Mondo Pop

Por Fabian Chacur

A segunda edição do festival SWU (Starts With You, “começa com você”, em inglês) acabou na madrugada desta terça-feira (15), na cidade de Paulínia (SP), que tomou o lugar da tal “Fazenda Maeda” de 2010.

Foram mais de 70 atrações distribuídas em três dias (de sábado 12 a segunda 14), com direito até a um Fórum Global da Sustentabilidade (com Neil Young e Bob Geldof), tenda eletrônica (padrão nos últimos festivais de música no Brasil) e camping.

Mondo Pop admite que não pisou lá e que acompanhou os shows pela TV, com direito às “incríveis” performances dos inacreditáveis Beto Lee, Erika Mader e Didi Wagner, que na comparação fazem o Otávio Mesquita parecer o jornalista americano Kurt Loder.

Mesmo assim, aí vão os troféus Mondo Pop para o SWU. Divirtam-se.

Troféu Manda Chuva – fica para o Ultraje a Rigor, que trouxe consigo um dilúvio daqueles a Paulínia. Trouxeram e não levaram embora, pois o pé d’água virou a marca do evento a partir dali. Dizem que o grupo já acertou uns 30 shows pelo nordeste brasileiro, nas próximas semanas…

Troféu Não Vão Invadir a Nossa Praia, Não! – Para o Ultraje a Rigor, que defendeu bravamente a sua praia, digo, palco, quando os técnicos de Peter Gabriel tentaram abreviar ainda mais o show de Roger Rocha Moreira e seus asseclas (o brother Marcos Kleine entre eles). É assim que se faz, manos! E o show ainda foi bom!

Troféu I’m Innocent, For God’s Sake!!! – Faturado por Chris Cornell, que inicialmente foi acusado, junto com sua equipe, pela confusão que quase impede o Ultraje a Rigor de tocar. Depois de tudo esclarecido (eram os “manos” de Peter Gabriel os encrenqueiros), ele entrou e tocou no melhor estilo violão e paz, digo, violão e voz.

Troféu O Meu Sonho Era Ser o Pavarotti – Ganho por Kanye West, que levou ao SWU uma produção que parecia mais adequada a um teatro de ópera do que a um festival de rock, com muitos dançarinos e cenários enormes e pouco som dançante para agitar. Muita gente bocejou…

Troféu Acho Que Estou Por Fora dos Sucessos no Brasil – Fica com Snoop Dogg, que fez um bom show, mas que, ao final, colocou ao fundo uma grotesca (e antiga) versão do Só Pra Contrariar para It Ain’t Over Till It’s Over, de Lenny Kravitz, e começou a sambar. Se ele achou que abafou…

Troféu O Pai Era Melhor, Bem Melhor, Muuuuito Melhor– Para Damian “Jr. Gong” Marley, o filho número mil do rei do reggae, que fez um show prá lá de morno e ainda nos proporcionou versões indigentes de clássicos de Marley. Como Mick Jagger, Joss Stone e Dave Stewart foram se meter com esse cara no SuperHeavy?

Troféu Viva a Política e o Discurso, Abaixo a Música – Para Peter Gabriel, que nos apresentou um show inadequado para festival e de quebra ficou falando mais do que cantando. Em 1988, seu ótimo show no festival Human Rights Now!, da Anistia Internacional, em São Paulo, foi atrapalhado pelo glorioso Beijoqueiro. Se essa figura grotesca tivesse invadido o palco de Gabriel agora, teria sido o melhor momento do espetáculo. Pode?

Troféu Show Nosso No Brasil é Sempre Jogo Ganho – Para o Faith No More, que certamente tem nos brasileiros o seu maior e mais entusiástico público. Faz 20 anos que a banda aparece aqui e sempre arrebenta, tocando bem e ganhando o apoio de todos os roqueiros tupiniquins. Que tal se mudar para cá de uma vez, Mike Patton e sua gang?

Troféu Continuamos Com a Corda Toda, Sim! – Fica com o Stone Temple Pilots, que esbanjou energia, bom repertório e empatia com o público, além de manter a formação original dos anos 90. Provaram que não são apenas um refugo dos anos grunge, e ainda contam com um vocalista simplesmente sensacional, o carismático Scott Weiland.

Troféu Acaba Logo Que Eu Quero Entrar Em Férias – Para o Black Eyed Peas, que anunciou um longo recesso para breve e que acabou fazendo, para muitos, um show muito inferior ao apresentado em sua turnê brasileira de 2010. Will.i.am e Fergie, pelo visto, querem mesmo é sair de férias…