Mondo Pop

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Category: Grandes nomes esquecidos (page 5 of 17)

Brian Wilson, 80 anos, a prova de que milagres são possíveis

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Por Fabian Chacur

No dia 20 de junho deste ano, Brian Wilson completou 80 anos de idade. Uma bela efeméride, sem sombra de dúvidas. A beleza de tal celebração se torna muito maior se levarmos em conta a trajetória deste genial cantor, compositor, músico, arranjador e produtor norte-americano. Se há alguém que merece ser colocado entre os exemplos de que, sim, milagres são possíveis, é o fundador dos lendários The Beach Boys.

Desde muito jovem Brian viu seus dons musicais virem à tona. Fã do grupo vocal The Four Freshmen, do compositor George Gershwin e do rock de Chuck Berry, entre outras influências bacanas, ele soube como poucos mesclar esses elementos e criar uma sonoridade própria.

Ao lado dos irmãos Carl (1946-1998) e Dennis Wilson (1944-1983), do primo Mike Love e do amigo Alan Jardine, criou os Beach Boys em 1961, grupo que rapidamente se tornou um marco da história do rock.

Com vocalizações intrincadas, e deliciosas, aliadas a melodias caprichadas e letras evocando o surf, o mar, o amor, os carros e a diversão, o grupo invadiu as paradas de sucesso com hits marcantes como Help Me Rhonda, California Girls, I Get Around e inúmeros outros, que continuam até hoje soando deliciosos, ingênuos e extremamente cativantes.

Em dezembro de 1964, Brian começou a sofrer com problemas emocionais, e deixou os shows dos Beach Boys, concentrando-se na função de compositor e músico de estúdio do grupo. Inicialmente, foi substituído nos shows pelo então ainda desconhecido Glenn Campbell (que depois se tornaria um astro) e a seguir por Bruce Johnston, que se incorporaria à banda de forma efetiva.

Ao ouvir o álbum Rubber Soul (1965), dos Beatles, Brian Wilson ficou apaixonado pelo que ouviu, e se sentiu impelido a buscar caminhos ainda mais ousados para a já ousada música que fazia. Esse processo desembocaria em Pet Sounds (1966), um dos trabalhos mais elogiados e influentes da história do rock e sempre nas listas dos melhores LPs de todos os tempos.

Ao lançar o single Good Vibrations naquele mesmo 1966, Wilson entusiasmou público e crítica, com uma verdadeira sinfonia pop com menos de 4 minutos. A canção saiu como uma espécie de prévia do que seria o próximo álbum dos Beach Boys, cujo título seria Smile. Começava ali um dos momentos mais inacreditáveis da história da música pop, ainda mais se levarmos em conta o seu final.

Durante aproximadamente 10 meses, até a metade de 1967, Brian levou seus colegas de grupo e a diretoria da gravadora Capitol à loucura, com suas ousadias estéticas, pirações completas e excentricidades do tipo colocar um piano em uma grande caixa de areia para que pudesse compor se sentindo na praia. Chegou um momento em que o álbum parecia que não iria ser concretizado. E, de fato, infelizmente não foi.

Quando os Beatles lançaram Sgt Peppers, em junho de 1967, aparentemente Brian se sentiu incapaz de encarar tal poderosa concorrência, e o projeto Smile foi engavetado, com suas músicas aparecendo aqui e ali em outros álbuns da banda, inicialmente em Smiley Smile (1967). E as drogas foram tornando o estado mental do artista cada vez pior e sua produção cada vez mais esparsa.

Quando as mortes prematuras de grandes nomes do rock tiveram início em 1969, com a perda de Brian Jones, dos Rolling Stones, as macabras listas de quem seria o próximo a seguir Jimi Hendrix, Janis Joplin e Jim Morrison sempre traziam Brian Wilson entre os primeiros colocados. Vídeos dos anos 1970 mostravam ele preso a uma cama, engordando e parecendo cada vez mais fora de sintonia com o mundo. Pouco trabalho criativo e muito desperdício de tempo e de saúde.

As coisas começaram a tomar uma feição diferente, após muitas idas e vindas que geraram internações e diversos problemas para ele e seus entes queridos, a partir dos anos 1980. Sua parceria com o psicólogo Eugene Landy a princípio se mostrou positiva, e o direcionou rumo à criação do seu primeiro álbum solo, Brian Wilson, lançado em 1988 e muito elogiado. Mas, em 1991, ele se afastaria de Landy, que tentava controlá-lo e se aproveitar do músico de forma abominável.

A partir deste momento, sua vida começou a tomar rumos surpreendentes. Casou-se novamente, desta vez com Melinda Ledbetter, adotou cinco filhos e voltou a se dedicar à música de forma mais efetiva. Gravou com as filhas Wendy e Carnie, de seu primeiro casamento e conhecidas como integrantes do grupo pop Wilson Phillips. Lógico que nada aconteceu em um clima de mar de rosas. Ele teve, por exemplo, de lidar com a perda dos irmãos, Dennis em um acidente em 1983 e Carl por problemas de saúde, em 1998.

Sua relação com os remanescentes dos Beach Boys, especialmente o primo Mike Love, que se tornou o líder da banda, foi recheada de altos e baixos, de reuniões eventuais e de brigas judiciais. E Brian sempre teve de se cuidar para dar conta de seus problemas emocionais. No entanto, mesmo assim, ele deu uma linda volta por cima.

A partir de 1999, voltou com tudo aos shows. Passou a lançar álbuns solo com canções inéditas e também relendo material dos filmes da Disney e de seu ídolo George Gershwin. Em 2002, surpreendeu o mundo ao tocar na íntegra o repertório de Pet Sounds, gerando o sublime álbum Brian Wilson Presents Pet Sounds Live. Mas uma surpresa maior chegaria logo a seguir.

Novamente reunido com o letrista Van Dyke Parks, Brian Wilson se debruçou nas composições de Smile e finalizou o repertório e a respectiva ordem das músicas. Acompanhado por músicos de orquestra e por integrantes da banda de rock alternativo The Wondermints, apresentou ao vivo em 2004 em Londres a sua obra enfim finalizada. Em seguida, o registrou em estúdio. Sim, Smile saiu em 2004, 37 anos após ter sido iniciado, agora como obra-solo dele. E que trabalho maravilhoso!

Ainda ativo e lutando bravamente contra os seus demônios, Brian Wilson celebra 80 anos de idade como um dos grandes criadores da história da música popular. Tive a honra de cumprimentá-lo e ter o seu autógrafo em meu exemplar de Brian Wilson Presents Smile em 2004, na extinta e saudosa FNAC Paulista. Ele também fez shows no Brasil. Que Deus abençoe esse incrível sobrevivente, um exemplo de como é possível realizar os sonhos mais improváveis e tidos como impossíveis.

Ouça Smile, de Brian Wilson, em streaming:

Marco Mazzola reedita o livro com as suas incríveis memórias

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Por Fabian Chacur

O que nomes tão importantes da história da nossa música como Raul Seixas, Elis Regina, Simone, Ney Matogrosso e Milton Nascimento tem em comum, além do imenso talento? Todos tiveram trabalhos importantes de suas ricas discografias produzidos por um certo Marco Mazzola. A trajetória desse grande produtor, hoje com 75 anos e mais na ativa do que nunca, foi descrita em 2007 no livro Ouvindo Estrelas. Pois agora chega uma nova e turbinada edição desta incrível autobiografia, desta vez pela editora Ubook e disponível nos formatos físico, digital e audiobook (narrado por Lúcio Mauro Filho).

Ouvindo Estrelas volta com 544 páginas, sendo 67 de texto adicionais, relatando tudo o que Mazzola fez nos últimos 15 anos, 40 páginas com fotos ilustrando sua riquíssima trajetória e uma discografia com fotos das capas de boa parte dos álbuns produzidos por ele durante esses mais de 50 anos de atividades. Entre eles, nada menos do que Krig-ha, Bandolo! (Raul Seixas-1973), Falso Brilhante (Elis Regina-1976), Alucinação (Belchior-1976) e Sentinela (Milton Nascimento-1980), só para citar alguns deles.

Oriundo de uma humilde família de imigrantes portugueses moradores do Rio de Janeiro e nascido em 25 de abril de 1947 (exatamente um mês após Elton John, vale registrar), o garoto Marco Aurélio da Silva recebeu o apelido Mazzola por sua semelhança com o futebolista brasileiro que foi revelado pelo Palmeiras e depois fez linda carreira na Itália. Curiosamente, este atleta oriundo de Piracicaba (SP) foi batizado como José João Altafini, e recebeu o apelido por causa do craque italiano Valentino Mazzola.

No livro, Mazzola conta sua incrível trajetória, desde os tempos de integrante do grupo infantil Pequenos Cantores da Guanabara até o seu envolvimento com gravações, trabalhando inicialmente como auxiliar, depois como técnico e posteriormente assumindo o posto de produtor. Uma trajetória repleta de momentos simplesmente inacreditáveis, nos quais ajudou a concretizar alguns dos trabalhos mais significativos da nossa música em termos artísticos e de vendagens.

Tipo do livro essencial para quem deseja estudar sobre o desenvolvimento da cena musical brasileira entre os anos 1970 e os tempos atuais, narrando com um texto simples, direto e envolvente histórias que deixarão o leitor com o queixo caído, como, por exemplo, o envolvimento de Mazzola com ninguém menos do que Paul Simon durante as gravações do icônico álbum The Rhythm of The Saints (1990), por exemplo.

Mazzola é de um tempo no qual aliar qualidade artística a bons resultados comerciais era quase que uma questão de honra para diversos profissionais do meio musical. Algo que, de certa forma, se perdeu pelo caminho. Que Ouvindo Estrelas possa servir como exemplo para as novas gerações retomarem esses parâmetros tão importantes para a criação. O amor à música é o que sempre moveu esse profissional, e isso deve servir de exemplo para muita gente que atualmente só pensa nos cifrões.

Gita (clipe)- Raul Seixas:

Patrick Adams e Paulo Diniz, duas grandes perdas na música

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Por Fabian Chacur

Dois grandes músicos nos deixaram nesta quarta-feira (22). Um foi o cantor, compositor e músico pernambucano Paulo Diniz, aos 82 anos. O outro, o produtor, compositor, músico e engenheiro de som norte-americano Patrick Adams, aos 72 anos. Ambos tinham em comum o grande talento e o fato de terem vivido seus períodos de maior sucesso comercial e artístico durante a década de 1970, cada um em sua respectiva área de atuação.

Nascido em 17 de março de 1950, Patrick Adams começou a carreira fazendo arranjos musicais para artistas como Astrud Gilberto. Sister Sledge e outros, além de ter sido manager do grupo Black Ivory. Em meados dos anos 1970, mergulhou no universo da produção e composição. Um de seus primeiros êxitos foi com o projeto de estúdio Universal Robot Band, que estourou em 1977, em pleno auge da disco music.

Este grupo de estúdio fez grande sucesso no Brasil com a música Dance and Shake Your Tambourine (1977- ouça aqui), incluída na trilha da novela global Loco-Motivas (1977). Essa música, assim como o outro ótimo hit deste projeto, Freak With Me (ouça aqui), eram de autoria de Adams, além de contarem com seus arranjos. Esse trabalho atraiu a atenção de Marvin Schlachter, da gravadora Prelude Records.

Schlachter perguntou a Patrick Adams quanto tempo ele levaria para gravar um álbum disco e perguntou o preço, que foi aceito logo de cara. Em apenas três semanas, Adams deu conta do recado, incluindo compor as músicas, fazer os arranjos, arregimentar os músicos e cantores (incluindo a diva Jocelyn Brown) e se incumbir da engenharia de som. Surgia o Musique.

O álbum Keep On Jumpin’ (1978) pode ser considerado um dos grandes clássicos da era disco. Sua fantástica faixa-título é outro hit de Adams no Brasil, pois integrou com destaque a trilha sonora da novela global Pecado Rasgado (1978). Nos EUA e exterior, o principal sucesso foi outra gravação certeira, In The Bush (ouça aqui), que logo virou um clássico das pistas.

Summer Love (ouça aqui) e Summer Love Theme (instrumental- ouça aqui), no mesmo alto nível, completam o álbum. Sim, apenas quatro músicas, mas todas em versões longas, muito criativas e extremamente adequadas às pistas de dança. Tudo nelas é perfeito: as levadas rítmicas, os timbres dos instrumentos, os vocais, os arranjos… Christine Wiltshire, uma das cantoras do álbum, teve uma filha com Adams.

Com a queda da popularidade da disco music, causada principalmente por pressões homofóbicas e racistas, Patrick Adams não deixou a peteca ir ao chão, e trabalhou com artistas de rap como Eric B & Rakim, KSR-One, Mas e Salt-N-Pepa. Suas músicas também foram sampleadas por outros artistas, entre os quais o consagrado Kanye West.

Quero Voltar Pra Bahia e outros hits

Paulo Diniz nasceu em 24 de janeiro de 1940. Em meados dos anos 1960, mudou-se para o Rio de Janeiro para tentar se inserir no meio musical. Com uma inspirada mistura de soul, ritmos brasileiros e pop, ele estourou nacionalmente em 1970 com Quero Voltar Pra Bahia, uma bela, velada e contagiante homenagem a Caetano Veloso, então exilado na Inglaterra.

Não demorou a emplacar outros sucessos marcantes nas paradas de sucesso da época, entre elas O Meu Amor Chorou (de Luiz Marçal Neto- ouça aqui), Um Chope Pra Distrair (ouça aqui) e Pingos de Amor (ouça aqui), esta última regravada em 2000 com muito sucesso pelo Kid Abelha. As três últimas são composições dele feitas em parceria com Odibar (1950-2010), seu parceiro mais constante nesses seus anos de ouro.

Outra marca de sua obra foi musicar poemas de nomes ilustres como Carlos Drummond de Andrade (José), Gregório de Matos (Definição de Amor), Manuel Bandeira (Vou Me Embora Pra Passárgada) e Augusto dos Anjos (Versos Íntimos). Ele também releu clássicos alheios como Felicidade (Lupicinio Rodrigues) e Asa Branca (Luiz Gonzaga-Humberto Teixeira).

Embora sem o mesmo sucesso em termos comerciais, Diniz se manteve na ativa até o início dos anos 2000, quando parou de fazer shows devido às complicações causadas pela esquistossomose, mas se mantinha compondo e apoiava projetos que envolviam suas composições.

Keep On Jumpin’– Musique:

Kate Bush faz sucesso com uma música com 37 anos de idade

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Por Fabian Chacur

É incrível o poder que a inclusão de uma música em um filme ou série pode ter para a divulgação de um artista. Um belo exemplo está em ação neste exato momento. Lançada há 37 anos, a canção Running Up That Hill, de Kate Bush, foi incluída com destaque na 4ª temporada da série Stranger Things, da Netflix, ambientada nos anos 1980. Pois essa faixa voltou com força total às paradas de sucesso de todo o mundo, e também nas plataformas digitais de música. Um fenômeno impressionante.

Running Up That Hill saiu originalmente em 1985, atingindo no formato single a 3ª posição na Inglaterra, e a de nº 30 nos EUA. O álbum do qual ela faz parte, Hounds Of Love, liderou a parada do Reino Unido e chegou ao 30º posto na terra de Bob Dylan. O clipe, no qual a cantora, compositora e musicista britânica mostra seus conhecimentos de balé, tornou-se rapidamente um clássico, e agora quebra recordes de visualizações no youtube e em outras plataformas de vídeo e áudio.

Hoje com 63 anos de idade e felizmente na ativa, Kate Bush enviou através de sua gravadora o seguinte depoimento, sobre a volta de sua clássica canção às paradas de sucesso:

“Quando os primeiros episódios começaram a sair, meus amigos me perguntavam se tínhamos visto Stranger Things, então fomos atrás da série e amamos. Nós assistimos todas as temporadas desde então, como uma família. Quando eles nos contataram para usar Running Up That Hill, dá para dizer que foi tomado um super cuidado em como ela seria usada, em qual contexto da história, e eu adorei o fato de que a canção fosse um amuleto positivo para a personagem Max. Estou muito impressionada com as últimos episódios. São um trabalho épico – extremamente bem feito, com personagens incríveis e efeitos sonoros fantásticos. É muito comovente que a canção tenha sido tão carinhosamente recebida, especialmente sendo impulsionada pelos fãs desse tipo de série. Estou muito feliz que os Duffer Brothers estejam recebendo um retorno tão positivo por sua última criação. Eles merecem.”.

Que isso incentive as pessoas a mergulhar na discografia de Kate Bush, iniciada em 1978 com o megahit Wuthering Heights e repleta de canções maravilhosas, que mesclam rock, música erudita, pop, experimentalismo e lirismo, sempre com letras maravilhosas e a voz simplesmente cativante dessa artista única, influência perene para todas as outras cantoras e compositoras que vieram posteriormente nesta mesma seara musical.

Running Up That Hill (clipe)- Kate Bush:

James Seals, 80 anos, da dupla de soft rock Seals & Crofts

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Por Fabian Chacur

Das inúmeras músicas de que gosto, Summer Breeze ocupa um lugar muito especial, pois me traz belas recordações de meus tempos de criança. Essa gravação estourou há exatos 50 anos com a dupla Seals & Crofts (leia mais sobre eles aqui). Pois nesta segunda-feira (6), foi anunciada a morte, aos 80 anos de idade, de James Seals, um dos integrantes do duo. Ele estava afastado do show business desde 2017, após ter sofrido um derrame.

A notícia foi tornada pública, através de uma rede social, pelo cantor, compositor e músico Brady Seals, ex-integrante da bem-sucedida banda country Little Texas, artista-solo de boa repercussão e primo de James.

James Seals nasceu em 17 de outubro de 1941, e começou a se tornar conhecido no cenário musical no finalzinho dos anos 1950, quando entrou no grupo The Champs, logo após esta banda americana estourar com Tequila. Foi ali que ele começou a sua amizade e parceria musical com Dash Crofts, que iria gerar, em 1970, a dupla Seals & Crofts.

O duo lançou dois álbuns independentes e um pela Warner sem grande repercussão, embora ficasse clara a qualidade de sua música, uma mistura de country, folk e rock que posteriormente ganharias os rótulos soft rock e bittersweet rock. A coisa pegou no breu pra eles em 1972 quando Summer Breeze, faixa-título de seu 4º álbum, tornou-se um grande sucesso, atingindo o top 10 nos EUA e estourando no mundo todo.

Com vocalizações impecáveis (com Jim no vocal líder) e composições encantadoras, Seals & Crofts emplacaram hits marcantes até o final dos anos 1970. Entre outras, Diamond Girl (ouça aqui), We May Never Pass This Way Again (ouça aqui), Get Closer (ouça aqui) e até mesmo a influenciada pela disco music You’re The Love (ouça aqui).

Com o fim do contrato com a Warner, no comecinho dos anos 1980, a dupla resolveu se desfazer, voltando em dois curtos períodos apenas, em 1991 e 2004. James chegou a fazer shows com o seu irmão Dan Seals, integrante de outra dupla de sucesso daqueles anos 1970, England Dan & John Ford Coley, que estourou com canções maravilhosas como I’d Really Love To See You Tonight (ouça aqui) e Love Is The Answer (ouça aqui). Dan se foi em 2009.

Summer Breeze– Seals & Crofts:

Tempo Feliz é livro que conta a história de uma bela aventura

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Por Fabian Chacur

Uma forma interessante de estudar a história da música brasileira é se deter na trajetória das gravadoras, especialmente as independentes ou de pequeno e médio porte. É através delas que muita coisa importante aconteceu. Um bom exemplo é a Forma, criada por Roberto Quartin e Wadi Gebara em 1964 e que se manteve assim até 1967, quando foi vendida para a CBD (cujo acervo hoje pertence à Universal Music). Eis a missão assumida pelo jornalista Renato Vieira, que mergulhou fundo nela e nos proporcionou o excelente livro Tempo Feliz- A História da Gravadora Forma (Kuarup Música).

Além das tradicionais entrevistas com boa parte dos principais envolvidos com o enredo do tema que resolveu abordar, Vieira teve uma ideia bastante interessante. Como o acervo de lançamentos da Forma em seu período independente comporta um número pequeno de títulos (pouco mais de 20), ele nos traz uma análise de cada um deles, com direito a fichas técnicas, textos das contra-capas e também uma análise inteligente dos discos, incluindo desempenho comercial e repercussão na imprensa.

Além disso, ele nos situa de forma basante precisa naquele período da história do Brasil, quando o golpe militar havia acabado de ocorrer e as perseguições à área cultural foram aos poucos aumentando, além do clima favorável à bossa nova no exterior, graças ao mitológico show no Carnegie Hall em 1962 e principalmente ao estouro do álbum Getz-Gilberto (1964), que vendeu muito e rendeu 4 troféus Grammy ao músico americano Stan Getz e seus talentosos parceiros brazucas.

É dentro dessa dualidade medo/esperança que a Forma surge. Ela é fruto do idealismo quase irresponsável do jovem Roberto Quartin, que se une a um profissional do meio musical, o alemão Peter Keller, para criar um selo musical que teria seus discos prensados e distribuídos pela CBD. Keller saiu da sociedade antes mesmo do lançamento do 1º álbum, e o também jovem músico amador e arquiteto Wadi Gebara acabou sendo o seu parceiro de fato nessa ousada empreitada.

Quartin tinha como objetivo lançar discos de artistas extremamente talentosos e que admirava muito, mesmo sem saber se poderiam lhe dar um retorno comercial que viabilizasse o negócio. Cada álbum teria apresentação luxuosa, com direito a capas duplas, textos assinados por nomes importantes da cultura brasileira e fichas técnicas completas. E assim foi feito, mesmo sob o olhar assustado de Gebara em vários momentos, ele mais próximo do lado financeiro dessa operação.

Em termos musicais, deu muito certo. Entre outros, lançou o mitológico Os Afro-Sambas, firmando a célebre parceria de Baden Powell e Vinícius de Moraes, os primeiros discos do seminal Quarteto em Cy, o icônico Coisas, do maestro Moacir Santos e discos importantes e marcantes dos então ainda novatos Eumir Deodato e Victor Assis Brasil, só para citar alguns.

O duro é que, por circunstâncias as mais diversas, esses discos foram acumulando prejuízos, e em 1966 o próprio Quartin resolveu se mandar, deixando a encrenca nas mãos de Gebara. A Forma só se manteve no mesmo espírito independente até 1967, quando foi vendida para a CBD e tornou-se apenas um selo como outro qualquer até 1971, quando enfim saiu de cena. Mas sua história ficou marcada.

Com um texto fluente e consistente, Renato Vieira nos conta essa história com muita riqueza de detalhes e bastidores, e que mostra um pouco do idealismo em prol da criação de espaços nobres para lançamentos de artistas que praticassem a boa música brasileira que gerou empreitadas como esta Forma e também a mais conhecida delas, a Elenco de Aloysio de Oliveira, outra que acabou sendo incorporada ao acerco da gloriosa CBD.

Roberto Quartin ainda faria algumas produções eventuais, após deixar a Forma, e nos deixou em 2004, aos 62 anos de idade. Wadi Gebara saiu de vez da cena musical sem um tostão, e voltou a se dedicar à arquitetura, sendo uma das fontes deste livro e quem sugeriu o belo título. Ele infelizmente nos deixou antes de vê-lo publicado, em 2019, aos 81 anos.

Ao desabafar um dia com o amigo Roberto Menescal sobre o fato de ter perdido todo o dinheiro que tinha com o projeto da Forma, Gebara ouviu de um dos grandes craques da bossa nova uma frase lapidar, e com um trocadilho matador: “Wadi, foi a melhor forma de você perder dinheiro”.

Os Afro-Sambas- Baden e Vinícius (ouça em streaming):

Alan White e Andy Fletcher, duas grandes perdas no rock

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Por Fabian Chacur

O mundo do rock perdeu dois nomes importantes nesta quinta-feira (26), de gerações e eras distintas, mas ambos britânicos. O baterista Alan White (foto), do grupo de rock progressivo Yes, nos deixou aos 72 anos, ele que havia anunciado sua saída da turnê que a banda faria em breve. O tecladista Andy Fletcher, por sua vez, era integrante do Depeche Mode, uma das mais expressivas formações do chamado synth pop ou tecnopop que estourou nos anos 1980 e 1990, e se foi aos 60 anos.

Nascido em 14 de junho de 1959, Alan White ganhou os holofotes da mídia ao tocar com John Lennon em 1969 no Toronto Rock and Roll Festival, cuja gravação rendeu o álbum Live Peace in Toronto 1969 (1969), no qual brilhou ao lado de Eric Clapton e Klaus Woorman. Naquele mesmo ano, participou com destaque do single Instant Karma!, de Lennon, e ainda participaria de várias faixas do icônico álbum Imagine (1971).

Ele também gravaria com George Harrison (no álbum All Things Must Pass, de 1970), Joe Cocker e outros artistas até ser convidado, em 1972, para substituir Bill Bruford (que deixou a banda rumo ao King Crimson) no Yes. A partir de então, tornou-se um dos destaques daquela formação de rock progressivo, gravando álbuns e participando de turnês mundiais. Sempre foi considerado um dos melhores músicos do rock no seu instrumento, e sofria com problemas de saúde nos últimos anos.

Por sua vez, Andy Fletcher, nascido em 8 de julho de 1961, criou o Depeche Mode junto com Martin Gore, Vince Clarke e Dave Gahan em 1980. Após o lançamento do 1º álbum, Speak And Spell (1981), Clarke (que depois criou o Yazoo e o Erasure) saiu e foi substituído por Alan Wilder. No decorrer daquela década, a banda se tornou uma das mais populares do synth pop, e se manteria no topo pelo menos até metade dos anos 1990.

Na hierarquia do Depeche Mode, Fletcher sempre ficou em um plano inferior em termos artísticos, e era tido como mais importante em dois setores fundamentais para o bom andamento da banda: a parte empresarial/comercial e a função de uma espécie de “algodão entre cristais”, mantendo unidos o vocalista Dave Gahan e o tecladista e principal compositor Martin Gore (Wilder, tido como ótimo músico, saiu em 1995).

Instant Karma! (clipe)- John Lennon & Plastic Ono Band:

Private Eyes (1981/RCA), o auge de Daryl Hall & John Oates

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Por Fabian Chacur

Daryl Hall e John Oates se conheceram quase que por acaso, em 1967. Eles participavam de um concurso de bandas em sua cidade natal, Filadélfia (EUA), e, ao fugirem de um quebra-pau generalizado entre gangues presentes, foram parar em um elevador. Do agradável papo informal entre eles, surgiria uma sólida amizade que os levou a criar a dupla, anos depois. Em 1972, saiu o seu primeiro álbum, Whole Oats.

Sempre ativos e inquietos, eles mergulharam a partir dali em uma trajetória recheada de altos e baixos, sem medo de experimentar e também de pagar em termos comerciais por tal ousadia. Em 1977, emplacaram seu primeiro single no 1º lugar da parada americana, Rich Girl, e passaram a tocar em grandes espaços, com sua mistura de rock, soul, pop e folk. Trabalharam com vários produtores, entre os quais os seminais Arif Mardin e Todd Rundgren.

Após gravarem com o então iniciante David Foster os álbuns Along The Red Edge (1978) e X-Static (1980), eles foram aconselhados pelo produtor (depois consagrado por seus trabalhos com Earth, Wind & Fire, Céline Dion e Michael Bublé, entre outros) a encarar o desafio da autoprodução. E os caras resolveram tentar, para ver no que dava.

Para não darem um pulo no escuro, convidaram o britânico Neil Kernon, que tinha no currículo gravações como engenheiro de som e mixador para artistas como David Bowie, Elton John, Supertramp, Marc Bolan, Neil Sedaka, The Mahavishnu Orchestra e Yes, para ser o seu braço direito na realização do álbum Voices (1980). E deu super certo!

Voices atingiu o 17º lugar na parada americana, seu melhor resultado com um álbum até aquele momento, e de quebra lhes proporcionou o seu segundo single no nº 1 nos EUA, Kiss On My List. Essa faixa chegou ao topo da parada ianque em junho de 1981, exatamente quando Hall & Oates estavam em meio às gravações do sucessor de Voices.

Com Kernon promovido à condição de coprodutor, eles também centraram esforços no sentido de contar com músicos que integravam a sua banda de apoio nas gravações, entre os quais o guitarrista G.E. Smith e o saxofonista Charlie De Chant, atitude que lhes ajudou a criar um som realmente de banda, muito mais coeso e com assinatura própria.

O estouro de Kiss On My List durante as gravações gerou consequências. Deve ter ficado claro para o duo que eles precisariam ter outra música nesta mesma direção no novo trabalho. E, desta forma, surgiu Private Eyes, que não existia quando o repertório inicial foi selecionado. E aí, vale destacar duas importantes auxiliares no trabalho da dupla.

Sara Allen, namorada durante mais de 20 anos de Daryl Hall e a musa inspiradora do maravilhoso hit Sara Smile (de 1975), não demorou a se tornar uma parceira constante nas composições da dupla, ajudando nas letras. E, junto com ela, trouxe a irmã, a também compositora Janna (1957-1993), que passou a colaborar em termos musicais. E foi exatamente ela quem trouxe o material que gerou essa nova canção.

Segundo depoimento de Hall no livreto da caixa Do What You Want Be What You Are (2009), tal música foi praticamente feita por completo por Janna, sendo que ele, Sara e Warren Pash deram os retoques finais. E que golaço! Private Eyes não só ficou com a mesma vibração e linha musical de Kiss On My List (e sem soar como mera cópia) como foi ainda melhor.

Essa música virou a faixa-título do álbum, que naquela altura do campeonato estava cotado para levar o nome de outra faixa bacana, Head Above Water. Mais: no formato single, deu à dupla a sua 3ª canção nº 1 nos EUA, liderando os charts de lá durante duas semanas no mês de novembro de 1981, divulgada por um clipe simples e divertido no qual a dupla e seus músicos usam sobretudos típicos de detetives particulares (veja o clipe aqui).

Curiosamente, o outro grande hit deste álbum, I Can’t Go For That (No Can Do), também surgiu de forma inesperada. Após uma longa sessão de gravações, com os músicos já devidamente dispensados, Daryl ficou brincando com uma nova bateria eletrônica que havia adquirido há pouco, a Roland CompuRhythm. Ao curtir uma determinada levada rítmica, começou a fazer uns riffs com um teclado. E gostou do que ouviu.

Ele teve duas reações imediatas. Uma foi pedir para Neil Kernon se preparar para gravar o que ele estava fazendo, e outra foi chamar correndo John Oates, que já estava colocando a guitarra no estojo, para lhe dar uma força. E foi dessa forma que saiu a gravação dessa música, que depois ganhou um marcante e icônico solo de sax de Charlie De Chant.

Com sua batida hipnótica e sonoridade minimalista e inovadora, I Can’t Go For That (No Can Do) (veja o clipe aqui) se tornou o 4º single nº1 da dupla, atingindo essa posição em 30 de janeiro de 1982. Curiosamente, essa música conseguiu tirar do topo dos charts americanos Physical, o mega-hit de Olivia Newton-John, que se manteve por 10 semanas consecutivas nessa posição, cujo posto por sua vez tomou justamente de Private Eyes!

Private Eyes, gerou mais dois hit singles. O pop rock no melhor estilo new wave Did It in a Minute atingiu a posição de nº9 nos charts americanos em maio de 1982, enquanto o delicioso rock balançado Your Imagination, com outra participação matadora de Charlie De Chant no sax, chegou ao 33º lugar em agosto daquele mesmo ano. Mas o álbum também tem coisas ótimas entre as músicas restantes.

Em todo álbum da dupla, John Oates sempre ficava com uma ou duas músicas nas quais era o vocalista principal. Neste aqui, tivemos duas bem legais. Mano a Mano, com uma letra que prega o companheirismo e a solidariedade entre as pessoas, é um rock com levada meio latina que não faria feio em um disco de Carlos Santana. Já Friday Let Me Down segue a linha new wave, com pique bem rapidinho e dançante.

Uma das grandes e assumidas influências de Daryl Hall foram os Temptations. Tanto que o primeiro grupo dele se chamava The Temptones, e inclusive chegaram a abrir shows para eles. Como forma de homenageá-los, ele escreveu Looking For a Good Sign, encantadora canção no melhor estilo Motown dos anos 1960, e que no encarte do álbum é dedicada aos cinco integrantes da formação clássica daquele grupo.

Head Above Water perdeu a honra de ser a faixa-título do álbum e nem single virou, mas é um rockão energético dos melhores. Uma curiosidade: quando se imaginava a capa do álbum com essa música como título, surgiu a sugestão de se escrever Head Above H20. E o LP seguinte de Daryl Hall & John Oates foi intitulado…. H20 (1982)!

Com batida midtempo e belas intervenções de guitarra de G.E. Smith, Unguarded Minute foi o lado B do compacto I Can’t Go For That (No Can Do), e soa como uma espécie de hit que não foi, de tão boa. Tell Me What You Want também segue a levada new wave, enquanto Some Man encerra o álbum com uma sonoridade pop mais experimental e das mais interessantes.

Este álbum atingiu o maior posto de um LP/CD na carreira da banda nos EUA, o 5º lugar, conquistando o 8º posto no Reino Unido. Private Eyes é a prova cabal de como é possível fazer um trabalho ao mesmo tempo criativo, com assinatura própria e também capaz de vender milhões de discos. Eis a magia no trabalho de Hall & Oates, que sempre trabalharam duro e conseguiram realizar os seus objetivos.

Ficha técnica do álbum Private Eyes:

Lançado em 1º de setembro de 1981 pela RCA.

Produzido por Daryl Hall & John Oates, coprodução de Neil Kernon

Músicos participantes:

Daryl Hall (vocal, teclados, sintetizadores, guitarra, mandar, mandola, mandocella, timbales e cumpurythm; John Oates (vocal, guitarra, mandar, teclados); G.E. Smith (guitarra solo e solos de vandaloo); Jerry Marotta (bateria); John Siegler (baixo); Charlie De Chant (sax); Larry Fast (sintetizadores, programações eletrônicas); Mickey Curry (bateria nas faixas 1,2,4 e 6); Chuck Burgi (bateria na faixa 10); Jeff Southworth (solo de guitarra na faixa 9); Ray Gomez (solo de guitarra na faixa 3); Jimmy Maelen (percussão); John Jarrett (vocais de apoio na faixa 4).

Faixas:

1- Private Eyes (Sara Allen- Janna Allen- Daryl Hall- Warren Pash)

2- Looking For a Good Sign (Daryl Hall)

3- I Can’t Go For That (No Can Do) (Daryl Hall- John Oates- Sara Allen)

4- Mano a Mano (John Oates)

5- Did It In a Minute (Daryl Hall- Janna Allen- Sara Allen)

6- Head Above Water (Daryl Hall- John Oates- Sara Allen)

7- Tell Me What You Want (Daryl Hall- Sara Allen)

8- Friday Let Me Down (Daryl Hall- John Oates- Sara Allen)

9- Unguarded Minute (Daryl Hall- John Oates- Sara Allen)

10- Your Imagination (Daryl Hall)

11- Some Man (Daryl Hall)

Private Eyes- ouça em streaming o álbum completo:

Dominguinhos é homenageado com série de shows em Sampa

Dominguinhos 400x foto Katia Gardin 1

Por Fabian Chacur

Entre os grandes discípulos do icônico Luiz Gonzaga, Dominguinhos (1941-2013) foi sem sombra de dúvidas o maior. Apadrinhado artisticamente pelo genial Lua, este cantor, compositor e sanfoneiro pernambucano nos deixou um belo legado artístico. Que será devidamente celebrado de 12 de maio a 16 de junho, na programação intitulada Toda Quinta, criada pelo Projeto Memória Brasileira. O elenco traz músicos de diversas gerações, e todos tocarão músicas do rico repertório desse saudoso mestre.

A abertura ficará a cargo de Mariana Aydar, cantora e compositora que teve forte ligação com Dominguinhos, incluindo a realização de um documentário sobre o artista. Anastácia, que foi esposa e parceira musical dele, terá a missão de encerrar a programação, interpretando iluminadas canções que compôs com o artista pernambucano, incluindo Eu Só Quero um Xodó e Tenho Sede. E a ótima cantora Liv Moraes é filha do homenageado.

Embora fortemente ligado às raízes da cultura brasileira, Dominguinhos sempre teve a mente aberta, e incorporou elementos de jazz e outros estilos musicais ao seu jeito de tocar, tornando-se dessa forma um músico respeitado internacionalmente, tanto na carreira individual como acompanhando artistas do calibre de Gal Costa e Gilberto Gil, só para citar dois deles. E era uma simpatia de pessoa, sempre alegrando a todos com suas histórias de uma trajetória vivida com muita intensidade e amor.

A programação de Toda Quinta(shows sempre às 20h):

Mariana Aydar – dia 12 de maio.
Liv Moraes e Cosme Vieira – dia 19 de maio.
Mestrinho e Lulinha Alencar – dia 26 de maio.
Tiganá Santana e Luisa Maita – dia 2 de junho
Elba Ramalho e Toninho Ferragutti – dia 9 de junho.
Anastácia – dia 16 de junho.

Sanfona Sentida (ao vivo)- Dominguinhos, Mariana Aydar e Duani:

Ruy Maurity, 72 anos, um craque da música popular brasileira

ruy maurity-400x

Por Fabian Chacur

Em 1976, quando tinha apenas 15 anos, comprei um compacto simples de um certo Ruy Maurity, com Nem Ouro Nem Prata de um lado (ouça aqui) e Bebemorando do outro (ouça aqui). Era o começo da minha admiração por esse talentosíssimo cantor, compositor e músico fluminense que infelizmente nos deixou aos 72 anos de idade na madrugada desta sexta-feira (1º), após duas semanas na UTI e vítima de duas paradas cardíacas. Um artista do primeiro escalão da nossa música.

Irmão de outro monstro sagrado da nossa música, o cantor, compositor, músico e maestro Antonio Adolfo, Ruy Maurity nasceu na cidade fluminense de Paraíba do Sul em 12 de dezembro de 1949. Sua primeira aparição mais destacada no meio musical foi em 1970 ao vencer o Festival Universitário do Rio de Janeiro com a música Dia Cinco, escrita por ele com José Jorge, seu parceiro fiel na maior parte das canções que escreveu. Neste mesmo ano, saiu o seu primeiro LP, Este é Ruy Maurity, o início de uma belíssima trajetória.

Em 1971, estourou nacionalmente com Serafim e seus Filhos, belíssima canção com raízes rurais e uma espécie de precursora do chamado rock rural brasileiro. Tocou muito nas rádios, e posteriormente mereceu regravações de sucesso nas vozes de Sérgio Reis, Zezé di Camargo & Luciano e diversos outros intérpretes, especialmente na área sertaneja.

Várias canções de Ruy entraram em trilhas sonoras de novelas globais, entre elas Menina do Mato (ouça aqui), que marcou presença em O Casarão (1976) na interpretação de Márcio Lott (ouça aqui) e A Xepa, tema de abertura de Dona Xepa (1977- ouça aqui).

Em 1976, escreveu e gravou Marcas do Que Seu Foi (ouça aqui), que seria apenas a trilha de uma campanha publicitária de ano novo. No entanto, a música, belíssima, marcou tanto que foi lançada tanto com o autor como com o grupo The Fevers, e é frequentemente relembrada nesses períodos anos. Você conhece: “este ano, quero paz no meu coração…”.

Nos ótimos trabalhos que lançaria até o início da década de 1980, podemos destacar, entre outras possíveis, canções deliciosas como Bananeira Mangará (ouça aqui), Batismo dos Bichos (ouça aqui -versão de José Jorge para God Gave Name To All The Animals, canção de Bob Dylan lançada por ele em 1979 no LP Slow Train Coming) e A Natureza (ouça aqui).

O estilo musical de Ruy Maurity foi uma felicíssima mistura de vários elementos da cultura musical brasileira, e pode-se ver nele pioneirismo em pelo menos duas delas, o rock rural e, acredite, a axé music. Pois ouça Nem Ouro Nem Prata e perceba nela nítidos elementos percussivos e rítmicos que seriam explorados pelos músicos baianos dos anos 1980, tipo Luis Caldas e Jerônimo…

A partir da década de 1980, Maurity deu uma sumida de cena, com aparições bastante eventuais. Curiosamente, tive a honra de ser seu amigo na rede social Facebook, onde ele sempre se manifestava de forma simpática quando abordado pelos inúmeros fãs. Pensei seriamente em tentar entrevistá-lo, como recentemente fiz com seu irmão Antonio Adolfo, mas vacilei feio. Infelizmente, agora não rola mais. Mas ficam as lembranças deixadas por suas belas canções, sempre inspiradas. Ele se foi, mas nos deixou marcas positivas que estarão presentes em todos os nossos sonhos.

Serafim e Seus Filhos– Ruy Maurity:

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