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Inmigrantes mostra força do rock argentino em seu álbum America

Inmigrantes_4_America_Creditos_ Nora Lezano

Por Fabian Chacur

Cada dia, fica mais claro o quanto perdemos ao não pesquisarmos mais sobre o rock feito nos países latinos. Um bom exemplo da alta qualidade de alguns desses trabalhos é o duo argentino Inmigrantes. Na ativa desde 2004, os irmãos Pablo (piano acústico) e Carlos (vocal) nos oferecem um trabalho bastante consistente que agora gera um novo álbum, America, que será disponibilizado na íntegra nesta sexta (29) nas plataformas digitais, pelo selo americano One Little blue Record e distribuído pela Ingrooves Brasil.

A discografia do Inmigrantes, que se apresentou ao vivo no sul do Brasil em 2015, 2016 e 2018, inclui o álbum Turistas En El Paraiso (2007) e os EPs Surplus (2013) e Máquinas de Amor (2017). As gravações do material contido em America ocorreram em outubro de 2018 e fevereiro de 2020 em Los Angeles, com produção a cargo de Ettoré Grenci, que também se incumbiu dos teclados.

Das oito faixas do novo trabalho, cinco foram sendo lançadas como singles durante 2020. São elas Cenit (veja o clipe aqui), Propaganda, Céu de Luisa, La Melodia de Nelson e Halloween (veja o clipe aqui). Completam o set list do álbum as inéditas America, Nube Negra e Diabla.

Em press release enviado à imprensa, os irmãos Silberberg explicam o conceito em torno do álbum:”America é o sonho que se renova a cada repetição, um sonho que vive na memória. Suas canções surgiram em viagens, viajando por países, paisagens, são aventuras que retratam o belo e o misterioso, invocando o passado e um futuro que ainda não chegou. Em America estão as respostas para muitas de nossas perguntas.”

A sonoridade do Inmigrantes tem fortes influências da releitura da psicodelia sessentista feita durante a década de 1980, com direito a vocais etéreos e bem concatenados, belas melodias e variações rítmicas indo das baladas aos rocks mais energéticos. Outra influência detectável é o conterrâneo Fito Paez.

Céu da Luisa (clipe)- Inmigrantes:

America celebra 50 anos de carreira com coletânea de hits

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Por Fabian Chacur

Em 2020, o grupo America completará 50 anos de carreira. Como forma de antecipar a celebração desta data tão significativa, ainda mais se levarmos em conta que esta banda continua na estrada, a Warner Music está lançando uma nova coletânea com os hits dos caras. O título é America 50th Anniversary Golden Hits, e o bacana fica por conta de que teremos uma edição em CD no Brasil, além da habitual disponibilização nas plataformas digitais que marcam a atual era da música.

O repertório desta compilação inclui 15 faixas, sendo 12 delas as mesmas que integram a mais clássica compilação de hits do grupo formado na Inglaterra em 1970, entre os quais as maravilhosas A Horse With No Name, I Need You, Ventura Highway, Tin Man e Sister Golden Hair. Este álbum, intitulado History: America’s Greatest Hits, saiu em 1975 e vendeu milhões de cópias no mundo todo, inclusive no Brasil, onde já fizeram diversos shows.

As três faixas adicionais são o único hit da banda na década de 1980, a deliciosa You Can Do Magic (lançada na época pela Capitol Records), e duas outras que, embora não tenham sido propriamente sucessos, são muito legais: Amber Cascades, do CD Hideaway (1976) e God Of The Sun, do álbum Harbor (1977).

O America, apesar do nome, foi criado na Inglaterra por três filhos de militares americanos servindo por lá: os americanos Gerry Beckley e Dan Peek e o inglês Dewey Bunnel. Eles estouraram logo com o seu álbum de estreia, autointitulado (de 1971), que atingiu o primeiro lugar na parada americana e lhes rendeu um Grammy na categoria de artista revelação.

No currículo, o trio teve vários álbuns produzidos por ninguém menos do que George Martin, o mesmo dos Beatles, e uma inspirada fusão de rock, country, folk e pop. Em 1977, com a saída de Dan Peek (que investiu a partir daí em uma carreira-solo e nos deixou em 2011), o grupo prosseguiu como um duo e, se não teve muito sucesso em termos comerciais, continuou lançando discos de forma mais espaçada e fazendo turnês pelos quatro cantos do planeta.

Eis as faixas de 50th Anniversary: The Collection:

– A Horse With No Name
– I Need You
– Sandman
– Don’t Cross The River
– Ventura Highway
– Only In Your Heart
– Muskrat Love
– Tin Man
– Lonely People
– Daisy Jane
– Woman Tonight
– Sister Golden Hair
– Amber Cascades
– God Of The Sun
– You Can Do Magic

God Of The Sun– America:

George Martin, esse produtor genial, nos deixa aos 90 anos

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Por Fabian Chacur

Pode um sim mudar não só a vida dos envolvidos em um determinado acontecimento, como também a história da música? Pois essa palavra mágica foi proferida em 1962 por um certo George Martin, contratando dessa forma os então desconhecidos e rejeitados Beatles para o pequeno selo Parlophone. O que aconteceu a partir dali, todos sabemos. Infelizmente, esse gênio nos deixou, por causas ainda não reveladas, aos 90 anos. O produtor por excelência.

Nascido na Inglaterra em 3 de janeiro de 1926, George Martin serviu a Marinha de seu pais e logo a seguir entrou na Guildhall School Of Music And Drama, na qual aprendeu composição, orquestração e a tocar o oboé. Ele começou a atuar no meio musical no Parlophone, pequeno selo ligado à gigante EMI, e depois de alguns anos se tornou o diretor de A&R de lá em 1955. Os discos de comédia que produziu para Peter Sellers e Peter Ustinov se tornaram famosos, e um de seus fãs era John Lennon.

Os Beatles e seu empresário Brian Epstein levaram sua fita demo para a Parlophone em total desespero, pois até ali já haviam sido rejeitados por literalmente todas as gravadoras atuantes na Inglaterra, incluindo a matriz do selo dirigido por Martin. A principal rejeição havia sido da Decca, e foi com as gravações que eles fizeram nos estúdios dessa gravadora que o grupo tentou seduzir Martin.

O produtor ouviu e não curtiu muito, mas teve sensibilidade suficiente para perceber que havia algo importante ali, só que ainda mal trabalhado. Em junho de 1962, ele resolveu contratar a banda, embora não botasse muita fé em seu baterista, Pete Best. A troca por Ringo Starr acabou ocorrendo durante as gravações do primeiro compacto da banda, Love Me Do. Surgia uma parceria histórica.

A colaboração entre George Martin e os Beatles se tornou perfeita pelo fato de o produtor ter uma formação musical sólida, que se tornou decisiva conforme os Fab Four foram ampliando os seus horizontes musicais. Além disso, tinha uma paciência interminável para encarar os egos daqueles jovens talentosos, como demonstrou ao sugerir a inclusão de um quarteto de cordas na gravação da música Yesterday, algo que Paul McCartney não admitia inicialmente.

Difícil imaginar álbuns elaborados como Rubber Soul, Revolver, Sgt. Peppers, The Beatles (o álbum branco) e Abbey Road sem a batuta de George Martin. Ele foi um dos responsáveis pela solidificação da aproximação do rock com a música erudita, e pela perfeita simbiose entre esses segmentos tão distintos do cenário musical.

A partir de 1965, Martin deixou a EMI e se tornou um dos primeiros produtores independentes na Inglaterra, além de criar seu próprio estúdio, o Air, que entre 1979 e 1989 teve uma filial na paradisíaca Montserrat, no Caribe, onde The Police, The Rolling Stones e Stevie Wonder gravaram. Pena que uma catástrofe tropical (o funesto furacão Hugo) acabou arrasando com aquele estúdio dos sonhos, anos depois.

Com o fim dos Beatles, George Martin continuou firme e forte sua trajetória. Trabalhou com Paul McCartney, o beatle mais apegado a ele, em Live And Let Die (canção tema de filme da franquia James Bond) e nos álbuns Tug Of War (1982), Pipes Of Peace (1983), a trilha do filme Give My Regards To Broad Street (1984) e Flaming Pie (1997).

Se tivesse trabalhado “apenas” com os Beatles, George Martin já mereceria canonização. Mas ele também produziu discos e faixas de outros grandes nomes da música, entre os quais America, Cheap Trick, Mahavishnu Orchestra, Jeff Beck, Kenny Rogers, Ella Fitzgerald e Neil Sedaka. Ele compôs música incidental para vários filmes, sendo a melhor a de Yellow Submarine (1968), com a sublime Pepperland.

George Martin gravou alguns discos, como Off The Beatles Track (1964), que traz versões instrumentais dos sucessos dos Fab Four. Em 1997, ele produziu a nova versão de Candle In The Wind, gravada por Elton John em homenagem a Princesa Diana. Em 1998, como forma de marcar a sua despedida da música, devido a problemas de audição que começavam a afligi-lo, ele resolveu lançar um CD de despedida.

Intitulado In My Life, o álbum trouxe onze composições dos Beatles e uma dele (Pepperland Suite) regravadas por astros da música como Phil Collins, Celine Dion, Bobby McFerrin e Jeff Beck, e atores como Goldie Hawn, Sean Connery, Robin Williams e Jim Carrey. O resultado ficou muito bom, e uma das marcas é o fato de ele ter trabalhado com o filho Giles Martin, que herdou o talento do pai e enveredou para o mundo da produção musical, com sucesso.

Para quem deseja saber mais sobre o profissional e o ser humano George Martin, vale assistir Produced By George Martin, documentário lançado em 2012 (saiu em DVD no Brasil) que dá uma bela geral em sua trajetória e traz depoimentos de Paul McCartney, Ringo Starr, Jeff Beck e outros. A humildade e a serenidade do cara eram impressionantes. Ainda bem que ele disse aquele sim no já distante ano de 1962. Eis o que eu chamo de um sim seminal!

Ouça o CD In My Life, de George Martin, em streaming:

Pepperland– George Martin:

Off The Beatle Track- George Martin And His Orchestra:

Documentário mostra o genial George Martin

Por Fabian Chacur

Há exatos 50 anos, um jovem produtor britânico resolveu contratar uma ainda mais jovem banda de Liverpool que havia sido recusada por literalmente todos os seus concorrentes, incluindo a matriz do conglomerado do qual seu humilde selo Parlophone fazia parte, a EMI. Houve até quem o ironizasse. Gostaria de ver a cara desses detratores hoje…

Graças a essa decisão arriscada, o tal produtor, Sir George Martin, deu a primeira e decisiva chance para que os Beatles pudessem exibir seu talento. Nos anos seguintes, eles não só dominariam o mundo como se tornariam o mais importante grupo de música da história, seja qual for o seu estilo musical. Beatles For Ever!

Para quem deseja saber um pouco mais sobre a vida desse profissional incrível e ser humano aparentemente adorável, acaba de sair por aqui, via ST2, o documentário Produced By George Martin, que saiu este ano e foi exibido por aqui na edição 2012 do festival de documentários musicais In-Edit.

Nele, temos o relacionamento entre ele e os Beatles como tema principal, incluindo entrevistas recentes com Paul McCartney e Ringo Starr ao lado do mestre. Mas a trajetória desse verdadeiro mito da música nascido no Reino Unido em 3 de janeiro de 1926 é apresentada em toda a sua amplitude, indo além de “apenas” relacionar sua vida com os Fab Four.

Do início como estudante de música aos tempos da 2ª Guerra Mundial, o emprego como produtor na EMI, a conquista do cargo de diretor artístico do selo Parlophone, a produção de discos de comédia com o ator Peter Sellers e a descoberta de John, Paul, George e Ringo estão aqui. Também temos outros momentos marcantes de seu extenso currículo.

Entre eles, o trabalho de Martin com grupos como America, Mahavishnu Orchestra, Jeff Beck e outros, a criação de seu próprio estúdio, o Air, a forma como a versão caribenha, situada na ilha de Montserrat, foi devastada por uma dessas terríveis manifestações da natureza, e de como ele luta contra a surdez. O relacionamento com o filho, o também produtor Gilles, é outro foco bacana da atração bancada pela BBC.

Além do filme, o DVD traz como atratativo 52 minutos de material adicional, o que torna a experiência de conhecer um pouco da vida de George Martin ainda melhor. Meu amigo Raul Bianchi teve a honra de conhecer esse cara pessoalmente, quando Sir George Martin veio ao Brasil. É para se roer de inveja! Mas ao menos temos este DVD para minorar nosso prejuízo…

Veja o trailer de Produced By George Martin:

Harvest – Neil Young (1972, Reprise)

Por Fabian Chacur

Em 1972, Neil Young era um jovem veterano. Aos 27 anos, não só tinha lançado vários álbuns como integrante dos grupos Buffalo Springfield e Crosby,Stills, Nash & Young como também já possuia três ótimos trabalhos solo no currículo. A expectativa em torno do que viria a ser seu quarto álbum individual era das maiores, e não por acaso, afinal de contas.

Além do sucesso de púbico e crítica que estava obtendo como integrante do supergrupo montado ao lado de David Crosby, Stephen Stills e Graham Nash, Young havia se dado muito bem com o álbum solo After The Goldrush (1970), que ocupou o oitavo lugar na parada americana e rendeu clássicos como Tell Me Why, Only Love Can Break Your Heart, Don’t Let It Bring You Down e a faixa título.

Um sério problema com a coluna o impediu de tocar guitarra elétrica nas doses habituais e ajudou a direcionar o álbum rumo a uma sonoridade mais introspectiva e calcada em folk, country e rock, bem na linha do bittersweet rock que havia elevado James Taylor e Carole King ao estrelato no ano anterior. O violão tomava o centro do seu som.

Com o apoio de uma banda concisa e competente batizada Stray Gators, da qual faziam parte o experiente e talentoso produtor e arranjador Jack Nitzche (teclados e slide guitar), Ben Keith (steel guitar), Tim Drummond (baixo) e Kenny Buttrey (bateria), além da participação de alguns amigos famosos nos vocais de apoio, nascia Harvest, seu álbum mais bem-sucedido em termos comerciais e considerado uma de suas obras-primas.

Lançado em fevereiro de 1972, Harvest traz como faixas mais conhecidas dois singles matadores. Heart Of Gold e Old Man, dois country rocks melódicos, bem tocados, com letras evocativas e vocais de apoio iluminados feitos por James Taylor e Linda Ronstadt. Não tinha como dar errado. Eram as canções certas na hora certa. E deu super-certo!

Crosby & Nash marcam presença na ardida (e deliciosas) Are You Ready For The Country?; Crosby e Stills vocalizam na vigorosa e agressiva Alabama (que seria contestada pelo grupo Lynyrd Skynyrd na clássica Sweet Home Alabama), enquanto Nash e Stills estão na forte Words (Between The Lines Of Age), a mais longa canção do álbum, com seus quase sete minutos de duração.

As delicadas e melódicas A Man Needs A Maid e There’s a World destoam das outras canções pelo fato de mostrarem Young acompanhado pela London Symphony Orchestra, e se constituem em uma experiência das mais interessantes para um artista normalmente associado a um contexto mais agressivo e elétrico em termos musicais.

Out On The Weekend abre o álbum de forma simples e não rebuscada, enquanto Harvest, a faixa título, prima pela discrição. The Needle And The Damage Done, no melhor estilo voz e violão, foi gravada ao vivo, e cativa pela bela melodia e pela polêmica letra enfocando o uso de drogas e as suas consequências nefastas.

Harvest atingiu o primeiro lugar na parada americana, enquanto Heart Of Gold também liderou a parada dos singles por lá. A ironia fica por conta de quem destronou esses dois discos do topo dos charts ianques logo em seguida, naquele mesmo 1972.

Sabem quem? Isso mesmo, o grupo America, respectivamente com seu álbum homônimo de estreia e o single matador A Horse With No Name. Uma versão diluída, embora competente e muito inspirada, do som que Neil Young ajudou a tornar popular com o Crosby, Stills, Nash & Young. Os alunos superando os mestres? Por pouco tempo, como saberíamos depois…

Ouça o álbum Harvest, de Neil Young, na íntegra:

Morre Dan Peek, ex-integrante do America

Por Fabian Chacur

Morreu no dia 24 de julho (domingo), de causa não divulgada, o cantor, compositor e músico americano Dan Peek.

Ele tinha 60 anos e fez parte da formação original do grupo America, do qual saiu em 1977 para investir em uma carreira solo no cenário da música cristã contemporânea.

Seus ex-colegas, Dewey Bunnell e Gerry Beckley, que continuaram com a banda e estão na ativa até hoje, lamentaram profundamente a morte do ex-colega através do site site oficial do grupo.

Peek, Bunnell e Beckley criaram o America quando viviam na Inglaterra, onde moravam devido ao fato de os pais, militares, prestarem serviços ao governo americano por lá.

A banda estourou em 1971 com seu excelente primeiro álbum, America, do qual fazem parte os sucessos I Need You, Sandman e A Horse With No Name.

Dan cantava, tocava violão e compunha, sendo o autor de dois sucessos da banda, Lonely People e Don’t Cross The River.

Ele saiu do America afirmando estar cheio da vida desregrada do rock and roll, mas manteve um bom relacionamento com os ex-colegas.

Em seu primeiro disco solo, All Things Are Possible (1979), ele contou com a participação de Bunnell e de Beckley nos vocais da música Love Was Just Another World, última gravação em estúdio feita pelo trio. Mas ele fez algumas participações em shows do America.

Ouça Lonely People, com Dan Peek:

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