Mondo Pop

O pop de ontem, hoje, e amanhã...

Author: Flavio Canuto (page 4 of 5)

João Donato reencontra Maria Tita

joao_donato.jpgTodos se lembram de Tom Jobim e João Gilberto quando falamos sobre o famoso ritmo que levou o nome do Brasil aos quatro cantos do planeta. Poucos se lembram, no entanto, que o acreano João Donato foi um dos percussores do estilo, influenciando praticamente todos os grandes expoentes do “banquinho e violão”, muitos dos quais seus amigos próximos, no Rio de Janeiro.

Pois ele está de volta num ótimo álbum ao lado da amiga Maria Tita, que brilhou no álbum A Blue Donato , de 1973. Agora, acompanhados por músicos de peso, Tita toca violão e canta na maioria das canções, ao lado de Ricardo Silveira, Donatinho, Adriano Giffoni, Sidinho Moreira e Edson Lobo, e Roberto Menescal, com arranjos bem elaborados pelo próprio Donato.

Embora os clichês da bossa nova sejam óbvios, e estão presentes em quase todas as letras, isso não deprecia o valor de um CD feito com tanto carinho e competência por um time de feras da nossa música. O ponto alto do disco fica na quasi instrumental Esperança, onde todos mostram o que sabem, e nos encantam já nos primeiros acordes.

“Toda Bossa é nova e você não liga se é usada”, canta Maria Rita no seu último disco ao vivo. Mas será mesmo? Ouça esse CD e tire suas conclusões.

Metallica – Metallica (Black album) 1991

black_album1.jpgAlguns álbuns mudam a história de uma banda, outros transformam um gênero, e outros alteram todo o cenário musical de uma época. O chamado “black album” do Metallica conseguiu tudo isso ao mesmo tempo ao levar o heavy metal aos primeiros lugares das paradas de sucesso em todo o planeta , e tornou uma banda até então obscura para o grande público em um fênomeno de massa.

Embora seja tecnicamente inferior ao anterior And Justice for All…, o álbum preto tem uma vitalidade e uma simplicidade que torna as suas canções mais “audíveis” ao público de FMs, e ainda sim, trazia toda o peso da banda (que entrou em queda livre depois daqui, culminando no desastre de St. Anger – o que pode ser visto no excelente documentário Some Kind of Monster).

Talvez o álbum não “decolasse” sem o riff marcante do primeiro single Enter Sandman. Essa canção consegue seduzir desde o fã de sertanejo até o rocker mais exigente por conta das notas precisas de Hammett, e a produção de Bob Rock que, pela primeira vez num disco do Metallica, conseguiu que a banda tivesse não só guitarra e bateria mas também um baixo audível em suas músicas.

Depois de Enter Sandman, uma coleção de hits vieram. Sad but True, Nothing Else Matters, a ótima Whatever I may roam…No entanto, aquela que, na minha opinião é a melhor do CD nunca se tornou um single: My Friend of Misery. Trata-se uma lindíssima composição do então baixista da banda ,Jason Newsted, que começa com belo dedilhado, e tem uma letra memóravel, quase um épico…pelo menos no meu velho Walkman preto.

Ouça ao dedilhado de My Friend of Misery, tocado por um fã da banda:
http://www.youtube.com/watch?v=0Z22aT0l5T4

Wolfmother – Universal Music (2006)

WolfmotherDizem que o rock nunca morre porque ele se renova. Será? Nos últimos anos, com raríssimas exceções, temos visto nos charts centenas de bandas fazendo um “emocore” ou um “numetal” pasteurizado e lotando estádios ao redor do mundo.

Tudo está perdido? Não. Parece que três garotos australianos passaram longe dessa mesmice e montaram uma banda que traz o melhor do rock das últimas três décadas em seu álbum de estréia. Dimension começa com um berro que mostra bem onde estes garotos vão nos levar.

Os vocais de Andrew Stockdale são uma mistura de Chris Cornell, Ozzy e Ian Gillan batidos num liquificador e amplificada por sua juventude e suas letras psicodélicas “Purple haze is in the sky, see the angels with dead eyes…”.

A cozinha formada pelo baixista Chris Ross (que também cuida dos teclados) e pelo baterista Myles Heskett é não apenas é consistente, como também consegue soar numa mesma faixa ora como um Rage Against the Machine, e ora feito um Black Sabbath, como podemos perceber na energética Woman.

A melhor, e talvez mais conhecida canção do álbum (já que foi utilizada no comercial do iPod – duvido que muitos saibam disso) é Love Train. Com uma batida delicosa, exatamente como costumava fazer o falecido John Bohnam, Love Train é uma daquelas canções onde muito é dito em poucas linhas “I saw different faces and different places, I gotta get back girl on the love train”.

Não por acaso o Wolfmother foi considerado no ano passado “uma das bandas para se ouvir em 2006”. Eu pretendo ouvi-los por um bom tempo, já que tenho certeza que este é só o começo de uma grande banda do verdadeiro Rock n’roll.

Veja os garotos quebrando tudo no David Letterman Show:
http://www.youtube.com/watch?v=OLGde-7mIyA&search=Wolfmother

Os Britos

Os BritosRaramente um trabalho feito por beatlemaníacos usando o repertório dos Fab Four resulta em algo ruim. Esta regra se mantém firme aqui neste álbum gravado por membros do Barão Vermelho (Rodrigo Santos, Guto Goffi e Nani Dias) e Kid Abelha (o ótimo George Israel).

Contando com as participações especiais de Paula Toller, Bruno Fortunato, Frejat, Zélia Duncan, e Sérgio Dias (Mutantes), o álbum traz canções dos Beatles embaladas em novos arranjos, além de duas composições próprias.

A escolha do repertório foi muito feliz. Foram escolhidos alguns super hits, e outras canções nem tão famosas, mas ainda assim geniais. O álbum começa com I feel fine que, ao invés do slide da guitarra de Lennon, começa ao som de um pandeiro, colocando um tempero brasileiro ao som dos garotos de Liverpool, o mesmo acontece com o rock Slow Down que virou um baião (algo parecido que fez Rita Lee).

Something, uma das canções mais gravadas de todos os tempos, é interpretada pela linda voz de Paula Toller, e em Two of us, Zélia Duncan também dá um toque feminino ao álbum. Ticket to Ride foi gravada no próprio Cavern Club, numa versão igual a tantas outras por aí.

O grande momento do álbum fica por conta de Rain, onde Sergio Dias traz toda a psicodelia dos Mutantes para uma das melhores canções dos Beatles. Confesso que esta gravação é a melhor que já ouvi, onde o espírito original da canção não é apenas mantido, mas ampliado de tal forma que o próprio sentido da letra fica mais evidente aqui do que na gravação original. Não acredita? Ouça os Beatles, e depois, os Britos.

Sonic Youth – Rather Ripped

Sonic YouthRaramente uma banda de rock chega aos 25 anos. É ainda mais raro sobreviver tanto tempo como uma banda underground, ou mesmo com apenas com um pé no mainstream. O Sonic Youth, embora seja uma referência para quase todos os grandes band leaders desses últimos anos, nunca chegou a lotar estádios, ou mover multidões como um U2 ou um R.E.M.Mas o que mais as guitarras de Thurston Moore e Lee Ranaldo, e a voz de Kim Gordon têm a oferecer ao mundo? O som do Sonic Youth continua o mesmo, mas ainda assim diferente de tudo, e surpreendentemente fascinante.

O CD começa com a deliciosamente pop Incinerate… “I ripped your heart of your chest/ Replaced it with a grenade blast…you dosed my soul with gasoline/ You flicked a match into my brain.”, o som característico da banda permanece o mesmo, mas sem tanta distorção e as longas “viagens sonoras” que permeiam os últimos trabalhos da banda.

Em What a waste surge a voz delicada e crua de Kim Gordon. O som permanece rápido, porém melodioso, e a canção cresce à medida em que as frases aparentemente desconexas são despejadas em nossos ouvidos.

Outras faixas que se destacam são Reena, em que encontros e desencontros são contados de forma sutil embaladas por guitarras que parecem estar sendo tocadas por Will Sergent (do Echo & the Bunnymen), e a Lights Out onde a influência de Lou Reed fica evidente.

Rather Ripped é uma bela surpresa. Mais que isso, é um dos melhores álbuns já lançados por esta histórica banda e chega como um presente aos seus fãs famosos ou anônimos (como eu) que comemoram os 25 anos de barulho dos reis do underground.

Nirvana – In Utero (Universal Music)

in_utero.jpg21 de setembro de 1.993. Onde eu estava neste dia? Rodando de carro com a “carta” recém tirada? Ao lado da primeira namorada? Ainda comemorando o título do meu time (vencido no dia 12 de junho)? Possivelmente tudo ao mesmo tempo, mas estava sobretudo ansioso pelo lançamento do último (e derradeiro) álbum do Nirvana.

O disco, que deveria se chamar I hate myself and I want to die, era uma espécie de “volta às origens”. Kurt queria distância dos fãs que só conheciam os sucessos de Nevermind (que vendeu 18 milhões de cópias), e queria imprimir novamente uma roupagem menos melódica e mais crua às suas canções.

Ele não conseguiu apenas isso. Embora as canções sejam mais sujas do que no álbum anterior, aqui ele consegue atingir o ápice em sua curta carreira como compositor.  O disco começa com um riff envolto na mais pura distorção, quando de repente Cobain  surge gritando “Teenage angst has paid off well, Now I’m bored and old”. Esta frase é só uma amostra do que virá pela frente. Letras ácidas, autobiográficas, onde Kurdt expõe todos os seus sentimentos, alegrias, e frustrações como poucos pop stars já fizeram.

O primeiro single foi Heart Shaped Box, uma das mais bizarras canções de amor já escritas. Com um belo dedilhado , uma letra marcante “I wish I could eat your cancer when you turn black”, Heart Shaped Box é uma daquelas canções que nos conquista já na primeira audição.

Outro hit instantâneo que tomou de assalto as rádios de todo o planeta tinha um nome no mínimo surreal Rape me.  Aqui, Cobain fala diretamente à imprensa que não cansava de dissecar seus inúmeros problemas pessoais nas páginas das revistas e jornais do mundo inteiro.  A seqüência de acordes até lembrava Smells like teen spirit, mas o que marca mesmo é forma com que ele se voltava contra a escória que o cercava, e, é claro, os urros no final da canção, que pareciam sair de suas entranhas até o microfone.

O álbum ainda tem outros pontos altos nas desconhecidas (e belas) Dumb, Very Ape, Frances Farmer Will Have Her Revenge On Seattle, e na enigmática Radio Friendly Unit Shifter com o seu refrão “What is wrong with me? What is what I need? What do I think I think?”.

All apologies fecha o CD, até hoje questiono o porquê de ela estar justamente no final. Não pode ter sido por acaso. Nesta canção (que depois se tornaria um hit no “Unplugged in New York”) em poucas linhas Cobain mostra tudo o que sentia naquele momento (desde o fracassado casamento com Courtney Love até a sua incapacidade constante de ser simplesmente um cantor de rock feliz com o tudo que o sucesso lhe trazia. Ficou como seu testamento.

A frase “All in all is all we are” é repetida como um mantra no seu final (algo parecido com o que John Lennon – um dos ídolos de Cobain – costumava fazer), e o que fica é a certeza que o Nirvana poderia ter ido muito mais além se não tivesse sua carreira abreviada. What else could I say?

Clique aqui para assistir “Heart Shaped Box”

Lendário clube punk de NY já tem data para fechar

CBGBO CBGB, clube que ajudou a revelar Ramones, Blondie e outros nomes do punk, já tem data para fechar definitivamente as portas: 30 de setembro.

A disputa entre Hilly Kristal, dono do CBGB, e a associação beneficente Bowery Residents Committee, que é dona do prédio onde fica o clube, começou em 2001. A entidade cobrava aluguéis atrasados.

Kristal ainda não sabe se o CBGB vai reabrir em outro endereço. Antes de fechar, no entanto, o clube ainda vai receber uma despedida com shows de artistas que passaram por seu palco. As atrações ainda não foram acertadas.

Fonte: Terra

The Raconteurs – Broken Boy Soldier

The raconteursO projeto solo de Jack White é muito mais do que um projeto paralelo de um pop star. É uma ótima banda de power pop formada por ótimos músicos que compuseram belas canções para este álbum.Lógico, não é algo que pode mudar o futuro da música pop (alguns críticos disseram que Broken Boy Soldier era o “Nevermind de Detroit”), mas trata-se de um belo disco onde influências do melhor dos anos 60 e 70 (Led Zeppelin, Joe Jackson e principalmente, The Beatles). Sim, a sonoridade dos Fab Four está presente em quase todas as faixas do álbum, seja nos backing vocals, nas melodias, ou mesmo vocais de Jack White e Brendan Benson que juntos soam (propositadamente, creio) muitas vezes como Paul e John.

O álbum começa com a deliciosa Steady, as She Goes, séria candidata a uma das melhores canções do ano, onde a linha de baixo simples de Jack Lawrence e a bateria de Patrick Keeler, criam o ambiente perfeito para que os vocais da dupla Benson/White, cantem uma das mais singelas letras do rock “You’ve had too much to think, now you need a wife”.

Depois de muitas canções que poderiam fazer parte do álbum Revolver, dos Beatles, o CD fecha com Blue Veins, uma faixa que vai fazer qualquer fã do Led Zeppelin arrepiar. Broken Boy Soldier não é um disco revolucionário como disseram alguns, mas é sim um ótimo álbum. Pouco mais de 30 minutos de Power Pop de primeira classe.

Clique aqui para assistir ao clip de Steady, as She Goes. Vale lembrar que o clip foi dirigido por ninguém menos que o hiper cult Jim Jarmusch.

Yeah Yeah Yeahs – Show your bones

Yeah Yeah YeahsNo seu álbum de estréia, a banda nova-iorquina Yeah Yeah Yeahs parecia tudo menos uma banda convencional, com uma vocalista que abusava dos gritos, um baterista nerd (com cara de programador – com direito à óculos), e um anti-guitar hero. Mesmo assim, o hype em cima do conjunto foi muito alto e eles se tornaram uma das grandes promessas do rock “alternativo” norte-americano.

Bem, faltava o segundo álbum para provar se o YYY era mesmo uma banda especial ou se era apenas “fogo de palha”. Não é que desta vez eles fizeram tudo como manda o figurino e ainda sim se saíram muito bem! Sob o comando do produtor Squeak E. Clean, as guitarras estão menos estridentes e mais harmônicas (com direito a ótimos riffs, como em “Cheated Hearts”),e principalmente os exageros vocais (leia-se gritos) de Karen O. sumiram, tirando aquele que era o único problema que encontrei em Fever To Tell.

Alguns podem dizer que a banda está mais “comercial” depois de ouvirem músicas como “The Sweets”, ou mesmo o primeiro single do álbum “Gold Lion”, que parecem Ter sido feitas para os imbecis consumidores de “rádios rock” . Nada disso. Os Yeah Yeah Yeahs eram, até então, uma pedra bruta que precisava apenas de um “trato”. E que continuem assim!

Clique aqui e veja o clipe de Gold Lion!

Nando Reis – Sim e Não

Nando Reis
Sim e não (2006)
Universal MusicNando Reis

Depois de uma longa carreira como baixista e vocalista dos Titãs, que culminou com uma saída transtornada, Nando Reis lançou alguns discos solo (com relativo sucesso) e se firmou como um dos grandes compositores do rock nacional a partir do momento em que várias de suas composições se tornaram hits nas vozes de Cassia Eller, Jota Quest, etc.

O sucesso como artista solo chegou com MTV Ao Vivo ( impecavelmente gravado no Bar Opinião, em Porto Alegre), que vendeu milhares de cópias (apoiado na bela Por Onde Andei), e pôde mostrar toda a força de Nando como líder de uma banda (Os Infernais) e como seus sucessos deveriam realmente soar com sua própria voz.

Sim e Não chega para mostrar que Nando vem se aperfeiçoando como compositor e músico, apesar de manter a mesma simplicidade de antes, só que com um pouco mais de pegada em algumas canções. A banda, apresenta-se muito mais coesa e muito mais entrosada, o que é perceptível em faixas como Sou dela (o primeiro single do álbum), Como se o mar e Pra ela voltar.

E as letras? Bem……. Ele continua romântico e um tanto apaixonado por sua musa inspiradora (cujo nome não sei), mas se mostra muito sincero também, abrindo toda a sua intimidade em Monóico (“Você me come porque eu quero ser sua mulher”), e em Caneco 70, onde conta tudo sobre um grande amor do passado.
O grande momento do disco fica por conta de Nos Seus Olhos, em que uma bela melodia, uma bela letra e um maravilhoso arranjo de cordas se encontram para contar a história de um amor proibido, tudo com muita sensibilidade, e sem cair no lugar comum.

Resta saber quais dessas belas canções vão fazer sucesso com outros artistas ou se chegarão ao grande público na voz de Nando. Na verdade, acho pouco provável que ele esteja preocupado com isso. Sorte a dele!

 Clique aqui para ver Nando Reis cantando All Star.

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