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Morre o genial Marcio Antonucci, dos Vips

Por Fabian Chacur

Morreu nesta segunda-feira (20) o cantor, compositor e produtor musical Márcio Antonucci, que se tornou conhecido nacionalmente como integrante da dupla Os Vips (à esquerda na foto ao lado), ao lado do irmão Ronald. Ele tinha 68 anos de idade, e foi vítima de infecção generalizada, após vários dias internado em Angra dos Reis (RJ) devido a uma pneumonia. Ele deve ser velado e enterrado no Rio nesta quarta-feira (22).

Tive a honra de entrevistar o simpático e talentoso Márcio “Vip” Antonucci em 1995, quando foi lançada a caixa de cinco CDs 30 Anos de Jovem Guarda. Nunca vou me esquecer de uma declaração genial que ele me deu, relacionada ao fato de Roberto Carlos não ter participado da coletânea e da inclusão da música Quero Que Vá Tudo Pro Inferno na mesma.

“Enquanto negociamos para que o Roberto participasse do projeto, eu admiti deixar Quero Que Vá Tudo Pro Inferno fora do projeto, pelo fato de ele ter pegado bronca dessa música. Quando finalmente ele recusou o convite, não tive dúvida e não só incluí a música na coletânea, como coloquei o elenco inteiro do projeto para cantá-la”, disse. Simpático, passou a mim o número do telefone de sua casa e se ofereceu para qualquer tipo de consulta musical que eu precisasse. Um gentleman.

A carreira dos Vips teve início na primeira metade dos anos 60, influenciada por duplas como os Everly Brothers e pelos Beatles, de quem os irmãos Antonucci gravaram algumas versões. Suas vocalizações deliciosas ajudaram a emplacar hits certeiros como Faça Alguma Coisa Pelo Nosso Amor e a fenomenal A Volta, de Roberto Carlos, provavelmente o maior sucesso pop de 1966 no Brasil e relida nos anos 2000 com muita categoria pelo Rei.

Após o fim da Jovem Guarda, período em que fizeram muito sucesso, os Vips continuaram fortes durante os anos 70, o que provam sucessos do naipe de Cada Segundo (de Antônio Carlos & Jocafi e parte da trilha da novela global O Primeiro Amor) e Só Até Sábado, sempre apostando em vocais caprichados e letras românticas e bem-humoradas.

Com o tempo, Márcio ampliou seus horizontes profissionais, e se tornou produtor de programas de TV e também diretor musical na Rede Globo, Record e SBT. De forma despretensiosa, gravou um disco ao vivo com os Vips em 1991, intitulado A Volta e lançado pela gravadora global Som Livre. O álbum, no entanto, surpreendeu e estourou, retomando com tudo o sucesso da dupla com o irmão camarada Ronald.

Sempre atencioso e ajudando os colegas de Jovem Guarda, Márcio foi o nome por trás do lançamento de 30 Anos de Jovem Guarda, caixa com cinco CDs que trouxe regravações respeitando os arranjos originais dos grandes sucessos daquelas “jovens tardes de domingo” e ajudou vários de seus colegas a conseguirem gravar novamente em uma grande gravadora, no caso a Polygram (hoje Universal Music).

A compilação vendeu muito, e acabou abrindo as portas para o lançamento em 1999 de outro projeto na mesma linha, A Discoteca do Chacrinha, outra produção de Márcio desta vez focada em hits populares dos anos 70 relidos por nomes como Odair José, Amado Batista, Peninha, Wando, Fernando Mendes, Waldick Soriano, Genival Lacerda, Paulo Diniz, Jerry Adriani e Claudia Telles, entre outros.

Entre os pontos altos da trajetória dos Vips está o fato de eles terem gravado em 1968 a primeira versão de É Preciso Saber Viver, que depois voltaria às paradas de sucesso na releitura do autor, Roberto Carlos, e com os Titãs, nos anos 90. Márcio Antonucci deixou três filhos, entre os quais Bruno, que anunciou a morte do pai via Facebook. Eis uma perda daquelas enormes para a música brasileira. Descanse em paz, Márcio!

Cada Segundo– Os Vips:

A Volta – Os Vips:

Só Até Sábado – Os Vips:

Faça Alguma Coisa Pelo Nosso Amor – Os Vips:

Ronnie Von terá 3 álbuns relançados em vinil

Por Fabian Chacur

A Polysom, fábrica brasileira de discos de vinil que foi reaberta em 2010, após alguns anos fora de ação, anunciou mais três títulos para a coleção Clássicos Em Vinil, na qual relançou no clássico formato bolachão álbuns importantes da música brasileira, como Cabeça Dinossauro (Titãs), A Tábua de Esmeraldas (Jorge Ben) e a discografia completa do grupo carioca Los Hermanos.

Desta vez, foram selecionados três títulos seminais da discografia do cantor e apresentador televisivo Ronnie Von. Os álbuns são Ronnie Von (1969), A Misteriosa Luta do Reino de Parassempre Contra o Império de Nuncamais (1969) e A Máquina Voadora (1970), todos lançados na época pela Polydor (hoje Universal Music).

Os três discos fazem parte da fase psicodélica da carreira de Ronnie, e eram disputados a tapa nos sebos da vida a preços proibitivos. Embora não tenham feito sucesso comercial na época, com o passar dos anos foram reavaliados e hoje são considerados clássicos do rock brasileiro.

Ronnie Von e A Máquina Voadora voltaram ao mercado nacional em 2007 no formato CD, junto com Ronnie Von (1966, que inclui Meu Bem, versão de Girl, dos Beatles), enquanto A Misteriosa Luta do Reino de Parassempre Contra o Império de Nuncamais estava fora de catálogo há mais de 40 anos.

Os relançamentos são no padrão de vinil de 180 gramas (o melhor, segundo os especialistas) e com capas luxuosas, ao custo médio de R$ 70 por cada exemplar, disponíveis nas melhores lojas do país (as que sobraram, evidentemente) e também pelo site da própria Polysom e outros sites que comercializam títulos em vinil.

Segundo a assessoria de imprensa da Polysom, em 2012 a fábrica produziu 24.120 exemplares no formato LP e 12 mil no formato compacto, números bem significativos na atual fase do mercado fonográfico brasileiro. Além dos nomes citados, artistas como Pitty, Maria Rita, Nação Zumbi e Fernanda Takai tiveram títulos lançados em vinil, nos últimos tempos.

Ouça Silvia: 20 Horas, Domingo, com Ronnie Von, do álbum Ronnie Von (1969):

Morre Nenê Benvenuti, dos Incríveis

Por Fabian Chacur

Morreu nesta quarta-feira (30), vítima de câncer, o músico Nenê Benvenuti. Aos 65 anos de idade, o ex-integrante do grupo Os Incríveis foi vítima de câncer, e nos deixa como herança uma discografia repleta de bons momentos. Ele também tocou com gente do gabarito de Elis Regina e Raul Seixas, entre outros, e era uma das figuras mais simpáticas e bem informadas do meio musical.

A carreira musical de Nenê teve início quando ele tinha apenas 12 anos, integrando como baterista o grupo The Rebels. Eles foram descobertos pelo lendário e pioneiro radialista e empresário Miguel Vaccaro Netto em 1959, e no mesmo ano a banda lançou seu primeiro disco, um compacto de 78 rotações pelo selo Young (de Vaccaro) com uma releitura de Ding Dong Daddy Wants To Rock, de autoria do The Killer Jerry Lee Lewis.

No meio dos anos 60, já como baixista, entrou nos Incríveis, banda com a qual se tornou famoso em todo o Brasil e mesmo em outros países com seu rock básico e muito bem tocado. Envolvidos com a Jovem Guarda, eles estouraram com hits como O Milionário, Era Um Garoto Que Como Eu Amava Os Beatles e os Rolling Stones, Vendedor de Bananas e Eu Te Amo Meu Brasil, entre outros, e gravaram até em japonês.

Os Incríveis sempre faziam jus ao nome graças ao talento de Nenê e de seus colegas Netinho (bateria), Manito (sax e diversos outros instrumentos), Risonho (guitarra) e Mingo (vocal). O time se separou em meados dos anos 70, sendo que Nenê voltou a tocar com eles em algumas ocasiões, em retornos ocorridos nos anos 80 e 90.

Ao sair dos Incríveis, Nenê passou a ser um requisitado músico de estúdio, ampliando seus horizontes musicais e gravando outros estilos musicais. Em 1979, integrou a banda de Elis Regina durante a turnê de divulgação do álbum Essa Mulher, trabalho que aumentou ainda mais o conceito em torno de sua excelência como músico.

Em 1985, fez inúmeros shows com Raul Seixas e também participou, em 1987, do álbum Uah-Bap-Lu-Bat-Lah Béin Bum!, que inclui o hit Cowboy Fora da Lei. Entre 2005 e 2006, integrou o grupo The Originals, ao lado de ex-integrantes dos Incríveis, Renato e Seus Blue Caps e The Fevers. Com este verdadeiro supergrupo, gravou um CD e sua única participação em um DVD, agora um registro histórico.

Em 2010, Benvenuti lançou o livro de memórias Os Incríveis Anos 60-70…E Eu Estava Lá, lançado pela editora Novo Século, que inclui um CD com músicas inéditas e instrumentais gravadas por Nenê. Em 2010, ele participou do excelente programa Sala de Música, da rádio CBN, falando sobre o livro. Ouça aqui. Nenê é mais um cara gente finíssima que tive a honra de entrevistar e que se vai cedo. Descanse em paz, fera!

Era Um Garoto Que Como Eu Amava Os Beatles e os Rolling Stones:

Cyro Aguiar esbanja jovialidade em DVD/CD

Por Fabian Chacur

Quem já teve a oportunidade de conversar recentemente com Cyro Aguiar dificilmente acreditará que ele está às vésperas de completar 70 anos de idade, o que irá ocorrer no próximo dia 9 de dezembro. Este cantor, compositor e músico baiano esbanja boa forma, simpatia e jovialidade. E essas são as marcas de Cyro Aguiar Ao Vivo, seu novo lançamento.

Gravado ao vivo no Carioca Club (SP), o DVD/CD equivale a uma equilibrada mistura de grandes sucessos de seus quase 50 anos de carreira, releituras de hits alheios e canções inéditas em sua voz. Acompanhado por uma banda afiada e versátil, Cyro dá um banho de ritmo, carisma e jogo de cintura, com uma voz cristalina e swingada.

Aliás, swing é uma palavra que sempre esteve associada a seu trabalho. Para quem não sabe, Mr. Aguiar é um dos pais do samba rock, uma das vertentes mais dançantes e criativas da MPB, e que muita gente costuma associar apenas a Jorge Ben Jor quando o tema é pioneirismo. Quem estudar um pouco verá que a coisa não é bem assim. Cyro também é.

O samba mais melódico e romântico também teve em Cyro um seguidor talentoso, como prova Crítica, um de seus grandes sucessos, além da versão brasileira do rock inglês dos anos 60, a Jovem Guarda, movimento de que participou e no qual conseguiu fazer grandes amizades, além de cativar inúmeros fãs.

Cyro Aguiar Ao Vivo inclui várias participações especiais. A ótima cantora Adryana Ribeiro marca presença em Amor Na Contramão, provavelmente a melhor faixa deste trabalho, enquanto Jorge Aragão é o convidado na bela releitura de Volta Por Cima, maior sucesso da carreira do saudoso cantor Noite Ilustrada.

Os Demônios da Garoa trocam figurinhas com Aguiar em um pot-pourry que inclui quatro grandes sucessos do grupo paulistano: Samba do Arnesto, Iracema, Saudosa Maloca e Trem das Onze, interpretados de forma entusiasmada e fazendo justiça à importância dessas canções no repertório da MPB tradicional.

O talentoso cantor Eder Miguel está em Crítica. O grupo Katinguelê bate o cartão em Sim Ou Não, enquanto seu ex-cantor, Salgadinho, é a voz em Se a Saudade Apertar. A sambista histórica Lecy Brandão dá brilho a Me Ilumina. Nas canções em que fica sozinho no holofote, Cyro Aguiar também tira de letra.

Entre esses momentos, destaco a bela Eu Vou Ter Sempre Versão, sucesso americano dos anos 40 vertido para o português pelo saudoso Antonio Marcos, Minha Vida (versão de My Way, o sucesso de Frank Sinatra), Depende Muito de Você, Asfalto Falsificado e Aviso Prévio. E tem também a versão de Blue Suede Shoes, de Carl Perkins e estouro com Elvis Presley, que virou Sapato de Camurça Azul sem perder a elegância.

Cyro Aguiar Ao Vivo é um trabalho gostoso, despretencioso e com um clima dançante que o permeia do começo ao vim. Pelo visto, aquela frase “a vida começa aos 40” terá de ser alterada no caso desse artista baiano. Para ele, chegar aos 70 com esse pique certamente significa um eterno recomeço espiritual com a maturidade que só a estrada da vida nos dá.

Ouça Amor Na Contramão, com Cyro Aguiar e Adryana Ribeiro:

Morre o ótimo cantor Marcos Roberto

Por Fabian Chacur

Morreu no último dia 21 (sábado) em Osasco (SP), aos 71 anos o cantor paulistano Marcos Roberto. Ele se tornou conhecido nacionalmente ao participar do programa Jovem Guarda, e foi vítima de insuficiência renal.

Nascido em São Paulo em 26 de junho de 1941, Marcos começou a cantar no coral de uma igreja. Sua primeira gravação ocorreu no selo Young, do pioneiro do rock brasileiro Miguel Vaccaro Netto, no início dos anos 60.

O sucesso veio a partir de 1965, graças a músicas como Vá Embora Daqui, É Tão Fácil Dizer, Agora é Tarde, Súplica, Onda de Cangurú e Fim de Sonho.

As canções que gravava na época eram compostas por ele em parceria com Dori Edson e também por amigos como Sérgio Reis e Tommy Standen (que estouraria nos anos 70 com o pseudônimo Terry Winter).

Com o tempo, foi deixando para trás o estilo rockmântico típico da Jovem Guarda e aderiu ao romantismo mais escancarado e à música sertaneja. E foi nessa praia que conseguiu seu maior sucesso, A Última Carta, que segundo a extinta gravadora Copacabana teria vendido dois milhões de cópias no início dos anos 80.

Dono de um vozeirão e aparentemente uma excelente pessoa, ele perdeu sua esposa, Márcia, em 2011, o que teria contribuído para o declínio de sua saúde.

Uma boa amostra de seu talento está na hoje rara coletânea em CD Vitrola Digital-Marcos Roberto, lançada em 2001 e trazendo seus maiores sucessos dos tempos da Jovem Guarda.

Ouça Vá Embora Daqui, com Marcos Roberto:

Erasmo Carlos nos conta os seus deliciosos “causos” em livro

Por Fabian Chacur

Erasmo Carlos fará 70 anos no próximo dia 5 de junho. Às vésperas dessa data histórica, enfim li Minha Fama de Mau, sua tentativa de autobiografia.

Não, não pensem que eu vou jogar um caminhão de melancias na cabeça do eterno Tremendão, parceiro de fé, camarada de Roberto Carlos, mestre do rock, do samba rock, do romantismo pop etc etc etc. Nada disso.

É que o cantor, compositor e músico carioca nos oferece é na verdade uma seleção imperdível, deliciosa e hilariante na maior parte (e emocionante em outras) de “causos”, ou seja, memórias da longa e produtiva estrada percorrida por ele nesses anos todos.

Em suas mais de 350 páginas, o livro inclui momentos curiosos da vida profissional, pessoal e sexual do cidadão, com direito até a minuciosos detalhes da relação do autor de Coqueiro Verde com o seu Mr. Dick (prefiro não escrever pinto; ôpa, escrevi!).

Histórias sobre algumas das maravilhosas parcerias dele com o Rei Roberto Carlos, lembranças de shows (incluindo o célebre incidente com os “metaleiros” no Rock in Rio de 1985) e a convivência com família e amigos povoam as páginas de Minha Fama de Mau.

O texto é leve, bom de se ler e dividido em capítulos pequenos sempre contendo histórias que se fecham em si próprias, embora no fim das contas todas elas estejam entreligadas.

Lógico que quem gostaria de ler um relato mais focado na carreira, discos e composições de Erasmo ficará um pouco frustrado. O livro também não inclui o que seria uma benvinda discografia.

Mas quem disse que um livro com esse perfil de biografia mais clássica não poderá surgir no futuro? E um certamente não se sobreporá ao outro, podendo, isso sim, complementá-lo.

Ouça a monumental Coqueiro Verde:

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