Mondo Pop

O pop de ontem, hoje, e amanhã...

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Train arrepia com Save Me, San Francisco

Por Fabian Chacur

Drops Of Jupiter (Tell Me) é para mim uma das músicas mais deliciosas da primeira decada do século 21. Ela integra o álbum Drops Of Jupiter, segundo lançamento da banda americana Train. Uma espécie de balada balançada no melhor estilo Elton John dos anos 70.

Vou ser sincero: há poucos dias, era tudo o que este apaixonado por música conhecia do trio formado por Patrick Monahan (vocal), Jimmy Strafford (guitarra) e Scott Underwood (bateria). Shame on me, ou que vergonha, em português claro.

Até que caiu nas minhas mãos Save Me, San Francisco, quinto ítem na discografia dos rapazes da mitológica cidade americana que dá nome ao trabalho e que marca o retorno após três anos de férias.

E qual a razão que me levou a ficar tão entusiasmado com esse Train de três? Simples. Eles não reinventaram a roda ou coisa que o valha, mas em alguns momentos soam como banda de primeira divisão. Melhor: nos oferece canções, canções e mais canções, pelo menos quatro delas antológicas.

O milk shake musical deles inclui doses do rock setentista americano, pop rock a la (de novo!) Elton John do mesmo período (1970-1976) e também elementos do rock arena na linha Bon Jovi.

O disco tem início com uma trinca fantástica: o rock que dá nome ao álbum, daqueles compassados e que dá vontade de acompanhar batendo palmas ou dançando, a deliciosa canção com tempero country (e direito a banjo) Hey Soul Sister (o primeiro hit extraído do disco) e a maravilhosa I Got You.

Esta última faz uma coisa difícil, que é aproveitar elementos (incluindo o refrão, mas tudo creditado como se deve) de um clássico da magistral banda ianque The Doobie Brothers, a marcante Black Water, e nos oferecer uma outra obra, tão empolgante (e balançada) quanto.

Lógico que seria difícil manter esse altíssimo nível até a faixa 11. Então, entra a simpática balada rock a la Bon Jovi intitulada Parachute, que de repente pode até virar sucesso se tocada em rádios.

Utilizada como trilha sonora pelo Universal Channel em um de seus comerciais, a balada This Ain’t Goodbye beira o brega, mas não se escancara, e certamente embalará corações apaixonados por aí afora.

If It’s Love é balançada e tem a letra meio declamada, parecendo faixa perdida de algum álbum do Matchbox Twenty. Passa na média, assim como o compassado rock romântico bonjoviano You Already Know.

Words começa com violões e clima romântico-country até a medula, com melodia melosa e arranjo de cordas ao fundo. Também beira o brega, e fica bem pertinho disso, mas nada que machuque demais os ouvidos.

Brick By Brick é um momento bem próximo do Bed Of Roses daquela banda que já citei várias vezes nesta resenha, e da qual por sinal gosto, obviamente não tanto como de outros compatriotas americanos (Byrds, Doobie Brothers, Jefferson Airplante, Tom Petty And The Heartbreakers, a lista vai longe).

Breakfast In Bed é mais sutil e tem um tempero que lembra algumas coisas dos Eagles, ou da carreira solo do Don Henley, ou até de alguns momentos de Bruce Springsteen em seu lado mais doce… Em resumo: adorei!

A delicada e acústica (só voz e violão) Marry Me encerra o álbum que passa na média como um todo, mas que tem momentos iluminados em quantidade suficiente para considerar o Train uma banda relevante.

obs.: a capa, como você já viu aí em cima, é uma graça!

Christopher Cross (1979), o álbum que marcou uma carreira

christopher cross cd 1979

Por Fabian Chacur

Christopher Cross completou 70 anos há alguns dias. Ele certamente celebrou a data com muita alegria, pois está conseguindo superar os duros efeitos da covid-19, que o levaram inclusive a ficar por algum tempo sem poder se locomover, com as pernas paralisadas. Como forma de homenagear esse grande cantor, compositor e músico americano, Mondo Pop mergulha na história de seu autointitulado álbum de estreia, trabalho que marcou sua trajetória e o eternizou na história do soft rock.

Nascido em San Antonio, Texas (EUA) em 3 de maio de 1951, Christopher Charles Geppert (seu nome de batismo) iniciou sua jornada na música como muitos outros, tocando em bandas covers e se apresentando em bares, festas e quetais. Com o tempo, foi desenvolvend em paralelo um trabalho autoral, e tinha como sonho conseguir um contrato com uma gravadora. Essa busca se intensificou a partir de 1975, inicialmente sem grande retorno.

Enquanto corria atrás de seu sonho, ele montou uma excelente banda de apoio, formada pelo amigo Rob Meurer (1950-2016) nos teclados, Andy Salmon no baixo e Tommy Taylor na bateria. Após muita batalha, ele enfim atraiu as atenções da Warner, com quem assinou em 1978. A coisa começou bem logo na escolha do produtor, o então ainda iniciante na função Michael Omartian, que no entanto já possuía um bom currículo como músico de estúdio.

Além de acrescentar seus préstimos profissionais tocando piano acústico e teclados no álbum, Omartian também foi importante na escolha de outros músicos e vocalistas de apoio que se mostrariam decisivos no sentido de dar ao trabalho uma embalagem absolutamente perfeita. Ele depois trabalharia com nomes do porte de Rod Stewart, Amy Grant, Donna Summer, Peter Cetera, Dolly Partonn e inúmeros outros.

As gravações ocorreram em meados de 1979. O lançamento do álbum, no entanto, foi adiado em alguns meses. A razão: os diretores da gravadora temiam que a sonoridade daquele disco, voltada para o soft rock-bittersweet rock, pudesse levá-lo a não receber a devida atenção por parte da mídia em função do crescimento do interesse em torno da new wave, encarada como a mais provável “bola da vez” naquele momento.

Assim, Christopher Cross (o LP), só chegou às lojas de discos no dia 20 de dezembro de 1979, começando a ser efetivamente trabalhado em termos promocionais a partir de janeiro de 1980. Ride Like The Wind, o primeiro single a ser extraído do álbum, atingiu o 2º lugar na parada da Billboard, provavelmente impulsionado pela presença nos vocais de Michael McDonald, então no auge da fama como integrante dos Doobie Brothers e celebrando o estouro de músicas como What a Fool Believes e Minute By Minute.

Logo a seguir, o single seguinte, a balada romântica Sailing deu a Cross o prazer de atingir o 1º posto no mercado americano. O álbum renderia ainda mais dois hits nesse formato em território americano: Never Be The Same (nº 15) e Say You’ll Be Mine (nº 20), e conquistou o 6º posto na parada de álbuns, contabilizando até hoje a marca de mais de 5 milhões de cópias vendidas nos EUA e pelo menos mais 3 milhões no resto do mundo.

No dia 25 de fevereiro de 1981, na 23ª edição do Grammy, o Oscar da música, Christopher Cross realizou uma façanha então inédita: faturou os quatro troféus considerados os mais importantes da premiação- Álbum do Ano, Single do Ano, Composição do Ano e Artista Revelação. De quebra, ainda levou Melhor Arranjo com Acompanhamento de Vocalistas. Três desses troféus foram partilhados com o produtor Michael Omartian (álbum, single e arranjo).

Vale lembrar que o feito de Cross só seria repetido por um outro artista na 62ª edição do Grammy, em 2020, quando a jovem cantora americana Billie Eilish, então com 19 anos, também saiu com esses quatro cobiçados troféus.

Como explicar tamanho sucesso? Podemos dizer que Christopher Cross foi um dos últimos artistas a estourar de forma efetiva antes da era da MTV e dos videoclipes. Gordinho e sem grande apelo físico, ele deve pura e simplesmente à qualidade da música que ofereceu ao público o seu estrelato. O disco, inclusive, nem traz a sua foto na capa, que é ilustrada pelo desenho de um flamingo, que virou uma espécie de logotipo dele

O álbum é tão bom que vale uma análise de cada uma de suas 9 faixas. Então, vamos a ela, lembrando que todas as composições são dele, sem parceiros.

Say You’ll Be Mine
O álbum começa com um rock com levada latina reforçada pela percussão afiada do grande músico de estúdio Lenny Castro. O espetacular, quase hard rock solo de guitarra é de Jay Graydon, conhecido por seus trabalhos com George Benson e David Foster. O show fica por conta dos vocais de apoio de Nicolette Larson (1952-1997), que interage de forma poderosa com Cross. Ela ficou conhecida graças ao single Lotta Love (1978), composição de Neil Young que ela levou ao 8º posto na parada da Billboard.

I Really Don’t Know Anymore
Esta deliciosa canção r&b foi seriamente cotada para se tornar o 2º single a ser extraído do LP, mas acabou sendo deixada de lado por uma razão empresarial: o manager de Michael McDonald não quis que mais uma faixa com a participação de seu artista fosse divulgada sem estar em um de seus próprios discos. Uma pena, pois ficou escondida no álbum e virou uma espécie de “hit que nunca se materializou”. Além da bela performance de McDonald, outro destaque fica por conta do solo do grande guitarrista de jazz Larry Carlton.

Spinning
Aqui, temos uma canção de tempero bossa com muita delicadeza e nítida influência de Burt Bacharach. Coincidência ou não, em 1981 Cross comporia com o lendário maestro, sua então esposa Carole Bayer Sager e Peter Allen (dos sucessos I Go To Rio e Paris At 21) o megahit Arthur’s Theme (Best That You Can Do), tema do filme Arthur O Milionário Sedutor (com Lisa Minelli e Dudley Moore) e que rendeu a Christopher mais um single nº1 nos EUA e, ainda melhor, um Oscar. Outro ponto alto desta gravação fica por conta dos vocais de Valerie Carter (1953-2017), de arrepiar. Ela gravou discos solo e também participou das bandas de James Taylor, Jackson Browne e Linda Ronstadt, ente outros trabalhos relevantes.

Never Be The Same
Pop rock romântico até a medula, esta gravação traz outro solo preciso de Jay Graydon e vocais de apoio por conta de Stormie Omartian (esposa do produtor do álbum), Myrna Matthews e Marty McCall. Vale lembrar que os teclados nesta e nas outras faixas se dividiram entre Michael Omartian (piano acústico e teclados) e Rob Meurer (sintetizadores e piano elétrico, incluindo efeitos de cordas). Outro destaque é o vibrafone, a cargo do músico inglês de jazz Victor Feldman (1934-1987), que gravou com Marvin Gaye, Olivia Newton-John e Miles Davis, entre muitos outros. Feldman também toca em outras faixas.

Poor Shirley
O lado 1 do vinil se encerra com uma canção introspectiva sobre o sofrimento de uma garota repleta de perdas e à espera de alguém que possa ajudá-la a superar suas dores. A influência aqui é dos Beach Boys em sua fase mais sofisticada a partir de Pet Sounds (1966), e não é de se estranhar que um dos integrantes dessa banda, Carl Wilson (1946-1998), tenha participado do 2º álbum de Cross, Another Page (1983). Curiosidade: os belos vocais de apoio foram todos gravados pelo próprio Christopher.

Ride Like The Wind
Este rockão com percussão latina (por conta de Lenny Castro) iniciou a divulgação deste álbum, e mostra o entrosamento perfeito das vozes de Cross e Michael McDonald, parceria que se repetiria em discos posteriores de Cross, mas sem esse mesmo impacto. O ótimo solo de guitarra ficou por conta do próprio artista, e é uma bela prova de seu talento como músico. A música foi dedicada a Lowell George (1945-1979), ex-The Mothers Of Invention e fundador da banda Little Feat. Em 1988, o grupo inglês de heavy metal Saxon a regravou com muita categoria.

The Light Is On
Um r&b com percussão latina e levada sensual que tem o luxo de trazer, nos vocais de apoio, Don Henley (dos Eagles) e J.D. Souther (artista solo e compositor de hits para inúmeros artistas, incluindo os Eagles). Larry Carlton também se incumbe do solo de guitarra aqui.

Sailing
O momento mais lírico do LP. Uma balada romântica, envolvente, inspirada na navegação como forma de buscar o prazer e a fuga dos problemas do dia a dia. O acompanhamento de guitarra, a cargo do próprio Cross, e as intervenções de piano acústico de Omartian e de sintetizadores de Meurer tornam a gravação simplesmente perfeita. O autor da canção também se incumbe sozinho dos backing vocals.

Ministrel Gigolo
Faixa mais longa do álbum, com 6 minutos de duração, Ministrel Gigolo apresenta uma letra bem-humorada sobre um cantor e compositor cujo grande objetivo é encantar, cativar e porque não, seduzir suas fãs. Em termos sonoros, traz similaridades com os momentos mais introspectivos de Elton John em seus anos iniciais, especialmente da faixa Madman Across The Water.
obs.: a edição japonesa em CD deste álbum traz uma faixa adicional, Mary Ann, que participou em 1980 do Yamaha World Music Festival, no Japão.

A carreira após esse estouro monumental

A fase positiva de Christopher Cross se manteve até 1984. Nesse período pós-lançamento de seu disco de estreia, ele ganhou um Oscar em março de 1982 com Arthur’s Theme (Best That You Can Do). Em 31 de janeiro de 1983, seu 2º álbum, Another Page, chegou às lojas. Se não vendeu tanto, ao menos atingiu uma posição respeitável na parada americana, o 11º lugar, e emplacou dois singles de sucesso, Think Of Laura (nº9), que foi utilizada na popular série de TV General Hospital e All Right (12º lugar), esta última bem tocada nas rádios brasileiras.

Every Turn Of The World (1985), o trabalho seguinte, foi um tremendo fiasco, não passando da posição de número 127 dos EUA, e marcou o fim dos anos de ouro do artista, que desde então lançou discos que passaram longe das paradas de sucesso, embora incluíssem algumas músicas legais, e se manteve fazendo shows pelos quatro cantos do mundo, Brasil incluso.

Ouça Christopher Cross (1979) em streaming:

Victor Riskallah Chacur se foi há 20 anos e faz muita, muita falta!

victor eu primo 1967 mais ou menos

Por Fabian Chacur

No dia 6 de janeiro de 1999, há exatos 20 anos, perdi o meu irmão, Victor Riskallah Chacur. Naquele triste momento, fiquei sem o último vínculo com minha família mais próxima. Minha querida mãe, Victoria, deixou esta existência no dia 22 de junho de 1996, enquanto meu amado pai, Fuad, seguiu rumo à eternidade no dia 21 de setembro de 1998, ou seja, pouco mais de três meses antes do meu irmão. Éramos quatro, agora somos um. Unzinho, que desde então tenta seguir em frente, mas sempre com aquela forte sensação de vazio deixada pela falta dos meus três nobres parceiros diretos.

Se hoje sou um eterno viciado em música boa, devo muito disso ao Victor. No mínimo, pela ótima iniciação. Afinal de contas, os primeiros discos que tive a oportunidade de ouvir eram dele, em sua maioria. Esse vício de comprar discos eu herdei dele, ampliando-o até as raias do impossível e impagável.

E os discos do cara eram de primeiríssima linha. Tipo aquele compacto dos Beatles com Hey Jude e Revolution, que ouvimos até o limite da exaustão naquele finalzinho de 1968, quando eu tinha apenas sete aninhos de idade, e quando recebi a visita do meu primo Jair, que veio passar as festas conosco. Para intercalar, na mesma época, também curtimos o belo compacto do obscuro grupo one-hit-wonder californiano People com a ótima I Love You.

Conheci os Beatles, até hoje (e para sempre) minha banda favorita, graças a ele. E vários outros grupos e artistas. O Deep Purple, por exemplo, ouvindo muito o seu exemplar do In Rock, com Living Wreck, Speed King e Child In Time.

E aquele compacto, com Nobody de um lado e Slippery St. Paul do outro, de 1971? Esse raio desse disco me viciou em outra das minhas bandas favoritas até hoje, os Doobie Brothers. Amo esses caras!

A voz potente e os riffs certeiros da guitarra de Tom Johnston, a guitarra dedilhada e os vocais de Patrick Simmons, as vocalizações certeiras, a fusão de rock-country-folk-soul etc…… Doobie Brothers forever!

O primeiro disco de Paul McCartney que ouvi na vida foi o Ram, de 1971. Lógico que o exemplar do glorioso Victor. Também ouvi até furar Uncle Albert/Admiral Halsey, Monkberry Moon Delight, Dear Boy, Heart Of The Country….

A partir dos meus dez anos de idade, a gente começou uma disputa besta para ver quem comprava primeiro um disco de sucesso. Era divertido ver quem surgia primeiro com o novo do Seals & Crofts, Bread, Rolling Stones, Bee Gees…..

Quando fiz 17 anos, acordei e vi, em cima do criado mudo ao lado da minha cama, um compacto simples embrulhado. Abri: Got a Feeling, de Patrick Juvet, grande hit em 1978 e um clássico da disco music que eu amo.

Fico arrepiado só de lembrar a alegria ao ganhar esse disco, que obviamente tenho até hoje. Foi o único presente que ganhei naquele aniversário, e me lembro de ter chorado no final do dia, sozinho, sabe-se lá porque.

Eu também curto músicas bizarras, aquelas que de tão ruins chegam a ser boas, mas o Victor, não. Ele só curtia coisas boas. Tipo aquele maravilhoso álbum Cicatrizes, do MPB-4, um dos melhores de música brasileira que já tive a oportunidade de ouvir.

Ou O Canto das Três Raças, da Clara Nunes, que você abria a capa e a mesma virava um pôster imenso. Ou alguns do Martinho da Vila (Memórias de Um Sargento de Milícias, por exemplo), o samba em sua autêntica e bela expressão.

Vou parar por aqui, pois a lista vai longe. Lógico que, como bons irmãos, brigamos algumas vezes, frequentemente por razões imbecis, mas sempre voltávamos às boas, felizmente. E a vida seguia!

Tá bom, ele tinha um defeito gravíssimo: torcia para aquele timinho da Marginal Sem Número. Mas fazer o que? Perfeição não existe…..

O Victor foi internado próximo do natal de 1998. Lembro que minha cunhada ligou para me avisar na editora onde eu trabalhava na época, quando eu estava prestes a sair rumo à “festa da firma”. Nem é preciso dizer que abortei a ida à confraternização e fui direto ao hospital, onde dei um jeito de conseguir visitá-lo, mesmo fora do horário normal.

Foram dias difíceis, nas quais felizmente pude falar com ele em algumas ocasiões, e pude lhe dar toda a força que pude, e meu apoio incondicional. Incondicional mesmo, como ele e eu sabemos, e só nós dois!

No dia 6 de janeiro de 1999, ele me deixou, após alguns dolorosos dias em estado de coma. Fica a recordação de alguém que foi fundamental em minha vida, e a quem devo muito mais do que ele poderia imaginar. Onde estiver, meu abraço apertado, cara, e a saudade eterna!

obs.: o Victor é o primeiro da esquerda para a direita, na foto acima, tirada há mais de 50 anos em Uberlândia (MG).

I Love You– People:

David Crosby e seu Sky Trails, mais um desses CDs incríveis

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Por Fabian Chacur

David Crosby é um dos grandes gênios do nosso amado rock. Não satisfeito em ter integrado algumas das mais importantes bandas de todos os tempos, The Byrds e Crosby, Stills & Nash/Crosby, Stills, Nash & Young, o cara ainda possui uma carreira solo das mais elogiáveis, e que anda bem produtiva nos últimos anos. Seu mais recente CD é o maravilhoso Sky Trails, que saiu cerca de um ano após outra maravilha, Lighthouse (2016- leia a resenha aqui).

Em sua trajetória musical, este brilhante cantor, compositor e músico americano que caminha para completar 77 anos de idade conseguiu criar uma sonoridade própria que mistura com desenvoltura rock, folk, country e jazz. Sabe harmonizar vozes como ninguém, tem uma voz belíssima, compõe com assinatura inconfundível e toca muito bem guitarra e, principalmente, violão.

Sky Trails guarda boas semelhanças com o trabalho da banda CPR, e não é para menos. O braço direito de Crosby durante todo o álbum é exatamente um de seus parceiros naquele trio, o filho tecladista e compositor James Raymond, sendo que em uma faixa, o incisivo rock midtempo Sell Me a Diamond, o terceiro integrante da banda, o guitarrista Jeff Pevar, marca presença com seus solos intensos.

O CPR lançou dois discos de estúdio e dois ao vivo entre 1998 e 2001, e nos oferecia uma mescla de jazz-rock e folk envolvente. E esse é basicamente o clima deste trabalho. A abertura fica por conta de uma composição solo de Raymond, a deliciosa e delicadamente funkeada She’s Got To Be Somewhere, com um jeitão de Steely Dan e muito swing.

Sky Trails, a faixa que dá nome ao disco, é uma parceria de Crosby com a talentosa cantora, compositora e guitarrista americana Bekka Stevens, dobradinha que já havia rendido uma faixa antes, no álbum Lighthouse, a incrível By The Light Of Common Day. A nova colaboração nos mostra o belo encaixa das vozes dos dois, em uma melodia delicada e de rara beleza, capaz de cativar o ouvinte logo nos seus primeiros segundos.

Parceria de Crosby com Michael McDonald (ex-Doobie Brothers, que não participou da gravação), Before Tomorow Falls On Love é uma bonita balada com piano em destaque no acompanhamento. Here It’s Almost Sunset aposta em clima mais acústico. Capitol investe em jazz rock, em um momento um pouco mais swingado.

De autoria de Joni Mitchell e lançada originalmente no álbum da estrela canadense Hejira (1976), Amelia mereceu uma releitura próxima do registro da autora, e não foi escolhida por acaso, pois sua letra segue a linha das viagens internas e externas propostas a rigor em todas as faixas do álbum, como as delicadas Somebody Home e Curved Air.

Uma marca registrada do CD é a participação destacada dos sopros em vários momentos, comandados pelo experiente Steve Tavaglione. Mais uma vez Crosby se concentra nos vocais, tocando seu violão endiabrado apenas na bela Home Free, que encerra o álbum. Sky Trails transmite paz de espírito, boas energias e muita emoção ao ouvinte, mostrando que, sim, a vida pode seguir em frente e nos surpreender positivamente. David Crosby é a prova concreta disso.

Sky Trails- David Crosby (ouça em streaming):

Walter Becker, do Steely Dan, sai do cenário pop aos 67 anos

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Por Fabian Chacur

No dia 28/8, o grande Tony Babalu me mandou por e-mail uma música de um dos guitarristas que citou em sua lista de favoritos, o americano Walter Becker. Somebody’s Saturday Night simplesmente me fascinou, ainda mais por ser de um disco que eu desconhecia, Circus Power (2008), o único dele ou da banda que o tornou famoso, a Steely Dan, que eu não tenho. Na tarde deste domingo (3), sem ter entrado na internet, resolvi ver o DVD Classic Albums que conta a história do delicioso álbum Aja (1977). Só aí, no finalzinho da noite, é que conferi as notícias. E tomei essa paulada na fuça!

Na manhã deste domingo, foi anunciada a morte deste espetacular guitarrista, baixista, compositor, produtor e eventual vocalista, por razões não divulgadas. O cara tinha apenas 67 anos. Nem é preciso dizer que diversos músicos manifestaram o seu enorme pesar por essa grande perda, especialmente o seu parceiro de Steely Dan, o cantor, compositor, músico e produtor Donald Fagen, que promete preservar a obra do grupo e do amigo.

Walter Becker nasceu em Queens, Nova York, em 20 de fevereiro de 1950, e conheceu Donald Fagen no Bard College, quando ambos eram ainda adolescentes. A amizade logo virou parceria musical, e em 1969 eles foram morar juntos no Brooklin para iniciar uma carreira como compositores. Eles até tiveram um belo êxito, que foi ver sua canção I Mean To Shine gravada pela estrela Barbra Streisand em seu álbum Barbra Joan Streisand (1971), que atingiu o 11º posto na parada americana. Mas as coisas não foram muito além disso.

Convidados pelo produtor Gary Katz para integrar o elenco de compositores da gravadora ABC, eles gravaram muitas demos, como já haviam feito antes, mas ninguém topava gravar. Inteligente, Katz percebeu que o material era ótimo, mas muito sofisticado, e resolveu incentivá-los a gravar por conta própria. Nascia o Steely Dan, que estreou em 1972 com o álbum Can’t Buy a Thrill, trabalho no qual misturam rock, pop, música latina e jazz de forma brilhante.

Graças a hits como Do It Again e Reeling In The Years, o álbum levou o grupo para a estrada, mas desde o início ficou claro que Fagen e Becker não era fãs de turnês. Tanto que, em 5 de julho de 1974, quando faziam a turnê de seu terceiro álbum, Pretzel Logic, resolveram largar os palcos e se concentrar apenas na gravação de seus discos. Isso os tornou posteriormente um duo de fato e de direito.

Até o fim dos anos 1970, os amigos mergulharam em uma sonoridade mais sofisticada, com direito a soul, funk e jazz e moldada com o apoio dos melhores músicos de estúdio que o dinheiro podia contratar. Entre outros, gravaram com eles Michael McDonald (que depois iria para os Doobie Brothers e posteriormente viraria artista solo), Jeff Skunk Baxter (também foi para os Doobie Brothers), integrantes que criariam o Toto e muitos outros.

O perfeccionismo de Becker e Fagen chegou ao ponto de, no álbum Aja (1977), que alguns consideram sua obra prima, eles montarem uma banda para cada música. Embora sofisticado, seu som conseguiu ótimo resultado comercial, e pode ser considerado uma das principais influências para o som que dominou as FMs dos EUA e de boa parte do mundo nos anos 1980, música consistente e apelo popular suficiente para torna-la viável comercialmente.

Após passar por vários problemas pessoais, como a morte de uma namorada em seu apartamento em 1978 e ser atropelado por um taxi logo depois, além do consumo de drogas e a pressão pelo sucesso, Becker sentiu o baque. O Steely Dan lançou em 1980 o álbum Gaucho, e em junho de 1981, anunciou sua separação. Donald Fagen mergulhou na carreira solo, enquanto Becker foi morar com a família em Maui, Havaí, e desacelerou sua vida musical, produzindo alguns trabalhos para Ricky Lee Jones, China Crisis, Fra Lippo Liipi e Michel Franks.

A partir de 1986, os amigos voltaram a manter eventuais contatos. Em 1991, Becker participou de shows do projeto New York Rock And Soul Revue, liderado por Fagen e que se dedicava a reler clássicos da soul music. O entusiasmo dos dois foi tão grande que em 1993, 19 anos após seu último show, o Steely Dan voltava à tona para uma turnê que gerou em 1995 um ótimo álbum ao vivo, intitulado Alive In América.

Um pouco antes disso, Fagen lançou o disco solo Kamakiriad (1993), produzido por Becker, que por sua vez veio em 1994 com seu primeiro trabalho individual, 11 Tracks Of Whack, com produção do parceiro.

Em 2000, enfim os fãs puderam comemorar um novo álbum de material do grupo, Two Against Nature. E valeu a espera. Além de vender bem e atingir o sexto posto na parada americana, o CD ainda proporcionou a eles quatro troféus Grammy, incluindo o de álbum do ano. Everything Must Go (2003) veio a seguir, e seria o último trabalho de estúdio da banda, outro sucesso de vendas e de crítica.

Em 2008, Walter Becker lançou seu segundo álbum solo, o ótimo Circus Power, no qual tocou baixo e guitarra e também cantou. Na parceria, Fagen se incumbia mais dos vocais e dos teclados, enquanto Becker esbanjava categoria na guitarra e no baixo. Vale lembrar que o Steely Dan conseguiu conquistar desde fãs de rock até os do jazz, sendo uma daquelas bandas que os melhores músicos costumam citar frequentemente entre suas preferência.

Só pra variar, eu conheci o Steely Dan graças ao meu saudoso irmão mais velho, Victor, que em 1972 comprou o compacto com Do It Again de um lado e Fire In The Hole do outro. A levada meio latina e bem hipnótica da primeira me cativou rapidamente, e até hoje é uma de minhas músicas favoritas deles. Duro saber que não teremos novos discos nem da banda, nem de Becker. Que jeito besta de começar setembro!

Somebody’s Saturday Night– Walter Becker:

David Crosby, ou a inquietude de um grande gênio do rock

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Por Fabian Chacur

David Crosby equivale a um grande mistério. Aos 76 anos, completados no dia 14 de agosto, este cantor, compositor e músico americano se mostra mais atuante do que nunca. Menos de um ano após lançar o incrível Lighthouse, ele se prepara para nos oferecer outro lançamento, previsto para sair no exterior no dia 29 de setembro. O título é Sky Trails, que já tem uma faixa circulando na rede, a envolvente She’s Got To Be Somewhere.

Ao contrário do essencialmente acústico trabalho anterior, sobre o qual falaremos mais no decorrer desta matéria, Sky Trails é um álbum de banda, no qual Crosby tem a seu lado, entre outros músicos, os ex-parceiros de CPR, o filho James Raymond (teclados) e Jeff Pevar (guitarra). A sonoridade traz influências de jazz fusion, soul e rock. A faixa Before Tomorrow Falls On Love é uma parceria do roqueiro com Michael McDonald, ex-Doobie Brothers.

Quatro músicas são parceria de Crosby e Raymond, filho temporão que o roqueiro deu para adoção no inicio dos anos 1960 e só redescobriu nos anos 1990. Uma única faixa não é autoral. Trata-se de Amelia, de Joni Mitchell, cuja versão original foi registrada pela estrela canadense em 1976 no álbum Hejira. A expectativa em torno deste álbum é grande.

A carreira de David Van Cortland Crosby equivale a uma inacreditável viagem, repleta de surpresas. Ele passou seus anos de formação nos Byrds, banda na qual ele era um coadjuvante de luxo para o líder Roger McGuinn (vocal, composições e guitarra) e também para Gene Clark (vocal). Com o tempo, percebeu que não conseguiria ter no grupo o espaço suficiente para dar vasão a seu talento, e no processo acabou sendo expulso do time, no final de 1967.

A partir daí, ele abriu as portas da sua carreira para novas experiências. Conheceu Stephen Stills (ex-Buffalo Springfield) e Graham Nash (ex-The Hollies) e criou o Crosby, Stills & Nash, grupo seminal para a história do rock no qual as individualidades eram respeitadas, e que volta e meia virava Crosby, Stills, Nash & Young com a eventual participação de Neil Young (também ex-Buffalo Springfield).

Paralelamente ao CSN/CNSY e a trabalhos em dupla com Graham Nash, Crosby também desenvolveu uma carreira solo que iniciou de forma brilhante, com If I Could Only Remember My Name (1971). Teríamos de esperar 18 longos anos para poder ouvir um segundo trabalho solo do artista, com o irônico título Oh Yes I Can (1989). “Se eu ao menos pudesse me lembrar do meu nome”, dizia o título da estreia solo. “Oh, sim, eu posso”, afirma sem sombra de dúvidas o segundo.

Nos anos 1990, foram três trabalhos solo, um de estúdio com composições alheias e duas de sua autoria, o belíssimo Thousand Roads (1991) e dois ao vivo, It’s All Coming Back To Me Now (1994) e King Biscuit Flower Hour (1996). Aí, surge o trio CPR com Raymond e Jeff Pevar, que lançou quatro álbuns (dois de estúdio e dois ao vivo) entre 1998 e 2001) com uma bela mistura de rock, jazz, folk e country.

Filho do premiado cineasta Floyd Crosby (1899-1985), David Crosby tem como marcas um forte lado intelectual, além de ouvinte atento de jazz, preferência audível nos acordes de violão que usa em suas composições. De temperamento difícil e rebelde, ele teve de superar problemas como prisão por consumo de drogas na metade dos anos 1980, um transplante de fígado nos anos 1990 e um problema cardíaco em 2014, percalços que venceu tal qual um highlander do rock.

Em 2014, após alguns anos se dedicando a trabalhos com o Crosby, Stills & Nash, Crosby volta à carreira solo com o excelente Croz (leia a resenha de Mondo Pop aqui). E não parou mais de fazer shows e gravar, afora aquele susto cardíaco que felizmente foi só um sustão.

Lighthouse- a resenha

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Em outubro de 2016, chegou ao mercado internacional Lighthouse, que, assim como Croz, permanece inédito no Brasil. O álbum traz como marca a parceria de Crosby com o multi-instrumentista Michael League, líder do grupo (na verdade, uma espécie de coletivo) de jazz fusion Snarky Puppy, que está na estrada desde 2004 e já faturou três troféus Grammy com seus mais de 10 CDs lançados até o momento.

League é o braço direito de Crosby no álbum, atuando como coprodutor (ao lado de Fab Dupont), vocalista de apoio e também tocando vários instrumentos, além de ser o coautor de cinco das nove faixas do CD. Aliás, na maior parte das faixas são só os dois em cena, sendo que os tecladistas Cory Henry e Bill Laurance (também do Snarky Puppy) marcam presença em duas cada.

Com base fundamentalmente acústica, Crosby e League nos oferecem acordes belíssimos e sutilezas que vão sendo descobertas a cada audição do álbum. Curiosidade: não temos nem bateria, nem percussão. Em um making of do trabalho, o roqueiro afirma que os únicos som mais percussivos saíram dele batendo com sua aliança no violão.

O clima das canções varia da balada Things We Do For Love à jazzy-bossa Look In Their Eyes, passando pelo clima hipnótico e quase dark de Somebody Other Than You e a sacudida The City. A voz do astro roqueiro se mostra mais afinada e afiada do que nunca, cativando no modo solo e também nas vocalizações, uma de suas marcas registradas.

A canção que encerra o álbum, By The Light Of Common Day, é parceria de Crosby com outra integrante da família Snarky Puppy, a incrivelmente talentosa Becca Stevens. Com mais de seis minutos de duração que passam a jato, essa música equivale a um verdadeiro farol (tradução do título do álbum) perante os mares revoltos e não tão animadores do mundo atual. As vozes dos dois se encaixam feito luva, e o violão de Michael League evoca as belas sonoridades do saudoso Michael Hedges, que não por acaso também foi parceiro de Mr. Crosby.

Aliás, uma das explicações pelas quais é possível entender porque um músico de 76 anos de idade que passou por tantas coisas na vida consegue se manter tão relevante é a sua eterna abertura ao novo. Ele sabe se renovar, trocando figurinhas com músicos das novas gerações e nunca se rendendo aos caminhos mais fáceis em termos musicais e de carreira. Dessa forma, cada novo show e cada novo álbum de David Crosby merecem toda a nossa atenção, pois as perspectivas são sempre as melhores. O passado é de glórias, o presente, belíssimo, e o futuro nos trará ainda mais, se Deus quiser. Parabéns, mestre!

By The Light Of Common Day– David Crosby:

Cantor Christopher Cross vai tocar em SP dia 7 de outubro

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Por Fabian Chacur

Após cerca de 20 anos de sua primeira passagem pelo Brasil, o cantor, compositor e guitarrista americano Christopher Cross voltará ao país em outubro. Ele vai se apresentar em São Paulo no dia 7 daquele mês, às 22h (será uma sexta-feira), no Espaço das Américas (rua Tagipuru, nº 795- Barra Funda- call center 0xx11-4003-1212), com ingressos de R$ 100,00 a R$ 400,00.

Nascido em San Antônio, Texas, no dia 3 de maio de 1951, Christopher Cross integrava uma banda obscura (Flash), até que, em 1978, foi contratado pela gravadora Warner como artista solo. A estreia não poderia ter sido melhor. Seu primeiro álbum, Christopher Cross (1979), vendeu milhões de cópias em todo o mundo e emplacou hits como Sailing, Ride Like The Wind, Never Be The Same e Say You’ll Be Mine.

De quebra, o álbum ainda proporcionou ao artista cinco troféus Grammy, o Oscar da música, incluindo os quatro principais, algo até então inédito na história do prêmio e não repetido desde então. O disco contou com as participações especiais de Don Henley (dos Eagles), J.D. Souther, Larry Carlton, Nicolette Larson, Eric Johnson e Michael McDonald (na época nos Doobie Brothers), sendo que este último virou figura frequente em seus discos e shows.

Seria difícil superar tanto sucesso logo na estreia, mas Cross até que tentou. Em 1981, lançou Arthur’s Theme (Best That You Can Do), tema do filme Arthur que lhe valeu o Oscar. Em 1983, após quatro longos anos, enfim chegou às lojas seu segundo álbum, Another Page, que se não vendeu tanto, também não fez má figura nos charts, com as faixas All Right e Think Of Laura como seus destaques. A partir daí, no entanto…

Christopher Cross simplesmente sumiu das paradas de sucesso. Isso, mesmo tendo lançado alguns discos bem legais e continuado a gravar com grandes nomes do rock e da música pop. Apesar dos pesares, o cara não desanimou, e se manteve na estrada, fazendo shows por todos os cantos, incluindo Brasil, onde esteve por volta de 1996, tocando em São Paulo no extinto Olympia e contando, nos camarins, com a visita de Ralf, da dupla Chrystian & Ralf.

Nos últimos tempos, a agenda do autor de Sailing foi intensa. Em 2013, por exemplo, lançou um CD duplo gravado ao vivo, A Night In Paris. Em 2014, tivemos um inédito de estúdio, Secret Ladder. E ele atualmente está preparando um álbum no qual irá enfatizar as passagens instrumentais, com direito a alguns vocais aqui e ali.

Uma das faixas desse novo trabalho, a inspirada Roberta, feita em homenagem a uma de suas confessadas maiores influências, a estrela canadense Joni Mitchell (cujo nome de batismo é Roberta Joan Anderson), já está sendo divulgada no Youtube e em seu site oficial.

Sailing (live)- Christopher Cross:

Ride Like The Wind (live)- Christopher Cross & Michael McDonald:

Say You’ll Be Mine– Christopher Cross:

Roberta– Christopher Cross:

John Pizzarelli volta ao Brasil com tributo a Paul McCartney

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Por Fabian Chacur

De bobo, Paul McCartney nunca teve nada (afora aquela negociação pelos direitos das músicas dos Beatles nos anos 1980, mas isso é exceção, não regra). Em maio de 2014, ele mandou uma carta ao genial jazzista John Pizzarelli sugerindo ao amigo, que participou de seu CD Kisses On The Bottom, que fizesse um álbum só com obras de McCartney. E o cara topou. Ele voltará a São Paulo no dia 12 de junho no Teatro Bradesco para show no qual vai mostrar o resultado, o CD Midnight McCartney.

Midnight McCartney, lançado no exterior em setembro de 2015 pelo selo Concord, é uma verdadeira aula de como reler um repertório de alta qualidade com personalidade e estilo. Uma delícia de disco, com brilhantes e suaves versões de maravilhas como No More Lonely Nights, Heart Of The Country, Maybe I’m Amazed e With a Little Luck, entre outras pérolas bem selecionadas da discografia pós-Beatles do Macca.

O bacana é que o repertório mescla músicas mais conhecidas, como My Love, com outras mais, digamos assim, “obscuras”, como a incrivelmente jazzy Heart Of The Country, do maravilhoso CD Ram (1971), Some People Never Know (1971), do primeiro álbum dos Wings (Wild Life) ou mesmo Wonderful Christmas Time, canção natalina lançada no formato single em 1979, ou até uma inesperada versão instrumental de Hi Hi Hi, single de 1972. Simplesmente incrível. E Michael McDonald (ex-Doobie Brothers) participa com categoria de Coming Up.

John Pizzarelli (voz e guitarra) será acompanhado pelos excelentes Martin Pizzarelli (seu irmão,baixo acústico),Kevin Kanner (bateria) e Konrad Paszkudziki (piano). No repertório, é muito provável que ele também inclua faixas de outro álbum relacionado a este, Meets The Beatles (1998), no qual releu com categoria clássicos dos Beatles como Can’t Buy Me Love, For No One, Get Back e Oh Darling.

Nascido em 6 de abril de 1960, John é filho do renomado guitarrista de jazz Bucky Pizzarelli, e nos seus mais de 30 anos de carreira consolidou-se como grande intérprete de standards e também de composições de autores fora do universo do jazz, como Joni Mitchell, Neil Young, Tom Jobim e a dupla Lennon & McCartney. Ele abriu shows para Frank Sinatra em 1993, e gravou dois CDs em homenagem a seu grande ídolo, o saudoso Nat King Cole.

John Pizzarelli- show Midnight McCartney– dia 12 de junho de 2016 (domingo) às 20h. Local: Teatro Bradesco (rua Palestra Itália, nº500- 3º piso- Bourbon Shopping- SP- www.teatrobradesco.com.br). Os ingressos custam de R$ 80,00 a R$ 280,00.

Ouça músicas de Midnight McCartney:

Fabiano Negri apresenta hard rock e bem mais em novo CD

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Por Fabian Chacur

Há quem grave discos para tentar “virar astro pop”, “ficar famoso”, “encher os bolsos de dinheiro”, “comprar uma casa pra mãe” e outros objetivos do gênero. Outros entram em um estúdio para sair dele com um trabalho do qual se orgulhe e que cative as pessoas pela razão certa, ou seja, qualidade artística. O cantor, compositor e músico Fabiano Negri se encaixa feito luva nesta última hipótese, como prova seu segundo CD, Maybe We’ll Have a Good Time…For The Last Time.

Ex-integrante da banda Rei Lagarto, o artista oriundo de Campinas (SP) lançou seu primeiro trabalho solo, A Practical Guide To Throwing Money Away em 2010. Ele retorna com um álbum que traz o hard rock como base, mas não se limita a esta importante tendência do nosso amado rock and roll, oferecendo-nos variedade e diversidade.

As 12 faixas do CD nos trazem à mente belas referências sonoras, entre as quais Deep Purple, Whitesnake, Doobie Brothers, Free, Santana, Fleetwood Mac da fase inicial (com Peter Green) e mesmo David Bowie em seu período The Man Who Sold The World. Tudo pontuado por uma voz potente e rascante, que Negri explora sem medo de ser feliz.

Os arranjos instrumentais se valem do aproveitamento de ótimos músicos, entre os quais Wagner Barducci (teclados), Ricardo Palma (baixo e guitarra), James Twin (guitarra, também ex-Rei Lagarto) e Elthon Dias (bateria). Em três faixas, Negri se basta: voz e piano na doce Beauty, voz e violão na quase folk In a Different Way e no melhor estilo “banda do eu sozinho” (guitarra, baixo, bateria e teclados) na viajante e repleta de boas surpresas Enemies.

A power ballad The Fall, a soturna e “bowiesca” Potsdamer Platz e a quase latina e com forte influência de Doobie Brothers Real Woman são belas amostras de um disco de rock que não se limita a um único rumo, ousando e levando o ouvinte a um roteiro musical dos mais ricos. E vale também elogiar a guitarra elegante de Negri, sempre bem colocada e sem exageros.

Maybe We’ll Have a Good Time…For The Last Time é um daqueles trabalhos que valoriza e muito o rock brasileiro, independente de ter todas as letras em inglês. Coisa de quem não só tem talento como se preparou muito bem para o ofício ao qual se propôs a realizar. Fabiano Negri é um dos caras que a gente pode citar quando alguém vier com esse papo furado de que “o rock morreu”. Mas não mesmo!

Potsdamer Platz– Fabiano Negri:

Ouça o CD de Fabiano Negri na íntegra em streaming:

Quem nos deixou na música em 2012

Por Fabian Chacur

Lá pelos idos de junho deste ano, comentei com um colega jornalista sobre o impressionante número de nomes importantes do meio musical que nos deixaram até ali, em 2012. Ele me deu a burocrática e entediante resposta “todo ano morre gente”. Infelizmente, não como neste triste 2012.

Ao fazer um balanço das perdas que tivemos durante esses 12 meses, chego à conclusão de que poucos anos tiveram ou terão uma lista tão extensa de perdas significativas nos quesitos cantores, cantoras, músicos, compositores e demais envolvidos com o maravilhoso mundo da música, que tanta energia positiva nos oferece.

Como forma de apresentar provas dessa minha avaliação, relacionei os links de matérias publicadas por Mondo Pop durante 2012 noticiando essas perdas. Vocês verão, são mais de 30 nomes. E faltam outros que, por vacilada minha ou coisa do gênero, acabaram sem registros aqui. Mea culpa, mea maxima culpa. As homenagens são para eles, também.

Coloquei também links com notas sobre os fechamentos da casa de shows Citibank Hall (o antigo Palace) e o Jornal da Tarde pelo fato de ambos terem importante ligação com a música, um por ter abrigado inúmeros shows históricos e o outro por ser um órgão de imprensa que sempre deu grandes e importantes espaços à cultura.

Não escolhi por acaso ilustrar esse post com a foto da cantora Donna Summer, uma dessas lamentáveis perdas (ocorrida no dia 17 de maio). Se estivesse viva, a eterna Rainha da Disco Music completaria 64 anos nesta segunda-feira (31/12).

Eles nos deixaram, mas suas obras permanecem por aí, para aplacar nossa saudade e também para serem descobertas pelas novas gerações. Todos inesquecíveis! Que em 2013 a gente possa falar mais de vida do que de morte por aqui. E desejo a todos um Ano Novo maravilhoso, com direito a muita saúde, paz, alegria, realizações e muita música de qualidade!

http://www.mondopop.net/2012/01/morre-etta-james-genial-cantora-de-soul-music/

http://www.mondopop.net/2012/01/citibank-hall-antigo-palace-fechara-em-marco/

http://www.mondopop.net/2012/01/morre-coautor-de-sunshine-on-my-shoulders-sucesso-de-john-denver-nos-anos-197080/

http://www.mondopop.net/2012/02/morre-don-cornelius-do-programa-soul-train/

http://www.mondopop.net/2012/02/wando-se-vai-nesse-triste-8-de-fevereiro/

http://www.mondopop.net/2012/02/morre-a-diva-popsoul-whitney-houston/

http://www.mondopop.net/2012/02/whitney-houston-cantou-no-brasil-em-1994/

http://www.mondopop.net/2012/02/saiba-qual-o-melhor-cd-de-whitney-houston/

http://www.mondopop.net/2012/02/morre-davy-jones-do-grupo-the-monkees/

http://www.mondopop.net/2012/03/whitney-houston-tem-3-cds-entre-os-10-mais/

http://www.mondopop.net/2012/03/morre-jimmy-ellis-a-voz-de-disco-inferno/

http://www.mondopop.net/2012/03/morre-michael-hossack-dos-doobie-brothers/

http://www.mondopop.net/2012/04/morre-dick-clark-do-american-bandstand/

http://www.mondopop.net/2012/04/morre-greg-ham-saxofonista-do-men-at-work/

http://www.mondopop.net/2012/04/adeus-levon-helm-ex-the-band-va-em-paz/

http://www.mondopop.net/2012/05/adam-yauch-dos-beastie-boys-morre-nos-eua/

http://www.mondopop.net/2012/05/morre-fotografo-de-tapestry-de-carole-king/

http://www.mondopop.net/2012/05/morre-chuck-brown-mestre-da-funk-music/

http://www.mondopop.net/2012/05/morre-donna-summer-a-rainha-da-disco-music/

http://www.mondopop.net/2012/05/robin-gibb-nos-deixa-aos-62-anos/

http://www.mondopop.net/2012/06/morre-bob-welch-ex-fleetwood-mac/

http://www.mondopop.net/2012/07/morre-ivone-kassu-assessora-de-imprensa-no1/

http://www.mondopop.net/2012/07/morre-jose-roberto-bertrami-do-azymuth/

http://www.mondopop.net/2012/07/morre-jon-lord-ex-deep-purple/

http://www.mondopop.net/2012/07/morre-bob-babbit-um-dos-funk-brothers/

http://www.mondopop.net/2012/07/morre-o-otimo-cantor-marcos-roberto/

http://www.mondopop.net/2012/07/morre-larry-hoppen-do-grupo-orleans/

http://www.mondopop.net/2012/08/morre-magro-waghabi-do-grupo-mpb-4/

http://www.mondopop.net/2012/08/chorinhos-em-desfile-agora-no-ceu-altamiro/
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http://www.mondopop.net/2012/09/eu-e-a-gracinha-da-saudosa-hebe-camargo/

http://www.mondopop.net/2012/10/jornal-da-tarde-e-a-camisa-10-do-zeca-jagger/

http://www.mondopop.net/2012/12/morre-o-genial-jazzista-dave-brubeck/

http://www.mondopop.net/2012/12/ravi-shankar-foi-o-guru-de-george-harrison/

http://www.mondopop.net/2012/12/morre-lee-dorman-do-grupo-iron-butterfly/

Unforgettable, com Nat King Cole e Natalie Cole:

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