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Sambalanço é dissecado com categoria por Tarik de Souza

sambalanço livro tarik de souza

Por Fabian Chacur

A riqueza da música popular brasileira é tanta que algumas de suas vertentes acabam ficando em segundo plano, no que se refere ao estudo e à divulgação para o grande público. Uma que permaneceu durante muito tempo na penumbra foi o chamado sambalanço, roupagem swingada e repleta de molho que surgiu na mesma época da bossa nova, nos anos 1950 e 1960. O livro Sambalanço, a Bossa Que Dança- Um Mosaico, de Tarik de Souza e lançado pela Kuarup, chega com a missão de preencher essa lacuna, e cumpre sua missão com brilhantismo e riqueza de detalhes.

Não é de se estranhar a qualidade deste livro. Tarik de Souza é um dos melhores e mais gabaritados jornalistas, críticos e pesquisadores musicais do país, com diversos livros no currículo e também atuação em jornais, revistas, sites e programas de TV. Foram longos anos de pesquisas, durante os quais resgatou um estilo musical que curtia desde a sua infância e adolescência e que correu à margem do prestígio de outras vertentes musicais brazucas.

No livro, Tarik mostra o quanto o sambalanço foi colocado em segundo plano devido ao fato de investir em uma sonoridade mais dançante e descontraída, em contraponto à maior seriedade da “concorrente” bossa nova. Mesmo assim, teve forte aceitação por parte do público na época, gerando ídolos como Miltinho, Orlandivo, Ed Lincoln, Elza Soares, Silvio Cesar, Dóris Monteiro e tantos outros, além de ser a trilha sonora preferencial para bailes pelos quatro cantos do país.

Em comportamento que vem se transformando em padrão em nossa história recente, o sambalanço saiu de cena em meados dos anos 1970 e só foi resgatado graças ao interesse de pesquisadores e fãs de outros países, notadamente da Inglaterra e de outros países europeus e asiáticos. E também a artistas brasileiros das novas gerações, entre os quais Marco Mattoli, Amanda Bravo e Clara Moreno, além de pesquisadores como o próprio Tarik, Charles Gavin e outros.

A obra nos oferece um ensaio geral sobre o movimento, uma discografia básica (que poderia ter sido mais detalhada), 15 deliciosas entrevistas com grandes nomes do estilo, como Elza Soares, Orlandivo, Durval Ferreira, Dóris Monteiro e Silvio Cesar, e 13 perfis de outros artistas fundamentais para o sambalanço, tipo Walter Wanderley, Nilo Sérgio, Luiz Bandeira e Miltinho.

Com riqueza de detalhes e muita, mas muita informação mesmo, Sambalanço, a Bossa Que Dança- Um Mosaico pode ser uma obra difícil de ser assimilada pelo leitor menos afeito ao mundo musical, mas é essencial para quem é iniciado nesse universo e quer completar a sua formação, além de ser uma incrível fonte de consultas sobre o sambalanço e suas estrelas, especialmente sobre o curioso e peculiar Orlandivo, uma figura carimbada da nossa música.

Bolinha de Sabão– Orlandivo:

Danilo Caymmi lança logo um álbum celebrando Tom Jobim

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Por Fabian Chacur

A data já está definida, e não poderia ser mais simbólica. Sairá no dia 25 de janeiro, quando Tom Jobim faria 90 anos de idade, o álbum Danilo Caymmi Canta Tom Jobim, com distribuição a cargo da Universal Music. O álbum investe no riquíssimo repertório do Maestro Soberano, de cuja Banda Nova Danilo fez parte durante alguns anos.

Em suas entrevistas, Danilo, que é filho de Dorival Caymmi e irmão de Nana e Dori, além de pai de Alice (eita família musical essa aí!), sempre ressalta a importância de Tom em sua autodescoberta como cantor. Ele foi convidado para integrar a Banda Nova em 1983. Durante um ensaio, o autor de A Felicidade pediu para que o rapaz interpretasse duas músicas. Pronto. O até então apenas músico resolveu também se dedicar ao canto, e com muito sucesso.

Com uma voz deliciosa, de timbre grave e sempre bem colocada, Danilo Caymmi se tornou presença constante em shows e gravações de alta qualidade no Brasil e exterior. Ele aproveitará o dia 25 de janeiro para atender a imprensa, no intuito de divulgar este novo álbum, que pela qualidade de autor e intérprete tem tudo para se tornar clássico.

A Felicidade (ao vivo)- Tom Jobim e Banda Nova:

Carol Saboya esbanja classe e swing em seu álbum Carolina

carolina saboya cd-400xPor Fabian Chacur

Existe uma velha discussão entre os fãs de música quando o assunto é cantar. Para alguns, só vale aquele que tem o chamado vozeirão, que é adepto do “dó de peito”, com características quase operísticas. Para outros, o que vale é a sutileza, sem exageros e com requinte cirúrgico. Na verdade, não há fórmula, é aquela história daquele antigo comercial: existem mil maneiras de se preparar Neston, invente a sua. E Carol Saboya faz isso muito bem em seu CD Carolina.

Nascida no Rio de Janeiro, Carol Saboya começou a cantar aos oito anos de idade. Morou nos EUA de 1989 a 1991, participou do célebre CD Brasileiro, de Sergio Mendes, e gravou Dança da Voz, primeiro trabalho solo, em 1998. Desde então, lançou mais de dez álbuns, alguns deles nos EUA e Japão, além de fazer inúmeros shows. Dessa forma, aperfeiçoou o seu canto, tornando-se uma profissional de alto nível.

Carolina, o CD, traz dez composições alheias selecionadas pela artista de modo a apresentar um pouco de suas influências no cenário musical. O quadro é amplo, e abrange autores que vão de Pixinguinha a Sting, passando por Beatles, João Bosco, Edu Lobo, Tom Jobim, Djavan e Chico Buarque. A escolha é bem personalizada, com direito a Passarim, Fragile, Hello Goodbye, Avião e Zanzibar, entre outras. Bom gosto e fuga ao óbvio.

Dois fatos dão ao disco uma estrutura sólida em termos de criação e concretização, tornando-o impecável. Um é a capacidade interpretativa de Carol, que canta suave, sim, mas sem cair na monotonia, mostrando-se expressiva e sutil e aproveitando bem cada palavra das letras, ou no caso da fantástica Zanzibar (do genial Edu Lobo), valendo-se com classe dos vocalizes/scats da gravação original sem cair na imitação.

O outro ponto chave de Carolina, o CD, é o elenco escalado para acompanha-la. No piano e arranjos, temos o mestre Antônio Adolfo, que é pai da moça. Nas outras posições, os craques Marcelo Martins (sopros), Jorge Helder (baixo), Rafael Barata (bateria) e André Siqueira (percussão), com participação especial de Claudio Spiewak na faixa Faltando Um Pedaço. Juntos, eles fazem uma sonoridade swingada, pura bossa jazz que proporciona a moldura perfeita para a voz de Carol.

A capacidade que Antônio Adolfo tem de mesclar a sofisticação e a acessibilidade sonora na sua forma de arranjar e tocar dão o tom ao disco. Mas de nada valeria se Carol não fosse uma intérprete tão capacitada e talentosa. Carolina (que é seu nome de batismo) é um trabalho que celebra a música brasileira e internacional sem cair na mesmice, prova de que em pleno 2016 há ainda muita coisa boa a se ouvir dessa fonte inesgotável chamada MPB.

Passarim– Carol Saboya:

Sá Marina – Carol Saboya e Antonio Adolfo:

Leve– Carol Saboya:

Alaíde Costa e Gonzaga Leal e sua sutileza no CD Porcelana

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Por Fabian Chacur

Se eu fosse obrigado a definir Porcelana, primeiro CD lançado em dupla pelos experientes e talentosos cantores Alaíde Costa e Gonzaga Leal, com uma única palavra, ela seria sutileza. Nada mais sutil do que as canções, os arranjos e especialmente as interpretações contidas neste álbum, com direito a 13 canções repletas de lirismo e sensibilidade pura.

Alaíde Costa é uma das pioneiras da Bossa Nova, e está na estrada há mais de 50 anos, esbanjando talento ao interpretar composições alheias e também as de sua própria autoria. Seu dueto com Milton Nascimento em Me Deixa em Paz, faixa do antológico Clube da Esquina (1972), é para mim um dos mais brilhantes e emocionantes da história da MPB.

Por sua vez, Gonzaga Leal está na estrada desde a década de 1970, investindo em um trabalho que se preza pelo bom gosto e por um apurado senso de qualidade na seleção de repertório e músicos que o acompanham. Investir no que estiver na moda ou em facilidade para “tocar nas rádios” nunca foi sequer opção para ele, que assim construiu uma trajetória bem respeitável no cenário da MPB.

A carioca radicada há décadas em São Paulo e o pernambucano fazem shows juntos há dez anos, e faltava apenas registrar essa parceria bem entrosada em disco. Não falta mais. Porcelana é um daqueles trabalhos que você precisa ouvir com atenção, para poder captar as suas nuances em termos musicais e poéticos. Não se presta a uma audição apressada e desatenta, pois não foi feito para isso. E vale dar ao CD essa atenção.

As vozes de Gonzaga e Alaíde são muito belas, e brilham tanto nos momentos solo como nas horas em que se encontram. Facilita as coisas os belos arranjos instrumentais, que são assinados por ótimos músicos como Maurício Cesar (teclados) e Marcos FM (baixo). O tema básico do disco são as idas e vindas do amor, olhados de forma lírica e poética e sem cair no rotineiro ou no banal. É a paixão como mote o tempo todo.

O repertório, assinado por autores das mais diversas origens e fama, prima pelas melodias elaboradas e letras sofisticadas, mas sem nunca cair naquela erudição exagerada/arrogante. É música popular, sim, mas de bom gosto. São vários os destaques, entre os quais Meu Amor Abre a Janela, O Meu Menino é D’oiro e Quando Se Vai Um Amor, provas de que dá para se falar de amor sem cair naquelas coisas repetitivas e tolas que tocam nas rádios mais popularescas.

Porcelana é um daqueles trabalhos que apostam na inteligência e no bom gosto do ouvinte. Impressiona a categoria de Alaíde Costa, que há pouco comemorou 80 anos de idade que definitivamente não aparenta, nem em termos físicos, nem em termos vocais. E Gonzaga Leal é categoria pura, digno seguidor do que de melhor a nossa música popular nos rendeu em toda a sua história. Eis um disco que merecia ter impresso a frase Disco é Cultura que aparecia nos LPs nos anos 1970.

Meu Amor Abre a Janela:

Divinamente Nua a Lua:

Alaíde Costa festeja 80 anos e fará show grátis em São Paulo

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Por Fabian Chacur

Neste mês de dezembro, Alaíde Costa comemora 80 anos muito bem vividos. Como forma de celebrar essa efeméride tão importante, a cantora e compositora carioca realizará neste domingo (6) às 19h00 em São Paulo um show no Teatro Décio de Almeida Prado (rua Cojubá, nº45- Itaim Bibi- fone 0xx11-3079-3438). Os ingressos são gratuitos e devem ser retirados no local uma hora antes do espetáculo.

Nascida no Rio de Janeiro no dia 8 de dezembro de 1935, Alaíde Costa iniciou sua carreira musical em 1955. Gravou o primeiro álbum em 1959 com o apoio do amigo João Gilberto, que de quebra lhe apresentou os nomes mais importantes da então emergente Bossa Nova, da qual se tornou uma das mais importantes e bem-sucedidas intérpretes.

Seu currículo é dos mais nobres. Nos anos 1960, por exemplo, participou do programa televisivo O Fino da Bossa, que era apresentado por Jair Rodrigues e Elis Regina, e um de seus principais sucessos foi Onde Está Você (Oscar Castro Neves- Luverci Fiorini). Em 1972, gravou em dueto com Milton Nascimento a maravilhosa Me Deixa Em Paz, faixa do álbum Clube da Esquina, um dos marcos da história da MPB.

Amiga de Verdade (1988) reuniu convidados como Paulinho da Viola, Milton Nascimento, Ivan Lins e Egberto Gismonti. Dois álbuns gravados em parceria com o pianista João Carlos Assis Brasil, o CD gravado em Paris Falando de Amor (2014) um em homenagem ao amigo Milton Nascimento em 2009 e Canções de Alaíde (2014), este último incluindo apenas composições próprias, são outros marcos de sua carreira.

No show deste domingo (6), Alaíde terá a seu lado o pianista e arranjador Giba Estevez. Ela interpretará canções de outros autores, e também músicas de sua autoria, entre as quais Você é Amor (parceria com Tom Jobim), Amigo Amado (escrita com Vinícius de Moraes), Meu Sonho (escrita com Johnny Alf) e Banzo (feita com José Marcio Pereira). Na agenda, um CD em parceria com Toninho Horta (Alegria é Guardada em Cofres Cardeais) e um DVD comemorativo dos 80 anos de vida.

Me Deixa em Paz– Alaíde Costa e Milton Nascimento:

Você é Amor– Alaíde Costa:

Amigo Amado– Alaide Costa:

Chitãozinho & Xororó viajam no belo sertão de Tom Jobim

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Por Fabian Chacur

Em seus mais de 40 anos de carreira, Chitãozinho & Xororó sempre tiveram como marca a quebra de barreiras. Essa história de “não pode” nunca fez parte do dicionário da dupla. Mais uma prova acaba de chegar às lojas, via Universal Music. Trata-se do CD Tom do Sertão, no qual eles relêm com classe e propriedade 14 músicas de ninguém menos do que Tom Jobim, o Maestro Soberano.

Em entrevista coletiva realizada esta semana no estúdio Trama, onde parte do álbum foi gravado, os irmãos paranaenses explicaram como surgiu a ideia desse novo trabalho. Tudo começou com o fato de Xororó estar ouvindo muito os discos do autor de Águas de Março. Daí, Chitãozinho sugeriu o título de Tom do Sertão para um trabalho deles em cima da obra dele. E começava a tarefa.

“O Tom Jobim representa muito a cultura brasileira no exterior, e não é a toa. Ele é a pérola da música brasileira, e queríamos mostrar para o nosso público esse lado sertanejo do trabalho do Tom, que se mostrou ainda mais forte do que imaginávamos após a pesquisa que fizemos”, explica Chitãozinho. Para tal missão, eles contaram com a ajuda dos experientes produtores Ney Marques e Edgard Poças, além do produtor da própria dupla, Cláudio Paladini.

A ideia era buscar na extensa obra do cantor, compositor e músico carioca canções que tivessem aspectos condizentes com a música rural, tanto em termos de temas do campo como do romantismo habitual na canção sertaneja. “Estudamos a obra dele com a ajuda do Ney e do Edgard para fazer a coisa bem feita. Se não fosse para respeitar o Tom, não faríamos”, garante Chitãozinho.

O repertório inclui sete parcerias de Tom com Vinícius de Moraes, duas só dele e cinco com outros parceiros. A presença de Vinícius/Tom é facilmente explicável por Xororó. “O Vinícius foi quem fez a parte mais romântica das músicas escritas com o Tom, e esse romantismo tem tudo a ver conosco e com a música sertaneja, que também tem músicas românticas com boas harmonias e letras, como ‘Evidências'”.

Morto em 1994, Tom infelizmente não terá a oportunidade de conhecer este belo Tom do Sertão. Mas Chitãozinho se lembra do único encontro que teve com o genial compositor, há quase 30 anos. “Encontrei ele em um restaurante e fui cumprimenta-lo. Ele foi muito simpático, disse que conhecia a obra da dupla e que teríamos muito futuro”, relembra.

Tom do Sertão inclui músicas como Águas de Março, Chovendo na Roseira, Chega de Saudade, Eu Sei Que Vou Te Amar, Correnteza e Caminhos Cruzados, entre outras, e conta com arranjos sofisticados e que trazem tais canções para o universo musical da dupla, sem descaracterizá-las, fruto de um trabalho que durou mais de um ano.

O CD será divulgado com um show especial que deve incluir entre 10 a 15 datas, ser gravado e gerar um DVD a ser lançado provavelmente ainda este ano. Tom do Sertão será lançado também no formato LP de vinil. “A gente é movido por emoção e por desafios desde o início de nossa carreira, e será sempre assim”, finaliza Xororó.

Tom do Sertão- Chitãozinho & Xororó- na íntegra em streaming:

Polysom lança caixa com LPs da Elenco

Por Fabian Chacur

Dando prosseguimento a sua brilhante série de relançamentos de clássicos da MPB no formato vinil, a gravadora Polysom vai além, desta vez. O novo produto da série é uma luxuosa caixa com cinco LPs de vinil de 180 gramas com itens do catálogo da gravadora Elenco, que existiu de 1963 a 1968 e cuja marca era a exuberante qualidade imprimida em todos os aspectos daquilo que lançava.

Nesta caixa, que a Polysom pretende que seja apenas a primeira de uma série, foram incluídos cinco títulos bem representativos do que o selo criado pelos consagrado produtor musical Aloysio Oliveira lançou em seus cinco anos de existência. Vale lembrar que o fino da MPB da época passou por ali, com títulos de nomes como Dorival Caymmi, Tom Jobim, Edu Lobo, MPB-4, Nara Leão e outros do mesmo nível.

Os álbuns foram licenciados pela Universal Music, atual detentora de seus direitos fonográficos. Vinícius e Odette Lara (1963) é histórico por ter sido o primeiro LP a sair com o selo Elenco, e traz 12 parcerias do Poetinha com Baden Powell no que foi o início dessa abençoada dobradinha de compositores, com interpretações vocais a cargo de Vinícius e da atriz e cantora Odette Lara.

Nara (1964) mostra Nara Leão esbanjando personalidade já no início de sua trajetória musical, interpretando com categoria e doçura maravilhas como Berimbau, Diz Que Fui Por Aí e outras, de autores como Vinícius de Moraes, Baden Powell e Cartola, só para citar alguns. A musa da bossa nova mergulhava em outros rumos musicais, com jogo de cintura e categoria.

Vinícius e Caymmi no Zum Zum (1965) foi gravado em estúdio e teve como inspiração shows bem-sucedidos realizados pelos dois mestres da MPB ao lado do grupo vocal feminino Quarteto Em Cy, então iniciando sua vitoriosa trajetória, na boate Zum Zum, situada no musical bairro de Copacabana. Formosa, Minha Namorada e Adalgiza são algumas das músicas incluídas nesse trabalho.

Bossa Nova York (1967) traz Sérgio Mendes, hoje mais lembrado pelo trabalho que realizou com suas orquestras/bandas, capitaneando um trio fantástico integrado por ele no piano, Tião Neto (baixo, depois tocaria com Tom Jobim) e Edison Machado (bateria, considerado um dos grandes nomes do instrumento na história da MPB). Só Danço Samba e Garota de Ipanema estão no set list do LP.

Completa a coleção um dos discos mais icônicos da história da MPB. Caymmi Visita Tom (1965), como o nome já entrega, reúne Dorival Caymmi, Tom Jobim e seus filhos, com destaque para Nana, Dori e Danilo Caymmi. O repertório é delicioso, e inclui clássicos como Inútil Paisagem e Saudade da Bahia em interpretações soltas, intensas e repletas de musicalidade pelos participantes.

Ouça Caymmi Visita Tom em streaming:

Rodrigo Del Arc lança novo webclipe

Por Fabian Chacur

Rodrigo Del Arc acaba de lançar um webclipe para divulgar sua nova música, Another Summer. A canção faz parte de Novo Ar, seu segundo álbum, que será lançado em janeiro. O vídeo traz imagens da mixagem do novo trabalho do músico brasileiro, com imagens captadas pelo cineasta Jean Paulo Lasmar no badalado estúdio The Mix Room, situado em Los Angeles, Califórnia (EUA).

Com Novo Ar, Del Arc busca misturar a sonoridade moderna e a forma artesanal de se produzir discos, tendo o apoio de Nikk Gutierrez, seu parceiro no setor produção. O álbum trará músicas em português, sendo que o webclipe contou com direção a cargo de Douglas Monteiro e Arthur Maringoni. O clima de bossa nova com tempero pop de Another Summer cria boa expectativa para os fãs.

A carreira deste cantor, compositor e músico ganhou força a partir do lançamento de seu primeiro CD, A Kind Of Bossa (2009). Feito de forma independente e artesanal, o trabalho ganhou distribuição no Japão a cargo do selo Shinseido/Omagatoni, um dos mais prestigiados daquele país. A música That Morning entrou na badalada coletânea Tea For Two, ao lado de músicas de Joyce e Yusa, entre outros.

O disco também saiu na Coreia do Sul através da gravadora Leeway, sendo que a canção A Place To Remind acabou sendo incluída na trilha da novela Athena: Goddess Of War, uma das produções de maior sucesso do gênero no universo sul-coreano. De quebra, The Question Song ganhou clipe e entrou no portal da MTV UK, com direito a página do artista e tudo.

Veja o webclipe de Another Summer, com Rodrigo Del Arc:

Vem aí coleção em homenagem a Tom Jobim

Por Fabian Chacur

Chegará às bancas de jornal e outros postos de venda no próximo dia 14/4 uma coleção que certamente irá chamar a atenção dos fãs da melhor música brasileira, e especialmente da bossa nova. Trata-se da Coleção Folha Tributo a Tom Jobim, com 20 volumes que trazem CDs dedicados ao repertório do eterno Antonio Brasileiro, em interpretações dele e de outros nomes importantes da música.

A coleção traz títulos da carreira solo do autor de Águas de Março e também outros gravados em parceria com um ou mais parceiros, trabalhos coletivos e mesmo compilações com grandes nomes da música relendo suas composições. Também foram incluídos alguns títulos de outros artistas que tiveram participação fundamental de Tom como arranjador, músico ou autor, e alguns lançamentos póstumos.

Os dois primeiros volumes (que serão vendidos juntos a R$ 16,90; os outros volumes custarão esse mesmo valor, mas individualmente) são o póstumo Tom Canta Vinícius Ao Vivo (2000) e The Composer Of ‘Desafinado’ Plays (1963), gravado visando o mercado internacional na época, com ótima repercussão. A seleção de álbuns é bem representativa e abrangente, dando uma geral certeira na carreira do saudoso Maestro Soberano.

Os próximos volumes, em ordem numérica e com previsão de lançamento semanal, serão os abaixo discriminados:

3- Elis & Tom (1974- com Elis Regina)

4- Passarim (1987)

5- Wave (1967)

6- Getz/Gilberto (1963- com Stan Getz e João Gilberto)

7- O Tempo e o Vento (1985- trilha da minissérie global)

8- Tide (1970)

9- Matita Perê (1973)

10- Rio Revisited (1989- com Gal Costa)

11- Edu & Tom (1981- com Edu Lobo)

12- Tom Jobim Ao Vivo Em Montreal (2007-ao vivo-póstumo)

13- Antonio Carlos Jobim and Friends (1996-ao vivo-póstumo)

14- The Astrud Gilberto Album (1965- da cantora Astrud Gilberto; Tom participa como músico e compositor)

15- Caymmi Visita Tom (1965- com Dorival Caymmi e os filhos)

16- Tom, Vinícius, Toquinho, Miúcha (1977 – com Vinícius de Moraes, Toquinho e Miúcha)

17- Canção do Amor Demais (1958- de Elizeth Cardoso- Tom participa como músico e arranjador)

18- Antonio Brasileiro (1994)

19- Tom no Feminino (2008- coletânea com várias intérpretes)

20- Tom Masculino (2008- coletânea com vários intérpretes)

Ouça Águas de Março, com Tom Jobim e Elis Regina:

Lucila Novaes dá banho de doçura em É

Por Fabian Chacur

Lucila Novaes selecionou para seu quarto álbum, É (lançado pela Lua Music), um repertório com músicas compostas dos anos 1920 até hoje. “Quis mostrar que música boa não tem tempo nem idade”, afirmou. E acertou em cheio. Foi além, na verdade: mostrou que bom gosto, doçura e swing fazem parte do seu sofisticado DNA musical.

Quando digo doçura, leia-se uma voz gostosa, acolhedora, boa de se ouvir, com aquele timbre equivalente ao prazer que sentimos quando damos uma boa dentada naquela sobremesa favorita. Só que sem correr o risco de engordar alguns quilinhos, ou de ter de evitá-la por causa de diabetes ou algo do gênero. Prazer sem culpa.

A voz de Lucila lembra um pouco a de antecessoras como Elis Regina e Leila Pinheiro, por exemplo, mas sem soar como algum tipo de cópia diluída. Muito pelo contrário. A moça aproveita bem as influências citadas para seguir um caminho próprio, no qual respeita as letras, as linhas melódicas e os arranjos musicais de cada canção que interpreta.

Aliás, os arranjos das onze faixas de É, a cargo de feras do naipe de Marcelo Mariano e Keko Brandão, nunca pecam nem pelo excesso, nem pela falta de algo mais. São sempre na medida, oferecendo a cada canção o que elas precisam, dando ao vocal delicado e tecnicamente impecável de Lucila o apoio necessário e de bom gosto.

A sonoridade do álbum mergulha na MPB, com direito a muita bossa nova, samba, canções românticas, pop e até elementos clássicos e jazzísticos. A abertura com É, do genial e saudoso Gonzaguinha, e o encerramento, com Homenagem Ao Malandro, de Chico Buarque, mostram como pegar canções bem conhecidas e não cair na mera repetição de gravações anteriores.

O clima vai do mais leve ao mais denso, mergulhando nos muito mais do que 50 tons de delícia auditiva existentes na escala musical. Quem Viver, Verá (Juca Novaes e Rafael Altério), com sua levada contagiante, Ao Ligar a TV (Dani Black), momento mais pop do trabalho, e a nova roupagem dada a Linda Flor (Ai, Yoyô), resgatada dos anos 20 e de autoria de Henrique Vogeler, Luiz Peixoto e Marques Porto, outro belo achado.

Contrato de Separação (Dominguinhos e Anastácia) é o momento mais introspectivo do álbum, que também inclui a clássica Por Toda a Minha Vida (Tom Jobim, Vinícius de Moraes e Alfredo Buongusto), em interpretação inspirada.

Na verdade, É merece ser ouvido da primeira à última nota, pois traz em sua essência elementos do que de melhor a nossa amada MPB realizou nesses anos todos. Não cai na chatice, não se perde em arranjos repetitivos ou rebuscados demais e nem em preciosismos vocais desnecessários. Tudo aqui é na medida exata.

Vejo cantoras por aí que não tem 10% do talento de Lucila Novaes sendo incensadas como a salvação da MPB. Lamentável, no mínimo. Mas uma coisa é certa: quem ouvir este seu novo álbum certamente concordará comigo: ela merece muito mais holofotes apontados em sua direção. Afinal, como diz a letra direta e reta da maravilhosa É, “a gente não tem cara de panaca, a gente não tem jeito de babaca”…

Veja o clipe de É, com Lucila Novaes:

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