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Carole King: 75 anos de ótima e brilhante trajetória musical

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Por Fabian Chacur

A primeira vez que ouvi a voz de Carole King na vida foi provavelmente quando It’s Too Late tocou muito nas rádios brasileiras, lá pelos idos de 1971. Mas o contato mais próximo ocorreu em 1973, quando meu saudoso irmão Victor comprou um compacto simples dela, trazendo as músicas Corazón de um lado e Believe in Humanity do outro. Pronto. Não parava mais de tocar aquele raio daquele disco. Ela ganhava mais um fã, entre os seus milhares (milhões?) em todo o mundo.

Miss King chega aos 75 anos nesta quinta-feira (9) como um dos grandes marcos da presença feminina na história do rock e da música pop. Essa cantora, compositora e pianista americana nasceu no dia 9 de fevereiro de 1942, e iniciou sua trajetória musical ainda adolescente. Nessa época, era amiga de dois jovens e ainda desconhecidos músicos, Paul Simon e Neil Sedaka. Este último não só teve um namorico com ela, como também compôs o hit Oh! Carol em sua homenagem.

Nessa época (fim dos anos 1950), era bastante comum o que se denominou de “canções-resposta”, ou seja, uma música respondendo à temática de outra, e Carole King gravou sua estreia como intérprete em 1959, com Oh! Neil. Na mesma época, conheceu o letrista Gerry Goffin, que se tornou não só seu parceiro de composições como de vida, mesmo. Eles ficaram casados entre 1959 e 1968.

Em termos musicais, Goffin & King virou uma verdadeira grife pop, assinando hits como Up On The Roof, The Loco-Motion, Chains, Will You Love Me Tomorrow, One Fine Day, Going Back, Pleasant Valley Sunday e (You Make Me Feel Like) A Natural Woman, gravadas por artistas do porte de Aretha Franklin, Beatles, The Drifters, The Monkees, The Byrds e inúmeros outros. De tanto ouvir elogios à sua voz nas demos que enviava aos artistas que gravavam suas composições, a moça resolveu dar a cara para bater e assumir uma carreira como intérprete.

Em 1968, seu casamento com Gerry Goffin se acabou, e ela criou ao lado dos músicos Charles Larkey (com que se casou a seguir) e Danny Kortchmar a banda The City, que lançou em 1968 um excelente e pouco ouvido álbum, Now That Everything’s Been Said. Em 1970, saía o ótimo Writer, 1º álbum solo, do qual participou um amigo recente que se tornou outro parceiro bacana, ninguém menos do que James Taylor.

Em 1971m essa parceria renderia belos frutos aos dois músicos. James Taylor se tornaria o verdadeiro astro maior do chamado bittersweet rock com o estouro do álbum Mud Slide Slim And The Blue Horizon, cuja faixa de maior sucesso, You’ve Got a Friend, é uma composição de Carole King, que participa do álbum. Por sua vez, a descendente de judeus enfim conseguiu um sucesso à altura de seu imenso talento, com o estouro de Tapestry.

Considerado um dos melhores discos de todos os tempos independente de gênero musical, Tapestry é uma verdadeira aula de música pop, com fortes doses de soul music, rock, folk, latinidade e country, com direito a belas melodias, letras confessionais e uma voz simplesmente deliciosa. Empurrado pelo incrível single It’s Too Late, dolorido retrato de uma separação entre um casal, o disco chegou ao topo da parada americana.

A partir daí, a carreira-solo de Carole King se tornou imensa, com direito a mais dois álbuns no topo da parada americana (Music, no mesmo 1971, e Wrap Around Joy, em 1974) e hits deliciosos como Jazzman, Corazón, Believe in Humanity e inúmeros outros.

A partir da década de 1980, sua produção discográfica tornou-se um pouco mais esparsa e sem o sucesso comercial de antes, mas a qualidade não caiu, vide os ótimos City Streets (1988) e Colour Of Your Dreams (1993), este último com direito a participação especial de Slash, do Guns N’ Roses, e o hit Now And Forever.

Em 1990, por sinal, Carole King esteve no Brasil pela primeira e por enquanto única vez para shows, tendo se apresentado em São Paulo no extinto Olympia. Não estive no show, mas participei da entrevista coletiva com ela, que se mostrou de uma simpatia impressionante. A ponto de ter tido uma reação bem-humorada a um jornalista desinformado que lhe perguntou sobre o seu “casamento” com James Taylor. “A Carly Simon chegou antes”, brincou.

Na ativa de forma tranquila desde então, ela voltou ao topo das paradas em 2010, quando lançou um histórico álbum gravado ao vivo com James Taylor, Live At The Troubadour (também disponível em DVD), que chegou ao quarto lugar na parada americana e os mostrou de volta ao histórico palco do Troubador, em Los Angeles, onde tocaram no início dos anos 70, pouco antes de estourarem.

Sem exageros ou radicalismos, Carole King teve presença atuante e decisiva na abertura de maiores espaços para as mulheres no universo do rock, abrindo as portas para inúmeras colegas que vieram depois. As belas canções que compôs fazem parte do songbook da música pop, que será relido eternamente. Afinal, o que é bom, é para sempre!!!

Corazón- Carole King:

CD duplo traz Queen ao vivo nos estúdios BBC de 73 a 77

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Por Fabian Chacur

Os fãs do Queen vem sendo contemplados nos últimos anos com belos lançamentos e relançamentos enfocando raridades da banda britânica. O mais recente item acaba de sair no Brasil, em sua versão standard (a mais simples). Trata-se de Queen On Air, álbum duplo que traz todas as gravações feitas ao vivo pela banda nos estúdios da rádio BBC de Londres, entre os anos de 1973 e 1977. Um material com muita qualidade técnica e artística.

São 24 faixas no total, correspondentes a 20 músicas (quatro delas possuem dois registros diferentes cada). A versão lançada no Brasil pela Universal Music traz todas elas, acomodadas em capa digipack e contendo um belo encarte com dados sobre cada gravação. No exterior, também tivemos uma edição similar, só que com três LPs de vinil ao invés dos CDs, e uma Deluxe que é o bicho para os mais fanáticos pela mitológica banda do genial Freddie Mercury.

Essa versão megaluxuosa do álbum (que você poderá ver em vídeo aqui ) conta com um livreto maior que traz textos comentando cada sessão e quatro CDs adicionais. Três deles compilam entrevistas feitas com integrantes da banda entre 1976 e 1992, e o quarto conta com trechos de três shows da banda que foram transmitidos por rádio ou TV. Um deles foi realizado em São Paulo, no estádio do Morumbi, em março de 1981, com sete músicas incluídas, entre elas Love Of My Life.

Mesmo compacta, a versão nacional de Queen On Air traz o essencial. As faixas foram registradas em seis sessões diferentes: três em 1973 (uma antes mesmo do lançamento do primeiro álbum do quarteto), duas em 1974 e uma em 1977. A explicação para elas é simples: durante um bom tempo, a BBC assinava contrato com os músicos exigindo que eles realizassem gravações exclusivas para veiculação na emissora. Era a forma de ter suas músicas tocadas por lá.

Isso gerou registros exclusivos de alguns dos mais importantes artistas de todos os tempos, como os Beatles, por exemplo, que começaram a ser lançados em disco especialmente a partir da década de 1980. E o Queen não ficou de fora dessa lista. As gravações não iam ao ar ao vivo. Eram gravadas e veiculadas posteriormente em programas como os dos importantes DJs John Peel e Bob Harris.

O material aqui contido flagra Freddie Mercury, Brian May, John Deacon e Roger Taylor em sua fase inicial, com direito a rocks mais pesados e algumas canções melódicas aqui e ali. A performance dos caras é simplesmente impecável, com especial destaque para os solos endiabrados de Brian May, para mim um dos guitarristas mais subestimados da história do rock, pois seu nome frequentemente fica de fora das listas de melhores do gênero, um absurdo.

O repertório traz maravilhas do porte de Keep Yourself Alive (duas versões), Liar (duas versões), Ogre Battle, Now I’m Here e Stone Cold Crazy. See What a Fool I’m Been só foi lançada em versão de estúdio como lado B de single. A maior surpresa fica por conta da versão “fast” de We Will Rock You, que é bem diferente tanto do formato tradicional desta canção como da releitura rápida incluída em Queen Live Killers (1979).

We Will Rock You (fast)-Queen:

DVD flagra Kiss durante a sua curta temporada em Vegas

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Por Fabian Chacur

Entre os dias 5 e 23 de novembro de 2014, o Kiss fez nove shows totalmente lotados no Hard Rock Hotel, em Las Vegas. Uma passagem curta para os padrões locais, que costumam ver artistas permanecerem em cartaz por meses e até mesmo anos, mas extensa para uma banda de agenda cheia que roda o mundo constantemente. Um belo registro desses shows acaba de sair no Brasil, o DVD Kiss Rocks Vegas, exemplo de que a veterana banda americana continua com muita fome de rock e de palco.

Como é praxe em uma apresentação da banda capitaneada há mais de 40 anos por Gene Simmons (baixo e vocal) e Paul Stanley (guitarra e vocal), temos belos efeitos especiais, telões gigantes de altíssima definição, palco móvel, chamas, som alto e muito apelo visual. Afinal de contas, o diferencial do quarteto que atualmente também traz Tommy Thayer (guitarra e vocal) e Eric Singer (bateria e vocal) sempre foi essa parafernália toda em cena, digna de um “Psycho Circus”.

O mais legal, no entanto, é o caprichado set list, que traz 16 faixas extraídas de todas as fases da banda, com direito a clássicos dos anos 1970 como Detroit Rock City, Rock And Roll All Nite e Deuce, hits oitentistas como Creatures Of The Night, War Machine (um de seus autores é Bryan Adams, aquele mesmo) e I Love It Loud, dos anos 1990 como Psycho Circus e até mesmo um recente, Hell Or Hallelujah (do álbum Monster, de 2013, seu mais recente de estúdio).

Em entrevista via telefone concedida a este que vos tecla, lá pelos idos de 2013, Gene Simmons me explicou que uma das razões pelas quais a formação clássica da banda (que incluía ele, Stanley, Ace Frehley e Peter Criss) ter se separado era a falta de empenho dos outros dois. Se levarmos em conta o desempenho do quarteto atual, ele prova que realmente esse time é repleto de energia, fazendo um show vigoroso, bem ensaiado e que é puro entretenimento rocker.

Se o espetáculo com aproximadamente 90 minutos já seria um belo conteúdo (se único) neste DVD, a coisa fica ainda melhor com um extra matador. Trata-se de um show acústico e intimista para dezenas de fãs felizardos. Nele, os músicos aparecem de cara lavada, e interpretam sete canções que não fizeram parte do show principal. Essas músicas foram gravadas originalmente entre 1974 e 1977, extraídas da primeira fase do Kiss e com uma configuração mais adequada ao jeitão desplugado.

Com vocalizações perfeitas e performances instrumentais precisas, os caras mostram este set list: Coming Home, Plaster Caster, Hard Luck Woman, Christine Sixteen, Goin’ Blind, Love Her All I Can e Beth, em um total de 25 minutos de puro deleite. O profissionalismo do grupo de Gene Simmons é algo impressionante, o que justifica seu lema arrogante “você quer o melhor, você terá o melhor” usado por eles há décadas. Se não é o melhor comparado a outras bandas clássicas, é certamente sempre o melhor que eles podem oferecer. E isso não é pouco!

Detroit Rock City (live, do DVD Kiss Rocks Vegas)- Kiss:

Morre aos 69 anos Greg Lake, um dos grandes do prog rock

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Por Fabian Chacur

O ano de 2016 não está sendo exatamente gentil com os fãs de boa música. Os de rock progressivo, então, devem estar muito, mas muito tristes mesmo. Em março, perderam o tecladista e compositor Keith Emerson. Nesta quarta-feira (7), foi a vez do cantor, compositor e músico Greg Lake, aos 69 anos, vítima de um câncer contra o qual lutou durante alguns anos. Do lendário Emerson, Lake & Palmer, só nos restou (toc, toc, toc!) o baterista Carl Palmer.

Nascido em Bournemouth, Inglaterra, no dia 10 de novembro de 1947, Greg Lake tornou-se inicialmente conhecido no mundo do rock como cantor e baixista da banda King Crimson, liderada pelo guitarrista Robert Fripp. Durante a turnê de lançamento do álbum de estreia do time, In The Court Of The Crimson King (1969), do qual fazem parte clássicos como 21st Century Schizoid Man e I Talk To The Wind, teve shows de abertura feitos pelo The Nice, do tecladista Keith Emerson.

A amizade entre Lake e Emerson se consolidou rapidamente, e após gravar os vocais para o segundo LP do Crimson, In The Wake Of Poseidon, resolveu sair fora para montar sua própria banda, a Emerson, Lake & Palmer, que trazia os dois amigos e também o baterista Carl Palmer, conhecido por seus trabalhos com The Crazy World Of Arthur Brown e Atomic Rooster. O primeiro álbum do trio, autointitulado, saiu naquele mesmo ano. Surgia um grupo lendário.

Até 1979, o ELP ajudou a colocar o rock progressivo no topo das paradas de sucesso, com sua sonoridade fortemente influenciada pela música erudita, jazz e eletrônica. Álbuns como Pictures At An Exhibition (1971), Trilogy (1972) e Works Vols. 1 e 2 (1977) estouraram e tiveram como marca a bela voz e a delicadeza de guitarra, violão e baixo de Lake, aliados aos teclados endiabrados de Emerson e a bateria intensa e técnica de Palmer. From The Beginning e C’Est La Vie foram hits massivos.

O grupo saiu de cena após lançar Love Beach (1978). Lake lançou dois discos solo, Greg Lake(1981), com direito a uma parceria com Bob Dylan (Love You Too Much) e Manoeuvres (1983). Ambos tiveram Gary Moore na guitarra. Em 1985/85, integrou ao lado de Keith Emerson e Cozy Powell o Emerson, Lake & Powell, que lançou um álbum autointitulado e teve o hit Touch And Go nas paradas de sucesso roqueiras. Ele também passou rapidinho pelo supergrupo Asia em 1983.

De 1991 a 1998, com algumas idas e vindas, voltou a integrar o ELP, que lançou dois álbuns de estúdio e um ao vivo nesse período, durante o qual fizeram duas visitas ao Brasil, em 1993 e 1997. Estive em um dos três shows que fizeram em São Paulo no extinto Palace, e adorei o que vi. Pena que só tenham tocado a minha favorita deles, From The Beginning, na última apresentação, o que não me deixou exatamente feliz…

Em 2010, como forma de comemorar 40 anos de banda, o ELP voltou para um show em Londres, que rendeu um CD duplo gravado ao vivo e lançado naquele mesmo ano com o título High Voltage. Seria o último registro desse trio histórico. Lake lançou em 2015 o CD Ride The Tiger em parceria com o tecladista Geoff Downes, conhecido por ter integrado bandas como Yes, Asia e Buggles.

Emerson Lake & Palmer no Brasil-1993- SP:

Ace Frehley fará o show solo em Sampa em março de 2017

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Por Fabian Chacur

Boa notícia para os fãs de classic rock, heavy metal e hard rock. Ace Frehley, guitarrista da formação original do Kiss, fará seu primeiro show solo no Brasil. Será em São Paulo no dia 5 de março de 2017 às 20h no Tom Brasil (rua Bragança Paulista, nº 1.281- Santo Amaro-SP- fone 0xx11- 4003-1212), com ingressos custando de R$ 180,00 a R$ 390,00. Ele terá a seu lado Richie Scarlet (guitarra), Chris Wyse (baixo) e Scoty Coogan (bateria e vocais).

Frehley vive um dos melhores momentos de sua trajetória artística. Há quase dez anos livre de problemas gerados por consumo de drogas, ele voltou à ativa com força total a partir de 2009, com o disco Anomaly, que chegou ao nº 27 na parada americana. Space Invader (2014) foi ainda além, atingindo o posto de nº9, o mais alto já atingido por um integrante ou ex-integrante do Kiss em carreira-solo.

Em abril de 2016, o guitarrista, compositor e cantor voltou com novo CD, Origins Vol.1, no qual relê clássicos do Cream, The Jimi Hendrix Experience, Steppenwolf Free e Rolling Stones, entre outros, além de três músicas do Kiss: Cold Gin, Parasite e Rock And Roll Hell. Participam do CD Slash (Guns N’ Roses), Lita Ford (ex-The Runaways), Mike McCready (Pearl Jam) e Paul Stanley (seu ex-colega de Kiss).

Nascido no bairro do Bronx, em Nova York (EUA) no dia 27 de abril de 1951, Ace decidiu ser músico profissional aos 16 anos, fascinado por grupos como The Who, Cream e The Jimi Hendrix Experience. Aos 22 anos, respondeu a um anúncio do jornal Village Voice e foi selecionado para integrar o Kiss ao lado de Gene Simmons (baixo e vocal), Paul Stanley (guitarra e vocal) e Peter Criss (bateria e vocal).

Entre 1973 e 1981, ele e a formação clássica da banda atingiram o topo das paradas roqueiras, graças a LPs como Alive! (1975), Destroyer (1976), Love Gun (1977) e Dinasty (1979). Em 1978, os integrantes do Kiss surpreenderam a todos ao lançar discos solo de forma simultânea. O de Frehley foi o mais bem-sucedido em termos comerciais, graças ao single New York Groove, que chegou ao nº 13 nos EUA.

Confiante com o êxito solo e também devido a problemas pessoais com os outros integrantes, ele saiu do Kiss em 1981 após o lançamento do disco Music From The Elder. Ele voltaria ao time em 1996, ficando até 2000 e participando dos álbuns Kiss Unplugged (1996) e Psycho Circus (1998), além de participar da turnê mundial que divulgou este último e passou pelo Brasil em abril de 1999 por Porto Alegre e São Paulo.

Após sua saída inicial do Kiss, Frehley montou o grupo Frehley’s Comet, que lançou seu primeiro álbum em 1987 e se manteve na ativa até meados dos anos 1990. Ao deixar novamente a banda que o revelou, ficou durante alguns anos tentando se livrar de vício de drogas e bebidas, lançando apenas o álbum Greatest Hits Live, em 2006. Quando ficou novamente sóbrio, voltou com tudo à carreira solo, lançando em 2011 uma franca e bem-humorada autobiografia, intitulada No Regrets (sem arrependimentos, em tradução livre).

Fire And Water, com Ace Frehley e Paul Stanley:

Eagles podem voltar se o filho de Glenn Frey aceitar convite

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Por Fabian Chacur

A carreira dos Eagles, uma das bandas de maior sucesso da história do rock americano, parecia encerrada após a morte do cantor, compositor e guitarrista Glenn Frey, em 18 de janeiro deste ano. Seu parceiro, o cantor, compositor e músico Don Henley, afirmou que não acreditava ser possível um retorno do grupo de country rock. No entanto, notícias publicadas nos últimos dias podem mudar o rumo das coisas na trajetória dos criadores de Hotel Califórnia.

As informações foram publicadas esta semana no site americano da Billboard, a bíblia da indústria fonográfica americana. Em entrevista concedida à Montreal Gazette, Henley teria dito que, em algum momento no futuro, essa reunião poderia, sim, ocorrer. A condição seria se o filho de Glenn Frey, o cantor e músico Deacon, de 22 anos, aceitasse integrar o time na vaga de seu pai. Vale lembrar que os Eagles foram fundados por Frey e Henley, seus líderes incontestes.

Em entrevista a um dos podcasts da Billboard, o baixista da banda, Timothy B. Schmit, afirmou não ter sido consultado sobre o tema, embora não descarte a possibilidade de uma eventual reunião. Ele lançou seu 6º disco solo, Leap Of Faith, com a participação da filha Jeddrah nas harmonias vocais da faixa All Those Faces.

Vale lembrar que no dia 15 de fevereiro deste ano, durante a cerimônia de entrega dos prêmios Grammy, houve uma homenagem a Glenn Frey da qual participaram Timothy B. Schmit, Joe Walsh e Don Henley, da mais recente formação dos Eagles, Bernie Leadon, da formação original da banda, nos anos 1970, e também o cantor, compositor e músico Jackson Browne, amigo deles e de quem os Eagles gravaram algumas composições, entre elas Take It Easy.

Take It Easy (ao vivo)- The Eagles:

Polysom relança o compacto de vinil do obscuro Vímana

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Por Fabian Chacur

O nome Vímana pode não ter registro para muitas pessoas que gostam e acompanham o cenário musical brasileiro. Os mais atentos, no entanto, já devem ter ouvido falar desse quinteto carioca, que existiu entre 1974 e 1978. O único registro fonográfico oficial dos rapazes, o compacto simples de vinil com as músicas Zebra e Masquerade, está sendo relançado neste mês pela Polydisc, em edição limitada. Um interessante resgate.

A banda é daquele tipo que se tornou muito mais conhecida depois de sua separação, em função da fama que seus ex-integrantes ganharam posteriormente. Ritchie (vocal e flauta), inglês radicado no Rio, era um deles, assim como os outros astros do pop-rock dos anos 1980 Lulu Santos (guitarra e vocal) e Lobão (bateria). De quebra, completavam o time Fernando Gama (baixo), que integrou de 1992 a 2005 o grupo Boca Livre, e o tecladista Luiz Paulo Simas.

Fortemente influenciado pelo rock progressivo, especialmente o feito pelo grupo Yes, o Vímana participou de festivais como o Hollywood Rock em 1975 e fez shows em locais como o MAM, no Rio, além de tocar com Fagner, Marília Pera, Walter Franco e Sérgio Dias, dos Mutantes. O compacto simples foi lançado originalmente pela gravadora global Som Livre em 1977. Zebra, em português, é uma mistura de rock, disco music e percussão brasileira, enquanto Masquerade (em inglês) tem o típico tempero do progressivo setentista, embora bem mais curta.

Após sair, curiosamente, do Yes, o tecladista suíço Patrick Moraz veio ao Brasil e quis transformar o Vímana em sua banda de apoio. Uma briga com ele tirou Lulu Santos do grupo, que em seguida encerrou suas atividades. A Som Livre preferiu não lançar o LP que gravou com eles, e hoje só são encontrados raros piratas de outras de suas músicas. Mas vamos ser sinceros: o trabalho posterior de seus músicos é bem melhor.

Zebra– Vímana:

Masquerade– Vímana:

On The Rocks (pirata)- Vímana:

Reedição de CD de Elton John deixa a desejar

Por Fabian Chacur

Goodbye Yellow Brick Road (1973) marca um dos momentos mais inspirados da carreira desse verdadeiro gênio da música pop e do rock que atende pelo nome artístico de Elton John. Figurinha fácil entre os melhores álbuns de todos os tempos, essa obra-prima acaba de ser relançada no Brasil pela Universal Music em edição comemorativa de seus 40 anos de existência. Uma reedição que poderia ser bem melhor.

O álbum duplo é na verdade uma espécie de edição resumida de um pacote mais extenso e só disponível em edição importada. Nesta box set, foram incluídos um CD com versão remasterizada do álbum original, dois CDs com o conteúdo do show realizado pelo astro em dezembro de 1973 no Hammersmith Odeon, em Londres, um quarto CD com nove releituras de faixas do álbum por artistas atuais e também lados B e gravações lançadas originalmente em singles, e um DVD.

Este DVD inclui o especial Elton John Say Goodbye To Norma Jean And Other Things, feito em 1973 e no qual Elton e seus músicos falam sobre o álbum recém-lançado e também sobre a carreira até ali. O pacote ainda traz um livreto com 100 páginas contendo fotos e entrevistas. Um pacote repleto de novidades para atiçar a curiosidade dos fãs mais detalhistas da parceria Elton John e seu letrista genial Bernie Taupin.

No álbum duplo (também lançado lá fora), temos apenas a versão remasterizada do disco original e um segundo CD com as regravações dos hits de Elton e 9 das 18 faixas do álbum ao vivo. A embalagem digipack é belíssima, mas o encarte incluído traz apenas um ótimo texto sobre o álbum, omitindo as letras e as artes feitas para cada música contidas no lançamento original. Ter o disco sem esse encarte é tê-lo de forma mutilada.

Ou seja, esse álbum duplo acaba sendo apenas um aperitivo para o colecionador, e inadequado para quem não tem o disco original. Nesse caso, é preferível comprar uma versão simples do disco, com o encarte completo. Uma boa solução, neste último ponto, teria sido fazer como na reedição de Quadrophenia, do The Who, lançado pela mesma gravadora, que contém dois encartes, um com as letras e ficha técnica e outra contando a história do álbum.

As faixas gravadas ao vivo são excelentes, e flagram Elton acompanhado por sua incrível banda de apoio, da qual fazem parte Davey Johnstone (guitarra, com ele até hoje), Nigel Olsson (bateria, também na banda até os dias atuais), o saudoso Dee Murray (baixo) e o endiabrado Ray Cooper (percussão). Melhor seria lançar as 18 faixas em um álbum-duplo à parte.

Embora produzidas pelo consagrado Peter Asher (James Taylor, Linda Ronstadt, 10.000 Maniacs etc) em parceria com o próprio Elton John, as nove faixas com artistas atuais não acrescentam nada às gravações originais e perdem de goleada para as mesmas, com artistas insossos como Ed Sheeran, Hunter Hayes, Miguel, Imelda May e Fall Out Boy. De novo, teria sido melhor ampliar o elenco e lançar um disco-tributo ao álbum de forma individual.

Seja como for, vale ressaltar a importância e a qualidade musical desse álbum, que mais parece uma coletânea, ao incluir tantos hits, entre os quais a faixa título, Saturday Night’s Alright For Fighting, Candle In The Wind, Roy Rogers, The Ballad Of Danny Bailey(1909-34) e Benny And The Jets. Tipo do disco que não pode faltar na coleção de quem é fã do melhor rock e da melhor música pop. Elton John rules!

Goodbye Yellow Brick Road em detalhes

(*) O álbum saiu no Brasil em 1973 no formato LP simples, com apenas 10 das 17 faixas contidas no disco original. Eis a ordem: Lado AGoodbye Yellow Brick Road, This Song Has No Title, Harmony, Funeral For a Friend, Love Lies Bleeding. Lado B: Roy Rogers, Grey Seal, Candle In The Wind, Your Sister Can’t Twist (But She Can Rock ‘N’ Roll), Saturday Night’s Alright For Fighting. As faixas restantes foram sendo lançadas aos poucos nos anos seguintes pela hoje extinta gravadora RGE em compactos simples, duplos e em compilações feitas especialmente para o mercado nacional.

(*) A faixa Social Disease conta com a participação especial de Leroy Gomez tocando saxofone. Esse artista ficaria mais conhecido em 1977 ao ser vocalista principal no primeiro álbum do grupo de disco music Santa Esmeralda. É dele a voz na gravação de Don’t Let Me Be Misunderstood que invadiu as pistas de dança de todo o mundo.

(*) A faixa All The Girls Love Alice traz backing vocals de Kiki Dee. Sim, a mesma que, em 1976, gravaria em dueto com Elton John a música Don’t Go Breaking My Heart, que curiosamente durante muitos anos foi a única no formato single do astro a atingir o número 1 na Inglaterra. Essa escrita seria quebrada em 1990, quando Sacrifice chegou ao topo por lá.

(*) A única música não inédita do álbum é The Grey Seal, lançada originalmente em 1970 como lado B do single Rock And Roll Madonna. Aqui, ela aparece em uma regravação. A versão original aparece como faixa-bônus de uma reedição de 2003 do álbum e também do box set lançado este ano pela Universal Music no exterior.

(*) Elton John pretendia gravar Goodbye Yellow Brick Road na Jamaica, inspirado pelos Rolling Stones, que fizeram isso com seu álbum Goats Head Soups (1973). Ele e sua banda foram para lá e até começaram a trabalhar, mas não demorou para que ficasse claro a impossibilidade de se realizar o trabalho pelas condições precárias dos estúdios. Aí, ele viajaram para a França e gravaram no mesmo castelo onde foi registrado o célebre Honky Chateau (1972). A faixa Jamaica Jerk-Off é inspirada nessa passagem desastrada, e é creditada ironicamente a “Reggae Dwight e Toots Taupin”.

(*) O encarte do álbum original traz ilustrações para cada canção, feitas por David Larkham, Michael Ross e David Scutt, sendo que a ilustração da capa leva a assinatura de Ian Beck. A de Dirty Little Girl lembra Janis Joplin, embora não tenha sido ela a inspiração para a canção.

(*) Candle In The Wind, a arrepiante homenagem a Marilyn Monroe, fez sucesso em três décadas consecutivas. Primeiro, nos anos 70, em sua versão original incluída em Goodbye Yellow Brick Road e lançada em compacto simples. Em 1987, a canção estourou nos EUA em gravação ao vivo com orquestra extraída do álbum duplo Live in Australia with the Melbourne Symphony Orchestra. O terceiro boom da canção ocorreu em 1997, quando o artista a regravou desta vez dedicando-a à “English Rose”, no caso a Princesa Diana, grande amiga dele e morta em um trágico acidente de carro. Lançada no formato single, tornou-se um fenômeno de vendas.

(*) A história deste álbum pode ser conferida no DVD Classic Albums-Goodbye Yellow Brick Road, lançado em 2001 pela Eagle Rock e no Brasil pela extinta ST2. O documentário é repleto de detalhes, com direito a entrevistas com Elton John, Bernie Taupin e os músicos e produtores envolvidos na realização deste álbum maravilhoso.

Saturday Night’s Alright For Fighting, com Elton John:

Documentário Elton John Say Goodbye To Norma Jean And Other Things:

Porque sou fã da Debbie Harry e do Blondie

Por Fabian Chacur

Graças ao amigo Daniel Vaughan, fiquei sabendo que nesta segunda-feira (1º) Debbie Harry está completando 68 anos. Nem lembrava que ela era da safra de 1945, que gerou craques da música popular do naipe de Eric Clapton, Bob Marley, Ivan Lins, Elis Regina e Gonzaguinha, só para citar alguns. Belo ano, heim?

Sou fã dessa cantora e compositora americana desde que Heart Of Glass estourou aqui no Brasil em 1978, faixa do ótimo álbum Parallel Lines. Ex-coelhinha do conglomerado Playboy de Hugh Hefner, ela encontrou no rock and roll o seu verdadeiro lugar, liderando uma das bandas mais interessantes da chamada new wave.

O grande barato do Blondie foi se valer da energia minimalista e furiosa do punk para abordar diversos outros universos musicais, entre os quais o rock básico, o então emergente rap, a disco music, o pop tradicional, a música latina e o que mais pintasse pela frente, sempre de forma original, descontraída e envolvente.

A voz gostosa e versátil de Debbie é o que dava liga a essa mistureba toda, além da contribuição efetiva dos músicos que a acompanhavam nessas aventuras todas. Resultado: hits certeiros e bons de se ouvir como os já citados e também Call Me, The Tide Is High, Union City Blues, Denis, Maria e tantos outros, curtidos nos quatro cantos do planeta.

Quando o Blondie deu um tempo, na primeira metade dos anos 80, Debbie Harry se dedicou ao trabalho de atriz em filmes como Videodrome (1983) e também a discos solo, entre os quais o badalado Koo Koo (1981, produção de Nile Rodgers, do Chic) e o simpático Rockbird (1986). A repercussão foi menor, mas o respeito a ela se manteve firme e forte.

Após sair de cena por quase vinte anos, o Blondie voltou com força total em 1999 com o hit Maria, e se mantém na ativa, lançando novos álbuns e fazendo shows por aí. Não vieram ao Brasil, infelizmente, mas quem sabe um dia? Enquanto isso, dou meus parabéns a uma das loiras mais envolventes, talentosas, inteligentes e importantes da história do rock.

Ouça One Day Or Another, do Blondie:

Ouça Rapture, do Blondie:

Supertramp é flagrado no seu auge em DVD

Por Fabian Chacur

Crítico tem hora que só serve para encher o saco. Eu sou um deles e posso falar com conhecimento de causa. Às vezes, eles perseguem grupos que só deveriam receber elogios. O Supertramp, em seus anos áureos, foi uma dessas vítimas, levando cacetadas a torto e a direito sem merecer.

Uma boa prova da excelência do trabalho dessa banda britânica acaba de sair no Brasil pela ST2. Trata-se do DVD Live In Paris ’79, que flagra o quinteto em show realizado na capital francesa em dezembro de 1979, quando eles viviam o auge de uma carreira que comemorava dez anos na ocasião.

Criado em 1969 por Roger Hodgson (vocal, guitarra e teclados) e Rick Davies (vocal e teclados) e depois completado em sua formação clássica por Dougie Thomson (baixo), Bob Siebenberg (bateria e percussão) e John Anthony Helliwell (sopros e vocais), o Supertramp soube como poucos levar sua inclinação ao rock progressivo do tipo Yes e Genesis rumo a uma sonoridade mais pop e acessível, também influenciada fortemente pelos Beatles.

Naquele fim de década de 70, eles divulgavam seu disco mais bem-sucedido em termos artísticos e comerciais, o sublime Breakfast In America, que vendeu milhões de cópias mundo afora, atingiu o primeiro posto na disputada parada americana e rendeu singles como Take The Long Way Home, Goodbye Stranger, The Logical Song e a faixa-título.

Em performance equilibrada e na qual as músicas são reproduzidas com arranjos fiéis aos das gravações de estúdio, o Supertramp mergulha no melhor de seu repertório, com direito a faixas de Breakfast In America e também pérolas como School, Bloody Well Right, Give a Little Bit, Crime Of The Century, Dreamer e Fool’s Overture, entre outras.

Embora capitaneada por Hodgson e Davies, responsáveis pelas composições e pelos vocais principais, a banda tinha em John Helliwell seu integrante mais carismático em cena, o que ele prova em diversos momentos do show. Siebenberg e Thomson são discretos, mas sólidos.

Como o show não foi captado na íntegra em vídeo, temos nos extras as cinco faixas que faltaram daquela apresentação, com o áudio original e montagens visuais gerando clipes para preencher as lacunas de imagens que ficaram bastante legais.

Vale registrar que, embora contemporâneo, o áudio desde DVD não é o mesmo do célebre álbum duplo ao vivo Paris (1980), que foi gravado em outra noite, durante essa mesma turnê.

Segundo informações do gentil internauta Nuno Ponces, os áudios de Crime Of The Century, School, Bloody Well Right e Rudy são iguais aos de Paris, sendo os outros extraídos de outras apresentações feitas na mesma capital francesa. Mas a qualidade em termos musicais e técnicos é a mesma. Críticos malas, deixem-nos curtir o Supertramp em paz e larguem dos nossos pés, seus chatos!

Take The Long Way Home, ao vivo, com Roger Hodgson:

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