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Make Music Day Brasil tem as suas inscrições abertas a todos

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Por Fabian Chacur

Já estão abertas as inscrições para os interessados em participar do Make Music Day Brasil, evento que será realizado no dia 21 de junho, com previsão de atingir mais de 80 cidades. Em termos mundiais, o evento Make Music Day, realizado desde 1982 a partir de sua origem na França, prevê atingir mais de mil cidades localizadas em mais de 120 países nos quatro cantos do planeta. Os interessados poderão se inscrever até o dia 8 de junho. Saiba mais aqui.

Em comunicado enviado à imprensa, a organização fala sobre o evento:

“A missão do Make Music Day é mostrar à população do mundo inteiro a importância da música para a formação da sociedade como um todo, gerando empregos, influenciando a economia e distribuição de rendas, movimentando os meios de comunicação e a mídia em geral, além de aproximar os povos e suas culturas no âmbito global, de forma harmoniosa e criativa, como aconteceu na edição de 2022, em que os povos originários indígenas tiveram sua rica participação”.

No Brasil, o Make Music Day surgiu através da iniciativa de Daniel Neves, presidente da Anafima (Associação Nacional da Indústria da Música), que representa o Brasil no Comitê Internacional da Música Global, dentro da NAMM FOUNDATION (National Association Music Merchants).

Vídeo sobre a importância da música para a sociedade como um todo:

Tuia e Paula Lima fazem um dueto na faixa Paraquedas

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Por Fabian Chacur

Em suas três décadas de trajetória musical, o cantor, compositor e músico Tuia traz como marca estar sempre aberto a novas parcerias. E essa característica se apresenta novamente no single recém-lançado por ele nas plataformas digitais. Paraquedas, escalada para integrar o álbum Versões de Vitrola Volume 2, que a gravadora Kuarup lançará em breve, adiciona mais dois nomes nesse currículo de colaborações bacanas.

A canção foi composta pelo artista em parceria com Roberta Campos, cantora, compositora e musicista que também tem grande destaque na área do folk à brasileira. Para interpretar Paraquedas ao lado de Tuia, foi convidada Paula Lima, um dos grandes expoentes da black music brasileira, que se encaixou feito luva na sonoridade proposta por esta bela canção.

Versões de Vitrola Volume 2 foi gravado e produzido por Fábio Pincwoski no estúdio 12 Dólares em São Paulo (SP), e contas com as participações de Reginaldo Lincoln, conhecido por seu trabalho com a banda Vanguart, e Mário Lima, baterista que atuou com Sandy e a dupla Sandy & Júnior.

Paraquedas– Tuia e Paula Lima:

Sueli Costa, 79 anos, uma das grandes compositoras do Brasil

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Por Fabian Chacur

Existem compositores que contam com tantos clássicos em seu songbook que fica difícil citar apenas uma ou duas delas para exemplificar uma produção tão impactante. A cantora, compositora e musicista carioca Sueli Costa se encaixa feito luva nessa descrição. Seu rico e intenso repertório foi gravado por Simone, Nana Caymmi, Elis Regina, Gal Costa. Fafá de Belém, Fagner e inúmeros outros. Ela nos deixou neste sábado (4) aos 79 anos.

Nascida no bairro da Tijuca, no Rio de Janeiro, em 25 de julho de 1943, Sueli compôs Balãozinho logo aos 15 anos de idade. Em 1967, teve Por Exemplo: Você (parceria com João Medeiros) gravada por Nara Leão, sua primeira canção a ter registro fonográfico. Seria a primeira de inúmeras outras. Ela escrevia tanto sozinha como com parceiros.

Entre as inúmeras maravilhas escritas por Sueli, vale citar 20 Anos Blue (com Vitor Martins), Jura Secreta (com Abel Silva), Cordilheira (com Paulo Cesar Pinheiro), Primeiro Jornal, Coração Ateu, Altos e Baixos (com Aldir Blanc), Face a Face (com Cacaso), Música Música (com Abel Silva) e Medo de Amar nº 2 (com Tite de Lemos). Só coisas finas.

De quebra, Sueli também era uma excelente intérprete de suas composições, tendo gravados oito álbuns nos quais suas melodias encantadoras e as letras sempre abordando as idas e vindas do amor e da vida eram abordadas com muita classe. Vai deixar muita saudade, e uma obra musical preciosa.

obs.: o livro 1979- O Ano Que Ressignificou a MPB (2022- Garota FM Books)-organizado por Célio Albuquerque, inclui um excelente texto de Andréia Pedroso sobre o álbum Louça Fina (1979), de Sueli Costa, que faz uma bela análise sobre essa grande artista.

Jura Secreta– Sueli Costa:

Neil Turbin, ex-Anthrax, fará três shows no Brasil em abril

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Por Fabian Chacur

Fistful Of Metal, álbum de estreia da icônica banda de thrash metal Anthrax, completará em breve 40 anos de seu lançamento. Como forma de celebrar essa importante efeméride, o vocalista e letrista do grupo norte-americano naquela época, Neil Turbin, fará shows nos quais interpretará o repertório desse trabalho histórico na íntegra. No Brasil, em turnê promovida pela produtora Som do Darma, eles se apresentarão em abril em Vila Velha-ES (21), Campo do Meio- MG (22) e no Jai Club, em São Paulo-SP (23- saiba mais detalhes aqui).

Turbin será acompanhado nos shows brasileiros por uma banda formada pelos músicos locais Jaeder Menossi e Thales Statkevicius (guitarras), Bill Martins (baixo) e Rafael Gonçalves (bateria). Além das músicas do álbum, ele também cantará algumas com letras de sua autoria e gravadas pelo Anthrax já na fase com o seu vocalista mais conhecido, Joey Belladona.

Os três shows também terão a participação da banda brasileira Hammathaz. Neil Turbin integrou o Anthrax de 1982 e 1984, e depois realizou trabalhos solo e com bandas como Deathriders e Bleed The Hunger, além de atuar como apresentador e jornalista musical, entrevistando grandes nomes ligados ao heavy rock como Glenn Hughes e Lita Ford.

Soldiers of Metal– Anthrax:

Lana Del Rey lança um single hipnótico e voltará ao Brasil

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Por Fabian Chacur

Lana Del Rey voltará ao Brasil em breve. Ela será uma das atrações do festival MITA, que rola no dia 27 de maio no Rio de Janeiro e no dia 3 de junho em São Paulo. A badalada cantora e compositora norte-americana lançará no dia 24 de março seu novo álbum, Did You Know That There’s a Tunnel Under Ocean BLVD, e para estimular seus fãs pelo mundo afora, acaba de divulgar mais uma faixa deste trabalho.

Trata-se de A&W, hipnótica, com mais de 7 minutos de duração e letra polêmica. A canção foi escrita em parceria com Jack Antonoff, conhecido por ter integrado as bandas Fun e Bleachers, ser vencedor de 8 troféus Grammy e de trabalhar com a própria Lana e também Tailor Swift, Lorde e Carly Rae Jempsen. Embora longa, a música te envolve e passa voando.

Did You Know That There’s a Tunnel Under Ocean BLVD será disponibilizada nas gloriosas plataformas digitais e terá também diversos formatos físicos (saiba mais aqui).

A&W– Lana Del Rey:

The Weeknd fará dois shows no Brasil e lança música de Avatar

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Por Fabian Chacur

O calendário de shows internacionais no Brasil em 2023 ganha mais duas datas bem interessantes para os fãs de r&b e de música pop atual. O cantor e compositor canadense The Weeknd anunciou em seu site oficial que fará dois shows no Brasil, no Rio de Janeiro (7/10) e São Paulo (10/10). Além disso, ele acaba de divulgar o clipe para divulgar sua nova canção, Nothing Is Lost (You Give Me Strenght), que integra a trilha sonora do filme Avatar: The Way Of Water.

Com um clima hipnótico e envolvente, Nothing Is Lost (You Give Me Strenght) foi escrita pelo próprio artista, e contou com a produção do consagrado trio de DJs sueco Swedish House Mafia e de Simon Franglen, este último também autor da trilha incidental do novo filme da franquia Avatar.

The Weeknd é filho de imigrantes oriundos da Etiópia, e completará 33 anos de idade no próximo dia 16 de fevereiro. Ele tem em sua discografia cinco álbuns de estúdio, sendo que três deles atingiram o topo da parada americana e os outros dois o segundo posto, um feito incrível. Ele também fez gravações com artistas como Ariana Grande e o grupo Daft Punk.

Nothing is Lost (You Give Me Strength) (clipe)- The Weeknd:

Monsters Of Rock terá sua 7ª edição no Brasil em 2023

Doro 400x Crédito Joche Rolfes

Por Fabian Chacur

Em 1980, foi realizada no Reino Unido a primeira edição do festival Monsters Of Rock. O evento se tornou tão influente e massivo que virou uma franquia e teve sua primeira edição brasileira realizada em 1994. Oito anos após a sua última edição brazuca, chega a hora de sua sétima passagem pelo país. Os ingressos começarão a ser vendidos a partir desta sexta (16- saiba mais aqui), sendo que o evento rola no dia 22 de abril de 2023 em São Paulo, no Allianz Parque.

Como de praxe, o elenco trará sete nomes consagrados do universo do rock pesado. Curiosamente, desta vez não teremos nenhuma atração nacional. Os mais sarcásticos chamarão o festival de verdadeiro Jurassic Park, pois traz apenas artistas com longas trajetórias. Outros, no entanto, abrirão um grande sorriso ao ter a chance de ver roqueiros consagrados e com belos repertórios em uma mesma data. Cada um com a sua opinião.

O time traz algumas das bandas de rock pesado favoritas de todos os tempos para os fãs brasileiros, todas com várias passagens pelos palcos brasileiros. São elas Kiss, Scorpions, Deep Purple e Saxon. Outras são muito veneradas por um público mais específico, como Helloween e Symphony X. E completa o time um ícone do heavy rock, a cantora alemã Doro Pesch (FOTO).

O Monsters Of Rock foi realizado no Brasil nos anos de 1994, 1995, 1996, 1998, 2013 e 2015, sempre pilotado pela produtora Mercury. Entre outros, marcaram presença nomes do porte de Kiss, Slayer, Black Sabbath, Ozzy Osbourne Alice Cooper, Megadeth, Faith No More, Iron Maiden, Motorhead, Aerosmith, Whitesnake e Judas Priest.

Raise Your Fist In The Air (clipe)- Doro Pesch:

Godsmack lança single antes do seu primeiro show no Brasil

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Por Fabian Chacur

Com 27 anos de carreira, a banda americana Godsmack nunca se apresentou ao vivo no Brasil. Essa lacuna em seu belo currículo será preenchida no dia 12 de novembro, quando eles se apresentarão no Vibra São Paulo, nova casa de espetáculos situada na capital paulista. Antes disso, eles estão lançando um single, o vigoroso e polido hard rock Surrender, já disponível nas gloriosas plataformas digitais via BMG.

Sully Erna, vocalista, guitarrista e líder do quarteto, explica as intenções em torno do novo single da banda, 1º lançamento em quatro anos e provável amostra do que será o seu 8º álbum, ainda sem previsão de lançamento:

Surrender é uma música cortante e seca. É simplesmente sobre a exaustão que todos podemos sentir nos relacionamentos, de tanto brigar. Em um determinado momento de nossas vidas, nos sujeitamos a deixar de lado quem está certo ou errado, só queremos que isso acabe.”

Originária de Massachusetts e criada em 1995, a Godsmack também inclui Tony Rombola (guitarra), Robbie Merrill (baixo) e Shannon Larkin (bateria), vendeu mais de 20 milhões de álbuns e empacou três álbuns consecutivos no topo da parada americana- Faceless (2003), IV (2006) e The Oracle (2010). Seu álbum mais recente é When Legends Rise (2018).

Surrender– Godsmack:

Joabe Reis participará dos shows de Macy Gray no Brasil

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Por Fabian Chacur

Joabe Reis é um dos grandes músicos brasileiros da atualidade na seara do jazz, neo soul, r&b e hip hop. Seu currículo ganha nos próximos dias mais um item bem bacana. O talentoso trombonista capixaba participará dos quatro shows que a consagrada cantora americana Macy Gray fará nesta sexta (9) e sábado (10) em São Paulo, no Blue Note São Paulo (serão dois por dia) e também no deste domingo (11), no Rio de Janeiro, no palco Sunset do Rock in Rio.

O músico não esconde a felicidade de poder marcar presença nos shows da diva neo soul. “Eu estou muito feliz pelo convite da Macy Gray!Ela é uma potente voz da música negra norte-americana, e pra mim, como um artista da nova geração brasileira, receber um convite como esse é realmente a realização de mais um sonho. Expectativas altas para esse nosso encontro”.

Com 30 anos de idade, Joabe Reis tem sólida formação teórica como músico, e possui um trabalho próprio que já gerou o álbum Crew In Church (2020) e o EP I Just Wanna Breathe. Ele já trabalhou com artistas estelares do porte de Ivan Lins, Anitta, Bob Mintzer, Hermeto Pascoal, Paula Lima, Roberto Menescal, Toninho Horta e Hamilton de Holanda, entre outros.

I Try (clipe)- Macy Gray:

Lule Bruno, um brasileiro nada perdido em London Town

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Por Cristiano Bastos (colaboração para Mondo Pop)

Lule Bruno nasceu em Porto Alegre, em 1981, e começou tocando teclado na escola, aos dez anos, nos Estados Unidos, onde morou dos oito aos 15 anos de idade. Em 2003, junto com dois amigos, o músico fundou, na capital gaúcha, o estúdio Lopo 51, local de surgimento da banda de mascarados Procura-se Quem Fez Isso, da qual foi baixista.

A ideia de usar máscaras e esconder suas identidades veio por influência dos americanos dos The Residents. A intenção era botar ênfase na música e tirar o foco das personalidades dos membros do grupo. A banda terminou em seu auge, em 2010, devido a conflitos de personalidades e problemas pessoais, como seu uso de drogas. Durante essa época, também lançou CDs sob o pseudônimo Walter Willy em edições limitadas a 30 CDs, com todos os discos gravados em gravadores de 4 pistas.

Depois de uma breve pausa para se reabilitar, fundou a banda Dévil Évil, com a qual gravou três discos. O grupo juntava punk e psicodelia, Velvet Underground, Pink Floyd e Dinosaur Jr. Em 2014, Lule mudou-se para Londres, onde tocou na banda do francês Vincent Sala. Durante a pandemia, resolveu fazer uma terapia chamada “EMDR”, em busca da cura para eventos traumáticos em sua vida, o que o levou a resgatar fitas cassete com gravações antigas.

A partir dessas audições, o compositor decidiu regravá-las, o que resultou num álbum duplo contendo 24 canções. Entre as influências, Flaming Lips, Os Mutantes, Arnaldo Baptista solo, Brian Wilson, Electric Light Orchestra e Novos Baianos. Nesta entrevista exclusiva ao Mondo Pop, Lule Bruno falou sobre seus dois álbuns, que serão lançados neste mês, e também sobre a Procura-se Quem Fez Isso.

MONDO POP-Fale sobre Curtição Suprema. Qual o conceito em torno desse disco?
LULE BRUNO-
Trata-se de um disco duplo, dividido em dois volumes. Levou dois anos para ficar pronto, tive um colapso nervoso depois de terminar, o que me levou a não conseguir ouvir música por uns três meses. São canções de todas as épocas da minha vida. Cada volume do disco termina com uma mini-suíte de “musique concrète” inspirada em Pierre Henry e Stockhausen.

MONDO POP- Quais músicas do disco seriam destaques pra ti?
LULE BRUNO-
O ponto forte do disco são os arranjos, estou muito orgulhoso das progressões harmônicas e da quantidade de texturas que utilizei, inspirado em Electric Light Orchestra e no conceito de “wall of sound”. Seguindo nessa linha, eu destacaria A Música Vem Pra Me Salvar, que é uma música que fiz quando eu estava muito triste, mas que serve de lembrete, para mim mesmo, de que o meu amor pela música sempre vai me tirar do buraco. E também gosto muito do arranjo, ficou bem grandão, orquestral. A outra música é Você é meu Esconderijo, Beibe, canção que compus aos 23 anos, umas das poucas músicas de amor que compus na vida.

MONDO POP- Quais são suas influências no disco?
LULE BRUNO-
Eu tava ouvindo Electric Light Orchestra, Flaming Lips, Roy Wood, Negro Leo, Ana Frango Elétrico e Tom Zé, enquanto fazia esse disco. O conceito e o espírito geral foram inspirados pelo disco “perdido” Smile, dos Beach Boys, e também um álbum duplo do Frank Zappa chamado Läther, que nunca foi lançado. Também tem influências do Loki?, do Arnaldo Baptista, Álbum branco dos Beatles, Ween e os compositores franceses Pierre Henry e Pierre Schaeffer. Ah! E Raul Seixas e o Sun Ra, mentores espirituais.

MONDO POP- Você fez o disco todo sozinho?
LULE BRUNO-
Embora eu estivesse envolvido com bandas durante toda minha vida, sempre preferi produzir tudo sozinho. Esse disco eu compus e gravei todo em casa, aqui em Londres, mas resolvi, por exemplo, que queria que tivesse uma bateria de verdade.

MONDO POP- Como é ser um artista independente na Inglaterra e como é no Brasil?
LULE BRUNO-
Por incrível que pareça, na minha opinião é meio parecido. Essa coisa de exclusividade, de ter de “conhecer gente”. Isso rola igual aqui em Londres. Mesmo na época da minha banda, a Procura-se Quem Fez Isso, quando a gente fazia um certo sucesso, ainda nos sentíamos à margem, como se fossemos outsiders, por não querer jogar certos jogos. Aqui tem muito isso também, infelizmente. Essa coisa de personalidade, de ter que usar as roupas certas, de ser divertido na festa ou ser mais importante que a música ou a arte em si.

MONDO POP- Porque optou por fazer um disco duplo?
LULE BRUNO-
O disco começou com o conceito básico de gravar músicas engavetadas dos meus vinte e poucos anos que vieram à tona em sessões de terapia para trauma que fiz durante um ano e meio, em 2020. Revisitei essas gravações ouvindo fitas cassete antigas e comecei um processo de regravar as que mais gostava, cerca de 50 canções. Decidi fazer um álbum duplo como o Álbum Branco, dos Beatles, ou Freak Out, do Zappa. As canções que sobraram lancei sob meu outro alter ego, o Walter Willy, pelo selo Chupa Manga Records, de São Paulo.

MONDO POP- Qual a diferença entre Volume 1 Volume 2? É o mesmo conceito musicalmente, as influências são as mesmas?
LULE BRUNO-
O disco foi dividido em dois volumes como se fazia com os discos de antigamente. Acho que fica mais legal assim, e também não acho legal ter 24 músicas seguidas do mesmo disco no streaming, parece muita coisa e as pessoas não têm mais o poder de concentração e a paciência que tinham antigamente. Fazer a ordem das musicas é uma das minhas partes favoritas de gravar discos. E como eu tinha muitas músicas, pareceu a coisa mais clássica a se fazer. O Volume 1 sai dia 23 de setembro e o Volume 2, no dia 8 de outubro. As músicas foram compostas todas no mesmo período, portanto têm as mesmas influências. Não há muita diferença entre os dois, talvez na minha concepção as canções do volume 1 sejam um pouquinho mais “pop”, se é que dá pra dizer isso, do que as do volume 2, que considero um pouco mais escrachadas em termos de temas das letras. O Volume 2 começa com a músicas título do disco Curtição Suprema que é um tema que compus com 18 anos e termina com A Paz é a Coisa Mais Importante que acho o final perfeito pro disco. Ambos os discos terminam com pequenas peças de colagens musicais do que se chama “música de vanguarda” inspiradas também no que o Zappa fazia nos seus discos.

MONDO POP- Você mencionou um alter ego, Walter Willy e a banda Dévil Évil. Fale mais sobre esses projetos.
LULE BRUNO-
Sempre gravei muito desde que ganhei da minha mãe, aos 18 anos, um gravador de 4 canais da Fostex. Tenho caixas e caixas de fitas. Criei o personagem Walter Willy em 2003, que era e continua sendo meu alter ego “carreira solo” paralelo a tudo que faço, no caso na época a minha banda Procura-se Quem Fez Isso que durou de 2003-2010 em Porto Alegre. Foi uma fase conturbada da minha vida. Passei por algumas estadias em hospitais psiquiátricos por abuso de substâncias e está tudo mais ou menos documentado nos discos do Walter Willy. Ao sair da última internação, em 2011 (estou limpo há 11 anos), fiz a banda Dévil Évil, em Porto Alegre, que tocava tipo um pop-punk psicodélico. Aqui em Londres tenho um projeto paralelo chamado I Know I’m An Alien.

MONDO POP- Fale da banda Procura-se Quem Fez Isso. Porque os integrantes nunca mostraram os rostos?
LULE BRUNO-
A banda Procura-se quem Fez Isso é um assunto meio difícil. É a primeira vez que falo publicamente sobre isso, escondi minha identidade enquanto membro da banda por cerca de 15 anos e agora decidi me assumir como integrante. Os outros membros seguem querendo não se identificar. A banda começou em 2004 e tínhamos um conceito de não mostrar nossos rostos em público, com o intuito de colocar o foco na música e não nas personalidades e aparências dos membros da banda. Era influência dos The Residents. Fizemos muitos shows, festivais, tivemos matéria na Rolling Stone e abrimos para os meus ídolos, os Mutantes. Gravamos um disco no nosso estúdio, em 2004, e é um dos poucos registros que deixamos (pode ser ouvido na internet).

MONDO POP- Qual o seu processo criativo?
LULE BRUNO-
Raramente sento para compor com o intuito de “vou fazer uma música agora”. Geralmente a ideia vem do nada e na maioria das vezes a músicas vem mais ou menos pronta na minha cabeça. Tento gravar rapidamente com o que estiver por perto e logo faço algum tipo de gravação demo que fico ouvindo enquanto saio para caminhar na rua ou andar de ônibus. Vou resolvendo a estrutura da música na minha cabeça e gravando demos até chegar no mais próximo do que imaginei inicialmente quando a ideia apareceu e daí então gravei a música e ideias para arranjos vão surgindo enquanto estou gravando. Posso estar gravando a linha de baixo e já ouço na minha cabeça como vão ser as guitarras por exemplo. Nunca deixo para terminar uma gravação depois, procuro terminar no mesmo dia que comecei, o que leva geralmente em torno de 3-4h para gravar uma músicas inteira. Gosto de terminar para me livrar e me desbloquear do que estou trabalhando para abrir espaço para uma nova música que logo virá.

MONDO POP- Qual sua motivação/inspiração pra fazer música?
LULE BRUNO-
Transformar experiências ruins em boas, rir do trágico, tentar trazer alguma alegria pro mundo. Acredito que conseguir superar dificuldades na vida pessoal fortalece a minha criatividade e me inspira para continuar, me sinto muito mais criativo estando limpo do que em todos os meus anos utilizando álcool e drogas, estou sempre compondo, tendo ideias para músicas e discos novos. Parece uma fonte inesgotável, vou estar ocupado até o dia que eu morrer hehe e isso é uma benção. É como se por eu ter passado por essas experiências mais extremas que talvez muitas pessoas não tenham que passar, a minha música adquiriu pra mim uma profundidade e significado pessoal que não tinha antes. Se hoje eu estou sorrindo é um sorriso honesto porque houve um período da minha vida em que era muito difícil sorrir.

MONDO POP- Por que ser artista em 2022?
LULE BRUNO-
Tenho muita coisa que quero expressar, sou obcecado por gravar, estou sempre compondo, compus mais de 500 músicas na minha vida, gosto de fazer discos. E não pretendo parar. Acredito no humor como ferramenta de transcender tudo, de poder rir da própria tragédia, gosto do tragicômico. A criatividade é a coisa mais importante pra mim pois quando estou criando eu e a música viramos uma coisa só e o mundo exterior deixa de existir.

MONDO POP- Qual sua opinião sobre a importância da mídia social e da tecnologia na música?
LULE BRUNO-
Sem querer parecer velho, mas sou do tempo em que era tudo meio que no boca a boca, a gente fazia poster, distribuía flyer e as pessoas iam aos shows e aos poucos a palavra chegava nas pessoas certas que depois apareciam nos shows. Embora seja fã da internet e de como essa ferramenta possibilita a gente ouvir e ler coisas que jamais imaginamos, o lance da mídia social para o artista hoje em dia virou uma parada mais de servir a plataforma do que de fato criar arte e acho que estamos num caminho bem negativo em relação a isso. Se não criarmos uma plataforma livre onde os artistas podem distribuir seu trabalho direto para os fãs sem a interferência de um algoritmo acredito que com o tempo será cada vez mais difícil divulgar um trabalho para um público que possivelmente possa gostar do que a gente faz.

MONDO POP- Fale um pouco de shows. Como você traz o seu trabalho pros palcos?
LULE BRUNO-
Em 2018, lancei meu primeiro trabalho solo em vinil usando meu próprio nome, e montei uma banda que incluía às vezes até 5 integrantes tocando minhas músicas e infelizmente a banda se desfez durante a pandemia do novo coronavírus. Esse ano, retomei os shows sozinho, aliado a backing tracks e uma coisa incrível aconteceu que quando estava sozinho no palco me peguei conversando com a platéia, contando histórias baseadas nas músicas e tem dado certo! Os shows viraram meio que uma mistura de música com stand up comedy hehe. Para os shows, no futuro estarei novamente acompanhado de James Ovens (Crazy World of Arthur Brown) na bateria. Eu chamo a banda de Mental Butter.

MONDO POP- Quais seus discos favoritos de todos os tempos?
LULE BRUNO-
Gosto de discos conceituais como Sgt. Pepper’s que contam uma história e as músicas tem uma ligação entre si e não são apenas um monte de singles amontoados. Gosto de discos de identidade forte e com capas interessantes. Meus outros discos favoritos são Magical Mystery Tour também dos Beatles, From a Basement on the Hill do Elliott Smith, White Album (Beatles), Axis: Bold as Love (Jimi Hendrix), Smile (Beach Boys), Loki? (Arnaldo Baptista), O A e o Z (Mutantes), Yoshimi Battles The Pink Robots (Flaming Lips), Niandra Lades and Usually Just a T-Shirt (John Frusciante) e We’re Only in it For the Money dos Mothers of Invention.

Eu Gosto de Você (clipe)- Lule Bruno:

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