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DVD mostra triste separação do trio Swedish House Mafia

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Por Fabian Chacur

A separação de grupos musicais em seu auge de sucesso é um tipo de situação infelizmente bem comum no meio pop. Não é fácil segurar a onda e resistir às pressões geradas pela exposição conquistada perante fãs e mídia. Mas pior ainda é resistir às mudanças de relacionamento entre os próprios integrantes. Aí é que mora o perigo. O DVD Leave The World Behind (Universal Music) é o certeiro registro do fim do Swedish House Mafia, e se encaixa como luva para ilustrar esse tipo de situação.

A história é simples. Criado em 2005, o grupo reunia três DJs suecos de sucesso, Axwell e os amigos de infância Sebastian Ingrosso e Steve Angello. A partir do fim da década passada, começaram a fazer grande sucesso no meio da EDM, versão moderna da house music do fim dos anos 80. Rapidamente, tornaram-se populares em todo o mundo.

Os shows do grupo lotavam estádios e ginásios repletos de gente disposta a dançar até cansar. O sucesso, no entanto, começou a causar estresse entre os outrora três amigões. Como forma de não destruir de vez a amizade existente, eles decidiram de bom grado dar fim ao grupo, realizando antes uma turnê mundial com 50 shows agendados em 26 países, em 2012.

Leave The World Behind, o DVD, é o registro dessa última turnê, com direito a cenas dos shows, bastidores e diversas entrevistas com os integrantes do grupo, nas quais eles não se furtam a explicar o porque desse fim tão precoce. Às vezes, não de forma direta, mas nas entrelinhas do que falam, nos olhares uns para os outros ou atitudes.

Quando eles chegam na Malásia, por exemplo, são recepcionados por habitantes locais com colares e chapéus típicos. Um deles não os veste, é questionado por um dos colegas (“mas é a cultura deles”) e recebe um “pouco me importa” de resposta. Temos também cenas registrada um ano antes da turnê, na qual um dos integrantes deixa os outros dois esperando durante horas antes do que seria uma importante gravação só porque foi fazer uma tatuagem.

O curioso é ver o clima entre eles ficando cada vez mais tenso e incômodo e, ao mesmo tempo, a reação entusiástica de seus fãs após cada show, descrevendo o que viram como “o momento mais importante de suas vidas”. Prova de que às vezes a gente nem imagina o quanto os artistas estão mal durante um espetáculo, tal a capacidade que alguns deles tem de abstrair essas tensões e mandarem ver o melhor profissionalismo possível.

No embalo do sucesso de seu single Don’t Worry Child, o grupo passa até pelo lendário Madison Square Garden, e encerra sua turnê com uma apresentação apoteótica em Miami. Você pode até não curtir a música do Swedish House Mafia (como eu não curto lá muito), mas dificilmente não ficará tocado com essa história do triste fim de um projeto vencedor dos outrora três amigos. De arrepiar.

Don’t You Worry Child (com John Martin)-Swedish House Mafia:

Djavan lança DVD/CD em SP com shows no Citibank Hall

Por Fabian Chacur

Djavan vive grande fase em sua consagradora carreira. Após lançar o ótimo CD Rua dos Amores (2012-leia entrevista sobre esse álbum aqui), o cantor, compositor e músico alagoano saiu em turnê pelo Brasil. Ele acaba de lançar o registro dessa tour, o DVD/CD Rua dos Amores Ao Vivo (leia resenha aqui). Em São Paulo, teremos dois shows para marcar o acréscimo desses novos itens em sua discografia/videografia.

As apresentações ocorrem nesta sexta-feira (6) e sábado (7), sempre às 22h, com ingressos custando de R$ 35,00 a R$ 240,00 , no Citibank Hall (avenida das Nações Unidas, 17.955- fone 4003-5588 – www.t4f.com.br). O músico terá a seu lado uma banda integrada por Marcelo Mariano (baixo), Carlos Bala (bateria), Torcuato Mariano (guitarra e violão), Marcelo Martins (flauta, saxofone e vocal), Jessé Sadoc (flugelhorn, trompete e vocal), Glauton Campello (teclados, piano e vocal) e Paulo Calasans (teclados pião e vocal), além do próprio Djavan nos vocais, violão e guitarra.

Além de canções de Rua dos Amores como Já Não Somos Dois, Pecado e Bangalô, o show traz músicas de diversas fases da carreira de Djavan, entre elas Asa, Meu Bem Querer, Flor de Liz, Se e Samurai. A novidade deve ficar por conta da inédita Maledeto, faixa bônus gravada em estúdio e incluída apenas na versão em CD de Rua dos Amores Ao Vivo.

Asa (ao vivo), do DVD Rua dos Amores Ao Vivo:

Djavan esbanja classe em DVD ao vivo

Por Fabian Chacur

Aos 65 anos de idade, Djavan vive certamente uma das melhores fases de sua carreira. Após lançar o excelente álbum Rua dos Amores (2012), saiu em turnê para divulgá-lo (leia entrevista com ele falando sobre esse CD aqui). Agora, é a vez deste DVD e CD, Rua dos Amores Ao Vivo, gravados ao vivo em shows no HSBC-SP nos dias 8 e 9 de novembro de 2013. Outro golaço em sua trajetória musical.

Hugo Prata, responsável pela direção do DVD, classifica o trabalho do cantor, compositor e músico alagoano como elegante. Eis uma definição muito pertinente. O som concebido pelo autor de Oceano mistura elementos de samba, funk de verdade, jazz, soul, bossa nova e MPB em geral com tanta inspiração e capricho que acabaram gerando um híbrido, o “Djavan sound”, imitado por tantos, igualado por rigorosamente ninguém. Nessa praia, o cara é rei.

Novamente acompanhado por músicos que havia tocado com ele por volta de uma década e dos quais estava separado há muito tempo, Djavan nos oferece um show delicioso, repleto de swing, belas melodias, interpretações vocais maduras e envolventes e a sensação de quem está se divertindo muito no palco, sem exageros ou histrionismos que pudessem atrapalhar.

Ele passa as quase duas horas de show se dividindo entre violão, guitarra e momentos nos quais se dedica exclusivamente a cantar, aproveitando a deixa para dançar de forma solta e sóbria. Perfeccionista, proporciona aos fãs seis músicas de Rua dos Amores (além da faixa título, usada como vinheta de abertura do show) e canções de todas as fases de sua carreira, todas com arranjos compatíveis com sua fase musical atual.

Os veteranos Marcelo Mariano (baixo e vocal), Carlos Bala (bateria), Torcuato Mariano (guitarra), Marcelo Martins (flauta, saxofone e vocal), Glauton Campello (teclados, piano e vocal) e Paulo Calasans (teclados, piano e vocal), além do novato na banda Jessé Sadoc (flugelhorn, trompete e vocal) são um verdadeiro dream team, dando ao patrão uma moldura sonora versátil e envolvente.

Difícil citar momentos marcantes do show, pois na verdade todos os são, mas a recente e maravilhosa Já Não Somos Dois, os clássicos Oceano, Se e Acelerou e o lado B Doidice merecem ser reverenciados. Em alguns momentos, o público não resiste e canta junto, para nítida felicidade do anfitrião, que em vários desses instantes não disfarça a emoção por ser acarinhado de forma tão sincera.

Nos extras do DVD, temos um excelente documentário intitulado Um Olhar Íntimo.Doc, no qual temos entrevistas com Djavan, seus músicos e os envolvidos no projeto, com direito a uma bela visita a Alagoas, onde o artista relembra momentos bacanas de sua trajetória por lá. Um dos melhores making ofs de DVDs musicais nacionais já feitos. Coisa de profissional.

O DVD traz 24 músicas (incluindo a vinheta Rua dos Amores), enquanto o CD nos traz uma seleção de 15 faixas do espetáculo e também uma canção inédita registrada em estúdio, a ótima Maledeto, que poderia perfeitamente tocar em rádios. Elegante demais, musical demais, classudo demais, eis o Djavan 2014, um artista cada vez mais refinado e bom de se ver e ouvir.

Já Não Somos Dois (ao vivo), com Djavan:

Som Livre lançará DVDs da Eagle Rock

Por Fabian Chacur

A gravadora Som Livre anunciou que adquiriu os direitos para lançar no Brasil o catálogo da Eagle Rock Entertainment, a maior empresa independente do mundo especializada no lançamento de DVDs e Blu-rays de música. São mais de 800 títulos, de artistas do primeiríssimo escalão, como Paul McCartney, The Rolling Stones, U2, Peter Gabriel, Queen, The Doors, The Who e inúmeros outros.

A parceria preencherá uma lacuna existente desde 2013, quando a distribuidora brasileira ST2, que durante mais de dez anos distribuiu no Brasil com muita competência os títulos da empresa com sede na Inglaterra, saiu de cena por problemas administrativos. Desde então, novos produtos da Eagle Rock só eram encontrados por aqui em versões importadas e de forma bastante restrita.

Surgida em 1997, a Eagle Rock também tem em seu acervo séries maravilhosas como Classic Albums, que conta a história de álbuns clássicos do rock e do pop, e Live In Montreux, com registros históricos de shows realizados no célebre festival de jazz sediado na Suíça. Estão previstos para sair, ainda este ano, títulos como Rock Show, registro da turnê americana de 1975-76 dos Wings pela América do Norte, Sweet Summer Sun Hyde Park, dos Rolling Stones, e The Million Dollar Piano, de Elton John.

Band On The Run, dos Wings, do DVD Rock Show:

Jair Oliveira brilha em DVD retrospectivo

Por Fabian Chacur

Quem olha para o rosto de moleque de Jair Oliveira pode ter dificuldade em acreditar que o cara tem 30 anos de carreira. No entanto, basta lembrar sua participação no grupo Turma do Balão Mágico para sentir que o cara está na estrada desde criança. Como forma de celebrar essa trajetória de sucesso, ele está lançando o DVD Jair Oliveira 30 (S de Samba/Som Livre), uma completa delícia musical.

Como forma de dar um mergulho em todas as fases de sua carreira, Jair abre o show com uma interpretação emocionada de Disparada, música que tornou seu pai, Jair Rodrigues, conhecido nacionalmente. Em seguida, convida o pai coruja para um dueto em Io e Te, e logo a seguir, a ex-colega de Balão Mágico, Simony, para releituras bacanas de Coração de Papelão (Puppy Love), gravado por eles em dupla, e Superfantástico, o maior hit da Turma do Balão Mágico.

Dando continuidade à festa, ele coloca em cena os Artistas Reunidos, grupo informal que se apresentava na noite paulistana nos anos 90 e que revelou, além dele próprio, nomes como a irmã Luciana Mello, Pedro Mariano, Daniel Carlomagno, Max de Castro e Wilson Simoninha. Após o revival, com músicas como Assim Que Se Faz, Samba Raro, Simples Desejo e Voz no Ouvido, é a vez dos anos solo.

Na trajetória individual, Jair Oliveira brilhou com um estilo entre a soul music brasileira e a MPB swingada de Djavan, e músicas como Bom Dia Anjo, Zazá, Passeando com o Papai, O Samba Me Cantou e Tiro Onda servem como uma boa amostra desse período. Durante o show, ele esbanja ótima voz, presença de palco segura e um violão tocado com desenvoltura e bastante versatilidade, além de muita simpatia.

Uma segunda versão da ótima e sacolejante Tirando Onda aparece como extra do DVD, trazendo a participação de todos os convidados. No futuro lançamento no formato Blu-ray, será incluído um documentário trazendo bastidores da gravação do show, depoimentos de amigos e parceiros como Tom Zé e Ed Newton (que dirigiu o programa de TV da Turma do Balão Mágico, nos anos 80) e Jair Rodrigues interpretando Falso Amor, de autoria do filho.

No geral, o DVD, gravado ao vivo em 23 de julho de 2011 no Auditório Ibirapuera, nos mostra um artista ainda muito jovem e com um futuro imenso pela frente, mas já bastante maduro e com uma obra da qual certamente deve se orgulhar. Se isso aqui foi apenas o começo, será muito bom acompanhar seus próximos passos musicais nos anos que virão, se Deus quiser.

Bom Dia Anjo, com Jair Oliveira, do DVD Jair Oliveira 30:

X de Ouro grava 1º DVD em São Paulo

Por Fabian Chacur

O grupo X de Ouro gravará seu primeiro DVD na noite desta quinta-feira (10) no Na Cena Studios, situado no bairro de Campo Belo, em São Paulo. A apresentação será apenas para convidados, e marcará um dos primeiros compromissos oficiais dessa banda que traz como diferencial o fato de incluir músicos bastante conhecidos por terem atuado ao lado de artistas de grande sucesso.

No currículo dos integrantes do X de Ouro estão trabalhos com nomes do naipe de Rita Lee, Daniel, Péricles (ex-Exaltasamba), Milionário e José Rico, Maria Rita, Belo, Orlando Morais, Alexandre Pires e muitos outros. A lista dá uma ideia da versatilidade do time, que procura aproveitar essa característica particular na sonoridade que faz, sem restrições ou preconceitos.

Fazem parte do X de Ouro Fábio Viotto (bateria), Michel Fujiwara (guitarra), Wilson Prateado (baixo), Rafael Castilhol (teclados), Alisson Ramos (percussão), Wilson de Paula (percussão), Douglas Raphael (vocal), Levy Sales (vocal), Alexandre Lucas (vocal) e (ufa!) Marcelo Braga (sax barítono, gaita e flauta). Quase um time de futebol de gente experiente e talentosa.

O repertório do grupo traz músicas inéditas compostas por seus integrantes, como Samba Funk Rock e Afins, Deixa Isso Pra Lá, Conselhos e Pra Poder Me Abrigar e também sucessos repaginados como História de Amor (Fanzine) e A Namoradeira (Cada Um Cada Um) (Claudio Zoli). O primeiro CD da banda estará disponível para download pago no iTunes a partir do dia 30 de abril, e em formato físico em breve.

Rush surpreende os fãs com seu novo DVD

Por Fabian Chacur

O Rush é certamente uma das bandas mais peculiares e bem-sucedidas da história do rock. Há quatro décadas na estrada, o trio canadense não se rende a modismos e por mais que faça shows com belos recursos visuais e de áudio, cativa os fãs pelo lado musical. Raras formações de sua geração continuam tão populares como eles. E o novo DVD, Clockwork Angels Tour, lançado no Brasil pela Universal Music, só reforça esse clima, além de trazer surpresas bacanas.

Clockwork Angels Tour, disponível nos formatos DVD duplo e Blu-ray simples (com o mesmo conteúdo dos DVDs), registra shows realizados nos EUA (Texas e Arizona) programados para divulgar o mais recente trabalho de estúdio do grupo, Clockwork Angels (2012), que atingiu a segunda posição na sempre disputada parada americana, grande prova de popularidade reservada a poucos.

O show é dividido em duas partes. Na primeira, os três amigos investem em canções de várias fases de sua carreira, entre as quais The Big Money, Subdivisions e Far Cry, com direito a um sempre muito esperado solo de bateria de Neil Peart (a faixa Where’s My Thing/Here It Is!), considerado por vários especialistas como o melhor profissional dessa área no rock and roll.

A grande surpresa fica reservada para a segunda parte do show, na qual o Rush mostra dez das doze faixas de Clockwork Angels com o acompanhamento de uma sessão de cordas com direito a cellos e violinos. É a primeira vez que o trio faz uma turnê acompanhado por outros músicos no palco, e a participação das cordas dá ao espetáculo um colorido musical e visual muito interessante que comprova o acerto dessa novidade em sua carreira.

O novo álbum tem um clima de ópera rock na linha das feitas pelo The Who, e agrada. Geddy Lee continua com sua voz aguda e potente, além de ótimo baixista e se desdobrando entre esse instrumento e os teclados, sempre um momento de destaque nos shows da banda. E a guitarra de Alex Lifeson segue sendo eficiente e capaz de nuances agradáveis e riffs pesados, sempre à disposição do time e uma espécie de elo de ligação para o mesmo.

O show traz em sua abertura e encerramento, como de praxe, vídeos feitos especialmente para a ocasião. Desta vez, trazem elfos, castelos e aquele humor peculiar típico do trio. Esses vídeos podem ser vistos na íntegra na generosa seção de extras contidas no vídeo, que também inclui um documentário (infelizmente sem legendas), bastidores e músicas tocadas só nas passagens de som, entre as quais a espetacular Limelight.

A segunda parte do show também inclui, em sua parte final, outro solo de bateria de Mr. Peart e mais clássicos da banda, entre os quais The Spirit Of Radio, a inevitável Tom Sawyer (que nos extras surge em uma divertida versão folk britânica tocada por outros músicos) e a icônica 2112, que encerra o show com chave de ouro. Esse bis final é só com o trio.

Clockwork Angels Tour , o DVD/Blu-ray, é aquele produto que pode perfeitamente não gerar novos fãs para o grupo canadense, mas certamente ajudará aos milhões já existentes no mundo todo a manterem sua admiração pelo trio mais forte do que nunca. E não dá para não respeitar (e muito) uma banda com esse nível de musicalidade e dedicação aos seus admiradores, sempre dispostos a dar o melhor a eles com trabalho árduo e criativo.

Veja cenas de Clockwork Angels Tour, do Rush:

DVD de Rogério Rochlitz é cativante

Por Fabian Chacur

Descobri Rogério Rochlitz por acaso, ao vê-lo fazer excelente abertura para um show de Guilherme Arantes em dezembro de 2012. Bela descoberta. Desde então, acompanho com atenção o seu trabalho, e inclusive já resenhei aqui em Mondo Pop seu excelente CD Móbile (leia aqui). Agora, é a vez de dar a minha opinião referente a seu DVD Cores ao Vivo (Itaú Cultural/Tratore/Independente) e só tenho elogios para o mesmo. Coisa finíssima mesmo!

Com pouco mais de 40 anos de idade, Rogério é um cara com sólida formação técnica como músico e bastante versátil como profissional, pois atua como tecladista, compositor, arranjador e produtor, sempre com nível de excelência dos mais altos. Integrou nos anos 90 a ótima banda Jambêndola e tocou com gente do naipe de Elton Medeiros, Paula Lima e Danilo Caymmi, além de integrar o célebre Trio Mocotó.

Sua carreira solo é centrada na música instrumental, e ele mostra mais uma vez que dá para investir nessa seara sem cair no virtuosismo excessivo ou no que alguns apelidam de “música só para músicos”, repletas de acordes e levadas rítmicas difíceis que, no entanto, pouco cativam o público neófito ou sem tanto conhecimento teórico. Rochlitz não cai nessa armadilha, e faz música para todos, sem amarras ou restrições.

Seu DVD traz músicas que fundem jazz, forró, baião, bossa nova, samba, pop, chorinho e o que mais pintar sempre de forma fluente e boa de se ouvir. Os instrumentos entram sempre nas horas certas e dialogam entre si com o objetivo de servir cada tema, sem arroubos ou exageros metidos a besta. Os solos e acompanhamentos elaborados ocorrem, mas de forma a gerar prazer nos ouvidos alheios. E como geram!

A abordagem que Rogério Rochlitz e sua banda mostram em termos de ritmos brasileiros é deliciosa, mesclando-os sem medo de ser feliz com funk de verdade e jazz, por exemplo. Dá para dançar, para ouvir atentamente ou para curtir com a pessoa amada. Faixas como Simbora, Mashish, Filarmônica da Chipônia, Maré, Estrela Azul e Suíte Baião são bons destaques dessa fusion brazuca contagiante e levada da breca.

O músico também mostra Tempo e Meio Sonho no esquema piano solo, e demonstra muita técnica, sensibilidade e swing, elementos que me conquistaram logo na primeira vez que o ouvi se apresentando ao vivo. Impressionante como o cara toca piano e como o cara respeita o seu instrumento, dosando as notas e as harmonias e dividindo generosamente com a plateia o prazer que esbanja ao tocar.

A banda que o acompanha é impecável, com Fábio Sá (baixo), João Poleto (sopros), Amílcar Rodrigues (sopros) e o lendário João Parahyba (percussão), fundador do Trio Mocotó e célebre por participações marcantes em discos de artistas como Jorge Ben Jor e Ivan Lins, só para citar dois. Só o baile percussivo dessa fera já valeria o DVD, que no entanto tem mais, muito mais.

Cores Ao Vivo é um documento concreto de como a música instrumental brasileira pode mergulhar em caminhos igualmente elaborados, criativos e acessíveis ao ouvido médio, permitindo a quem o ouve ter o mesmo tipo de reação que nossos pais e avós tinham ao ouvir os mestres geniais do chorinho como Altamiro Carrilho, Luperce Miranda e tantos outros, que criavam genialmente e entretinham com habilidade ao mesmo tempo.

Veja o clipe de Prince No Sambão, com Rogério Rochlitz:

Paula Fernandes retorna com superprodução

Por Fabian Chacur

Com mais de três milhões de álbuns vendidos e o posto de uma das artistas de ponta no atual cenário musical brasileiro, Paula Fernandes não nivela por baixo em seu novo lançamento. O CD duplo e DVD intitulado Multishow Ao Vivo Paula Fernandes Um Ser Amor chegou às lojas nesta terça-feira (22) com tiragem inicial de 300 mil exemplares e uma produção em nível internacional.

Em entrevista coletiva realizada nesta terça-feira (22) em um luxuoso hotel na zona sul de São Paulo, a cantora, compositora e musicista nascida em Sete Lagoas (MG) afirmou viver o melhor momento de sua vida, com direito a maturidade, mais equilíbrio e cada vez mais controle sobre seu trabalho. Ela agora tem um escritório próprio para cuidar de sua carreira, o Jeito de Mato, e não abre mão dessa atenção toda ao que faz em termos profissionais.

Veja Um Ser Amor, com Paula Fernandes, do novo DVD:

“Participei de absolutamente tudo na produção desse DVD, desde cenário, edição de áudio, vídeo, seleção de músicas. Cheguei a ficar 24 horas seguidas em uma ilha de edição. Foi muito emocionante. Quis mostrar nesse trabalho minhas várias facetas, meu lado atriz, romântico. A gente pode muita coisa. Tento ser eu mesma, doar o que eu tenho de bom”.

Multishow Ao Vivo Paula Fernandes Um Ser Amor foi gravado ao vivo na HSBC Arena no Rio no dia 8 de junho de 2013 perante aproximadamente oito mil pessoas, belo contraste em relação às 400 pessoas que presenciaram o registro do DVD anterior, Paula Fernandes Ao Vivo, que a tornou conhecida nacionalmente e a catapultou rumo ao estrelato. Ela compara os dois momentos.

“Tive a oportunidade de realizar sonhos nesse novo trabalho, como entrar montada em um cavalo em uma das músicas, contar com as participações de Zezé di Camargo & Luciano e Roberta Miranda e investir em um palco tão sofisticado como esse. Hoje estou mais solta, mais segura. Escolhemos o Rio por ser a cara do Brasil, e o cenário trouxe o campo para o show”.

Um dos momentos que Paula classifica como mais emocionante no show fica por conta da hora em que, no telão, é exibido um vídeo dela ainda criança interpretando Coração na Contramão, de Zezé di Camargo & Luciano, mesma canção escolhida para ela dividir com a dupla. A estrela mineira se diz fã incondicional da dupla, e já compôs algumas canções com Zezé.

Veja Nunca Mais Eu e Você, do novo DVD de Paula Fernandes:

O repertório do CD/DVD mistura oito canções inéditas, clássicos de seu repertório e releituras de repertório alheio, incluindo um medley de hits da estrela country canadense Shania Twain. Aliás, ela surpreendeu alguns jornalistas presentes ao afirmar que possui um gosto bastante eclético em termos musicais, embora admita que não esteja ouvindo muita coisa atualmente em função do trabalho duro.

“Gosto de Metallica, Iron Maiden, U2, Coldplay, não tenho preconceitos musicais. Das garotas, gosto muito da Roberta Sá e da Sandy. A mulher está conseguindo espaços na música sertaneja. Existem muitas cantoras querendo ser a nova Paula Fernandes, e o conselho que dou a elas é que tentem ser elas mesmas, pois foi o que fiz e deu certo”.

Paula Fernandes, que tem um disco em inglês em seu currículo, afirma que uma carreira internacional está surgindo de forma natural para ela, mas que não pretende pular etapas ou deixar os fãs brasileiros em segundo plano para eventualmente se dedicar a esse novo filão profissional. Ela fará alguns shows no exterior em novembro, e deve tirar férias em janeiro e fevereiro de 2014, voltando a seguir para a turnê do novo DVD/CD.

“Acho importante a carreira internacional, mas tenho muita coisa para fazer no Brasil. Meu país é lindo e quero cantar muito nele. Quero falar bem inglês para poder encarar o desafio de enfrentar esse desafio lá fora, e estou me dedicando muito a aprender bem esse idioma”.

Paula Fernandes canta medley de hits de Shania Twain em seu novo DVD:

Entre as canções novas do repertório, Paula destaca Uma Canção Para Mim, que ela encara como uma das mais importantes que já fez. Antes de explica-la melhor, a intérprete afirmou que teve poucos relacionamentos afetivos em sua vida, mas que todos foram muito intensos, e que alguns deles inspiraram canções que gravou em seus discos.

Uma Canção Para Mim fala sobre os meus medos e sobre o amor por mim mesma, o amor próprio. É importante amar a si mesma primeiro para poder amar as outras pessoas. Meu processo de criação de canções é totalmente intuitivo. A musica Um Ser Amor, por exemplo, é sobre desilusões amorosas”.

O novo trabalho de Paula Fernandes foi feito em parceria com o canal a cabo Multishow, que exibiu um resumo do DVD no dia 18 de outubro. A cantora comenta a importância dessa parceria, e também dá uma resposta direta e simples a quem critica o seu visual, que alguns classificam como exagerado ou até mesmo brega.

“Essa parceria com o Multishow é ótima, pois eles exibiram uma parte do DVD, deixando os fãs com vontade de ver o produto completo, é uma ótima divulgação. Quando ao visual, que em alguns momentos me mostra com um jeitão de menina sapeca, sei que não vou agradar a todos, mas o mais importante é me agradar, é me fazer bem, não abro mão disso”.

Dueto de Paula Fernandes e Taylor Swift em Long Live, do novo DVD:

Documentário registra carreira dos Eagles

Por Fabian Chacur

History Of The Eagles, documentário sobre a seminal banda americana que acaba de ser lançada no Brasil pela Universal Music nos formatos DVD duplo e Blu-ray, não poderia começar melhor. Em entrevista concedida em 1977, quando a banda vivia o auge de sua primeira fase, o cantor, compositor e baterista Don Henley faz um comentário sobre a trajetória como músico.

“Bem, acho que essa não é uma carreira que você leve para a vida inteira”. Em segundos, é retrucado pelo cantor, compositor e guitarrista Glenn Frey, que criou a banda com ele em 1971. “Não é?”. Os dois caem na risada. Mal sabiam eles que, 35 anos depois, eles continuariam fazendo música juntos, mesmo passando por inúmeros altos e baixos, brigas e reconciliações etc etc etc (e tome etc!). No fim, deu tudo certo.

O grande mérito deste excepcional documentário produzido por Alex Gibney e dirigido por Alison Ellwood é não tentar esconder as partes polêmicas da história da banda americana criada em Los Angeles a partir de dois músicos que tocavam juntos na banda de apoio da então ascendente estrela do country rock Linda Ronstadt, exatamente Frey e Henley.

Com total colaboração de integrantes e ex-integrantes do time, The Story Of The Eagles abrange desde os tempos iniciais dos músicos, com direito a momentos das bandas da qual fizeram parte anteriormente, até a realização de Long Road Out Of Eden (2007), seu primeiro álbum de estúdio desde The Long Run (1979). O material aproveitado é vasto, com entrevistas atuais e também belos registros de todas as fases desse supergrupo americano.

Até mesmo making ofs das fotos de capa de alguns de seus álbuns são apresentados, trazendo cenas de shows, entrevistas com artistas relacionados à banda como Jackson Browne, J.D. Souther e Linda Ronstadt e depoimentos até mesmo de hoje “personas non gratas” perante a banda, como o empresário e dono de gravadoras David Geffen. Todos os ex-integrantes foram entrevistados, sem censura prévia.

O documentário é dividido em duas partes. Na primeira, com cerca de duas horas de duração, é contada a história dos Eagles de seu início até a primeira separação, ocorrida em 1980 após uma briga histórica entre Glenn Frey e o guitarrista Don Felder, cujo diálogo agressivo é reproduzido na íntegra em áudio. Depoimentos bem ácidos de Frey (especialmente) e de Felder também estão aqui.

Os álbuns gravados em Londres com a produção do lendário Glynn Johns (trabalhou com o The Who e os Rolling Stones, entre outros), o início com uma sonoridade country rock mais delicada, a entrada de Don Felder e Joe Walsh para dar um tempero mais rocker ao time (com a saída posterior do guitarrista original do time, Bernie Leadon), a saída do baixista e vocalista Randy Meisner em 1977 dando sua vaga a Timothy B. Schmidt, tudo é esmiuçado.

A segunda parte, com pouco mais de uma hora, mostra o que os músicos fizeram entre 1980 e 1990, quando tiveram início as primeiras tentativas sérias de se trazer a banda de volta, o que ocorreria de fato em 1994 com o álbum Hell Freezes Over, que teve o apoio da MTV. A importância do formato de rádio Classic Rock, a rejeição de Glenn Frey inicialmente, o retorno triunfal, está tudo lá.

Fica bem claro ao espectador que desde o início os Eagles buscavam o estrelato e a realização de um trabalho que aliasse perfeição técnica a forte apelo comercial. Ou seja, nunca rolou ingenuidade no roteiro deles, pois naquela época (início dos anos 70) o rock and roll se consolidava como uma indústria na qual fazer dinheiro era um dos pontos mais importantes.

Mesmo com essa mentalidade, o talento de seus integrantes, especialmente Henley e Frey, gerou uma obra que se perpetuou entre o que há de melhor na história do rock, especialmente o de viés americano, com aquelas influências perenes de rock and roll, country, folk, hard rock e soul music. Veja esse documentário sublime e sinta que esta é uma banda que vai muito além do Hotel Califórnia.

Trailer de The History Of The Eagles:

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