Por Fabian Chacur
O apoio de um excêntrico milionário holandês deu a Rick Davies (vocal e
teclados) a oportunidade de montar sua própria banda, em 1969. Dessa
formação inicial, só ficaram ele e o cantor, tecladista e guitarrista
Roger Hodgson. Os dois discos iniciais passaram batidos, e o homem do
dinheiro se mandou. Em 1973, os britânicos Davies e Hodgson
encontraram a escalação ideal, com as entradas de John A. Helliwell
(sopros), Dougie Thompson (baixo) e Bob C.Benberg (bateria). Deu
certo. Com Crime Of The Century (1975) e o hit single Dreamer,
conquistaram o Reino Unido. Pouco depois, mudaram-se para os EUA,
onde aos poucos foram se tornando uma banda popular. Mas ninguém
imaginava o que aconteceria após o lançamento de seu sexto álbum,
Breakfast In America. Poucos discos venderam tanto em 1979, com o
mesmo ocupando o topo da parada ianque durante seis semanas. A
explicação para tal popularidade é relativamente simples. O som do
quinteto, que sempre se caracterizou por influências do rock
progressivo e do som da fase 1967/70 dos Beatles, ganhou maior
concisão, conseguindo a árdua tarefa de conciliar sofisticação
instrumental e melodias contagiantes, além de letras inteligentes e por
vezes carregadas da ironia típica dos britânicos. Isso, sem contar os
vocais de Davies (voz mais grave) e Hodgson (voz mais aguda). The
Logical Song, com sua introdução arrebatadora, a faixa título, de melodia
cativante, Take The Long Way Home, de forte apelo pop e espírito beatle
total, e a densa Goodbye Stranger foram os hit singles, mas o disco é
bom como um todo, vide a intensa Gone Hollywood, a balada swingada a
la Elton John Oh Darling, a doce Lord Is It Mine, a frenética e sacudida
Just Another Nervous Wreck e a progressiva Child Of Vision. Os
músicos dão um banho de competência, e a categoria de John Helliwell
dividindo-se em sax, flautas e harmônica mostra o quanto um músico de
sopros pode somar em uma banda de rock. Breakfast In America é o
ponto alto da trajetória do Supertramp, grupo normalmente ignorado pela
crítica, talvez pelo fato de ter feito grande sucesso comercial. Como diria
Jesus Cristo, “Pai, perdoai-os, eles não sabem o que fazem”…..
Videoclipe de The Logical Song:
http://www.youtube.com/watch?v=pBAasek8NR4
March 10, 2009 at 3:05 pm
Curiosa essa história do milionário holandês, eu não sabia disso.
Mas o fato é que o Supertramp é uma das pouquíssimas bandas que aliaram o pop ao rock e conseguiram resultados geniais e mui relevantes para a História da música mundial.
Sempre fico em dúvidas quanto a eleger meu disco predileto do Supertramp, uma hora eu acho que é o Breakfast in America, outra hora eu acho que é o Even in the Quietest Moments, que tem a mega-fabulosa-genial Fool’s Overture, e muito provavelmente, o “problema” seja esta música em questão, que eu considero uma das maiores obras-primas que a mente humana já criou.
“…conseguindo a árdua tarefa de conciliar sofisticação instrumental e melodias contagiantes,…”.
Essa foi uma ótima definição, Fabian, o Supertramp, na verdade, tem o mérito de fazer pop com pitadas de progressivo sem jamais soar descartável, pois suas melodias sempre foram muito fortes e belas.
Quanto ao disco em questão, as minhas favoritas são, pela ordem: Logical Song e Goodbye Stranger, mas é claro que eu gosto de todas as outras!
Grande abraço, Fabian, baluarte do rock/ pop!
March 10, 2009 at 4:07 pm
Valeu pelas palavras, Vladimir, grande abraço, e obrigado pela visita!
March 10, 2009 at 4:59 pm
Meus pedidos foram atendidos! IUPI!
Definitivamente, uma das bandas que faz parte da trilha sonora de minha vida.Sempre toca em reuniões familiares já que minha mãe, e meus tios e até mesmo minha avó que tinha um gosto bem atípico para sua idade(ela adorava bandas como Paradise Lost, Christian Death, e até o Sting por exemplo) ouviam bastante.Churrasco de família, comemorações de amasiamento,ha ha ha,qualquer hora era hora;…..até mesmo o Live in Paris já foi usado para me acordar.ha ha ha!
Diz a lenda que foi uma das bandas que minha mãe ouviu durante a sua gravidez naquela época de 1980/1981.Sempre embalou momentos bons e ruins.Acredita que na hora que fomos seguir de carro, o enterro da minha avó começou a tocar no rádio : Fool’s Overture?A gente soltou um palavrão na hora de tamanho espanto.O_O
Breaksfast in America é lindo e contagiante e tirando os hits gosto muito da Oh, Darling!
O primeiro deles é o Indelibly Stamped se não em engano, que não conseguia ouvir de jeito nenhum rsrsrs, mas a arte gráfica dentro e fora do LP é bem louca e interessante.
Em Crime of Century a magia começa.O Even In The Quietest Moments, tem a Give Little Bit e é encerrado com a Fool’s Overture(que eu já tive muitos cafés da manhã embalado com esta trilha!) é também muito legal e um dos meus prediletos.O Famous Last Words é um dos que mais me agrada que tem Crazy, My kind of Lady, It’s rainnig again e encerra com a emocionante Don’t Leave me now(Leave me holding an empty heart/As the curtain starts to fall/Don’t leave me now)
Ouvir Breakfast in America é trazer de novo lembranças muitos boas e sensações sinestésicas e cinestésicas(com S e com C) de minha vida.
Saudações, Chacur!
March 10, 2009 at 9:53 pm
Ahhh..que maravilha!!
Grande Disco!!
Grande Banda!!
Pérolas como:
– The logical Song
( trilha sonora do ótimo filme Magnólia com Tom Cruise)
– Goodbye Stranger
– Lord it is mine ( fantástica música)
o disco todo é excelente!!
Sem falar que nos brinda com uma capa mágica….com essa garçonete como estátua da liberdade e como fundo o sul da ilha de manhattan, onde pode ver o desenho do World Trade Center…fantástico..ahh…sou mesmo um cara nostálgico..sou da época em que ouviamos os discos e namorávamos suas capas por horas e horas…procurando detalhes…lendo tudo…os encartes…
Me sinto feliz por possuir esse vinil !!!!
Obrigado Fabian !!
March 10, 2009 at 9:55 pm
Meu amigo Vladimir Rizzeto ( somos amigos do Mondo Palmeiras também hehe )
Acho que além do Pop e Rock, o Supertramp tem toques espetaculares de progressivo…mas um progressivo diferente…nada massante, nada chato…
um espetáculo.
abraço
Alexandre Damiano
March 10, 2009 at 11:07 pm
Belas opiniões, heim, pessoal? Valeu, Alexandre, a sugestão foi sua, espero que tenha curtido a matéria. E Carla, o Indelibly Stamped é na verdade o segundo disco deles, lançado em 1971. O primeiro, Supertramp, é de 1970. Muito obrigado a todos pela visita, e viva o Supertramp!!! By the way, o nome do tal jovem milionário holandês que financiou os dois primeiros discos da banda é Stanley August Miesegaes, conhecido como Sam e que Rick Davies conheceu na Alemanha.
March 10, 2009 at 11:08 pm
Caro Alexandre Damiano
Senti-me honrado por ter sido tratado por você como amigo, obrigado, a recíproca é verdadeira.
Realmente, o Supertramp tem o mérito de incorporar doses do rock progressivo sem ser pretensioso e criar um som com apelo comercial sem ser descartável. Não é para qualquer banda!
Mas, permita-me dizer mais uma coisa:
SOMOS NOSTÁLGICOS!!!
Também sou dessa época dos vinis e todas as vezes que comprava um, lá ia eu devorar a capa e o encarte para saber quem produziu o disco, quem compôs as músicas e quem fez a arte, entre outras informações! Claro que o mais importante é a música, mas como ignorar uma arte de capa como esta do Supertramp! Não quero parecer conservador, mas naqueles tempos, a música, essencialmente o rock/ pop tinha um tratamento dos mais cuidadosos com tudo que envolvia um lançamento, desde o som propriamente dito, à produção até a arte das capas, que eram um show à parte, e exemplos não faltam: Physical Graffiti, Led Zeppelin IV, A Trick of the Tail (Genesis), Sgt. Peppers (Beatles), Their Satanic Majesties Request (Stones), No Mean City (Nazareth), Love Gun, Destroyer (Kiss), Rising (Rainbow), Stormbringer (Deep Purple), Some Girls (Stones), todas do Iron Maiden (da época do Derek Riggs), School’s Out (Alice Cooper), ufa… essas são algumas de centenas de maravilhas gráficas que me lembrei no momento!
Infelizmente, tudo isso se perdeu com o Cd, paciência…
Mas o que importa mesmo, é que a obra destes artistas do mais fino talento como é o caso do Supertramp, estão registradas para sempre, seja em cd ou em vinil, aliás, confesso que tenho o costume de ouvir meus queridos vinis de tantas batalhas na minha velha “pick up” até os dias atuais.
Grande abraço! Viva o Supertramp e viva o Rock and Roll!
March 10, 2009 at 11:12 pm
Fabian, você pode me dizer se o Supertramp ainda está na ativa?
Obrigado.
Abraço, baluarte.
March 10, 2009 at 11:17 pm
Desde que lançaram um disco ao vivo em 1999 (It Was The Best Of Times), não me lembro de ter tido notícias do grupo. Mas o Roger Hogdson continua bem ativo, inclusive tocou recentemente no Brasil, e lançou um ótimo DVD, que acho que devo criticar por aqui em breve, pois pouco se falou dele na “imprensinha musical”……Grande abraço!!!!
March 10, 2009 at 11:20 pm
Hahahahahahahahaha
Agora também tem “imprensinha musical”?
Essa foi boa!!!
Obrigado, Fabian, grande abraço e boa noite!
March 10, 2009 at 11:27 pm
Abração procê, também! Tem sim, meu caro, e você não tem idéia de como……..rsrsrsrsrss
March 11, 2009 at 12:39 pm
Fabian,
Obrigado pelo post do Supertramp!! ( fico aguardando um do Mellencamp heheheh)
Vladimir,
A honra é minha. Não existe nada mais gostoso do que conversar, ainda que virtualmente, com pessoas que tenham os mesmos gostos que a gente!
E pela sua lista de artistas, não preciso nem dizer que concordo com tudo!! sou fan de toda essa turma que vc colocou lá hehehe.
Muito obrigado pelo comentário
abraços
March 11, 2009 at 3:15 pm
Gerar bate-bolas sobre música de alto nível como o acima é a missão principal deste humilde espaço. Obrigado a todos vocês, e podem usar e abusar, pois este Mondo Pop é também de vocês!!!
August 10, 2016 at 5:25 pm
Considero este disco o melhor do Supertramp, banda que eu conheci através do meu pai, que ouvia muito o disco Even in the Quietest Moments, que veio antes de Breakfast e que tinha a clássica “Give a Little Bit” (a preferida dele) e o desfecho monumental “Fool’s Overture”. Mas foi só eu começar a ouvir a discografia da fase clássica da banda (de Crime of the Century á Famous Last Words) que as coisas começaram a mudar. Creio eu que Breakfast seja o disco que mais me impressionou por sua riqueza musical. Pena que o Supertramp seja uma banda muito malhada pela crítica hoje… como eles fazem falta!
August 10, 2016 at 8:23 pm
Muito legal a sua história, Igor. Um grande grupo mesmo, o Supertramp, especialmente na fase com Roger Hodgson. Boas melodias, arranjos bacanas, vocais legais, composições marcantes, letras interessantíssimas… Vai saber o que leva um crítico a não curtir esse tipo de música… Eu gosto muito, e tive a oportunidade de ver o Supertramp (sem o Hodgson) em 1988 no Hollywood Rock e o Roger Hodgson solo na Via Funchal há alguns anos. Dois belos shows. Grande abraço, tuuuudo de bom e volte sempre!!!!
August 11, 2016 at 4:33 pm
Muito obrigado, amigo!
August 11, 2016 at 4:56 pm
Oi!
Graças ao comentário do Igor, pude me deliciar com esta matéria e todos os comentários anteriores, de uma época em que eu ainda não era leitor do MondoPop.
Minha música preferida do Supertramp é “From Now On”, e não lembro de que disco é! (e não estou achando minha coleção da banda no meio da bagunça em que se transformou minha vinilteca)
Essa música que citei não é tão famosa, mas mesmo assim foi incluída na coletânea “Autobiography of Supertramp”. Um raro hit cantado pelo Rick Davies.
ab’ção
August 28, 2016 at 12:26 am
Olá Cláudio, “From Now on” está no disco que eu citei no começo do meu comentário, Even in the Quietest Moments, que veio antes deste Breakfast.