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Christine McVie em show do Fleetwood Mac

Por Fabian Chacur

Um belíssimo e desde já histórico reencontro ocorreu na noite desta quarta-feira (25) em Londres. A cantora, compositora e tecladista Christine McVie reviu no palco da O2 Arena seus ex-colegas de Fleeetwood Mac, banda que integrou durante três décadas e da qual saiu há mais de 10 anos. A estrela cantou e tocou teclados em sua composição Don’t Stop, para delírio da plateia presente.

Segundo post divulgado no site do NME, uma das mais importantes publicações musicais do Reino Unido e do mundo, Stevie Nicks, cantora da mitológica banda anglo-americana, garantiu que a ex-colega voltará a se juntar ao grupo no terceiro e último show deles na atual temporada na imensa O2 Arena, que será realizado nesta sexta-feira (27). Eles estão em plena turnê britânica atualmente, com shows bem concorridos.

Outro ex-integrante que esteve presente no local foi um de seus fundadores, o guitarrista e cantor Peter Green, presente no time de 1967 até 1970, quando saiu para investir em uma carreira solo. Nicks dedicou ao músico, considerado um dos grandes mestres do blues inglês, a música Landslide, interpretada por ele ao lado do atual guitarrista da banda, o soberbo Lindsey Buckingham, um dos meus grandes ídolos.

Tipo do show que eu adoraria ter presenciado, ainda mais no dia do meu aniversário! Será que um dia alguém irá tentar trazer ao Brasil o Fleetwood Mac? Que tal esse raio de Rock in Rio? Cruzemos os dedos, mas não sei se a banda estará na ativa em 2015, quando a próxima edição do festival será realizada no Brasil. Mas sonhar é preciso, sempre! Don’t stop dreaming!

Veja o Fleetwood Mac tocando Don’t Stop com Christine McVie em Londres:

The Rides é novo supergrupo de Stephen Stills

Por Fabian Chacur

Stephen Stills criou um dos primeiros supergrupos da história do rock, o Crosby, Stills & Nash, ao lado de Graham Nash e David Crosby, em 1968. Novamente se envolvendo no conceito de montar uma banda com integrantes previamente famosos, ele agora nos oferece The Rides, trio no qual tem como parceiros o jovem blueseiro Kenny Wayne Shepherd e um velho amigo, Barry Goldberg.

Shepherd tem 36 anos e ficou conhecido na segunda metade dos anos 90 graças a bons álbuns e shows nos quais mostrou talento como cantor e guitarrista de blues e rock. Por sua vez, Barry Goldberg foi tecladista da banda Electric Flag, surgida em 1967 e na qual atuou ao lado de lendas como Mike Bloonfield (guitarra), Buddy Miles (bateria) e Nick Gravenites (vocal).

Stills e Goldberg participaram juntos do mitológico álbum Super Session (1968). Aliás, segundo matéria publicada no site americano da revista Billboard, a reunião deles com Shepherd surgiu de sugestão do executivo do meio musical Bill Bentley de que o jovem músico deveria tentar fazer um trabalho na linha de Super Session, calcado na improvisação.

Can’t Get Enough, primeiro álbum do trio, sairá no dia 27 de agosto nos EUA, um lançamento da 429 Records. A produção ficou por conta de Jerry Harrison (ex-Talking Heads), e o repertório mescla composições próprias (entre as quais Word Game, composta por Stills nos anos 70) e covers como Search And Destroy (Iggy & The Stooges) e Rockin’ In The Free World (Neil Young), além de composições de Elmore James e Muddy Waters.

O álbum será divulgado com uma turnê pelos EUA que terá início no dia 28 de agosto em Nova York. Stills continua com o Crosby, Stills & Nash, com quem tocou no Brasil em maio de 2012, fez recente turnê pela Europa e planeja gravar um esperado álbum inédito, ainda sem previsão de ser concretizado, e também lançará uma autobiografia. Haja fôlego!

Enquanto isso, Kenny Wayne Shepherd reservou para o primeiro semestre de 2014 um novo trabalho em sua carreira solo composto por covers de clássicos obscuros do blues, do qual participaram astros do alto gabarito de Ringo Starr, Robert Randolph e Joe Walsh.

E o The Rides não parece um projeto efêmero, pelo visto. Na entrevista para a Billboard, Shepherd e Stills garantiram que já estão preparando material para o próximo álbum, que começaria a ser gravado em dezembro deste ano. A ideia é que esse segundo disco seja composto apenas por composições inéditas escritas pelos três músicos.

Eis as músicas de Can’t Get Enough, do The Rides:

Roadhouse
That’s a Pretty Good Love
Don’t Want Lies
Search And Destroy
Can’t Get Enough Of Loving You
Honey Bee
Rockin’ In The Free World
Talk To Me Baby
Only Teardrops Fall
Word Game

Veja vídeo com entrevistas dos integrantes do The Rides:

Ouça trechos das músicas de Can’t Get Enough, do The Rides:

Morre o grande J.J. Cale, autor de Cocaine

Por Fabian Chacur

Pode parecer banal dizer isso, mas em um mesmo dia, nascem, comemoram aniversário e morrem milhões de pessoas. Neste mesmo dia 26 (sexta) em que certamente muitos bebês se juntaram a nós e Mick Jagger comemorou 70 anos, deu-nos adeus aos 74 anos J.J. Cale, um dos grandes nomes da história do rock. Ele foi vítima de um ataque cardíaco e estava internado no hospital Scripps, em La Jolla, Califórnia.

Sempre que o nome desde cantor, compositor e guitarrista nascido em Oklahoma City no dia 5 de dezembro de 1938 é citado, o nome das canções After Midnight e Cocaine são lembradas, hits escritos por ele e gravados com sucesso por Eric Clapton respectivamente em 1970 (no álbum Eric Clapton) e em 1977 (no álbum Slowhand, leia a crítica de seu relançamento aqui). Mas sua obra é muito mais caudalosa.

Após ter sido criado na cidade de Tulsa, ele se mudou em 1964 para Los Angeles junto com os amigos Leon Russell e Carl Radle. E foi graças ao último que conheceu Eric Clapton. O mago da guitarra gravou After Midnight logo em seu primeiro álbum solo autointitulado, de 1970, e abriu as portas do mercado musical para J.J. Cale, que em 1972 lançou seu álbum de estreia, Naturally. Era o início fonográfico de uma belíssima trajetória.

O single com a música Crazy Mamma acabou se tornando seu maior hit como artista solo, atingindo em 1972 a posição de número 22 na parada americana. Ele lançou álbuns bastante badalados, como Troubadour (1976) e Grasshopper (1982), no qual seu estilo, mescla de rock, blues, folk e jazz, o tornou um sucesso de público e entre seus colegas músicos.

Também gravaram músicas de J.J. Cale grupos e astros do alto gabarito de Carlos Santana, Lynyrd Skynyrd, Tom Petty, Randy Crawford, Poco e Kansas, entre outros. Em 2006, gravou um disco em dupla com Eric Clapton, o ótimo The Road To Escondido, que não só vendeu bem como lhe rendeu um Grammy na categoria melhor álbum de blues contemporâneo.

Conheci J.J. na década de 80 graças ao grande amigo Giovanni Dell’Isola Neto, que me emprestou um disco dele, o ótimo Grasshopper. Essa é mais uma que devo a essa figura impoluta e conhecedor refinado do nosso velho e amado rock and roll. Uma grande perda, que só não é maior graças ao grande legado deixado por Cale para todos nós.

Ouça Troubador, de J.J. Cale, na íntegra, em streaming:

Ouça The Road To Escondido, de J.J. Cale e Eric Clapton, em streaming:

Bruce Springsteen tocará em SP em setembro

Por Fabian Chacur

Após 25 anos, Bruce Springsteen voltará a se apresentar em São Paulo. A produtora XYZ Live anunciou nesta sexta-feira (26) que o lendário roqueiro americano cantará na cidade no dia 18 de setembro, no Espaço das Américas. A venda dos ingressos, cujos preços ainda não foram divulgados, ocorrerá a partir do dia 31 de julho no site www.livepass.com .

Bruce Springsteen fez seu único show até agora no país em outubro de 1988 no estádio Palestra Itália (SP) como principal atração do evento Human Rights Now!, em prol da Anistia Internacional, no qual fez uma apresentação histórica ao lado de nomes como Sting, Peter Gabriel, Milton Nascimento e Tracy Chapman.

O roqueiro também é atração no Rock in Rio, onde será o headliner no dia 21 de setembro. O fato de os ingressos para esse e todos os outros shows do megafestival terem se esgotado contribuiu para que artistas envolvidos em seu elenco pudessem marcar shows em outras cidades, como forma de capitalizar suas presenças no país.

Nascido em 23 de setembro de 1949, Bruce Springsteen lançou seu primeiro álbum, Greetings From Ashbury Park, N.J., há exatos 30 anos. Ele se tornou uma estrela no cenário rocker americano em 1975 com o contundente Born To Run, considerado um dos melhores álbuns de rock de todos os tempos.

Nos anos 80, tornou-se um nome mundial de uma vez por todas graças ao impacto do álbum Born In The USA (1984), que inclui hits potentes como a faixa título, Dancing In The Dark e Glory Days, entre outros. Desde então, o músico não saiu mais dos primeiros postos dos charts, sempre com shows lotados.

As marcas presentes em seu currículo são impressionantes. Mais de 120 milhões de discos vendidos, 20 troféus Grammy (o Oscar da música), um Oscar de verdade, e por aí vai. Seus shows são sempre intensos e vibrantes, costumando durar mais de três horas e sacudindo até defuntos, com direito a uma banda vigorosa.

Wrecking Ball (2012), seu mais recente CD, foi o 10º de sua discografia a atingir o primeiro lugar na parada americana, além de receber fartos elogios por parte da crítica especializada. Ou seja, o público brasileiro pode esperar mais um verdadeiro banho do melhor rock and roll.

Ouça Wrecking Ball, de Bruce Springsteen, na íntegra, em streaming:

Filme mostra a história do Sound City

Por Fabian Chacur

O que nomes tão diferentes entre si como Fleetwood Mac, Dio, Nirvana, Barry Manilow e Rage Against The Machine tem em comum? Todos gravaram discos no Sound City, um dos estúdios mais badalados da história da música popular. Sua fascinante história é o mote do documentário Sound City, já disponível no Brasil em DVD e Blu-ray.

A ideia do filme surgiu da mente de Dave Grohl, que viu sua carreira ganhar projeção mundial após gravar o álbum Nevermind com o Nirvana por lá em 1991. Mal sabia ele que aquele estouro também significaria muito para o Sound City, naquele momento em vias de fechar.

A história desse mitológico estúdio teve início em 1969, quando Joe Gottfried se associou a Tom Skeeter e ambos iniciaram o estúdio no espaço antes usado pela empresa britânica Vox em Van Nuys, Los Angeles, Califórnia. Os anos iniciais não foram muito animadores, embora Neil Young e até o abominável Charles Manson tenham gravado por lá.

A coisa embalou quando os proprietários resolveram investir em uma mesa de gravações de primeira e encomendaram um modelo exclusivo da inglesa Neve. As primeiras gravações feitas nela tiveram como protagonistas dois então ilustres desconhecidos: o cantor e guitarrista Lindsey Buckingham e a cantora Stevie Nicks.

O então casal gravou por lá o álbum Buckingham Nicks (1973), que mais de um ano depois serviu como apresentação da qualidade técnica do local para o baterista Mick Fleetwood, do Fleetwood Mac, que procurava um lugar para gravar o novo álbum da banda. Ele também procurava um guitarrista, e se apaixonou pelo som de Buckingham.

O músico impôs a entrada no grupo da namorada para aceitar o convite. Isso se concretizou, e o novo Fleetwood Mac gravou seu primeiro disco com a nova escalação por lá. O estouro daquele álbum autointitulado, lançado em 1975, não só impulsionou a banda rumo ao estrelato, como tornou o Sound City um dos mais badalados estúdios dos EUA.

O documentário de Dave Grohl mostra essa história com detalhes e depoimentos dos músicos que por lá gravaram clássicos do rock, gente do naipe de Tom Petty, os integrantes do Fleetwood Mac, Ronnie James Dio, Rick Springfield e até mesmo Barry Manilow, que gravou um disco de sucesso mediano por lá (Here Comes The Night, de 1982, com o hit Memory) e aparece como verdadeiro ET no filme.

O contraste entre a qualidade da mesa de som e da ambiência para a gravação de bateria do local e o aspecto de boteco de beira de estrada das suas instalações (sujo, poeirento, com móveis velhos) é bem apresentado, com direito a belos depoimentos de antigos funcionários, entre eles o consagrado produtor Keith Olsen.

Símbolo das gravações feitas com o sistema analógico, o Sound City viveu uma fase de vacas magras no fim dos anos 80, quando a tecnologia digital começou a tomar conta, mas o estouro de Nevermind deu a ele uma sobrevida, e a gravação por lá de clássicos como o disco de estreia do Rage Against The Machine e álbuns de Johnny Cash, Carl Perkins e Queens Of The Stone Age, entre outros.

A origem do documentário surgiu no momento em que Dave Grohl soube que o Sound City enfim iria fechar, e resolveu tentar comprar a célebre mesa Neve 8028. Quando a comprou e a levou para seu novo estúdio, o 606, ele decidiu fazer um filme registrando a história de lá e também uma outra, tão fascinante quanto.

Como forma de inaugurar o 606, Grohl teve a ideia de gravar um álbum com alguns amigos famosos, entre os quais Stevie Nicks, Paul McCartney, Butch Vig (produtor de Nevermind e líder da banda Garbage), o também ex-Nirvana Krist Novoselic, todo focado em músicas inéditas. O CD, intitulado Real To Reel e também já lançado por aqui, é ótimo, e os bastidores de suas gravações são a outra metade de Sound City.

Além de boa músicas e a revelação de incríveis bastidores da história do rock, o filme traz depoimentos do próprio Tom Skeeter, e de Rick Springfield admitindo de forma emocionante o jeito não muito correto com que se desligou de Joe Gottfried como empresário. Segundo ele, houve tempo para se desculpar com Gottfried antes de sua morte, ocorrida em 1992.

Sound City agrada como documentário histórico, documentário musical e puro entretenimento, e serve como uma bela homenagem ao estúdio que enfim encerrou suas atividades em 2011, não sem deixar saudades nos fãs do rock and roll. E a mesa Neve continua na ativa, graças a Dave Grohl. Esse cara é realmente incrível, e seu filme, idem.

Veja o trailer do documentário Sound City:

Wings Over America enfim sai em CD no Brasil

Por Fabian Chacur

Wings Over America saiu originalmente em dezembro de 1976 no formato vinil triplo e equivale ao registro da histórica turnê que marcou o auge comercial dos Wings, segundo grupo da carreira de um certo músico chamado James Paul McCartney. A primeira, imagino que todos vocês saibam qual foi. The Beatles, acho eu…

Gravado ao vivo durante shows da turnê norte-americana do grupo, Wings Over America conseguiu a façanha de atingir o primeiro lugar na parada ianque, além de vender muito bem no resto do mundo. Por aqui, o álbum saiu no formato vinil pela gravadora EMI Odeon, mas na era do CD, só apareceu em nossas lojas na versão importada.

Pois agora, como parte da belíssima série Paul McCartney Archive Collection, que está recolocando no mercado com novas embalagens e versões remasterizadas os clássicos da carreira pós-beatle de McCartney, enfim esse álbum ao vivo chega por aqui em formato digital, como CD duplo e em uma charmosa embalagem digipack.

Vamos primeiro aos pontos fracos. O álbum traz um encarte com meras oito páginas incluindo apenas algumas fotos inéditas e pouquíssima informação. O encarte da edição original em CD lançada no exterior ao menos trazia um encarte com 16 páginas com fotos e desenhos bacanas reproduzidos do encarte do LP de vinil.

Se você por ventura estiver com uma conta bancária bacana, no entanto, pode adquirir a Deluxe Edition Box Set (a foto que ilustra este post), disponível apenas em lojas que trabalham com produtos importados. A box set é de deixar o fã arrepiado, de tão atrativa. Além dos dois CDs remasterizados, ele traz um álbum adicional, gravado durante a mesma turnê no Cow Palace, em San Francisco, com oito faixas.

Achou pouco? Pois aí vai o resto do pacote: um DVD com o registro do especial de TV Wings Over The World (com mais de uma hora de duração) e quatro livros (eu disse quatro!), trazendo fotos da turnê, desenhos e muitas curiosidades. E não é só isso! Também temos reprodução de crachás e outras memorabilias. Saiba mais aqui.

O problema é o preço. São “apenas” 144 libras na loja virtual da Amazon, algo em torno de R$ 500 (ou mais, dependendo de quem o importar para você). Ou seja, melhor ficar com a versão nacional mesmo, apesar dos pesares. E aí entra o lado bom da coisa: o conteúdo musical deste álbum é simplesmente imperdível.

Na época, Paul relutava um pouco em tocar músicas dos Beatles nos shows dos Wings. Das 30 músicas executadas, apenas cinco vieram do repertório dos Fab Four. Temos também dois covers, Richard Cory (de Simon & Garfunkel) e Go Now (dos Moody Blues), ambas com o guitarrista e cantor Denny Laine nos vocais (ele integrou os Moody Blues em sua fase inicial).

De resto, temos uma bela seleção de hits e canções legais dos discos solo de Paul e daqueles que ele creditou aos Wings, banda que teve várias formações, sendo a melhor delas exatamente a presente neste álbum: Paul (baixo, guitarra, teclados, violão e vocal), Denny Laine (guitarra, violão, baixo, teclados, percussão e vocal), Jimmy McCulloch (guitarra, vocal, baixo, violão), Linda McCartney (teclados e vocais) e Joe English (bateria).

Além dos integrantes oficiais, nos shows desta turnê acompanharam a banda uma sessão de metais integrada por Tony Dorsey, Howie Casey, Steve Howard e Thaddeus Richard, que davam uma sonoridade mais encorpada e próxima até mesmo da soul music, especialmente em músicas como Call Me Back Again, Go Now e Let Me Roll It. Ou seja, é um álbum ao vivo bem diferente dos lançados pelo autor de Yesterday a partir dos anos 1990.

A performance dos Wings neste álbum é das melhores, com McCartney esbanjando boa voz e pique, no auge de seus 34 anos de idade. Venus And Mars, Rock Show, Jet, Lady Madonna, Bluebird, Live And Let Die, Listen To What The Man Said, Hi Hi Hi, é uma música boa atrás da outra. O álbum se encerra com o rockão até então inédito Soily.

Wings Over America é um daqueles trabalhos gravados ao vivo realmente essenciais, além de ser o primeiro live album oficial da carreira de Paul McCartney. Um artista que sempre primou por uma performance impressionante em cima dos palcos, algo que ele mantém até hoje, quando acaba de comemorar 71 anos de idade.

Ouça Wings Over América, com os Wings, na íntegra:

Morre Trevor Bolder, do Uriah Heep e Spiders

Por Fabian Chacur

O mundo do rock perdeu nesta terça-feira (21) um de seus grandes baixistas. Trata-se do britânico Trevor Bolder, que nos deixou aos 62 anos após lutar contra um câncer que o obrigou a deixar os palcos e estúdios de gravação no início deste ano. A notícia foi divulgada pelo site oficial do grupo Uriah Heep.

Nascido em 9 de junho de 1950, Trevor Bolder começou no mundo do rock atuando nos grupos The Rats e Rono ao lado do guitarrista Mick Ronson. Ele e o amigo ficariam famosos ao integrar pouco tempo depois a banda Spiders From Mars, que entre 1972 e 1973 acompanharia David Bowie na fase glam rock/glitter rock de sua carreira.

Bolder tocou baixo nos álbuns Hunky Dory (1971), The Rise And Fall Of Ziggy Stardust And The Spiders From Mars (1972), Alladin Sane (1973) e Pin Ups (1973), além de ter participado das turnês que Bowie fez naqueles anos históricos.

Em 1976, o baixista entrou no Uriah Heep, célebre banda de heavy metal da qual fez parte até o início de 2013, com um pequeno hiato, entre 1981 e 1983, período no qual esteve em outro grupo bastante badalada no cenário roqueiro de então, os também britânicos Wishbone Ash.

Na primeira visita do Uriah Heep ao Brasil, ocorrida em julho de 1989, Trevor estava no time, ao lado de Mick Box (guitarrista e líder do grupo), Lee Kerslake (bateria), Bernie Shaw (vocal) e Phil Lanzon (teclados). Eles tocaram no Rio (4 e 5/7, no Canecão) e São Paulo (7, 8 e 9/7 no Olympia), atraindo as atenções dos fãs de rock pesado.

Tive a honra de participar da entrevista coletiva concedida pela banda, realizada no Hilton Hotel (então situado no centro de São Paulo) no dia 7 de julho de 1989, e consegui autógrafos dos músicos no então recém-lançado Live In Moscow, álbum gravado ao vivo na antiga União Soviética que saiu por aqui pela extinta gravadora RGE (Legacy Records na Inglaterra) e não incluído, sabe-se lá o porque, na discografia oficial da banda.

Após a coletiva, consegui conversar rapidamente com Trevor, que se mostrou muito simpático e respondeu duas perguntas adicionais sobre sua participação nos Spiders From Mars. Para ele, os registros ao vivo dos shows da banda não davam a exata medida de como aquelas apresentações foram excitantes. Gente fina. Que descanse em paz. Viverá para sempre nos discos de Bowie e do Uriah Heep de que participou com brilhantismo.

Ouça The Rise And Fall Of Ziggy Stardust And The Spiders From Mars, na íntegra:

Old Sock é Eric Clapton solto e despretensioso

Por Fabian Chacur

Depois de passar por fases não muito favoráveis em sua vida, Eric Clapton aparentemente sossegou neste novo século em termos pessoais. Casado desde 2002 e pai de três filhas, o mestre da guitarra investiu nos últimos 15 anos em bons projetos solo e em parcerias com craques do naipe de Steve Winwood, B.B.King e J.J.Cale.

Seu novo álbum individual, Old Sock, acaba de sair no Brasil via Universal Music, e é mais uma prova de como essa vida familiar mais tranquila aparentemente está influenciando de forma positiva em seu trabalho. Trata-se de um disco ensolarado, despretensioso e no qual seu talento surge com força.

O repertório do novo álbum não inclui nenhuma música assinada pelo cantor, compositor e guitarrista britânico. São 12 faixas, sendo 10 releituras de canções de artistas como J.J. Cale, Peter Tosh, Gary Moore, George & Ira Gershwin e Taj Mahal, e duas inéditas assinadas por seu guitarrista e braço direito nos últimos tempos, o guitarrista Doyle Bramhall II.

As canções de Doyle tem como coautores o coprodutor e técnico de som do álbum, Justin Stanley, e uma figura que andava meio sumida das manchetes: a cantora Nikka Costa. Sim, a filha do saudoso maestro Dom Costa (célebre por ter trabalhado com Frank Sinatra) que estourou nos anos 80, ainda criança, com a releitura de (Out Here) On My Own, gravada originalmente por Irene Cara para a trilha do filme Fama.

Após o estouro inicial, Nikka deu uma sumida mas voltou em 1989, e passou a gravar alguns discos de repercussão moderada. Ela hoje tem 41 anos e é casada com Justin Stanley, com o qual compõe músicas para diversos artistas, incluindo Eric Clapton. Nada mal para aquela menininha de voz ardida, mas bela. Aliás, ela também marca presença no álbum fazendo backing vocals (vocais de apoio).

As duas composições do trio Bramhall/Stanley/Nikka são os momentos mais pops do trabalho, o rockão Gotta Get Over (com participação discreta da grande Chaka Khan) e o delicioso reggae Every Little Thing. Nesta última, já que falei há pouco de crianças precoces, temos os vocais (na parte final da canção) de Julie, Ella e Sophie Clapton, filhas do roqueiro britânico.

O disco flui de forma gostosa e se divide entre reggaes, baladas folk e standards da música americana. Temos outras participações bacanas, além das já citadas. Taj Mahal, por exemplo, toca harmônica e banjo no seu reggae Further On Down The Road. J.J. Cale canta e toca guitarra na balada country de sua autoria Angel.

Paul McCartney retribuiu a participação de Clapton em seu Kisses On The Bottom e canta e toca baixo no maravilhoso standard All Of Me, que ganhou nova vida na versão da dupla. E tem também Steve Winwoond arrasando no órgão Hammond B3 na elegante e sutil releitura de Still Got The Blues, maior hit de Gary Moore.

Mas a grande estrela do álbum é mesmo o seu criador. Clapton está cantando como nunca, indo do rockão de Gotta Get Over à sutileza jazzística em Our Love Is Here To Stay e The Folks Who Live On The Hill, além do folk blues em Goodnight Irene e balada country em Born To Lose. E os solos de guitarra fluem delicados e repletos de emoção e amor.

Old Sock soa um pouco como aqueles discos lançados pelo astro britânico nos anos 70, como 461 Ocean Boulevard (1974) e Slowhand (1977). Trata-se do novo trabalho de um artista genial que se sente livre para cantar e tocar aquilo que quiser, sem desejar provar nada a ninguém e em plena maturidade de seus 68 anos bem vividos.

Ouça All Of Me, com Eric Clapton e Paul McCartney:

Filme traz inacreditável vida de Ginger Baker

Por Fabian Chacur

Que tal um documentário que abre com o personagem principal acertando uma certeira bengalada no nariz de seu respectivo diretor? É assim que tem início Beware Of Mr. Baker, que registra de forma brilhante e abrangente a trajetória de Ginger Baker,ex-integrante do Cream e considerado um dos melhores bateristas de todos os tempos. E também um ser humano inacreditável.

Jay Bulger, o diretor que tomou a porrada no nariz e sangrou de dar gosto, levou três anos para realizar o seu sonho. Ele passou três meses na casa de Baker, na África do Sul, período durante o qual teve a chance de conhecer a fundo seu personagem. Inicialmente, escreveu uma matéria para a Rolling Stone americana (leia aqui) publicada em agosto de 2009, quando o músico completava 70 anos. Depois, registrou as entrevistas com o músico em vídeo.

O documentário mergulha de cabeça na trajetória do baterista britânico nascido em 19 de agosto de 1939. Desde a infância, quando perdeu o pai aos 4 anos de idade durante a Segunda Guerra Mundial até os dias de hoje. Seu envolvimento com a música, as drogas, os relacionamentos afetivos, nada fica de fora.

Ginger Baker surge na tela como um indivíduo contraditório. Ora agressivo, ora afetivo, mas sempre controverso e capaz das maiores brigas, o que explica a duração sempre reduzida de seus projetos musicais. O Cream, por exemplo, considerado um dos grandes trios da história do rock (com Baker, Jack Bruce e Eric Clapton), durou apenas dois anos (1966 a 1968). O Blind Faith, menos ainda (nem um mísero ano).

A qualidade musical dessas diversas incursões, no entanto, sempre foi no mínimo interessante, e frequentemente seminal para a história da música. Os depoimentos de músicos do naipe de Bill Ward (Black Sabbath), Neil Peart (Rush), Johnny Rotten (Sex Pistols, PIL), Steve Winwood, Denny Laine (Wings), Stewart Copeland (The Police), Eric Clapton e Jack Bruce (Cream), entre outros, sustentam essa visão durante o documentário.

As entrevistas com seus familiares, incluindo quatro ex-mulheres, duas filhas e o filho Kofi (que também é baterista) servem como ilustração de seu temperamento difícil. Kofi acha que o pai não deveria ter tido filhos, enquanto uma das ex-esposas questiona se Ginger merece elogios por sempre ir em frente ou críticas por não ter capacidade de consolidar seus relacionamentos pessoais e profissionais, fugindo no fim das contas.

Além das excelentes entrevistas feitas especialmente para o filme, temos também belíssimas animações ilustrando vários momentos da vida do músico, incluindo alguns pornográficos e outros com mapas contextualizando suas várias viagens pelo mundo durante sua longa trajetória de vida. Ele morou na Inglaterra, Itália, Nigéria, EUA e África do Sul.

O título do filme teve como inspiração a placa que o ex-integrante do Cream colocou na entrada de sua casa na África do Sul (Beware Of Mr. Baker- cuidado com Mr. Baker). Durante a atração, temos acesso também a seu amor aos cavalos e cães, sua faceta como jogador de cricket e a relação sempre complicada com as drogas.

Jazzista, roqueiro, precursor do heavy metal e da world music, capaz de jogar no lixo milhões de dólares em diferentes épocas de sua vida, Ginger Baker é um personagem que nem o autor mais criativo conseguiria conceber, tal a sua complexidade como músico e ser humano.

Beware Of Mr. Baker foi exibido durante a edição 2013 do festival In-Edit de documentários musicais em São Paulo e é um dos melhores trabalhos nesse setor que já vi nos meus 51 anos de vida. E olha que sou um verdadeiro devorador de documentários musicais…

Duas notas finais: o produtor de Beware Of Mr. Baker é Fisher Stevens, que fez inúmeros trabalhos bacanas como ator, um deles na maravilhosa e extinta série televisiva Early Edition, além de ter namorado com Michelle Pfeifer nos anos 80, quando ela estava no auge. E em uma cena de arquivo, temos a chance de ver Mr.Baker cair sentado no palco, obviamente encharcado de drogas e quetais…

Veja o trailer de Beware Of Mr. Baker:

Morre Richie Havens, destaque de Woodstock

Por Fabian Chacur

Morreu nesta segunda-feira (22) em sua casa em Jersey City (New Jersey, EUA) o cantor, compositor e músico Richie Havens, um mestre da música folk. Destaque no festival de Woodstock em agosto de 1969, no qual fez o show de abertura, o artista americano foi vítima de um ataque cardíaco, e tinha 72 anos de idade.

Richie nasceu em 21 de janeiro de 1941, e começou sua trajetória artística atuando em dois segmentos seminais da música negra norte-americana, o doo-wop e o gospel. Posteriormente, mergulharia de cabeça na música folk, mas nunca deixando de lado o delicioso tempero fornecido por suas opções iniciais na música.

Sua atuação no festival de Woodstock, em 1969, ajudou a lhe abrir as portas em termos de popularidade, especialmente após o lançamento do documentário sobre o evento, no qual aparece em apaixonada e vibrante atuação interpretando a canção Freedom, que virou sua marca registrada. Ele a regravaria (muito bem, por sinal) em 2009 para a trilha do delicioso filme Aconteceu Em Woodstock (Taking Woodstock, 1969), de Ang Lee.

Além de compor músicas, Havens também se mostrou em sua carreira um brilhante releitor de composições alheias, especialmente de Bob Dylan e dos Beatles. Um de seus maiores sucessos foi Here Comes The Sun, de George Harrison, assim como Eleanor Ribgy (Lennon-McCartney) e Just Like a Woman (Dylan), entre outros covers inspirados.

Dessas releituras, uma de minhas favoritas é Arrow Through Me, que Paul McCartney escreveu e lançou no último álbum dos Wings, Back To The Egg (1979). A versão de Richie Havens está no álbum Simple Things (1987), que se não me falha a memória me foi apresentada pelo amigo Giovanni Dell’Isola Neto.

O astro americano lançou uma autobiografia, They Can’t Hide Us Anymore, em 2000. O último álbum de inéditas de Havens, Nobody Left To Crown, saiu em 2008. Ele também participou do filme Não Estou Lá (I’m Not There, 2007) interpretando a canção Tombstone Blues, de Bob Dylan, em cuja vida o filme foi inspirado.

Em março deste ano, Richie Havens anunciou o fim de sua carreira em termos de turnês e shows, alegando problemas de saúde. Infelizmente, o temor em torno de sua morte acabou se concretizando de forma mais rápida do que o esperado. Fica a saudade de mais um grande nome revelado no mais icônico festival de rock de todos os tempos que nos deixa.

Ouça Arrow Through Me, com Richie Havens:

Freedom, com Richie Havens, do filme Woodstock:

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