Mondo Pop

O pop de ontem, hoje, e amanhã...

Search results: "boca livre" (page 1 of 3)

Boca Livre ganha um Grammy e dá alguma esperança aos fãs

boca livre-400x

Por Fabian Chacur
.
As expectativas dos brasileiros em relação à premiação do Grammy realizada neste domingo (5) estavam em torno de Anitta concorrendo na categoria de artista revelação. Alguns mais antenados também torciam pela brilhante Flora Purim. Mas poucos sabiam que o Boca Livre também estava nessa disputa pelo Oscar da música. E quem acabou levando o troféu foi o grupo, extinto em 2021 em meio a uma lamentável briga motivada por razões políticas.

Foi o tipo da situação extremamente inesperada e peculiar. Afinal de contas, Pasieros, o álbum que proporcionou o prêmio ao Boca Livre na categoria Melhor Álbum de Pop Latino, foi na verdade gravado em 2011, mas só saiu em maio de 2022, o que explica o porque teve a oportunidade de concorrer ao disputado prêmio mesmo uma década após o seu registro.

Além disso, o trabalho é histórico por reunir o quarteto com um dos grandes nomes da música latina, o cantor, compositor, ator e músico panamenho Rubén Blades. As 11 músicas foram pinçadas do repertório dele, dedicado a uma modernização personalizada da salsa com elementos políticos.

O álbum foi gravado com músicos de apoio brasileiros, entre os quais Jorge Helder (baixo), Pantico Rocha e Robertinho Silva (bateria), Marcos Suzano (percussão) e João Donato (piano). O álbum também possui uma segunda versão, Parceiros, contendo 8 das 11 canções vertidas para o português.

Da formação que gravou o álbum, que também é a mais estável da trajetória do Boca Livre, foram aos EUA para receber os troféus Zé Renato, David Tygel e Lourenço Baeta, ficando de fora Mauricio Maestro, o estopim da briga que gerou o fim do grupo. Fica a torcida para que essa premiação inesperada possa de repente gerar a reconciliação entre eles, pois os políticos passam, mas as amizades de fato deveriam ficar.

Leia mais textos sobre o Boca Livre aqui.

Buscando Guayaba– Boca Livre e Ruben Blades:

Boca Livre celebra 40 anos de estreia com Viola de Bem Querer

Boca Livre_Capa Disco_Viola de Bem Querer_alta-400x

Por Fabian Chacur

Em 1979, saía pela via independente o álbum de estreia do Boca Livre. Não demorou para que se tornasse um verdadeiro fenômeno, pois mesmo sem a ajuda das grandes gravadoras, atingiu em cheio o grande público e ultrapassou a marca das 100 mil cópias vendidas. E aquilo era só o começo de uma trajetória belíssima. Quatro décadas depois, o quarteto carioca celebra a efeméride com Viola de Bem Querer, um trabalho que os mantém em seu alto patamar de qualidade artística.

Quando fiquei sabendo do novo título do álbum do Boca Livre, imaginei que se trataria de um trabalho retrospectivo de seus maiores sucessos, pois a frase remetia a dois grandes hits da banda, Quem Tem a Viola e Toada (Na Direção do Dia). Errei feio! Na verdade, Viola de Bem Querer é uma composição do jovem cantor, compositor e músico paulista Breno Ruiz, lançada por ele em seu álbum Cantilenas Brasileiras, lançado em 2016 pela via independente.

Com letra a cargo do consagrado Paulo Cesar Pinheiro, esta belíssima canção, curiosamente, foi gravada por Breno em versão na qual temos ele cantando e tocando piano (seu instrumento habitual) e acompanhado por Igor Pimenta (baixo acústico). Ou seja, não tem viola! Na releitura feita pelo Boca, o instrumento se faz presente, reforçando sua mensagem simples e encantadora.

A formação atual do Boca Livre é a sua mais estável nesses 41 anos de estrada, com Zé Renato (voz e violão), Mauricio Maestro (voz, baixo e violão), David Tygel (voz e viola) e Lourenço Baeta (voz, violão e flauta). Desde o início, investem em uma sonoridade que traz como influências mais visíveis o Clube da Esquina, a ala mais melódica do rock rural, bossa nova e outras vertentes bacanas da nossa música popular. Isso, dando continuidade à tradição de grandes grupos vocais brasileiros, como MPB-4 e Os Cariocas.

Viola de Bem Querer, como um todo, os mostra no geral com uma ênfase no som mais rural, o que transparece logo na capa e nas fotos incluídas no belo encarte da versão em CD deste trabalho. São nove faixas no total. O padrão habitual se mantém, com algumas composições de integrantes do time, como as belas Santa Marina (parceria de Lourenço Baeta com o poeta Cacaso), Noite (escrita por Zé Renato com a genial Joyce Moreno, autora de um dos pontos altos do álbum de estreia, Mistérios, feita com Mauricio Maestro), Eternidade (Mauricio Maestro) e a instrumental O Paciente (David Tygel).

Somadas às autorais, temos composições alheias escolhidas a dedo, como a deliciosa Um Paraíso Sem Lugar (Geraldo Azevedo e Fausto Nilo), e clássicos perenes da música brasileira em encantadoras adaptações personalizadas. Amor de Índio (Beto Guedes e Ronaldo Bastos) vem do Clube da Esquina, enquanto Um Violeiro Toca (Almir Sater e Renato Teixeira) sai do berço da canção rural brasileira. A surpresa fica por conta de Vida da Minha Vida (Moacyr Luz e Sereno), hit na voz de Zeca Pagodinho que aqui ganhou contornos latinos e percussivos.

Além dos quatro se desdobrando em vocais e instrumentos musicais, o disco conta com participações de músicos do porte de Pantico Rocha (bateria, conhecido por seu trabalho com Lenine), João Carlos Coutinho (piano elétrico), Bernardo Aguiar (pandeiro), Thiago da Serrinha (percussão) e Marcelo Costa (percussão). A sonoridade delicada e envolvente do grupo se mostra muito bem preservada, enfatizando os belos arranjos vocais, dividindo-se entre uníssomos, solos e vocalizações elaboradas e encantadoras.

Muito legal ver um grupo celebrar 40 anos de seu disco de estreia com um trabalho que não soa saudosista ou redundante. Aqui, o que temos é a fidelidade intensa e entusiástica a um estilo próprio de se fazer música, sem se render a modismos ou tendências do cenário musical, e oferecendo apenas o melhor a quem os acompanha nesses anos todos. Da mesma forma que ouvimos até hoje Boca Livre (o álbum) com o mesmo prazer de 1979, certamente este Vida da Minha Vida continuará encantando daqui a muitos e muitos anos.

Viola de Bem Querer– Boca Livre:

Boca Livre mostra hits e algumas novidades ao vivo em São Paulo

boca livre 2018-400x

Por Fabian Chacur

Há exatos 40 anos na estrada, o Boca Livre construiu uma trajetória impecável, consolidando-se como um dos grandes grupos vocais da história da nossa música. Para celebrar essas quatro décadas de estradas, o quarteto prepara um novo álbum de estúdio. Enquanto isso não ocorre, o público paulistano poderá conferir em primeira mão algumas das músicas que estarão nesse disco, assim como aqueles hits maravilhosos habituais. Será nesta sexta (30) e sábado (1º-12) às 21h30 no Tupi Or Not Tupi (Rua Fidalga, nº 360- Vila Madalena- fone 0xx11-3813-7404), com ingressos a R$ 140,00.

O primeiro álbum do Boca Livre, autointitulado, saiu em 1979 pela via independente, e logo tornou-se um fenômeno de vendagens, conseguindo tocar em rádios e os levar a apresentações em emissoras de TV. Isso, fazendo uma sonoridade própria, uma mistura de folk, country, MPB em suas várias tendências e muito mais, com direito a vocalizações simplesmente sublimes. Quem Tem a Viola, Toada, Mistérios, as músicas desse álbum tomaram rapidamente conta das paradas de sucesso. No peito e na raça.

Nesses anos todos, o quarteto se manteve sempre ativo. A atual formação é a sua mais constante, trazendo os fundadores Mauricio Maestro (baixo e vocal), Zé Renato (violão e vocal) e David Tygel (viola de dez cordas e vocal), e Lourenço Baeta (vocal), que entrou no time logo em 1980, substituindo Cláudio Nucci. Fernando Gama também esteve no grupo durante as décadas de 1990 e 2000, sendo que a atual escalação se mantém estável desde 2006.

Além dos hits, os citados e possivelmente Panis Et Circenses e Bicicleta, o Boca Livre também fará uma prévia de algumas faixas do próximo trabalho, que deverá ser intitulado Viola de Bem Querer, nome de uma das faixas que o integrarão. Também estarão no trabalho Vida da Minha Vida e Amor de Índio, esta última um clássico do repertório de Beto Guedes. Será o sucessor de seu mais recente CD, o elogiado Amizade (2013).

Quem Tem a Viola- Boca Livre:

Boca Livre lança CD Amizade no Sesc Pompeia

Por Fabian Chacur

O Boca Livre é um dos melhores e mais importantes grupos vocais da história da nossa música popular. Com seu autointitulado álbum de estreia, lançado em 1979 pela via independente, atingiu os primeiros postos das paradas de sucesso e provou que música boa e elaborada também pode fazer sucesso comercial. Desde então, viveu diversas fases em sua bela carreira, com direito a alguns hiatos aqui e ali.

Nunca abriu mão, no entanto, da qualidade das canções, arranjos, álbuns e shows que realiza. O quarteto, que hoje conta com Zé Renato (vocal e violão), Maurício Maestro (baixo, violão e voz), David Tygel (viola e vocal) e Lourenço Baeta (flauta, violão e vocal), sua formação mais estável e produtiva, lança no Sesc Pompeia nesta sexta e sábado (18 e 19) o CD Amizade. Nos shows, participação de João Carlos Coutinho (piano) e Rafael Barata (bateria).

Trata-se do primeiro trabalho composto apenas por gravações feitas em estúdio e nunca antes gravadas por eles em 17 anos. Nesse período, além de alguns intervalos dedicados a projetos paralelos, o grupo investiu em CDs e DVDs gravados ao vivo e retrospectivos de sua trajetória, além de um histórico álbum ao vivo gravado com o 14 Bis. Amizade retoma a faceta independente do quarteto.

O repertório de Amizade inclui oito faixas, entre elas Baião de Acordar (Novelli), Tempestade (Chico Pinheiro-Chico Cesar), Terra do Nunca (Edu Lobo e Paulo Cesar Pinheiro), Paixão e Fé (Tavinho Moura-Fernando Brant) e Amizade (Maurício Maestro-Marcos Valle), pinçadas de várias épocas. Em entrevista exclusiva a Mondo Pop, Zé Renato nos conta as novidades do Boca Livre.

Mondo Pop – O Boca Livre está completando 35 anos de carreira, e já viveu diversas fases, incluindo alguns períodos longe de cena. Como você define a fase atual do grupo?
Zé Renato– Estamos com essa formação desde 2006, quando fizemos alguns shows e, no ano seguinte (2007), lançamos o CD e DVD Boca Livre e ao Vivo, fazendo trabalhos esporádicos. Eu tenho minha carreira solo, o Maurício Maestro está morando em Nova York, o David Tygel com trilhas para cinema, o Lourenço com suas coisas também… Amizade é nosso primeiro trabalho de inéditas em 17 anos, e nossa ideia agora é que o grupo vá adiante, faça mais coisas.

Mondo Pop- Como são realizados os trabalhos do Boca Livre? Como funciona a interação entre vocês, que fazem tantas outras coisas?
Zé Renato– O trabalho do Boca Livre é específico e bem diferente dos outros que fazemos paralelamente. É algo que nos faz muito bem. Juntar os quatro e escolher um novo repertório nos exige muito tempo, dedicação, todos decidem tudo, é um método de trabalho intenso. Tudo é muito cheio de detalhes, desde a escolha das canções aos arranjos vocais do Maurício, demanda uma entrega muito grande. Quando fica pronto, a gente comemora. As pessoas não fazem ideia do trabalho que temos.

Mondo Pop- O grupo teve algumas variações de formação durante sua existência, embora tenha tido apenas seis integrantes durante esses 35 anos. Como você avalia a escalação atual?
Zé Renato– Essa formação atual é a que gravou mais, permaneceu mais, e acho que a música Amizade simboliza muito essa nossa trajetória.

Mondo Pop- Que tipo de critério vocês usam para escolher repertório? Nesse disco novo, por exemplo, temos desde canções compostas nos anos 70 até algumas mais recentes. O que as une?
Zé Renato– A gente sempre privilegia as músicas que traduzam o que a gente está querendo expressar, independente de onde ou quando vieram. O mais importante é que a gente sinta uma vibração conjunta, que o entusiasmo seja dos quatro. A gente não se prende a um único caminho, abre o leque. Procuramos reunir canções que tenham uma harmonia entre elas.

Mondo Pop – Como será esse novo show que vocês estrearão aqui em São Paulo, no Sesc Pompeia?
Zé Renato– Vamos tocar umas seis ou sete canções do novo disco, outras que a gente não toca ao vivo há muito tempo, como Folia, e os clássicos do grupo, como Toada, Quem Tem a Viola e Mistérios, entre outros.

Mondo Pop – O CD Amizade inclui oito músicas, um número não muito comum em álbuns, que costumam ter dez, doze, até quatorze canções. O que levou vocês a incluir esse número de oito, especificamente?
Zé Renato– Na verdade, gravamos nove músicas, mas uma delas ficou para fora por problemas com os herdeiros. Aí, ficamos no impasse de ou adiar ou lançar o disco assim mesmo, e optamos pela segunda possibilidade. As oito músicas contam a história do grupo nesse momento, são representativas, e nada impede um disco de ter oito músicas.

Mondo Pop – Amizade está sendo lançado pela via independente, assim como ocorreu com o clássico disco de estreia de vocês, em 1979. Como você compara os dois momentos, e qual a sensação de voltar ao esquema independente?
Zé Renato– Para nós, Amizade é um retorno ao formato independente em parceria com o João Mário Linhares, que foi nosso primeiro empresário. Hoje, temos mais experiência do que antes, quando lançamos o disco por conta própria devido ao fato de as gravadoras não aceitarem um repertório como o que tínhamos. Era nossa única opção. Hoje, a gente nem sequer cogitou procurar as gravadoras.

Mondo Pop – Como vocês encaram lançar um novo disco nos dias de hoje, com as dificuldades impostas pela internet, pela pirataria e pela redução do mercado fonográfico no Brasil?
Zé Renato– O disco é hoje um cartão de visitas de luxo. Queremos mostrar que não estamos parados no tempo, que não nos prendemos ao passado, que temos coisas novas para mostrar. Hoje, a música valoriza demais a palavra em relação às melodias, os arranjos. A canção, a harmonia, estão caindo em desuso, não estão sendo explorados, e a gente só sabe fazer dessa forma. Estamos reentrando no mercado com um estilo que não está sendo tão praticado. Não é uma crítica ao que está sendo feito hoje, que fique bem claro, mas nossa forma de fazer é outra.

Mondo Pop- Quais são os planos do Boca Livre para o futuro mais próximo, digamos assim?
Zé Renato– Queremos viajar com esse show, levar esse novo trabalho para o Brasil. Vamos vender o disco novo no show, será parecido com o que ocorreu com nosso primeiro disco, que foi na base do mão a mão, de boca em boca. A primeira tiragem será vendida nesses shows no Sesc Pompeia. A época mudou, mas o tesão é o mesmo. Acho um bom presságio isso ocorrer, porque na verdade o CD já devia estar pronto há algum tempo, mas acabou ficando pronto só na semana do show.

Boca Livre no Sesc Pompeia (SP)- Projeto Vozerio:

Show Amizade – dias 18 e 19/10 (sexta e sábado) às 21h

Ingressos de R$ 4 a R$ 40.

Local: Sesc Pompeia- rua Clélia, 93 – Pompeia – fone: (0xx11) 3871-7700- www.sescsp.org.br/pompeia

Ouça Boca Livre (1979), primeiro álbum do Boca Livre:

Boca Livre – Boca Livre (1979)

Em 1979, um grupo formado por duas gerações de músicos estreou no mercado fonográfico. Os cariocas Maurício Maestro (baixo e vocal) e David Tygel (violão, viola e vocal) tinham acabado de chegar aos trinta anos de idade, e integraram o Momento Quatro, que acompanhou Edu Lobo na célebre Ponteio. Já o paulista Cláudio Nucci (viola, violão e vocal) e o capixaba José Renato (violão e vocal) eram sete anos mais novos, embora já estivessem mexendo seus pauzinhos no meio musical. A união deles se mostrou perfeita, e gravar o disco de estréia era o próximo passo. Como não haviam gravadoras dispostas a encarar o desafio, a experiência independente se mostrou a única saída. Abençoada saída.

Boca Livre, trabalho inicial do quarteto criado na Cidade Maravilhosa, transformou-se rapidamente em uma das grandes surpresas da história da música no Brasil. Sem distribuição de uma multinacional nem nada, o LP desandou a vender, e chegou pertinho das 100 mil cópias. Ou seja, mais uma vez as majors mostraram sua incapacidade de enxergar sucesso potencial na frente de seus narigões.

O disco tem arranjos vocais perfeitos na melhor fusão MPB 4/Os Cariocas/Crosby Stills Nash & Young, instrumental com ênfase acústica e canções doces, inspiradas e na linha folk/bossa nova/MPB, uma mistura de composições próprias com autores como Milton Nascimento, Nelson Ângelo e Toninho Horta. Ou seja, fortes conexões com o Clube da Esquina mineiro. As líricas e singelas Quem Tem a Viola e Toada (Na Direção do Dia), ambas grandes sucessos radiofônicos (acredite se quiser, sem jabá!), a bossa Mistérios (da musa Joyce), a interpretação perfeita e a capella de Ponta de Areia….. Um disco perfeito, que equilibra sutileza, melodias, harmonias e lirismo sem nunca esbarrar na chatice ou redundância. Uma bela injeção de ânimo em quem acredita em sonhos, pois um disco desses ter vendido tanto pela via independente só pode ser um ótimo exemplo para todos de que, sim “dreams come true”.
Boca Livre e Rodrigo Maranhão cantam Feito Mistério, 2007:
http://www.youtube.com/watch?v=GxjXLbbFtao
Boca Livre canta A Casa, em 1980, especial Arca de Noé:
http://www.youtube.com/watch?v=tuYjDrKwKNM
Boca Livre e MPB4 ao vivo cantam A Lua, 2007:
http://www.youtube.com/watch?v=jvZtv9BFquQ

Zé Renato mostra novo álbum com três shows em São Paulo

ze renato 400x

Por Fabian Chacur

Zé Renato é aquele tipo de artista que equivale a uma garantia eterna de qualidade, seja qual for o projeto no qual se envolve. Seja carreira-solo, Boca Livre, Banda Zil ou o quer que seja, o jogo é sempre ganho quando este grande cantor, compositor e violonista está em cena. E seu novo álbum solo, Quando a Noite Vem (Biscoito Fino), mantém este alto padrão. Ele mostra o repertório deste trabalho com shows em São Paulo no Teatro Anchieta do Sesc Consolação (rua Doutor Vila Nova, nº 245- Vila Buarque), com ingressos de R$ 12,00 a R$ 40,00 (saiba mais aqui).

Os shows serão realizados nesta sexta (2) e sábado (3) às 20h e domingo às 18h. Além do protagonista se incumbindo de voz e violão, teremos o acompanhamento de Tiago Costa (piano e acordeon), Luque Barros (contrabaixo, violão 7 cordas e violão de aço) e Caio Lopes (bateria).

Quando a Noite Vem teve direção artística a cargo da consagrada atriz Patrícia Pillar, que também ajudou na escolha do repertório, composto por composições alheias de autores como Adoniran Barbosa, Vinícius de Moraes, Eden Ahbez e outros. O romantismo e seus vários ângulos e estados anímicos são um tema recorrente nas canções, entre elas Suave é a Noite, Bom Dia Tristeza e Seu Olhar Não Mente.

Bom Dia Tristeza– Zé Renato:

Zé Renato divulga um single do álbum Quando a Noite Vem

ze renato 400x Miro

Por Fabian Chacur

Conhecido por seus trabalhos com o Boca Livre e a Banda Zil, além de parcerias com vários artistas relevantes, Zé Renato também desenvolve há 40 anos uma consistente carreira solo, na qual nos oferece composições autorais e também releituras de outros autores. E será este segundo formato o mote para Quando a Noite Vem, álbum que a Biscoito Fino prevê lançar em março. E já temos a primeira amostra devidamente disponível nas gloriosas plataformas digitais.

Trata-se de Suave é a Noite, versão em português feita por Nazareno de Brito para Tender is The Night (Sammy Fain- Paul Francis Webster), sucesso na voz de Tony Bennett em 1962 e relida por aqui na mesma época por Moacyr Franco. O novo arranjo, assinado pelo icônico Jaques Morelenbaum, deu um tom mais próximo da bossa nova e proporcionou uma bela roupagem para ótima interpretação do Zé Renato.

O repertório de Quando a Noite Vem (título extraído de versos do single recém-divulgado) trará composições alheias, entre sucessos originalmente lançados em inglês e espanhol e também parcerias de Caetano Veloso com o saudoso Torquato Neto. Em comunicado enviado à imprensa, Zé Renato resume suas intenções com este álbum:

“Aproveitamos um trecho da letra -Tudo tem suave encanto, quando a noite vem–, para dar título ao disco, já que ele sintetiza todos os significados que a noite tem pra mim: paz, tranquilidade, criação”.

Suave é a Noite– Zé Renato:

1979 é um livro que mergulha na história da nossa música

1979 capa_GarotaFMBooks 400x

Por Fabian Chacur

Há anos que se tornam icônicos pelas mais diversas razões. O de 1979 é um deles no Brasil, em termos políticos e musicais. Como forma de mergulhar naquele período tão importante e efervescente em termos gerais e gerar um belo registro histórico, o jornalista Célio Albuquerque criou o projeto que gerou o livro 1979 O Ano Que Ressignificou a MPB, coordenado por ele e lançado pela Garota FM Books (saiba mais detalhes e onde encontrar aqui).

Com 576 páginas e uma apresentação visual impecável, este livro nos oferece quatro textos introdutórios que situam o leitor em relação ao período em questão e 100 resenhas de álbuns de artistas brasileiros lançados durante aqueles meses.

Uma das boas sacadas é a escalação do elenco de colaboradores, bastante abrangente. Temos aqui desde jornalistas e pesquisadores da área musical até músicos, amigos e parentes dos artistas enfocados, com abordagens as mais distintas possíveis.

Alguns preferiram fazer análises críticas. Outros entrevistaram pessoas envolvidas com cada lançamento. Alguns deram os seus depoimentos por terem tido envolvimento direto com os LPs em questão. Uma coisa, no entanto, une todos os textos: a qualidade em termos estéticos e o grande volume de informações, que permite ao leitor ter uma ideia bem concreta sobre esses trabalhos musicais.

Cada texto também inclui a relação completa das músicas, seus autores e as fichas técnicas, com nomes de músicos, produtores etc. A seleção desses 100 LPs foi muito bem planejada, indo desde nomes já consagrados como Elis Regina, Chico Buarque e Milton Nascimento até outros que iniciavam suas trajetórias, como Boca Livre, Joanna, Gretchen e Marina Lima.

Se há álbuns enfocados que venderam milhares de cópias, há também outros mais obscuros, embora não menos importantes, como Equatorial, da cantora Teti, e Mar Revolto, do grupo homônimo. A abrangência de estilos musicais também é louvável, indo da música instrumental aos artistas mais populares, passando por MPB, rock, soul, samba, música romântica e o que mais pintar.

Todos os textos contextualizam aquele período, durante o qual ditadura militar que nos infernizava há 15 anos começava a dar sinais de cansaço e abertura, tendo como marco a recém-promulgada Lei da Anistia, que permitiu a diversos exilados famosos voltarem ao seu país de origem, embalados por músicas que acabaram virando hinos daquele período, como O Bêbado e a Equilibrista (João Bosco e Aldyr Blanc) e Tô Voltando (Maurício Tapajós e Paulo Cesar Pinheiro).

A seleção de discos traz marcos bem representativos de características inerentes daquele período histórico no Brasil, como a produção independente de discos, o aumento das mulheres na cena musical, a influência da disco music na produção local, a liberação de músicas pela censura após anos de chumbo e a intensa colaboração entre os artistas, participando dos discos uns dos outros de forma espontânea, sem o artificialismo atual registrado pelo termo empolado “feats”.

A escolha dos colaboradores também primou pela busca do talento e do conhecimento, fosse de veteranos que já estavam há muito na estrada em 1979 e chegando até a quem nem era nascido em tal período. E vale registrar a presença, entre os colaboradores, de nomes estelares em suas respectivas áreas, como Joyce Moreno, José Emilio Rondeau, Juca Filho, Rodrigo Faour, Rildo Hora e Roberto Muggiatti, só para citar de passagem alguns deles.

1979 O Ano Que Ressignificou A MPB equivale a uma deliciosa e densa aula de história, na qual fica nítido o quanto o músico brasileiro soube dar a volta por cima em um dos piores momentos vividos por este país em termos políticos, valendo-se de resistência, criatividade, paciência e sobretudo muita fé. Que sirva como espelho para a era de reconstrução que, se Deus quiser, iremos viver nos próximos anos neste país tropical abençoado por Deus, mas tão duro e difícil por natureza.

Tô Voltando– Simone:

Zé Renato garimpa pepitas de Paulinho da Viola em CD solo

ze renato capa cd-400x

Por Fabian Chacur

Zé Renato é um daqueles artistas que leva a sério aquela definição de “operário da arte”. Em seus mais de 40 anos de carreira, sempre se mostrou dos mais ativos, como integrante do Boca Livre, na carreira-solo e em projetos os mais diversos. Aos 63 anos, não parece disposto a botar o pé no freio. Após recentemente lançar um álbum com o Boca Livre (leia a resenha aqui) e um DVD com a Banda Zil (leia a resenha aqui), ele nos oferece novo disco solo, O Amor é Um Segredo- Zé Renato Canta Paulinho da Viola, em CD e nas plataformas digitais, distribuído pela Mills Records.

O cantor, compositor e músico oriundo de Vitória (ES) e há muito radicado no Rio de Janeiro já havia gravado anteriormente músicas de Paulinho da Viola, e desta vez resolveu dedicar um disco inteiro a esse grande ícone da nossa música. Ao contrário do que habitualmente ocorre nesse tipo de obra, ele não optou por grandes hits do artista enfocado, mergulhando fundo em seu repertório para resgatar pepitas tão preciosas quanto, mas que o grande público provavelmente desconhece. São nove canções lançadas originalmente entre 1965 e 1987.

A gravação foi feita em Recife, com um dia para o artista propriamente dito e o outro dedicado ao registro dos complementos. Zé Renato aproveitou uma passagem do Boca Livre pela capital de Pernambuco para isso, e se valeu do estúdio do compositor Lula Queiroga, seu amigo de muitos anos. Minimalista, o artista canta acompanhado por seu violão, com participações delicadas e discretas de Tostão Queiroga (percussão), Spok (sax barítono e tenor) e Fabinho Costa (trompete surdina) variando de faixa a faixa.

Embora imprimindo sua assinatura própria às canções, Zé respeitou o jeito elegante com que Paulinho da Viola interpreta seu repertório. As canções são da lavra mais intimista e introspectiva do autor. Um Caso Perdido, Lua, Só o Tempo, Cidade Submersa e Para Um Amor no Recife são só dele. As outras são com parceiros: Sofrer (Capinam), Foi Demais (Mauro Duarte), Vida (Elton Medeiros) e Minhas Madrugadas (Candeia).

Ótimo compositor, Zé Renato mais uma vez mostra que também sabe reler com muita categoria canções de repertórios alheios, como já havia feito anteriormente com os de Silvio Caldas e Zé Keti.

O integrante do Boca Livre mostra o repertório deste novo trabalho em São Paulo com shows neste sábado (11) às 21h e domingo (12) às 18h no Sesc Bom Retiro (Alameda Nothman, nº 185- Bom Retiro- fone 0xx11-3332-3600), com ingressos custando de R$ 9,00 a R$ 30,00.

Ouça O Amor é Um Segredo, de Zé Renato, em streaming:

Fred Falcão tem sua carreira de compositor contada em biografia

fred falcao livro capa-400x

Por Fabian Chacur

O compositor é uma espécie de mordomo do bem. Ao contrário do servidor das casas das famílias ricas, sempre apontado como o culpado de crimes e roubos nos livros e filmes de mistério, o autor de boas canções costuma ser o responsável pelo sucesso de inúmeros intérpretes pelo mundo afora. Pena que, frequentemente, seja ignorado, esquecido ou subestimado. Por isso, é sempre bom saber mais sobre eles. Um bom exemplo e ótima oportunidade é Invadindo o Ensaio Com Fred Falcão- Uma Biografia em Primas e Bordões (Matrix Editora), que conta a trajetória de um craque nessa área, Fred Falcão.

O cantor, compositor e músico pernambucano radicado desde criança no Rio de Janeiro tem uma história das mais ricas. Nascido em 24 de abril de 1937, começou a tocar ainda muito novo, e na década de 1950 teve a oportunidade de presenciar e se envolver logo no início em dois movimentos musicais dos mais influentes por aqui, o rock and roll e a bossa nova. Aliás, eis uma das suas marcas, ser uma espécie de Forrest Gump brasuca.

Paralelamente à música, Fred estudou direito, e foi nessa área que encontrou a forma de tirar o seu sustento, o que lhe permitiu mergulhar no mundo da música de uma forma mais idealista. Seu desenvolvimento como compositor se deu no início da fase áurea dos festivais de música no Brasil, e ele mergulhou de cabeça, participando de vários deles com canções que conseguiram boa repercussão.

A história de como ele conseguiu ter sua composição Vem Cá, Menina gravada em 1966 por ninguém menos do que Os Cariocas, um dos melhores e mais bem-sucedidos grupos vocais de todos os tempos, por si só já vale a leitura desta deliciosa biografia. A cara de pau e a confiança na qualidade daquilo que havia escrito o levaram a receber aquele sim que muitos gostariam de ouvir, mas por medo preferiram não arriscar. Ele arriscou, e ganhou!

Além dos festivais, do rock and roll e da bossa nova, Fred também viu o início de outro momento seminal para a nossa música, o surgimento das trilhas das telenovelas como um veio fundamental para a divulgação de canções por aqui. Ele teve oito músicas de sua autoria em trilhas de novelas globais entre 1970 e 1972, de atrações de sucesso como Irmãos Coragem, O Cafona, Minha Doce Namorada, Bandeira 2, O Homem Que Deve Morrer e Uma Rosa Com Amor.

Três delas foram muito bem gravadas pela grande estrela Marília Pera- Shirley Sexy, Sex Appeal e Bandeira 2, todas com grande êxito em termos de execução nas rádios. Ele teria mais uma canção incluída em trilha de novela global, em 1996, Jura (na voz de Watusi) curiosamente no remake de Irmãos Coragem, em cuja versão original teve sua primeira faixa gravada em atração desse tipo, a bela Nosso Caminho, na voz da icônica Maysa.

Aliás, a relação dos artistas que gravaram composições de Fred, escritas sozinho ou com parceiros como Paulinho Tapajós, Arnoldo Medeiros, Carlos Colla, Ed Wilson e outros, é de fazer o conhecedor de música arregalar os olhos. Eis alguns deles, além dos já citados anteriormente nesta resenha: Claudette Soares, Beth Carvalho, Clara Nunes, Dóris Monteiro, Wilson Simonal, Antonio Marcos, Vanusa, Luiz Gonzaga, Nelson Gonçalves, Rosemary, Boca Livre, Zé Luiz Mazziotti e Lenny Andrade.

O envolvimento dele com nomes marcantes da história da nossa cultura como Elis Regina, Carlos Imperial, Flávio Silvino, Chacrinha e Daniel Filho também renderam causos deliciosos. E Fred não poderia ter sido mais feliz ao designar para a tarefa Denilson Monteiro, autor de biografias matadoras de Carlos Imperial e Chacrinha, responsável por colocar no papel essas décadas muito bem vividas por ele, em texto fluente que de quebra ainda traz o contexto político brasileiro em cada um desses períodos.

O legal é que essa história ainda está em pleno desenvolvimento, pois aos 82 anos Fred Falcão continua inquieto e produtivo, vide o maravilhoso álbum que lançou com suas composições interpretadas por uma de suas cantoras favoritas, a diva Leny Andrade (leia mais sobre esses lançamentos recentes aqui).

Invadindo o Ensaio Com Fred Falcão- Uma Biografia em Primas e Bordões revela um personagem importante no contexto da música brasileira dos anos 1950 aos dias de hoje, que tem se tornado uma fonte de informações das mais significativas para escritores e jornalistas interessados em registrar as idas e vindas de uma das mais importantes cenas musicais do mundo. E Fred Falcão sabe muito desse babado aí!

Shirley Sexy– Marília Pera:

« Older posts

© 2024 Mondo Pop

Theme by Anders NorenUp ↑