Mondo Pop

O pop de ontem, hoje, e amanhã...

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Uma semana depois, o que falar dos Grammy?

Por Fabian Chacur

Há uma semana, foi realizada a festa de entrega dos troféus Grammy, o Oscar da música mundial, em sua edição de número 53.

Acabei não escrevendo nada sobre o tema. Um absurdo.

Então, mesmo uma semana depois, vamos dar uma esmiuçada na coisa.

Tivemos dois grandes vencedores, os grupos Arcade Fire e Lady Antebellum.

O trio americano de country pop rock faturou cinco troféus, sendo dois deles nas categorias mais importantes.

São elas Record Of The Year, que seria o equivalente ao antigo single, e Song Of The Year, que é destinado ao compositor, e ambas foram levadas pela deliciosa balada rock country Need You Now.

Com ecos do clássico Still The Same, sucesso em 1978 com Bob Seger, essa música serve como bom aperitivo do trabalho de ótimo nível feito pelo Lady Antebellum.

Quem lê Mondo Pop certamente se lembra dos elogios que fiz ao álbum Need You Now, o segundo da carreira da banda e um dos melhores lançamentos de 2010.

Os garotos merecem as vitórias, pois embora não tenham criado nada de inovador ou genial, certamente foram capazes de nos oferecer músicas deliciosas, o que definitivamente não é pouco.

O grupo canadense Arcade Fire, com a vitória na categoria Album Of The Year, certamente corre o risco de virar o novo U2.

Ou seja, uma banda que consegue ao mesmo tempo credibilidade perante a crítica especializada e grande sucesso comercial.

The Suburbs vendeu e continua vendendo bem, mas a crítica ainda não começou a torcer os narizes para eles.

Só para variar, a categoria Revelação do Ano é vencida por alguém que não é exatamente iniciante.

Esperanza Spalding, que já abriu show para George Benson no Brasil e tem forte ligação com a nossa MPB, já conta com três álbuns no seu currículo.

Seja como for, antes ela ser dona do troféu do que os curiosos fenômenos infanto-juvenis Justin Bieber e Drake.

Outro favorito de Mondo Pop, a banda Train, que abrirá para a Shakira em breve aqui no Brasil, levou o troféu de melhor performance pop com vocais em duo ou grupo com a sublime Hey Soul Sister.

Se os popíssimos e quase insípidos Lady Gaga, Jay-Z e Rihanna levaram taças para casa, gente de muito mais importância também o fez.

Artistas do naipe de Paul McCartney, Jeff Beck (levou dois!), Neil Young e Them Crooked Vultures, só para citar alguns.

Injustamente alijada da disputa de melhor álbum do ano, a banda Sade, da cantora Sade Adu, ao menos levou o gramofone de ouro na categoria melhor performance de r& b de grupo ou duo com vocais com a sublime Soldier Of Love, faixa título do trabalho injustiçado.

A nota curiosa ficou por conta de Tia Carrere.

Lembram dela? A morena boazuda e roqueira dos filmes Quanto Mais Idiota Melhor 1 e 2 (Wayne’s World 1 e 2)!

Pois a moça ganhou um Grammy. Sabem em que categoria?

Solte a gargalhada: melhor álbum de música havaiana, com o CD Huana Ke Aloha.

Ou seja, entre mortos e feridos, salvaram-se todos, com exceção dos brasileiros, que ficaram de mãos abanando. Mas para eles, tem o Grammy Latino…

Ouça a ótima I Run To You, com o Lady Antebellum:

Elvis Costello voltará ao Brasil em abril

Por Fabian Chacur

Bela notícia para os fãs de rock de primeiríssima linha.

Elvis Costello voltará ao Brasil para shows nos dias 5 e 6 de abril, respectivamente em São Paulo (Credicard Hall) e Rio (Citibank Hall).

Será a terceira vez do cidadão por aqui.

Na primeira, em 1995, ele veio apenas fazer uma participação especial durante um show no extinto Free Jazz Festival.

Foi realizada uma entrevista coletiva, na qual tive a oportunidade não só de fazer algumas perguntas, como também de pegar um autógrafo do cara.

Em 2005, ele retornou, só que dessa vez para shows completos que agradaram bastante quem os viu. Não pude ir, buááááá!

O cantor, compositor e músico britânico está divulgando seu mais recente álbum, National Ransom, lançado em outubro do ano passado e gravado com um de seus grupos, o The Imposters, cuja formação é bem semelhante ao que o consagrou, The Attractions.

Com 56 anos de idade, Costello, cujo nome de batismo é Declan McManus, tornou-se conhecido mundialmente graças a seu segundo álbum, o explosivo This Year’s Model (1978), do qual faz parte o torpedo rocker Pump It Up.

Rapidamente, ele se tornou um dos mais bem-sucedidos nomes surgidos no movimento new wave, mas ainda mais rapidamente se mostrou distante de rótulos ou amarras que tolhessem sua criatividade.

Sua coqueteleira musical acrescentou elementos como country, jazz, ska, rock básico, soul, pop e até música erudita.

O resultado: músicas fantásticas como Alison, Everyday I Have The Book, This Town, 45 e dezenas de outras.

Ele compôs diversas músicas com Paul McCartney, entre elas as ótimas Veronica e My Brave Face.

Outro parceiro ilustre foi Burt Bacharach, com o qual gravou o álbum Painted For Memory (1998).

Seu maior sucesso comercial foi possivelmente a releitura de She, sucesso em inglês de Charles Aznavour que ele regravou para a trilha do filme Um Lugar Chamado Notting Hill, de 1998.

Nova edição de Band On The Run é indicada apenas para quem ainda não tem o álbum

Por Fabian Chacur

Graças a uma parceria com a Universal Music, toda a obra lançada por Paul McCartney em sua carreira pós-Beatles será relançada. O primeiro fruto dessa dobradinha acaba de chegar às lojas brasileiras.

Trata-se de Band On The Run (1973), para muitos o melhor trabalho lançado pelo cantor, compositor e músico britânico sem John, George e Ringo.

O disco sai em bela edição digipack que reproduz o encarte original do LP de vinil e traz como bônus fotos inéditas. O áudio foi remasterizado, mas não traz grandes diferenças em relação às edições anteriores.

Também não temos faixas bônus, o que as edições anteriores da EMI traziam, com as músicas lançadas originalmente em single Helen Wheels e Country Dreamer.

Se você por ventura já tem uma das versões anteriores em CD de Band On The Run, não precisa tirar seu suado dinheirinho do bolso, pois não vale a pena. A não ser que você seja um completista incorrigível.

No site do artista, foi disponibilizada uma edição especial repleta de elementos adicionais, mas até mesmo essa pode ser considerada dispensável para quem comprou a edição especial anterior em formato de caixinha.

E o preço desse novo pacote é bem salgado…

No entanto, tenho certeza de que muita gente conheceu esse trabalho recentemente, ou através da internet, ou pelo fato de McCartney ter tocado diversas de suas faixas em sua recente turnê brasileira.

Para esses, recomendo esse relançamento com entusiasmo.

Afinal, um trabalho que inclui faixas do naipe de Band On The Run, Jet, Mrs. Vanderbilt e Nineteen Hundred And Eighty Five não pode ficar de fora de uma discoteca decente.

Veja o clipe de Band On The Run:

CD/DVD de Paul McCartney está entre os cinco mais vendidos no Brasil na última semana

Por Fabian Chacur

Após três shows que realmente encantaram o Brasil em novembro, Paul McCartney continua cativando o público tupiniquim.

A nova prova foi dada pela parada de sucessos publicada na última semana e feita pela Associação Brasileira dos Produtores de Discos (ABPD) em parceria com a empresa Nielsen.

Essa pesquisa semanal aponta os discos mais vendidos no país e é atualmente a fonte mais confiável para se aferir esse tipo de coisa.

Pois bem. Sabem quem está em terceiro lugar entre os campeões de venda no país de Lula?

Good Evening New York City, excepcional CD duplo vendido em pacote que inclui também o DVD com o registro com o show do Macca em Nova York que inaugurou a nova versão do extinto Shea Stadium, agora intitulado City Field.

Notem que se trata de um pacote que inclui dois CDs e um DVD, e que é vendido por não menos do que R$ 50 reais, afora eventuais preços promocionais.

Logo, é uma façanha daquelas, e prova de que música boa é para sempre.

Good Evening New York City perde esta semana para Exaltasamba 25 Anos Ao Vivo, do grupo de pagode Exaltasamba, e My Worlds, álbum que reúne os dois CDs do fenômeno adolescente canadense Justin Bieber.

Ontem, hoje e sempre, Macca rules!

Everybody At Last Loves Paul!

Por Fabian Chacur

Sou da geração que conheceu primeiro a carreira solo de Paul McCartney e os Wings antes de mergulhar a fundo na trajetória da melhor banda de todos os tempos em qualquer estilo musical, os Beatles.

Fui conhecendo as novas músicas e discos do Macca à medida que iam saindo, ao contrário da dos Beatles, lançadas quando eu era ainda muito criança. A banda acabou quando eu tinha apenas oito aninhos.

Logo, Paul McCartney era meu ídolo antes mesmo de os Beatles serem minha banda predileta.

Então, tenho uma verdadeira paixão por esse cara. Paixão pela obra, pelo seu jeitão de ser, pelo seu talento, sua humildade.

Só não sou apaixonado fisicamente por ele por que temos isso em comum: ambos amamos as mulheres, razão de ser dessa vida. Ponto.

Nossa única diferença séria: ele é vegetariano, eu não. Mas democracia é isso, e podemos conviver em um mesmo mundo, graças a Deus.

E me lembro muito bem de que, durante muitos anos, décadas até, James Paul McCartney era rotulado como um mero autor de baladinhas comerciais e pops.

Que o “bão” era John Lennon. Que George Harrison era o segundo melhor beatle. Que até Ringo era mais honesto. Que ele só pensava em dinheiro.

Quantas besteiras foram escritas acerca desse cidadão. Meu Deus!

E ele sempre na dele. No máximo, respondia com músicas tipo Let Me Roll It, Some People Never Know ou a maior de todas, Silly Love Songs, na qual dizia “certas pessoas fazem somente tolas canções de amor, e qual é o problema?”

Se as tais “tolas canções de amor” forem maravilhas como My Love, The Back Seat Of My Car, Call Me Back Again, Press, Only Love Remains etc, problema algum, caro cidadão de Liverpool e do mundo!

Só de mais ou menos uns 20 anos para cá, quando Paul voltou às turnês, que aos poucos essas “bestas históricas”, como diria meu amigo Marcelo Laguna, se tocaram dos absurdos que disseram durante esse anos todos.

É bacana ver um jornalista como o competente André Barcinski, por exemplo, admitir que fez besteira ao detonar Macca durante uns bons anos. Suas recentes matérias sobre McCartney para a Folha de S.Paulo foram ótimos depoimentos.

Mas, modéstia à merda, eu sou “the real deal”. Amo esse cara desde sempre. Cansei de defendê-lo durante esses anos todos, e continuarei fazendo isso enquanto estiver vivo.

E fico feliz de ver que, enfim, estão fazendo justiça ao maior músico de todos os tempos que ainda está entre nós.

E que, se Deus quiser, ainda nos dará o prazer de sua companhia durante muitos e muitos anos.

Macca conquista avós, filhos, netos etc em SP

Por Fabian Chacur

foto: Marcos Hermes/Divulgação

Da quarta vez, a gente nunca esquece.

Pelo menos, não no meu caso em relação aos shows que tive a honra de ver de Paul McCartney.

Dos três primeiros você já leu as minhas recordações aqui em Mondo Pop. Só para rememorar: foram dois no estádio do Maracanã, no Rio, em 1990, e um no estádio do Pacaembu, em São Paulo, em 1990.

O quarto eu tive a oportunidade de ver na noite deste domingo (21) no estádio do Morumbi, ao lado de 64 mil fãs entusiasmados.

Tinha de tudo, desde garotos novos até para serem fãs dos Restart e Fresnos da vida até senhores de 70 e 80 anos. Coisa linda!

Às 21h36, a fera entrou em cena mandando uma trinca Venus and Mars/ Rock Show/ Jet. O público foi ganho ali, logo de cara.

Daí em diante, o ex-beatle mostrou que continua cantando como nunca, tocando com aquela versatilidade de sempre e energia de adolescente.

Visivelmente emocionado com a receptividade do público presente ao Morumbi, McCartney deu tudo de si e fez um show realmente impressionante.

O set list matador parecia covardia, incluindo desde All My Loving, de 1963, até as mais recentes Highway e Sing The Changes, do projeto Fireman que o Macca tem com o produtor e ex-baixista do Killing Joke, Youth.

O show foi uma delícia de se ver e ouvir. Músicos no auge da forma tocando canções antológicas com o tesão lá na Lua. Jogo ganho desde o primeiro segundo.

É só olhar o set list no final desse post para sentir o drama.

Lógico que eu posso perfeitamente mandar uns highlights. E lá vamos nós.

Nunca pensei que ouviria 1985, uma das melhores faixas do antológico Band on The Run (o primeiro álbum de McCartney que comprei na vida; comecei bem, heim?).

E tocaram bem pacas, com direito àquele piano swingado, que o Macca se incumbiu de pilotar.

Amo Venus and Mars e Rock Show, e não disfarcei minha empolgação ao identificar os primeiros acordes das duas, na abertura do show deste domingo. No de segunda, a dobradinha deu lugar a Magical Mystery Tour.

O blues rock Let Me Roll It, com direito a uma alucinada versão instrumental de Foxy Lady, do mestre James Marshall Hendrix no final, foi outro tiro certeiro. Mais um clássico de Band on the Run.

Live and Let Die está no set list de Paul desde que ele retomou as turnês, em 1989, e sempre tem aqueles efeitos pirotécnicos no meio. Mas acho que, desta vez, a coisa foi ainda melhor.

I’ve Got a Feeling é um dos momentos mais fantásticos do fantástico álbum Let It Be, que alguns insistem em dizer que é ruim.

Ruim, um disco dos Beatles? Isso não existe. Ponto! O “pior” álbum dos Fab Four supera discografias completas de bandas metidas a besta por aí.

E teve o bom humor do baterista Abraham Laboriel Jr., um dos melhores que já vi ao vivo.

Além de tocar muito, ele aproveitou a música Dance Tonight, que não usa bateria, para mandar bala em uma hilariante coreografia de dança que incluiu passos da Macarena e do John Travolta de Os Embalos de Sábado à Noite. De rolar de rir!

O brilho nos olhos de Paul McCartney indicam que dificilmente ele largará os palcos. Pode ser até que ele reduza o número de shows, as distâncias para onde irá etc .

Mas parar de cantar ao vivo acho difícil, pois definitivamente essa é uma das coisas que movem o ex-beatle. O cara ama isso.

Devo ter visto mais de 500 shows durante os meus 49 anos de idade. Provavelmente mais de mil, sei lá.

Mas vou cravar: o melhor de todos foi o de Paul McCartney no estádio do Morumbi no dia 21 de novembro de 2010.

Paul McCartney em São Paulo -21/11/2010 – Set List

Venus and MarsRock Show

Jet

All My Loving

Letting Go

Drive My Car

Highway

Let Me Roll it

The Long and Winding Road

1985

Let  ‘Em in

My Love

I´ve Just Seen a Face

And I Love Her

Blackbird

Here Today

Dance Tonight

Mrs. Vanderbilt

Eleanor Ribgy

Something

Sing the Changes

Band on the Run

Obla Di Obla Da

Back in the U.S.S.R.

I’ve Got a  Feeling

Paperback Writer

A Day in the Life/ Give Peace a Chance

Let it Be

Live and Let Die

Hey Jude

Bis 1

Day Tripper

Lady Madonna

Get Back

Bis 2

Yesterday

Helter Skelter

Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band/ The End

Livro mostra trajetória dos Beatles dia a dia

Por Fabian Chacur

O jornalista Barry Miles é no mínimo um sortudo. Afinal de contas, ele conheceu os Beatles em 1965, e ficou amigo deles, especialmente de Paul McCartney.

Nesses anos todos, ele fez vários trabalhos relacionados ao rock and roll, incluindo uma biografia de Paul McCartney centrada nos anos 60.

Agora, chega ao Brasil o que é provavelmente a sua obra mais consistente e caudalosa. Trata-se de O Diário dos Beatles, lançado por aqui pela editora Madras e vendido ao preço médio de R$79 .

Trata-se de um belíssimo volume, em tamanho grande e com 384 páginas que levarão o beatlemaníaco ao êxtase.

A estrutura do livro é simples, porém bem difícil de ser concretizada, façanha que Miles conseguiu com brilhantismo: uma espécie de diário, mostrando tudo o que a banda fez, diariamente, entre 1960, quando o nome The Beatles batizou um grupo formado por jovens de Liverpool, até 1970, quando esses ainda jovens já havia revolucionado o mundo da música e dos costumes.

Além de uma introdução que mostra um pouco da vida de John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr antes de 1960, o livro inclui textos específicos sobre momentos importantes da trajetória dos Fab Four e inúmeras fotos, em preto e branco e coloridas.

Registros de shows, lançamentos de discos, eventos importantes, reproduções de capas de revistas e matérias de jornais, não falta informação nesta obra indispensável.

Tipo do livro que fascinará até mesmo quem já tem bastante material sobre a mais importante banda de todos os tempos, e que também pode servir como uma parruda introdução para quem ainda está se iniciando no estudo desse verdadeiro mito do mundo das artes.

Wingspan conta a história do Paul e do Wings

Por Fabian Chacur

A volta de Paul McCartney ao Brasil para três shows de ingressos caríssimos em novembro, um em Porto Alegre no dia 7 e dois em São Paulo nos dias 21 e 22 (enfim confirmaram o que todos já sabiam, que esse segundo show era inevitável) está me fazendo querer escrever muito sobre ele no período que antecede a nova turnê por aqui.

Aproveitei para tirar da minha coleção e colocar para rodar no meu DVD player o documentário Wingspan – An Intimate Portrait. Lançado em 2001, trata-se de uma história dos dez anos iniciais da carreira do meu ídolo máximo após sair dos Beatles.

O eixo da história é o amor entre Paul e a saudosa Linda Eastman, e de como ele resolveu unir o útil ao agradável, montando um novo grupo, o Wings, com o amor da sua vida tocando teclados.

Wingspan é sensacional, pois mistura deliciosas cenas de arquivo do próprio artista, incluindo aquelas filmagens caseiras emocionantemente toscas e afetivas, com registros de shows, entrevistas coletivas etc.

Tudo é conduzido por uma entrevista dada na época pelo ex-beatle à filha mais velha, a gatíssima Mary. O papo entre os dois é uma delícia, com direito a uma revelação entre os dois.

“Quer dizer que quando você casou com mamãe ela já estava grávida de mim?, pergunta, docemente, recebendo um sim levemente constrangido de papai McCartney.

O argumento usado por ele para rechaçar as críticas por colocar Linda em seu grupo é no mínimo sensacional:

“Eu estava montando apenas um grupo de rock, e não fazendo uma experiência química ou coisa assim. Se não desse certo, a quem poderia prejudicar? Ninguém! Não sei por que discutiam tanto isso”.

As memórias sobre os seus primeiros discos solo (McCartney e Ram), a formação do Wings, os primeiros shows, as turnês e até mesmo a inesperada prisão no Japão em 1980 que acabou pondo fim aos Wings são relatadas com riqueza de detalhes e documentação.

Os vários músicos que passaram pela banda também são apresentados, entre eles o braço direito do casal, Denny Layne.

Aliás, a explicação dele para o fim da banda é bem interessante.

“Parece que não era para a gente fazer aquela turnê. E já tínhamos feito tudo o que havia para se fazer com o Wings, era a hora de buscar outros objetivos”.

E foi exatamente o que ocorreu a partir dali. Nos anos 80, ele consolidou a carreira solo graças a discos como Tug Of War (1982) e fez raros shows até 1989, quando resolveu voltar aos bons tempos de turnês mundiais. Mas isso é outra história…

Paul McCartney no Brasil em 1993

Por Fabian Chacur

3 de dezembro de 1993. Neste dia histórico para mim, tive a oportunidade não só de ver Paul McCartney ao vivo pela terceira vez, desta vez na minha amada São Paulo, no estádio do Pacaembu, como de participar de outra coletiva com o astro.

Se você teve saco de ler os posts anteriores, já sabe que eu estive no Rio em abril de 1990, vi os dois shows e estive presente na entrevista coletiva. Pois em Sampa City, a coisa foi ainda melhor.

Antes do show, exatamente como rolou no Rio, tivemos uma entrevista coletiva com Paul McCartney, realizada no Ginásio do Pacaembu, que fica ao lado do estádio.

O esquema era o seguinte: Paul estava no lugar onde fica a quadra. O assessor de imprensa dele escolhia entre os jornalistas, que estavam na plateia, quem faria as perguntas. E assim foi.

Lógico que eu levantei a mão várias vezes, e não fui atendido. Até que, na última pergunta, o tal assessor me apontou. Sim, eu, este que vos tecla.

Sabe Deus como, contive a emoção e fiz a pergunta: como foi trabalhar com diversos parceiros musicais, como John Lennon, Elvis Costello, Eric Stewart, Denny Layne, Michael Jackson etc?

Educado como ele só, Paul respondia olhando diretamente para quem lhe havia feito a pergunta. Tentem imaginar como me senti vendo o cara que eu admiro desde que era uma criança olhando para mim e falando comigo…

Ele respondeu que tinha sido muito bom trabalhar com todos eles, mas que realmente quem marcou sua vida foi mesmo John Lennon.

Tive o jogo de cintura de retrucar, mesmo emocionado como estava: “mas afora John, você não apontaria um favorito?”.

A resposta foi direta: “não, basta um favorito, John Lennon”.

Diante de tal emoção, o show seria lucro. E que lucro foi, meus caros!

Durante esses 49 anos de vida, tive a graça de ver centenas de shows, muitos deles inesquecíveis e marcantes. Mesmo assim, elejo sem pestanejar esse espetáculo do dia 3 de dezembro de 1993 como o meu favorito.

Parte da The New World Tour, realizada por ele e que dava a todos os que viam os shows uma belíssima revista colorida de graça cuja capa ilustra este post, o show repetia o esquema de ter um vídeo introdutório, tão bacana como o de 1990, mas com uma forte mensagem ecológica.

Logo depois, o início, desta vez com adrenalina pura: Drive My Car, clássico dos Beatles. Depois de alguns minutos, deixei uns bons amigos (que estavam, no entanto, sendo “malas” naquele momento) longe e fui curtir o show sozinho, o mais perto que consegui chegar do palco.

Duas músicas particularmente me arrancaram lágrimas, por fazerem parte da minha lista de favoritas e por não terem sido tocadas em 1990: a matadora balada soul My Love e o blues rock Let Me Roll It.

A voz de Macca estava perfeita, a banda idem, e o repertório, alucinante. Lógico que Hey Jude, minha música favorita de todos os tempos, novamente me arrancou arrepios.

Saí do estádio da municipalidade paulistana com a alma lavada. Melhor show da minha vida.

Pelo menos, até o dia 21 de novembro, se Deus me der a graça de ver meu ídolo de novo. Seja como for, as recordações desses três shows incríveis ninguém me tira…

Paul McCartney no Brasil em 1990 – memória 2

Por Fabian Chacur

Toda a expectativa e o que rolou antes dos shows de Paul McCartney no Brasil você já leu no post passado. Agora, vamos ao que rolou durante os dois shows, obviamente na minha humilde visão.

O primeiro show foi o melhor dos dois. A explicação é simples: quem estava lá eram basicamente os beatlemaníacos mais fanáticos, aqueles que realmente tinham feito tudo para ver o show de seu grande ídolo.

A segunda apresentação foi legal, também, mas no público tinha muita gente que estava ali pelo fato de ser “o lugar para se ir no Rio naquele sábado”, para badalar, e não necessariamente para curtir as músicas.

Um bom exemplo disso fica por conta da comparação do comportamento da plateia nos dois dias em relação à música Put It There, do disco Flowers In The Dirt, uma balada delicada, para se ouvir abraçado com a namorada, com o isqueiro aceso (não tinha celular na época, lembrem-se) etc.

Na sexta, foi assim que o público reagiu – curtindo essa balada maravilhosa. No sábado, neguinho começou a bater palmas para acompanhar a música, como se tratasse de um rock mais agitado. Ficou feio…

O show tinha, antes do seu início, a exibição de um vídeo que dava uma geral na carreira de Paul McCartney, indo desde os tempos dos Beatles até sua carreira solo e o álbum Flowers In The Dirt. Era emocionante.

Aí, surgia uma palavra imensa: NOW! E o show começava, com a música Figure Of Eight, outra do disco lançado em 1989.

Era um certo balde da água fria, pois não se trata de um clássico de seu repertório, nem uma música que tenha ficado, tanto que ele não mais a tocou em turnês subsequentes.

Mas logo o arsenal de torpedos alucinantes começava: Jet, Band On The Run, Live And Let Die, Let It Be, Hey Jude e por aí vai…

Foi um banho de carisma e pique do mestre, mesmo com a voz um pouco mais rouca do que o habitual. Maldita chuva!

Durante o segundo show, nas arquibancadas, vivi um dos momentos mais bizarros da minha carreira de repórter.

Vale lembrar que o Plano Collor tinha ocorrido há poucas semanas, e quase inviabilizou a realização do show, que só rolou pelo empenho do empresário Luiz Oscar Niemeyer, por sinal o mesmo que também o trouxe em 1993 e agora de novo.

Na época, a poderosa ministra da Economia era a hoje mais sumida do que dinheiro Zélia Cardoso de Mello.

Pois bem. Ela estava lá, na arquibancada. Lógico que tive de conversar com a figura, perguntando sobre Beatles, música etc.

Até aí, tudo bem. O duro foi ter de aguentar as pessoas em volta pegarem autógrafos dela, alguns inclusive em CÉDULAS DE DINHEIRO! Dá para acreditar nisso? Também tenho foto disso…

Ao final da minha maratona carioca, na qual tive a oportunidade de trabalhar muito, conhecer pessoas especiais e ver ao vivo o maior pop star de todos os tempos, cheguei em Sampa City exausto, mas feliz. Valeeeeeu!!!!!

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