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Morre Trevor Bolder, do Uriah Heep e Spiders

Por Fabian Chacur

O mundo do rock perdeu nesta terça-feira (21) um de seus grandes baixistas. Trata-se do britânico Trevor Bolder, que nos deixou aos 62 anos após lutar contra um câncer que o obrigou a deixar os palcos e estúdios de gravação no início deste ano. A notícia foi divulgada pelo site oficial do grupo Uriah Heep.

Nascido em 9 de junho de 1950, Trevor Bolder começou no mundo do rock atuando nos grupos The Rats e Rono ao lado do guitarrista Mick Ronson. Ele e o amigo ficariam famosos ao integrar pouco tempo depois a banda Spiders From Mars, que entre 1972 e 1973 acompanharia David Bowie na fase glam rock/glitter rock de sua carreira.

Bolder tocou baixo nos álbuns Hunky Dory (1971), The Rise And Fall Of Ziggy Stardust And The Spiders From Mars (1972), Alladin Sane (1973) e Pin Ups (1973), além de ter participado das turnês que Bowie fez naqueles anos históricos.

Em 1976, o baixista entrou no Uriah Heep, célebre banda de heavy metal da qual fez parte até o início de 2013, com um pequeno hiato, entre 1981 e 1983, período no qual esteve em outro grupo bastante badalada no cenário roqueiro de então, os também britânicos Wishbone Ash.

Na primeira visita do Uriah Heep ao Brasil, ocorrida em julho de 1989, Trevor estava no time, ao lado de Mick Box (guitarrista e líder do grupo), Lee Kerslake (bateria), Bernie Shaw (vocal) e Phil Lanzon (teclados). Eles tocaram no Rio (4 e 5/7, no Canecão) e São Paulo (7, 8 e 9/7 no Olympia), atraindo as atenções dos fãs de rock pesado.

Tive a honra de participar da entrevista coletiva concedida pela banda, realizada no Hilton Hotel (então situado no centro de São Paulo) no dia 7 de julho de 1989, e consegui autógrafos dos músicos no então recém-lançado Live In Moscow, álbum gravado ao vivo na antiga União Soviética que saiu por aqui pela extinta gravadora RGE (Legacy Records na Inglaterra) e não incluído, sabe-se lá o porque, na discografia oficial da banda.

Após a coletiva, consegui conversar rapidamente com Trevor, que se mostrou muito simpático e respondeu duas perguntas adicionais sobre sua participação nos Spiders From Mars. Para ele, os registros ao vivo dos shows da banda não davam a exata medida de como aquelas apresentações foram excitantes. Gente fina. Que descanse em paz. Viverá para sempre nos discos de Bowie e do Uriah Heep de que participou com brilhantismo.

Ouça The Rise And Fall Of Ziggy Stardust And The Spiders From Mars, na íntegra:

The Next Day é David Bowie inspiradíssimo

Por Fabian Chacur

Demorei bastante para resenhar The Next Day, primeiro trabalho de inéditas de David Bowie após 10 longos anos nos quais se imaginava termos perdido de vez o Thin White Duke. O álbum está há mais de um mês nas lojas brasileiras, em bela edição de luxo com direito a 17 faixas, três a mais do que a versão comum.

E qual a razão de tanta demora? É que eu fiz questão de ouvir muito e muito o álbum antes de escrever sobre ele. E quer saber? Valeu a pena. Dessa forma, posso cravar, sem medo de errar, que The Next Day é não só um dos melhores trabalhos do genial cantor, compositor e músico britânico, como tem tudo para ser eleito o melhor lançamento de 2013. E quem diz isso é alguém que tem todos os álbuns do cara, os ouviu muito e não baba ovo para todos. Opinião de fã, sim, mas fã consciente dos altos e baixos de seu ídolo.

No Reino Unido, o álbum entrou direto no primeiro lugar. No disputado mercado americano, vendeu 85 mil cópias na semana de lançamento no fim de março e atingiu o segundo lugar, melhor posto já obtido por um álbum de David Bowie no mercado americano. Station To Station (1976- nº3) e Let’s Dance (1983- nº4) haviam sido os melhores resultados anteriores do roqueiro britânico. Os fãs estavam ávidos por novas músicas do autor de Heroes.

A boa expectativa criada pelos dois singles lançados previamente, a melancólica e tocante balada Where Are We Now? e o rockão The Stars (Are Out Tonight) se confirmou por completo. The Next Day é, acima de tudo, um álbum recheado de grandes canções.

O clima musical traz boas referências de sua produção do fim dos anos 70, especialmente do álbum Scary Monsters (1980), com uma poderosa fusão de climas misteriosos, guitarras nervosas, boas melodias e uma diversidade musical que foge da mesmice com grandes resultados. E a voz do astro continua incisiva e com aquele timbre inconfundível.

Os fãs da faceta mais pop de Bowie irão vibrar com as deliciosas Valentine’s Day e Dancing Out In Space, por exemplo. Os mais roqueiros se deliciarão com as vibrantes The Next Day, (You Will) Set The World On Fire e I’d Rather Be High, enquanto quem curte o lado soul do mestre irão se arrepiar com a belíssima You Feel So Lonely You Could Die.

A competência dos músicos participantes (entre os quais a baixista Gail Ann Dorsey, os guitarristas Earl Slick e Gerry Leonard e o baixista Tony Levin) e a produção do velho parceiro Tony Visconti dão ao álbum uma sonoridade ao mesmo tempo vintage e atualizada. Não, Bowie não está se repetindo, e sim aproveitando de forma inteligente elementos já usados por ele antes para criar novas canções relevantes.

A capa, que reaproveita de forma surpreendente a arte do clássico LP Heroes, aparece em belíssima embalagem digipack. Minha única restrição fica em relação ao encarte, com os créditos e letras em letras pequenas e diagramação que dificulta e muito a leitura. Afora isso, The Next Day é um clássico instantâneo que cresce a cada nova audição.

Ouça The Next Day, de David Bowie, na íntegra:

Nova de Bowie tem sabor de Scary Monsters

Por Fabian Chacur

David Bowie continua adoçando a boca de seus fãs. Após a grande repercussão obtida por Where Are We Now?, canção divulgada no dia de seu aniversário (8 de janeiro) e a primeira inédita em dez anos, ele nos oferece a segunda amostra extraída de The Next Day, seu aguardado álbum de retorno, previsto para sair em março.

The Stars (Are Out Tonight) é um rock energético com ótimas guitarras na linha de frente e camadas de teclados (e/ou cordas) ao fundo, e poderia perfeitamente estar incluída no célebre álbum Scary Monsters (1980), com direito a delicioso clima misterioso e uma interpretação impecável do Tin White Duke. Coisa fina!

O clipe, dirigido por Floria Sigismondi (já trabalhou com o mestre antes), traz como destaque a premiada atriz Tilda Swinton, que vive a esposa de Bowie. O casal, de perfil tradicional, é visitado por outro bem andrógino e do tipo “celebridades polêmicas”, e a convivência entre eles oferece transtornos e uma sacudida no universo outrora tranquilão da dupla inicial.

A canção é bem distinta da bela balada Where Are We Now?, e dá a entender que David Bowie não voltará ao cenário pop para nos fazer perder tempo com canções fracas e sem sal. Não vejo a hora de ouvir The Next Day na íntegra! E a hora está chegando!

Veja o clipe de The Stars (Are Out Tonight):

Veja o clipe de Where Are We Now? :

Bowie não fará mais turnês, afirma produtor

Por Fabian Chacur

Nesta semana, como você leu aqui em Mondo Pop, David Bowie lançou nova música e anunciou que The Next Day, seu primeiro álbum de inéditas após dez longos anos, chegará ao mercado musical em março nos formatos físico e digital e em duas edições.

Essa foi a parte boa da notícia. A ruim veio em reveladora entrevista concedida pelo produtor do álbum, o consagrado Tony Visconti (FOTO), ao site americano da revista Billboard, a bíblia da indústria fonográfica mundial. Segundo ele, o eterno camaleão do rock and roll não fará mais turnês, nem dará entrevistas à imprensa em geral.

Visconti, que trabalhou com Bowie em álbuns como Young Americans (1975), Low (1977), Heroes (1977) e Lodger (1979), entre outros, garantiu que o “patrão” e amigo só quer saber de gravar discos, daqui por diante.

“Ele me disse que não, absolutamente não, nada de shows ou entrevistas. Ele me disse que tocou ao vivo e deu entrevistas durante 30 anos, e que não quer mais fazer nenhuma dessas duas coisas”, explicou Visconti, incumbido de falar sobre The Next Day para a imprensa.

O produtor afirmou que Where Are We Now?, primeira faixa divulgada do álbum, é a única balada do repertório do disco, que tem uma sonoridade que mistura rocks mais agitados e alguns momentos mais ousados e experimentais, mas com pegada “comercial”, digamos assim.

Participaram das gravações basicamente músicos que já atuaram anteriormente com Bowie, como Earl Slick (guitarra solo), Gerry Leonard (guitarra base), David Torn (guitarra base), Zackary Alford (bateria), Sterling Campbell (bateria), Gail Ann Dorsey (baixo e vocais) e Tony Levin, além de músicos de cordas que já atuaram em musicais da Broadway.

Visconti também garante que não rolaram participações especiais de nomes famosos, e que todos os que participaram das gravações, incluindo os técnicos e donos do estúdio em Nova York, tiveram de assinar um termo de silêncio, para que ninguém ficasse sabendo de nada. O álbum estava sendo produzido há dois anos. Deu super certo, como todos notaram.

Será que nunca mais veremos Bowie em turnês ou concedendo entrevistas mesmo? Ou seria mais uma de suas estratégias para atrair as atenções da mídia? Só saberemos nos próximos meses. Mas o produtor disse que o autor de Rebel Rebel e tantos outros hits não vê a hora de entrar em estúdio para gravar de novo. Beleza!

Rebel Rebel ao vivo na turnê Reality (2003/2004):

Bowie faz anos e nós ganhamos o presente!

Por Fabian Chacur

Nesta terça-feira (8), David Bowie completa 66 anos. Eu me preparava para fazer mais um daqueles textos de fã choroso, com saudades de trabalhos novos de um de meus artistas favoritos, quando surge a primeira grande e boa notícia musical do ano.

David Bowie está lançando hoje sua primeira música inédita em 10 anos. Mais: em março, chegará ao mercado The Next Day, seu primeiro álbum de inéditas desde Reality (2003). Digno de uma festa, daquelas de varar a noite.

A comemoração se justifica em função da altíssima qualidade da amostra desse novo álbum. O single Where Are We Now?, já disponível para vendas nas lojas virtuais iTunes,é simplesmente maravilhoso. Uma balada melancólica e elaborada, com direito a bela melodia e uma interpretação sóbria e envolvente do Tin White Duke.

O clipe tem como cenário básico um estúdio de um artista plástico, e inclui cenas gravadas em preto e branco em Berlim, cidade alemã na qual Bowie viveu durante algum tempo na década de 70 e na qual concebeu os clássicos álbuns Low e Heroes. A direção do belo clipe é de Tony Oursler, não por acaso artista plástico.

The Next Day inclui 14 faixas em sua versão standard, sendo que também será lançada uma versão deluxe com direito a três músicas adicionais. A produção do álbum é do veterano e consagrado Toni Visconti, com quem Bowie trabalhou em álbuns como Young Americans (1975), Low (1977) e Heroes (1977).

Desde que sofreu um piripaque em meados de 2004, David Bowie vinha se mantendo bem distante do cenário musical, com direito a raras aparições. Tivemos de nos contentar nesses anos todos com lançamentos extraídos do arquivo de sua obra, como reedições e álbuns ao vivo. A fonte parecia ter secado. Ele virou dono de casa!

No entanto, Bowie sempre teve como marca registrada em suas cinco décadas de carreira surpreender seus fãs, e isso ocorre mais uma vez. Que belo presente ele nos dá em seu aniversário de número 66. Vamos soltar o verbo na Rota Bowie 66!

Eis os títulos das músicas de The Next Day:

The Next Day
Dirty Boys
The Stars (Are Out Tonight)
Love Is Lost
Where Are We Now?
Valentine’s Day
If You Can See Me
I’d Rather Be High
Boss Of Me
Dancing Out In Space
How Does The Grass Grow
(You Will) Set The World On Fire
You Feel So Lonely You Could Die
Heat

Deluxe Version bonus tracks:

So She
I’ll Take You There
Plan

Veja o clipe de Where Are We Now?, de David Bowie:

CD flagra Iggy e Bowie ao vivo em 1977

Por Fabian Chacur

Há várias amizades históricas no rock and roll, capazes de gerar frutos que proporcionaram (e proporcionam) aos fãs muito prazer auditivo. A dobradinha David Bowie/Iggy Pop é certamente uma delas.

Fã incondicional dos Stooges, uma das bandas consideradas pioneiras do que se convencionou chamar de punk rock, Bowie deu uma força ao grupo e produziu seu terceiro álbum, Raw Power (1973). Quando a banda acabou, o eterno Ziggy Stardust mais uma vez se fez presente, ajudando o amigo a lançar seus dois primeiros álbuns solo, os seminais The Idiot e Lust For Life, ambos em 1977.

Não satisfeito, Bowie ainda integrou a banda de apoio que tocou com Iggy Pop durante uma histórica turnê em 1977. Já havia sido lançado anteriormente material registrado nessa turnê, mas nada com a qualidade de áudio de Iggy & Ziggy – Sister Midnight- Live At The Agora, que a ST2 acaba de lançar no Brasil em formato digipack.

O CD foi gravado ao vivo no dia 21 de março de 1977 no Agora Ballroom, em Cleveland, Ohio, EUA. Para acompanhar o amigo Iggy, Bowie se incumbiu dos teclados e escalou três outros músicos de primeira linha para cumprir a missão.

O guitarrista escocês Ricky Gardiner (na época com 29 anos) tinha acabado de participar com destaque do álbum Low (1977), de Bowie, e dá um verdadeiro banho de garra, riffs bem colocados e solos criativos durante o show com Iggy.

Completam o time os irmãos Tony (baixo) e Hunt Sales (bateria), que 12 anos depois estariam ao lado de Bowie e do guitarrista Reeves Gabrels na banda Tin Machine, que lançou três simpáticos álbuns de rock básico entre 1989 e 1992.

Esse verdadeiro timaço esbanjou entrosamento e garra nas faixas registradas em Sister Midnight – Live At The Agora. Temos aqui 12 faixas, com as seguintes origens:

I Wanna Be Your Dog, 1969 e No Fun são de The Stooges, álbum de estreia dos Stooges, de 1969;
TV Eye e Dirt integram Fun House, álbum de número 2 dos Stooges, de 1970;
Search And Destroy, Raw Power, I Need Somebody e Gimme Danger estrearam em Raw Power (1973), terceiro LP dos Stooges;
Sister Midnight e Funtime estão em The Idiot, estreia solo de Iggy Pop em 1977;
Turn Blue completa o repertório, sendo faixa de Lust For Life, também de 1977.

A qualidade de áudio é realmente surpreendente, se levarmos em conta que foi gravado há 35 anos, e a da performance da banda é simplesmente eletrizante. Iggy canta muito bem e com aquela personalidade forte que o tornou um dos melhores cantores de rock de todos os tempos.

Os riffs precisos de Ricky Gardiner pontuam a performance segura da cozinha rítmica dos irmãos Sales, enquanto Bowie se mostra um tecladista discreto e eficiente, além de dar uma força nos vocais de apoio.

Do pique resfolegante de Raw Power, TV Eye, No Dog e No Fun, passando pelo clima funk eletrônico de Sister Midnight e do blues a la Doors em Dirt, Sister Midnight – Live At The Agora é um dos melhores ao vivo que ouvi nos últimos tempos, especialmente pelo fato de ir além do simples registro histórico do encontro de dois mitos do rock and roll, com belo resultado artístico. Muito, mas muito bom mesmo. Vale cada centavo que você pagar nele.

Ouça Sister Midnight Live At The Agora na íntegra (a versão em CD é mais legal, mas esta é bem bacana também):

Dez grandes momentos do genial David Bowie

Por Fabian Chacur

No dia 8 de janeiro, David Bowie completou 65 anos em uma situação não muito comum em sua brilhante carreira.

Na verdade, o cantor, compositor e músico britânico atualmente vive uma espécie de aposentadoria precoce. Seu mais recente álbum de estúdio, Reality, saiu em 2003, e sua última turnê acabou em 2004, quando o roqueiro teve de sofrer uma operação no coração.

Desde então, afora uma ou outra participação em shows ou discos alheios, nada de novo. Também raras foram as suas aparições públicas. Será que teremos ainda um novo álbum do astro? Felizmente, ele aparenta ter se recuperado dos problemas de saúde. Menos mal!

Seja como for, se esse retorno eventualmente não ocorrer, a produção musical registrada por Bowie entre 1964 e 2003 já basta para eternizá-lo como um dos melhores e mais influentes nomes da história do rock.

Mondo Pop selecionou 10 músicas bem representativas do que de melhor o artista fez em sua trajetória. As músicas foram escolhidas de forma aleatória, mas são todas excelentes. Divirtam-se!

1)Rebel Rebel (1974):

Rock and roll básico, energético e animalesco, fortemente influenciado pelos Rolling Stones e com um dos riffs de guitarra mais incendiários de todos os tempos. Faixa do álbum Diamond Dogs, inspirado no livro 1984, de George Orwell.

2) Ashes To Ashes (1980):

Canção de levada hipnótica e cujo clipe é considerado um dos mais criativos de todos os tempos. A letra equivale a uma sequência da do primeiro grande sucesso de Bowie, Space Oditty (1969), e a faixa é parte integrante de um álbum excepcional, Scary Monsters.

3) Strangers When We Met (1994):

Música incluída em dois álbuns de Bowie, The Buddha Of Suburbia (1994) e Outside (1994), e que mostra o quanto a produção mais recente de David Bowie não fica devendo tanto a seus grandes momentos. Esta versão ao vivo é particularmente matadora.

4) Criminal World (1983):

Faixa balançada e não tão badalada de um dos melhores e mais bem-sucedidos álbuns da carreira de Bowie em termos comerciais, Let’s Dance. Serve como bom exemplo de que o repertório do astro britânico oferece muito mais do que “apenas” seus grandes sucessos.

5) Moonage Daydream (1972):

Um dos grandes momentos do antológico álbum The Rise And Fall Of Ziggy Stardust And The Spiders From Mars, Moonage Daydream é a rigor um grande momento do Bowie roqueiro, beirando o heavy metal e com grandes riffs de guitarra de Mick Ronson.

6) Oh You Pretty Things (1971):

Balada elaborada e de refrão irresistível, Oh You Pretty Things é parte integrante do álbum Hunky Dory, que traz nos teclados ninguém menos do que Rick Wakeman, do grupo Yes. Changes e Life On Mars?, outras baladas clássicas de Bowie, também estão neste CD.

7) As The World Falls Down (1986):

Esta balada pop elegante e romântica até a medula integra a trilha do filme Labyrinth e é odiada por alguns fãs, que a acham muito aquém do que o astro fez de melhor, e mesmo assim provavelmente sua música mais conhecida no Brasil. Polêmicas à parte, a faixa é muito boa.

8) Fame (1974):

Um dos grandes momentos da fase funk (ou Thin White Duke) de David Bowie e que é uma parceria inusitada entre ele e John Lennon, além do guitarrista Carlos Alomar. Funk rebenta assoalho, simplesmente sensacional, e com ótima letra ironizando o estrelato.

9) Alabama Song (1980):

Entre as regravações escolhidas a dedo e feitas com categoria por David Bowie, esta aqui, de autoria de Kurt Weil/Bertold Brecht, é sensacional, com arranjo tenso e claustrofóbico. Os Doors também regravaram essa canção com muita categoria em seu álbum de estreia, mas prefiro esta versão aqui, que entrou como faixa-bônus em um relançamento do CD Scary Monsters, nos anos 90.

10) Young Americans (1974):

Foi com esta canção soul/funk que conheci David Bowie, graças a um compacto simples comprado por meu saudoso irmão Victor. Comecei bem! A interpretação do Camaleão lembra as linhas vocais de Elvis Presley, e é divertido imaginar como Young Americans teria ficado na voz do Rei do Rock. Nos vocais de apoio, o lendário Luther Vandross, um dos grandes nomes da soul music americana, ainda em início de carreira.

DVD suspeito de Bowie é bacana, apesar de tudo

Por Fabian Chacur

Uma das minhas diversões nos últimos meses tem sido adquirir DVDs aparentemente “suspeitos” de grandes nomes da música, quase sempre a preços módicos, para conferir o seu conteúdo.

O meu novo ítem nesse setor, por sinal cada vez mais repleto de títulos nas lojas de São Paulo, é Heroes Live Japan, de David Bowie, que paguei em torno de R$ 15 e que foi lançado por um selo chamado VZ Multimídia, de São Bernardo do Campo.

Como nos últimos sete anos o genial cantor e compositor britânico teve de dar uma puxada no freio de mão em sua carreira, devido a problemas de saúde, qualquer lançamento como esse é um alívio para os que, como eu, cultuam a obra desse cidadão.

O DVD não inclui informações ou ficha técnica, mas pude deduzir que as gravações foram feitas durante a turnê feita por Bowie para divulgar o álbum Heroes (1977).

Essa tour gerou o segundo álbum gravado ao vivo do astro, Stage (1978), que contém 17 faixas (uma bônus no relançamento feito pela gravadora Rykodisc nos idos de 1990).

Não por acaso,  as 12 músicas contidas em Heroes Live Japan também fazem parte do set list de Stage, com a diferença de que este último foi registrado nos Estados Unidos durante shows na Philadelphia, Providence e Boston.

A banda que o acompanhava na época incluía o brilhante Adrian Belew, cria de Frank Zappa que depois tocou com os Talking Heads em shows, integrou o King Crimson nos anos 80 e voltou a atuar com Bowie precisamente na turnê que trouxe o Camaleão pela primeira vez a nosso país, em 1990.

Entre os outros seis músicos, destaque para o guitarrista Carlos Alomar, o braço direito do autor de Space Oditty em sua fase soul/thin white duke.

A qualidade de imagens pode ser rotulada como “estilo VHS mais ou menos”, ou seja, com direito a chiados, sombras e outros incômodos, mas não a ponto de tornar o show impossível de ser visto.

Dá para curtir numa boa, especialmente porque a qualidade de som, embora colocando a voz de Bowie bem à frente e deixando as frequências graves bem para trás, ser das mais razoáveis.

Além de músicas daquele período, como a clássica Heroes, a instrumental Warszawa (que abre o show de forma soturna e introspectiva) e a endiabrada Beauty And The Beast, também traz coisas de eras anteriores.

Entre elas, temos músicas do célebre álbum Ziggy Stardust (1972), como a faixa título e Hang On To Yourself, além da funk de verdade Fame, parceria de Bowie com Alomar e ninguém menos do que John Lennon.

Sem grandes recursos visuais e centrado na parte musical, Heroes Live Japan é para os fãs mais fiéis de David Bowie, embora também possa ser apreciado por quem não é excessivamente ligado a qualidade técnica de vídeo e áudio.

E tem, também, o fato de ser um raríssimo registro de uma das fases mais criativas da história desse nome fundamental para a história dessa maravilha que a gente tanto gosta chamada de rock and roll.

Veja Beauty And The Beast ao vivo na mesma época, mas com qualidade de áudio e vídeo MUITO melhor do que no meu DVD:

Station To Station de David Bowie será relançado em duas edições luxuosas de enlouquecer os fãs

Por Fabian Chacur

Station To Station (1976), um dos melhores álbuns da carreira de David Bowie e ápice de sua fase White Thin Duke, será relançado no dia 20 de setembro em duas edições luxuosas. Coisa para babar desde já.

Uma inclui três CDs. O primeiro inclui a versão remasterizada o disco original, que contém clássicos como a espetacular faixa título, a matadoramente dançante Golden Years e a estupenda balada Wild Is The Wind. Os outros dois CDs são um show ao vivo feito pelo astro britânico em 1976 no Nassau Coliseum. Um encarte de 16 páginas vem de brinde.

O segundo pacote é de enlouquecer qualquer bowieófilo. Além dos três CDs descritos acima, conta com mais dois adicionais, um com a versões lançadas originalmente em singles de vinil na época e outro com a remasterização de Station To Station feita em 1985. Um DVD traz diversas versões de Station To Station.

De quebra, o comprador também tem no pacotão a versão em vinil dos discos, livro com 24 páginas e texto de Cameron Crowe, o cineasta que, antes de ficar famoso nessa área, foi excelente crítico e repórter musical.

E não é só isso. Esse pacotão master blaster jammin’ também traz um fac-simile do kit que a imprensa recebeu em 1976 antes do show em Nassau, com direito a textos e várias fotos impressas. Vejam a foto nessa matéria e façam como eu: babem! O preço ainda não foi divulgado, mas deve ser uma paulada, de quinhentos reais para cima, imagino eu.

Station To Station flagra o genial cantor, compositor e músico no momento em que sua música tinha como base o soul e o funk, com um resultado que conseguiu ser artisticamente impecável e de forte apelo comercial. Na capa, ele aparece em foto tirada durante as filmagens de sua primeira experiência cinematográfica, o filme The Man Who Fell The Earth.

Bowie lança em CD duplo show de 2003

Por Fabian Chacur

Acaba de chegar às lojas brasileiras A Reality Tour. Trata-se de um CD duplo de David Bowie gravado ao vivo em shows realizados em 22 e 23 de novembro de 2003 em Dublin, Irlanda, durante a turnê que divulgava o álbum Reality(2003).

Como esse mesmo material foi lançado em 2004 no formato DVD, fica a pergunta: porque só agora esse registro sai em CD? Não há uma resposta oficial, mas dá para se especular um pouco.

Desde que sofreu o que ele definiu como um “pequeno ataque cardíaco”, em 2004, Bowie deu uma desacelarada em sua até então sempre agitada carreira. Seu mais recente álbum de estúdio continua sendo Reality.

Nesses anos todos, ele fez um ou outro show, participou de apresentações de amigos como David Gilmour (duas músicas, Confortably Numb e Arnold Layne, entraram no DVD do guitarrista do Pink Floyd) e o grupo Arcade Fire e, pasme, fez vocais de apoio em faixas em CD da atriz Scarlett Johansson.

Ou seja, nada leva a crer que em um futuro próximo teremos um trabalho novo desse genial cantor, compositor e músico britânico nascido em 8 de janeiro de 1947. Logo, qualquer novo registro deve ser saudado com alegria.

Mesmo se esse registro for extraído de um DVD já disponível há tanto tempo. Mas não dá para negar: são duas mídias totalmente diferentes. Uma necessita de toda a nossa atenção, especialmente a visual. A outra, só ouvidos treinados e sensíveis.

Encarando dessa forma, A Reality Tour, o álbum duplo, é impecável.

A banda que o acompanha, por exemplo,  é esplêndida, com destaque para o pianista Mike Garson (o mesmo que gravou o alucinado solo da gravação original de Alladin Sane), Earl Slick (que tocou com ele nos anos 70) e Gail Ann Dorsey (aquela adorável baixista e vocalista negra e carequinha que veio com ele ao Brasil em 1997).

Nunca dormindo nos próprios louros, Bowie escolheu para essa tour um repertório de 33 faixas que inclui desde canções clássicas dos anos 70 como Changes, The Man Who Sold The World e Fame como generosas porções dos até agora mais recentes CDs de estúdio, Heathen (2002) e o já citado Reality.

A mistura mostra como a obra do autor de Heroes conta com pepitas de ouro sonoras em todas, rigorosamente todas as suas fases, mesmo as menos felizes, como a dos anos 80.

Compare, por exemplo, Changes, do início dos anos 70, com a reflexiva (e com solo jazzístico de Mike Garson)Bring Me The Disco King, de Reality, ou outra do mesmo álbum, o rockão New Killer Star, com a estupenda e também setentista Rebel Rebel. A qualidade é a mesma!

A voz do mestre se mostra ótima, mesmo com algumas músicas tendo sido arranjadas em tons mais baixos do que o das gravações originais, sem no entanto prejudicar a beleza e a energia das mesmas.

Além de belíssima embalagem digipack e encarte colorido, o CD tras três faixas (Fall Dog Bombs The Moon, Breaking Glass e China Girl) não incluídas no DVD.

A Reality Tour, o CD duplo, é para muito artista metido a besta ouvir e se morder de inveja. Não é qualquer cara que em mais de 40 anos de carreira consegue manter ativa uma carreira tão produtiva e consistente como David Bowie. Tomara que esse mestre nos ofereça mais coisas boas!

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