem dúvida, mas que a gente já ouviu milhares de vezes, sempre do mesmo jeito).

Em termos de discos a partir dos anos 60, para cada Amoroso (que, embora bom, acho superestimado pela crítica), temos inúmeros daqueles ao vivo inócuos e repletos de mais do mesmo.

As excentricidades ajudam a mantê-lo na mídia, mas não são audíveis, ou pelo menos não resultam em coisas positivas no aspecto criativo.

A mais recente, revelada por Ruy Castro, me deixou de queixo caído. Sabem que ele não troca as cordas do próprio violão, delegando essa tarefa a amigos? Vai ser preguiçoso no inferno…

E tem outra coisa: o que esse cara compôs? Não que para ser considerado gênio o músico tenha necessariamente também ser autor, mas o caso dele é absurdo. Oba-la-lá? Dim-dom? Undiú? Socorro!

Não tenho a menor dúvida de que, quando ele fizer os tais shows comemorativos e gravar o tal DVD/CD ao vivo, que certamente terá o apoio das “leis de incentivo do governo” de sempre, todos irão babar ovo.

Genial, reinvenção da reinvenção, um gênio eterno, lenda viva, podem anotar, que essas palavras estarão nos textos a caminho. E inúmeros outros adjetivos. E também as culionésimas versões de Chega de Saudade, Garota de Ipanema etc.

Para mim, Johannes Gillbertus é um pioneiro de inegável valor que, no entanto, foi atropelado por seus seguidores, gente como Caetano Veloso, Edu Lobo, Gilberto Gil, Roberto Carlos, João Bosco, Toquinho etc (e tome etc), músicos que aprenderam suas lições e que souberam ir bem além delas.

Enquanto isso, o pato continuou cantando alegremente, quém-quém…

Biografia mostra a inesquecível Nara Leão

Por Fabian Chacur

Nara Leão (1942-1989) pode ser considerada como uma das figuras chave da história da música brasileira.

Em seus curtíssimos 47 anos de vida, a cantora nascida no Espírito Santo e criada no Rio de Janeiro ajudou a revelar novos compositores, resgatou outros importantes e teve participação importante no surgimento da bossa nova.

Recentemente, sua obra foi resgatada com brilhantismo em CD e DVD por Fernanda Takai, em projeto concebido de forma brilhante por Nelson Motta.

Para quem deseja mergulhar no universo musical desse ícone da nossa música, uma boa dica é ler Nara Leão – Uma Biografia, escrita por Sérgio Cabral (o pai), um profundo conhecedor de nossa música.

De forma sisuda mas fluente, Cabral dá uma ótima geral por toda a vida de Nara, incluindo o complicado relacionamento com a irmã Danuza, seus complexos, seus problemas emocionais e a vida particular, sempre abordada de forma classuda e sem cair em sensacionalismos baratos.

A forma como o autor fala sobre o tumor cerebral que acompanhou a cantora em seus últimos dez anos de vida é de uma classe elogiável.

Ainda muito jovem, no final dos anos 50,  a dona dos joelhos mais famosos do Brasil na década seguinte participou de forma decisiva no surgimento da bossa nova, abrigando encontros de grandes nomes que seriam decisivos para o estilo.

Depois, soube se manter aberta à aproximação com outros estilos musicais, ajudando a resgatar nomes seminais de outras gerações como Cartola e a lançar e divulgar gente como Zé Keti, João do Vale, Edu Lobo, Chico Buarque, Fagner e inúmeros outros.

Seu talento e bom gosto, aliados a uma voz gostosíssima e que fugia do clichê vozeirão à toda altura, foram decisivos para empurrar a MPB rumo a um nível de excelência encarado por poucas músicas populares do mundo.

Afora algumas informações incorretas e nomes grafados errados, felizmente em quantidade pequena, Nara Leão – Uma Biografia é um livro indispensável para quem é apaixonado por nossa música.

Outro grande mérito da biografia é uma detalhada discografia, feita com extrema competência e detalhismo por Paulo Cesar Andrade.

Ouça João e Maria, com Nara Leão e Chico Buarque:

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