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A Flock Of Seagulls tocará em São Paulo no dia 9/7 (sábado)

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Por Fabian Chacur

A Flock Of Seaguls, uma das primeiras bandas da chamada “segunda invasão britânica” a se dar bem no mercado musical americano e mundial nos anos 1980, finalmente irá se apresentar no Brasil. O show está marcado para o próximo sábado (9) às 19h no Clash Club (rua Barra Funda, nº960- Barra Funda- fone 0xx11-3661-1500), com ingressos custando de R$ 65,00 a R$ 130,00.

Criada em Liverpool em 1979 e batizada com frase extraída da música Toiler On The Sea, do The Stranglers, A Flock Of Seagulls tem como líder e único integrante a se manter no time até hoje o cantor, compositor e tecladista Mike Score (foto). O grupo estourou em termos mundiais com o seu quarto single, I Ran (So Far Away), que atingiu o nono lugar na parada americana e se tornou um sucesso mundial rapidamente.

O estouro do grupo teve como base I Ran e também o álbum A Flock Of Seagulls (1982), que chegou ao décimo lugar nos EUA. Os clipes de seus hits ressaltavam um visual exótico e divulgavam bem suas canções pegajosas, pontuadas por sintetizadores, boas melodias e pique dançante. D.N.A., faixa desse mesmo álbum, valeu a eles um troféu Grammy na categoria Best Rock Performance.

Até 1986, o grupo continuaria nas paradas de sucesso, lançando os álbuns Listen (1983), The Story of a Young Heart (1984) e Dream Come True (1986). Este último trabalho marcou a mudança do time para os EUA, mais precisamente para a cidade fortemente musical da Filadélfia, decisão tomada pelo fato de o grupo fazer muito mais sucesso na terra de Ronald Reagan do que em seu país.

Após uma breve separação, a banda voltou à ativa em 1988 e continua até hoje tocando nos quatro cantos do planeta. A formação atual inclui, além de Score, o guitarrista Joe Rodriguez (no time desde 1998), o baixista Pando (entrou em 2004) e o baterista Michael Brahm (no grupo desde 2004). Eles lançaram mais um álbum, The Light At The End Of The World (1995) e participaram do CD tributo a Madonna The World’s Greatest 80’s Tribute To Madonna com a música This Used To Be a Playground. Outros hits de seu repertório: Wishing (If I Had a Photograph Of You), Transfer Affection e The More You Live, The More You Love.

I Ran (So Far Away)– A Flock Of Seagulls:

The More You Live, The More You Love– A Flock Of Seagulls:

Wishing (If I Had a Photograph of You)– A Flock of Seagulls:

Edgard Scandurra/Nasi: segue na estrada a turnê Ira! Folk

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Por Fabian Chacur

Tudo começou quando Edgard Scandurra e Nasi cantavam canções no melhor esquema voz e violão, lá na segunda metade dos anos 1970. Quase quatro décadas depois, o círculo de certa forma se fecha quando os velhos amigos iniciam a turnê Ira! Folk, na qual releem grandes sucessos da banda que os tornou conhecidos nacionalmente, o Ira!, em um formato voz e violão, despido de eletricidade e trazendo à frente as melodias e também os acordes acústicos dos violões.

O primeiro show do novo projeto ocorreu no último dia 13 de maio no Teatro Positivo, em Curitiba, perante 2.450 pessoas, ou seja, a lotação completa do local. E a boa notícia é que Scandurra e Nasi anunciaram mais 16 datas pelo Brasil, sendo que a primeira será realizada nesta sexta-feira (10) na cidade de Pato Branco (PR). A última confirmada até o momento rolará no dia 15 de outubro em Fortaleza (CE).

O repertório inclui canções bastante queridas pelos fãs da banda, como por exemplo Tolices, que Nasi recorda ter sido composta por Edgard Scandurra ainda nos seus tempos de colégio, em uma versão instrumental inicialmente intitulada São Patrício que pouco depois ganharia letra, e apareceria no primeiro álbum da banda, Mudança de Comportamento (1985). Tarde Vazia e Boneca de Cera também fazem parte do set list, que certamente virará DVD/CD.

As datas da turnê Ira! Folk confirmadas até o momento:

10.06.2016 PATO BRANCO/PR

11.06.2016 CASCAVEL/PR

02.07.2016 BELO HORIZONTE/MG

16.07.2016 SÃO CAETANO DO SUL/SP

12.08.2016 SÃO PAULO/SP

13.08.2016 SÃO PAULO/SP

18.08.2016 FLORIANÓPOLIS/SC

19.08.2016 JOINVILLE/SC

20.08.2016 BLUMENAU/SC

21.08.2016 JARAGUÁ DO SUL/SC

06.09.2016 NOVO HAMBURGO/RS

07.09.2016 PORTO ALEGRE/RS

08.08.2016 PELOTAS/RS

13.10.2016 RECIFE/PE

14.10.2016 NATAL/RN

15.10.2016 FORTALEZA/CE

Tolices (ao vivo)- Ira! Acústico:

Tarde Vazia (ao vivo)- Ira! Acústico:

Bonecas de Cera (ao vivo)- Ira! Acústico:

1º CD da Legião Urbana volta em bela reedição com bônus

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Por Fabian Chacur

Há quem insista em decretar a morte dos formatos físicos para música, achando que só as alternativas digitais sobreviverão. Pura tolice. Especialmente quando se trata de reedições de álbuns clássicos de outras eras. O novo exemplo é o primoroso relançamento do autointitulado álbum de estreia da Legião Urbana que acaba de chegar às lojas via Universal Music. Qual fã de verdade abdicará das imensas vantagens deste novo produto em troca de frios e insossos fonogramas “internéticos”?

A coisa já começa bem na embalagem digipack que se abre em quatro partes, com direito a capa em relevo transparente, novas fotos nas capas internas e a reprodução das fitas originais do álbum nos berços dos CDs. Sim, CDs, a edição é dupla. O primeiro disco traz uma bela versão remasterizada do trabalho original, enquanto o segundo proporciona diversas raridades até então inéditas em discos deste grupo, um dos baluartes do rock de Brasília dos anos 1980.

Por falta de um, temos dois encartes, um com as letras e fichas técnicas do LP original e o segundo com informações minuciosas sobre o material extra, tudo com a supervisão e produção a cargo de Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá. O livreto referente ao CD 2 foi feito em formato que lembra o dos fanzines dos anos 1980, resgatando desenhos e fotos raras, reproduções de cartazes e ingressos de shows e curiosidades do gênero, com resultado matador em termos visuais.

Reavaliando esse disco de estreia com ouvidos de 2016, fica claro que a banda sabia se valer de suas limitações técnicas para realizar um trabalho vigoroso, com fortes e nítidas influências de U2, Sex Pistols, Joy Division, Gang Of Four e Buzzcocks (entre outros), e um elemento bem original: o vocal a la Jerry Adriani e as letras incisivas e criativas de Renato Russo. Uma entrada em cena das mais respeitáveis.

O set list traz alguns dos maiores clássicos do grupo, entre os quais Será, Geração Coca-Cola, Ainda é Cedo, Química e Teorema. Curioso é ouvir a faixa que encerra o álbum, Por Enquanto, imersa em um verdadeiro pântano de teclados toscos e tentando soar como Joy Division. A releitura simples, só voz e violão, de Cássia Eller em seu disco de estreia, de 1990, revelou uma das melhores composições de Renato Russo, que aqui estava perdida e totalmente desperdiçada.

A compilação de raridades é simplesmente sensacional, com direito à primeira fita demo da banda, outtakes, demos feitas antes da gravação do álbum, gravações ao vivo, chamadas para rádios e impagáveis narrações de Renato Russo. De quebra, antes de uma gravação da música Quimica para o programa global Clip-Trip, temos o cantor dizendo como poderia e como não poderia ser filmado, como forma de aproveitar seus melhores ângulos. Julio Iglesias perde!

Como bônus, foram incluídos remixes no mínimo interessantes das faixas A Dança e O Reggae, feitas respectivamente por Mário Caldato e Liminha. Se até eu, um cara que nunca foi exatamente fã da Legião Urbana, ficou entusiasmado com o material contido nessa reedição do álbum de estreia dos legionários, imagino como estarão se sentindo nesse momento os fanáticos por Renato Russo e sua turma ao tomar contato com essa belezinha aqui…

Ainda é Cedo– Legião Urbana:

Geração Coca Cola– Legião Urbana:

Por Enquanto– Legião Urbana:

Cast In Steel flagra o A-ha em momento inspirado e estável

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Por Fabian Chacur

Quando o A-ha anunciou que voltaria à ativa e faria shows no Brasil em setembro e outubro de 2015, ninguém estranhou. Afinal, se o trio norueguês tivesse de retornar, nada mais adequado do que fazer isso em um dos países onde tem maior popularidade. Como marca dessa volta, lançaram o CD Cast In Steel (Universal Music), primeiro de inéditas em seis anos e prova de que os caras não estão nessa só pelo dinheiro. O som novo é muito bom!

Desde que deu início à sua carreira, lá pelos idos de 1982, o A-ha nunca escondeu de ninguém sua vocação para o pop, sempre se valendo de sintetizadores e elementos eletrônicos mas nunca deixando de lado valores importantes para a música, como boas melodias e vocalizações. Com isso, tornaram-se uma verdadeira fábrica de hits mundo afora, especialmente nos anos 1980, exceto (sabe-se lá o porque) nos EUA, onde emplacaram um único sucesso, Take on Me.

As armas utilizadas pela banda: a ótima voz do carismático vocalista Morten Harket, os teclados predominantes de Magne Mags Furuholmen e a guitarra elegante e sempre precisa de Paul Waaktaar-Savoy. De quebra, composições bacanas, arranjos inteligentes e nenhuma outra pretensão além de tentar atingir o pop perfeito, aquele que as pessoas ouvem, ouvem e ouvem sem cansar. Tipo Cry Wolf, Hunting High And Low, You Are The One, I’ve Been Losing You

Após essa segunda parada na carreira (a primeira ocorreu entre 1994 e 1998), a banda voltou com fome de bola, se levarmos em conta o ótimo conteúdo de Cast In Steel. Os três vieram com 12 novas boas composições, e os arranjos vocais e instrumentais exibidos nos trazem de volta aquele apelo synthpop grandioso e ao mesmo tempo classudo que marca seus melhores momentos.

O vigor de Door Ajar, a reflexiva Objects In The Mirror (prova de que o Coldplay certamente ouviu muito A-ha em seus anos formativos), a quase psicodélica Goodbye Thompson, o pop rock Mythomania e a sacudida She’s Humming a Tune são provas de que uma banda pode perfeitamente mergulhar em seu passado e nos proporcionar boas e novas canções sem necessariamente apelar para inovações nem sempre bem concatenadas.

Cast In Steel mostra novamente que devemos ter orgulho de proporcionar tanta popularidade ao A-ha. Afinal de contas, é uma banda honesta, talentosa e oriunda de um país sem tradição em termos de música pop. A turnê deste álbum deve durar pelo menos até maio deste ano, e vale a torcida para que eles possam nos proporcionar novos trabalhos tão bacanas como esse aqui.

Door Ajar– A-ha:

Mythomania– A-ha:

Goodbye Thompson– A-ha:

Andy Summers toca em SP na companhia de Rodrigo Santos

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Por Fabian Chacur

Uma dupla de integrantes de bandas famosas é a atração desta quarta-feira (19) às 21h30 em São Paulo no Bourbon Street (rua dos Chanés, 127- Moema- fone 0xx11-5095-6100), com ingressos de R$ 75,00 a R$ 110,00. São eles Andy Summers, do The Police, e Rodrigo Santos, do Barão Vermelho e também conhecido por sua atuação com o Kid Abelha. Tipo da reunião bem interessante.

O guitarrista britânico vem se notabilizando por suas constantes passagens pelo Brasil nos últimos anos, sempre para trabalhos com músicos brasileiros ou radicados por aqui, como Roberto Menescal, Fernanda Takai e Victor Biglione. Vale lembrar que, além de duas visitas ao país com o The Police (1982 e 2007), ele inaugurou a segunda encarnação do extinto Projeto SP em 1987 ao lado de Stanley Clarke, Stewart Copeland e Debra Holland.

Por sua vez, o baixista e cantor Rodrigo Santos possui um currículo dos mais invejáveis. Além de tocar há mais de 20 anos no atualmente em férias (permanentes?) Barão Vermelho, participou de shows e gravações constantes com o Kid Abelha e também atuou ao lado de Lobão e João Penca & Os Miquinhos Amestrados, tendo uma produtiva carreira solo.

O repertório do show será uma mescla de músicas dos grupos que tornaram os dois músicos famosos. Maravilhas do naipe de Roxanne, Every Little Thing She Does Is Magic, Synchronicity II, So Lonely, Message in a Bottle, Maior Abandonado, Pro Dia Nascer Feliz e Por Você. O show também inclui outro integrante do Barão Vermelho, o guitarrista Fernando Magalhães, e o experiente baterista Kadu Menezes.

Message In a Bottle (live)- Rodrigo Santos e Andy Summers:

Synchronicity II (live)-Rodrigo Santos e Andy Summers:

Every Little Thing She Does Is Magic– Rodrigo Santos e Andy Summers:

Coletânea dupla resgata obra do trio The Dream Academy

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Por Fabian Chacur

Para alguns apressadinhos ou analistas superficiais, o The Dream Academy é “aquela banda de um sucesso só”, no caso, Life In a Northern Town. No entanto, o trio britânico em seus quase dez anos de carreira nos proporcionou momentos musicais de pura magia. A coletânea The Morning Lasted All Day- A Retrospective (Edsel-Rhino-sem edição brasileira até agora) equivale a uma boa e válida tentativa de resgatar esse trabalho tão legal.

Tudo começou em 1982, quando o cantor, compositor e guitarrista Nick Laird-Clowes procurava um tecladista para a sua banda daquele momento, a The Act, da qual fazia parte Mark Gilmour, irmão de David Gilmour, guitarrista do Pink Floyd. Encontrou Gilbert Gabriel, com formação erudita e fã de rock e música pop. Nascia uma nova parceria.

Com a ideia de fundir rock e pop com elementos de música erudita, acabaram acrescentando ao time Kate St. John, musicista também com formação clássica e capaz de tocar instrumentos como o oboé, o cor anglais, piano, acordeon e saxofone. Com o apoio de músicos de estúdio e a força do amigo famoso David, gravaram demos e acabaram conseguindo uma gravadora.

O sucesso veio logo com o primeiro single, Life In a Northern Town, sofisticada balada pop com fortes ecos do psicodelismo do período 1966/1967 e toques de música erudita. O compacto chegou ao sétimo lugar na parada americana, e impulsionou as vendas do álbum de estreia do trio, o excelente The Dream Academy (1985).

Em 1987, contando com o apoio do produtor Hugh Padgham (Phil Collins, The Police, Paul McCartney) e de Lindsey Buckingham (do Fleetwood Mac), lançaram um segundo álbum ainda melhor, Remembrance Days. A parceria com o diretor e roteirista americano John Hughes levou suas músicas a trilhas de filmes badalados como Curtindo a Vida Adoidado e Antes Só Do Que Mal-Acompanhado.

O terceiro álbum, A Different Kind Of Weather (1990), trouxe de volta a parceria com David Gilmour e não teve um retorno comercial dos mais satisfatórios, como Remembrance Days também não tinha obtido. Seja como for, o prestígio da banda entre os fãs do pop rock era grande, mas eles acabaram se separando em 1991, para tristeza geral.

The Morning Lasted All Day é uma coletânea dupla com 24 faixas que procura dar uma geral no repertório do grupo, que além dos três álbuns também lançou algumas faixas apenas no formato single de vinil. Temos aqui sete faixas do primeiro CD, cinco do segundo e quatro do terceiro, além de duas de singles e seis gravações inéditas.

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A seleção de faixas ficou a cargo de Nick Laird-Clowes, e deixou de fora alguns momentos essenciais do trio, entre elas as cativantes Humdrum e Moving On, mas traz o essencial de seu trabalho, incluindo maravilhas como Life in a Northern Town, The Edge Of Forever, Ballad In 4/4,Lucy September, Indian Summer e Hampstead Girl.

Temos também duas belas canções alheias gravadas à moda do trio: a fantástica releitura de Love, de John Lennon, que no Brasil foi tema da novela global Lua Cheia de Amor e que inclui elementos de #9 Dream, outro clássico solo do ex-Beatle, e a deliciosa Please Please Please Let Me Get What I Want, dos Smiths.

As inéditas são ótimas, sendo uma de 1984, três de 1989, a rara versão instrumental de Power To Believe e uma gravada especialmente para esta compilação, Sunrising, amostra do que poderá ser um novo trabalho do The Dream Academy no formato dupla (Clowes e Gabriel). Destaque para as poderosas Living in a War e The Last Day Of The War.

O texto do encarte foi escrito pelo próprio Nick Laird-Clowes e conta a história da banda, além de detalhar cada uma das faixas incluídas na compilação. As histórias são muito interessantes, especialmente a revelação de que Johnny Marr participou da hipnótica Ballad In 4/4 (seu nome não está creditado no álbum Remembrance Days) e as lições que ele recebeu de ninguém menos do que Paul Simon, incluindo a dica para o título de sua canção mais famosa.

O grande mérito do The Dream Academy foi resgatar o espírito de uma era de ouro do rock, o psicodelismo, e elevar o nível artístico da música pop, com arranjos inesperados, melodias densas e ao mesmo tempo acessíveis ao ouvido médio e letras de uma poesia lírica e profunda. Os “biscoitos finos para as massas” de que Oswald de Andrade falava.

Esta coletânea serve como um interessante resumo da obra do trio britânico, mas o ideal mesmo é ter também os três álbuns de carreira, pois as músicas que ficaram de fora são tão boas quanto as que estão aqui. Exagero? Basta ouvir com atenção para ver que não. Prova de que música pop não precisa ser porcaria repetitiva e feita no tapa.

Life In a Northern Town– The Dream Academy:

Ballad In 4/4– The Dream Academy:

The Edge Of Forever– The Dream Academy:

Please Please Please Let Me Get What I Want – The Dream Academy:

Indian Summer – The Dream Academy:

Psychedelic Furs fará tour nos EUA junto com o The Church

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Por Fabian Chacur

Terá início no dia 8 de agosto uma turnê que eu adoraria ver marcando presença aqui no Brasil. Teremos nela a reunião de duas das bandas mais legais dos anos 1980. São elas a Psychedelic Furs (foto) e a The Church. Estão previstas 20 datas, que serão concluídas no dia 9 de setembro em San Diego, Califórnia, com início em Buffalo, New York.

A turnê foi anunciada em entrevista exclusiva concedida pelo vocalista e baixista do The Church, Steve Kilbey, concedida ao site americano da revista Billboard. O curioso fica por conta de que essa parceria era para ter ocorrido inicialmente no longínquo 1988, quando os grupos viviam seu auge comercial nos EUA, mas só se concretizou mesmo agora.

Criado em Sidney, Austrália, em 1980, o The Church mantém de sua formação original o já citado Kilbey e o guitarrista Peter Koopes, com Ian Haug na guitarra (substituiu o membro fundador Marty Wilson-Piper em 2013) e o baterista Tim Powles (no time desde 1994). Ele atualmente divulgam um novo CD, Further/Deeper (2014), que traz singles bacanas como Laurel Canyon e Pride Before a Fall.

O som do The Church é uma mistura do folk rock dos Byrds com outras sonoridades sessentistas do rock dos anos 1960, temperada por elementos do pós-punk. Em sua discografia, temos álbuns ótimos como The Blurred Crusade (1982) e Starfish (1988). Este último inclui a faixa Under The Milky Way, que fez muito sucesso nos EUA.

Por sua vez, os britânicos do Psychedelic Furs surgiram em 1977, e se tornaram célebres graças a uma impecável fusão de influências como Roxy Music, Velvet Underground, a trilogia Berlin de David Bowie e punk rock. Os líderes do time, e únicos integrantes originais ainda na escalação, são os irmãos Richard (vocal) e Tim Butler (guitarra).

Completam a escalação atual dos Furs Mars Williams (sax), Amanda Kramer (teclados), Rich Good (guitarra) e Paul Garisto (bateria). Seu grande sucesso foi a regravação feita para a trilha do filme A Garota de Rosa-Shocking (Pretty In Pink) de seu single de 1981 Pretty In Pink, mas seu repertório é repleto de grandes músicas, como Mr. Jones, The Ghost In You e All That Money Wants, só para citar algumas.

Os Psychedelic Furs ficaram fora de cena durante quase toda a década de 1990, quando os irmãos Butler criaram o grupo Love Spit Love, conhecido pela sublime regravação do hit dos Smiths How Soon Is Now? incluída nas trilhas do filme Jovens Bruxas e da série de TV Charmed. Eles voltaram em 2001, e desde então volta e meia estão na estrada, embora não lancem um disco de inéditas desde 1991. Prometem um novo para 2015.

Seria lindo ver esses dois grupos juntos no Brasil. O The Church já nos visitou lá pelos idos de 1988/1989, quando tocou em São Paulo no extinto (e saudoso) Projeto SP. Os Furs, no entanto, nunca deram o ar de sua graça em nossos palcos. Fica a torcida, embora não pareça ser muito provável que essas duas excelentes bandas nos visitem em breve.

Pretty In Pink – The Psychedelic Furs:

The Ghost In You– The Psychedelic Furs:

Mr. Jones– The Psychedelic Furs:

Under The Milky Way – The Church:

When You Were Mine– The Church:

Pride Before a Fall – The Church:

New Order sobrevive sem Peter Hook

Por Fabian Chacur

Duas notícias para os fãs do New Order, no melhor esquema “uma boa, a outra ruim”. Comecemos pela negativa: o time perdeu muito com a saída do carismático e original baixista Peter Hook. A positiva é que, mesmo assim, o time liderado por Bernard Sumner continua sendo capaz de realizar um bom show, como vimos em seu apresentação neste domingo (6) no Lollapalooza Brasil 2014.

Não dá para negar que um dos pontos mais originais da banda surgida em 1980 das cinzas do Joy Division era exatamente o baixo anguloso, incisivo e à frente de tudo tocado por “Hookie”. De forma inteligente, seu substituto, Tom Chapman, sequer tenta emular o estilo do antecessor, optando pela discrição e ampliando horizontes para seus colegas de banda nos shows. Sábia decisão que vale a ele uma nota alta como músico.

Dessa forma, os espaços para Bernard Sumner nos vocais (sóbrios e eficientes) e guitarra (idem na mesma data) aumentam, assim como os do ótimo Phil Cunningham, que além da guitarra também investe em teclados sempre que necessário. Stephen Morris continua aquele dínamo de sempre, interagindo com rara desenvoltura com as programações eletrônicas. E tem a Gillian Gilbert, claro, sempre um caso à parte no contexto da banda.

Gillian é uma espécie de Linda McCartney do pós-punk. Sua proficiência nos teclados é bastante limitada, especialmente ao vivo, e seu carisma é próximo de zero. No entanto, como ela aparentemente tem plena consciência dessas limitações, procura não atrapalhar o time e sabe desempenhar seu papel sem buscar os holofotes. Seu brilho ficou todo na camisa prateada com glitter pra todos os lados que marcou seu visual de palco. Bem legal!

Após o início sombrio com a evocativa Elegia, o grupo inglês mandou ver um início bem rock and roller, com direito a Cristal, Transmission (do Joy Division), Age Of Consent e Singularity. De tirar o fôlego. A faceta mais eletrônica veio e trouxe os clássicos Bizarre Love Triangle, Perfect Kiss e a infalível Blue Monday, que fez com que o público presente em grande número literalmente tirasse a poeira do chão.

Com direito a um telão de alta definição disparando vídeos preparados para ilustrar cada canção no melhor estilo clipes, o show agradou bastante, mesmo com Sumners arrancando umas vaias ao agradecer o apoio dos fãs com um “muchas gracias” em algumas ocasiões. Ele justificou, em inglês: “eu não sei falar português, exceto ‘obrigado'”. Pior foi ter falado do Manchester United…Sigamos adiante!

No final, um bis simplesmente matador, com direito a duas pérolas preciosas, Atmosphere e Love Will Tear Us Appart, e a frase bem grande no telão: Forever Joy Division. O show se encerrou com 1h40 de duração, sendo que as duas últimas músicas foram executadas quando os fogos de artifício que marcavam o fim do festival já espocavam por todo o autódromo de Interlagos, por volta das 22h10 da noite do domingo.

Ceremony, New Order, ao vivo no Lollapalooza Brasil 2014:

Age Of Consent, New Order, ao vivo no Lollapalooza Brasil 2014:

Live Music-Europe 2010- Joe Jackson Trio (2011- Razor & Tie)

Por Fabian Chacur

Joe Jackson é um dos grandes nomes surgidos no que se convencionou chamar de New Wave, no fim dos anos 70. Há quem o conheça apenas pelo hit Steppin’ Out, de 1982, ou quem sabe por Is She Really Going Out With Him, de 1979, o que é uma pena, pois esse cantor, compositor e tecladista britânico tem uma obra caudalosa e repleta de grandes momentos, como esse Live Music Europe 2010.

Com formação erudita e jazzística, Joe Jackson é no entanto um roqueiro por excelência. Na verdade, um fã de música que não tem pudores em misturar todas as suas influências e gerar uma sonoridade com apelo pop, mas repleta de sutilezas e com direito a canções simplesmente arrebatadoras. De quebra, ele também é um ótimo cantor, o que dá a seu trabalho uma consistência musical incrível.

Se é excelente nos estúdios de gravação, ao vivo ele simplesmente arrasa, improvisando com rigor jazzístico mas nunca deixando o virtuosismo atrapalhar a fluência das músicas que interpreta. Todos os seus discos ao vivo são muito legais, e este aqui, gravado durante vários shows em sua turnê europeia de 2010 não foge à regra, sendo mesmo um de seus melhores nesse formato, flagrando-o bem à vontade e solto.

Ao seu lado, compondo o Joe Jackson Trio, dois músicos que o acompanhavam no início de sua carreira: o baixista e vocalista de apoio Graham Maby, espécie de braço direito que está com ele em boa parte de sua trajetória solo, e o baterista e vocalista de apoio Dave Houghton, que o reencontrou há dez anos e vem se mantendo por perto nessa última década. Um trio simplesmente estupendo e entrosado até a medula.

Valendo-se apenas de alguns loops e recursos eletrônicos pré-gravados aqui e ali, o trio se mostra afiadíssimo. O repertório investe em canções de várias fases da carreira de Jackson, desde Got The Time e Sunday Papers, dos tempos da new wave, passando por Cancer, Chinatown, Slow Song e Another World, de sua obra-prima Night & Day (1982) e chegando à recente Still Alive, de 2004.

Os arranjos seguem os originais, mas abrem caminhos para novos elementos musicais e solos inspiradíssimos de Joe Jackson nos teclados. A trinca de covers que ele faz na sequência, no meio do show, é matadora: Girl, dos Beatles (no melhor esquema voz e piano), Inbetweenies (do saudoso Ian Dury) e Scary Monsters (de David Bowie), esta última nervosa e rocker.

Ao fim das 12 faixas que compõem o repertório de Live Music Europe 2010, será inevitável você ouvir de novo e de novo, pois além do repertório ser ótimo, a sequência de músicas e a performance da banda arrebatam o ouvinte. Duvido que alguém de bom gosto ouça esse álbum (que infelizmente não saiu no Brasil) e não se sinta tentado a descobrir mais músicas desse verdadeiro gênio pop. Faça isso, você não irá se arrepender…

Scary Monsters, com o Joe Jackson Trio:

Girl, com Joe Jackson:

Porque sou fã da Debbie Harry e do Blondie

Por Fabian Chacur

Graças ao amigo Daniel Vaughan, fiquei sabendo que nesta segunda-feira (1º) Debbie Harry está completando 68 anos. Nem lembrava que ela era da safra de 1945, que gerou craques da música popular do naipe de Eric Clapton, Bob Marley, Ivan Lins, Elis Regina e Gonzaguinha, só para citar alguns. Belo ano, heim?

Sou fã dessa cantora e compositora americana desde que Heart Of Glass estourou aqui no Brasil em 1978, faixa do ótimo álbum Parallel Lines. Ex-coelhinha do conglomerado Playboy de Hugh Hefner, ela encontrou no rock and roll o seu verdadeiro lugar, liderando uma das bandas mais interessantes da chamada new wave.

O grande barato do Blondie foi se valer da energia minimalista e furiosa do punk para abordar diversos outros universos musicais, entre os quais o rock básico, o então emergente rap, a disco music, o pop tradicional, a música latina e o que mais pintasse pela frente, sempre de forma original, descontraída e envolvente.

A voz gostosa e versátil de Debbie é o que dava liga a essa mistureba toda, além da contribuição efetiva dos músicos que a acompanhavam nessas aventuras todas. Resultado: hits certeiros e bons de se ouvir como os já citados e também Call Me, The Tide Is High, Union City Blues, Denis, Maria e tantos outros, curtidos nos quatro cantos do planeta.

Quando o Blondie deu um tempo, na primeira metade dos anos 80, Debbie Harry se dedicou ao trabalho de atriz em filmes como Videodrome (1983) e também a discos solo, entre os quais o badalado Koo Koo (1981, produção de Nile Rodgers, do Chic) e o simpático Rockbird (1986). A repercussão foi menor, mas o respeito a ela se manteve firme e forte.

Após sair de cena por quase vinte anos, o Blondie voltou com força total em 1999 com o hit Maria, e se mantém na ativa, lançando novos álbuns e fazendo shows por aí. Não vieram ao Brasil, infelizmente, mas quem sabe um dia? Enquanto isso, dou meus parabéns a uma das loiras mais envolventes, talentosas, inteligentes e importantes da história do rock.

Ouça One Day Or Another, do Blondie:

Ouça Rapture, do Blondie:

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