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A fascinação da crítica pelo que não vende nada

Por Fabian Chacur

 

Existem vários estereótipos jogados nas costas da crítica especializada, especialmente a que se incumbe de analisar os lançamentos e shows do setor da música. Alguns são evidentemente exagerados, mas um deles vale uma reflexão aqui neste humilde espaço. Trata-se daquele que acusa os críticos de não gostarem daquilo que vende muito, ou ter preconceito em relação a artistas com números significativos nessa área. De certa forma, é verdade. Vide os critérios de certas publicações físicas ou virtuais de sempre priorizarem nomes “descolados”, “badalados” ou “hypados”, em detrimento de quem, na comparação, tenha uma obra mais “mainstream”, ou seja, possua um número mais significativo de fãs e maior visibilidade na mídia em geral. Lógico que uma das missões dos críticos é apresentar trabalhos novos ou obscuros a seus leitores, mas isso não significa fechar os olhos para quem tem sucesso comercial, ou tentar vender o peixe podre de que “sucesso comercial só acontece para quem se vende ao sistema”. Para mim, o melhor exemplo de todos é aquele célebre quarteto de Liverpool integrado por John, Paul, George e Ringo. É o melhor grupo de rock de todos os tempos, e ao mesmo tempo, o que conseguiu os melhores números em termos de vendagens e paradas de sucesso. Por sua vez, o Velvet Underground vendeu poucos discos, mas se tornou uma das bandas mais influentes de todos os tempos. Da mesma forma, existem artistas campeões de vendas que são uma porcaria, e gente que não vende nada porque é ruim, medíocre e não merece ter seus trabalhos estourando a boca do balão, como se dizia nos já longínquos anos 80. O que não pode ocorrer é preconceito, que leva artistas com trabalhos ótimos do tipo Supertramp, Daryl Hall & John Oates (foto), James Taylor, America, John Mellencamp e tantos outros a serem totalmente ignorados pela imprensa especializada. Enquanto outros, horrendos, ganham generosos espaços só pelo fato de serem novos ou obscuros. Como dizem muito atualmente, “pronto, falei!”

 

Videoclipe de I Can’t Go For That (No Can Do), de Daryl Hall & John Oates:

 

http://www.youtube.com/watch?v=vouDK-LELEU

7 Comments

  1. “estourando a boca do balão”?Acho que a última vez que ouvi isso foi em 1986.
    Brincadeirinha Chacur, já ouvi mais vezes.

    Eu achei o texto bem adequado, aliás, já reparei até em um fenômeno de um determinado jornalista que tudo que ele cita em sua coluna vira sucesso indie e tudo que ele critica já é considerado Out imediatamente.O lado bom é que ele já “cantou a bola ” de bandas e cantores bem legais que acabou ampliando o público e de outro lado criticando artistas que não mereciam.
    Se for levar a discussão a frente, vamos deparar que nenhuma mídia é imparcial e blá-blá-blá, que o público precisa ter senso crítico e blá-blá-blá mas isso é tão redundante quanto dizer que a roda é redonda e iria acabar escrevendo um post inteiro neste comentário.

    Fora de tópico 1: está faltando um bigode na foto acima?
    0_0

    Fora de tópico 2: POR QUE MEU DEUS O SONIC YOUTH VAI FAZER SHOW NO CHILE DIA 25/03 E NÃO VEM PARA CÁ?
    -momento histérica!!!!!
    OH, VIDA CRUEL!

    pronto, falei!

  2. Alexandre Damiano

    March 11, 2009 at 12:44 pm

    Fabian,

    Posso humildemente co-assinar esse post???

    Perfeito amigo. Falou tudo.

    Realmente não tenho mais nada a dizer, a não ser obrigado.

    Ps. Seu livro virou guia de referência básica lá em casa, quando se trata de música.

    abraços
    Alexandre Damiano

  3. Carla, o John Oates não usa bigode desde os anos 90, ficando muito parecido com o ex-jogador de futebol Careca……… Ótima a sua opinião, e obrigado pela visita. E quanto a você, Alexandre, valeu mais uma vez pela força!!!! Grande abraço!!!!!

  4. Nossa, ele tá a cara do Careca, realmente.

  5. Não ficou, mesmo? Para você ver como um bigodão esconde coisas…ehehehehe

  6. Marcelo Covoes

    March 21, 2009 at 3:04 pm

    Excelente comentário , tirou daqui Fabian ! É um baluarte , e é meu amigo ! Tirem as crianças da sala hahahahaha ! Falando em linhas gerais , costumo dividir a música em dois grandes grupos : as que prestam ou não . Que diabos isso quer dizer , ah não pergunte pra mim ! Apenas ouça , entenda porque ( os motivos são vários ) , e escolha .

  7. Sou baluarte coisa nenhuma, Marcelo, mas sou seu amigo!!!!! rsrsrrsrsrs Sua definição é perfeita, assino embaixo. Grande abraço e tuuuudo de bom!!!!

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