Mondo Pop

O pop de ontem, hoje, e amanhã...

Category: Grandes nomes esquecidos (page 2 of 17)

The Captain and Me- The Doobie Brothers (1973)

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Por Fabian Chacur

Quando chegou à cidade de San Jose, na Califórnia, em 1968, Tom Johnston tinha como projeto desenvolver uma carreira como cantor, compositor e guitarrista de rock. Cinco anos depois, ele podia se considerar um vencedor. Após lançar dois álbuns, sua banda, The Doobie Brothers, despontava como uma das mais bem-sucedidas formações do rock americano naquela época (leia mais sobre eles aqui).

Naquele 1973, o novo desafio dos Doobies era manter a onda de sucesso gerada pelo icônico single Listen To The Music e pelo álbum Toulouse Street (1972). Isso, em meio a inúmeros shows e apresentações em TVs e rádios. Diante de tal cenário, Johnston e seu principal colega de banda, o também cantor, compositor e guitarrista Patrick Simmons, tiveram de mostrar muito jogo de cintura para conseguir material à altura de tal missão.

Para felicidade geral de todos, o entrosamento da formação que estreou no LP anterior se mostrou excelente. Tiran Porter (baixo e vocais) deu imensa consistência musical à banda, assim como os dois ótimos bateristas/percussionistas Michael Hossack e John Hartman, seguindo uma tendência de dois bateras em uma mesma banda criada inicialmente pelos Allman Brothers e mesmo Santana.

Como armas secretas adicionais, a banda trouxe como músicos de apoio para este álbum o tecladista Bill Payne, integrante da cultuada banda Little Feat, e o guitarrista Jeff Skunk Baxter, então tocando com o Steely Dan. De quebra, contaram com a programação de sintetizadores de Malcolm Cecil e Robert Margouleff, os mesmos que trabalhavam na época com Stevie Wonder.

Com essa escalação e também com a produção de Ted Templeman, que estreou com tudo na profissão em Toulouse Street e acabaria se tornando um dos grandes do setor, o grupo soube solidificar suas marcas registradas: vocalizações personalizadas, diversificação rítmica e o perfeito encaixe entre os riffs e a guitarra rítmica de Johnston com o dedilhado delicado de Simmons no violão e guitarra.

Resultado: The Captain and Me, o 3º LP dos Doobies, levou a banda pela primeira vez ao top 10 americano entre os álbuns mais vendidos, atingindo a posição de nº 7. Trata-se do ponto mais alto dessa fase inicial do grupo, e até hoje é considerado por muitos como o seu melhor trabalho. Vale uma análise faixa a faixa deste disco antológico.

Natural Thing (Tom Johnston) (ouça aqui)

Os timbres originais de teclados gerados pela programação de Cecil e Margouleff aparecem com muito destaque nesta faixa, com os sintetizadores Arp tocados por Johnston e Simmons. Com um refrão matador e uma levada um pouco mais pop, esta canção traz uma das marcas dos Doobies, que são letras positivas e pra cima, com versos do tipo “todos buscam ser amados, é a coisa natural”. Bela abertura de álbum!

Long Train Runnin’ (Tom Johnston) (ouça aqui)

Precisando de material urgente para o disco, Johnston resgatou um rascunho de música que ele havia apelidado de Osborn. Ouvindo sugestões de Ted Templeman, ele criou uma letra fazendo uma espécie de metáfora da vida como uma “longa viagem de trem”, com o refrão perguntado “sem amor, onde estaríamos agora?”. De quebra, foi criado um clima de rock latino, com ênfase em percussão e guitarra rítmica. Resultado final: um dos maiores hits da banda, que atingiu o nº8 nos EUA no formato single.

China Grove (Tom Johnston) (ouça aqui)

Mostrando mais uma vez seu grande talento em escrever rocks energéticos e diretos, Tom Johnston aumenta o peso na sua guitarra, com um efeito saturado inconfundível. De quebra, aproveita o enorme talento de Bill Payne para uma presença de destaque do piano, aliado a mais um daqueles refrões contagiantes. Resultado: outro single de sucesso, que chegou ao 15º lugar na parada ianque e entrou pra sempre no set list dos shows da banda.

Dark Eyed Cajun Woman (Tom Johnston) (ouça aqui)
Como forma de diversificar um pouco o clima sonoro, Johnston desta vez investe no blues homenageando B.B.King (especialmente o seu marcante hit The Thrill Is Gone). A roupagem ficou linda graças ao inspirado arranjo de cordas assinado por Nick De Caro, que trabalhou com James Taylor, Arlo Guthrie e Fleetwood Mac, entre outros.

Clear As The Driven Snow (Patrick Simmons) (ouça aqui)

Em sua primeira composição neste álbum, Patrick Simmons assume o vocal principal e fala, na letra, sobre o perigo do consumo de drogas, especialmente a cocaína. A canção começa com um clima folk, e depois investe em variações rítmicas energéticas que abrem espaço para solos e demonstram a extrema qualidade dos músicos desta grande banda. Esta faixa encerra de forma marcante o lado A do vinil.

Without You (The Doobie Brothers) (ouça aqui)

Creditada aos cinco integrantes do grupo naquela época, trata-se de um rockão pesado que faz uma homenagem ao The Who, e é outro momento daqueles em que a banda se permite improvisar de forma sólida e criativa. Bill Payne se incumbe do órgão e o produtor Ted Templeman também participa nos vocais de apoio. Os solos são simplesmente maravilhosos, de uma simplicidade e contundência exemplares.

South City Midnight Lady (Patrick Simmons) (ouça aqui)

Depois da virulência da faixa anterior, Patrick Simmons nos oferece essa linda canção folk-rock romântica, com direito a outro arranjo inspirado de cordas de Nick Caro e o piano de Bill Payne, além dos sintetizadores arp dando um tempero. Outro ponto arrepiante é a slide guitar a cargo de Jeff Skunk Baxter, que no ano seguinte seria oficializado como integrante dos Doobies, onde ficaria até o início de 1979.

Evil Woman (Patrick Simmons) (ouça aqui)

Patrick Simmons mostra que também sabe escrever rocks pesados, embora o vocal principal aqui traga Tom Johnston como protagonista. Temos não creditados vocais femininos no refrão, bem adequados se levarmos em conta que a letra fala sobre uma mulher muito, muito má mesmo!

Busted Down Around O’Connelly Corners (James Earl Luft) (ouça aqui)

A única faixa não escrita por um dos integrantes da banda é na verdade um curto e delicado (além de lindo) tema de violão acústico executado com maestria por Patrick Simmons e seus dedilhados inspirados.

Ukiah (Tom Johnston) (ouça aqui)

Com uma levada shuffle, a mesma usada pelo grupo brasileiro Capital Inicial em seu hit Música Urbana, de 1986 (ouça aqui), esta canção balançada traz lindos solos de Tom Johnston e inspiradas passagens de piano de Bill Payne.

The Captain and Me (Tom Johnston) (ouça aqui)

Um álbum tão bom não poderia ser encerrado de qualquer jeito, e a faixa-título se incumbe da tarefa com perfeição, trazendo um início folk e uma progressão que a impulsiona rumo a uma pegada percussiva final de tirar o fôlego. Outra performance magistral de Johnston e também dos vocais de apoio, uma das marcas registradas do som dos Doobies.

Toulouse Street e The Captain And Me marcaram tanto a trajetória dos Doobies que foram executados na íntegra no icônico Beacon Theatre, em Nova York, em 15 e 16 de novembro de 2018, performances que geraram em 2019 o álbum/DVD Live From The Beacon Theatre (leia a resenha aqui).

The Captain and Me– The Doobie Brothers (ouça o álbum em streaming):

Agentss lançam uma caixa com material inédito e raro dos 80’s

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Por Fabian Chacur

Dentro do efervescente cenário do rock paulistano dos anos 1980, o Agentss conseguiu deixar a sua marca, mesmo se mantendo ativo apenas entre 1981 e 1983. Nesse período, o grupo integrado por Kodiak Bachine (vocal, teclados e synths), Miguel Barella (guitarra) e Eduardo Amarante (guitarra) lançou dois compactos simples bastante elogiados, mas com pouca repercussão comercial. Um ótimo trabalho que está sendo resgatado pela Nada Nada Discos (saiba mais aqui).

O lançamento oferece ao público dois álbuns de vinil contendo as quatro faixas dos compactos lançados em 1981 e 1983- Agentss, Angra, Professor Industrial e Cidade Digital– e mais 11 registradas no mesmo período, entre gravações feitas ao vivo e em estúdio. A caixa-box também inclui três pôsteres e um livreto de 64 páginas com fotos e depoimentos dos integrantes da banda, amigos e quem conheceu na época o trabalho deles.

Miguel Barella explica como foi a restauração do material:

“O 1º passo foi digitalizar as fitas. Tinha rolo de 1/4” e cassetes. Nesse processo o medo é que a fita rompa ou descasque. Felizmente estavam em boas condições. Uma vez digitalizado, escutamos tudo várias vezes e escolhemos o que entraria nos LPs, respeitando a limitação de tempo. Com as músicas e a ordem das mesmas escolhidas, a masterização ficou a cargo do Homero Lotito da Reference Mastering Studio”.

Dois dos integrantes do Agentss também tiveram destaque em outras bandas. Barella marcou presença no Voluntários da Pátria, enquanto Amarante marcou presença na segunda e mais bem-sucedida em termos comerciais formação da banda Zero, do hit Agora Eu Sei.

A box set dos Agentss terá o seu lançamento oficial em São Paulo realizado neste sábado (27) das 18 às 24h na Portal (rua Fidalga, nº 642- Vila Madalena), com entrada franca.

Angra– Agentss:

Andy Rourke, 59 anos, o eterno baixista dos Smiths e ainda mais

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Por Fabian Chacur

Desde a sua separação, em 1987, o retorno dos Smiths sempre foi um grande sonho de seus inúmeros fãs pelo mundo afora. Algo que parecia muito improvável, devido ao total distanciamento ocorrido entre o vocalista Morrissey e o guitarrista Johnny Marr. Infelizmente, esse desejo se torna agora impossível, ao menos com a formação clássica da banda, pois o baixista Andy Rourke nos deixou nesta sexta (19) aos 59 anos, vítima de um câncer no pâncreas. A notícia foi divulgada nas redes sociais de Marr.

Rourke e Marr se conheceram ainda moleques, e tiveram algumas experiências com música anteriores, até que o guitarrista convidou o velho amigo para integrar seu mais consistente projeto, The Smiths, ao lado do vocalista e letrista Morrissey e do baterista Mike Joyce. De 1982 a 1987, o grupo se firmou como uma das bandas mais criativas e influentes do rock.

Com uma sonoridade que mesclava o rock dos anos 1950 e 1960 com elementos oitentistas, os Smiths marcaram época com letras irreverentes e poéticas e um som conciso e melódico no qual o baixo de Rourke tinha presença marcante, especialmente em músicas como How Soon Is Now e This Charming Man, só para citar duas dessas faixas incríveis.

Com a separação dos Smiths, gerada pela total incompatibilidade entre Morrissey e Marr após aqueles cinco anos intensos, Rourke se virou bem. Em 1989 e 1990, participou de alguns singles da carreira solo do ex-cantor dos Smiths, entre os quais Interesting Drugs e Last Of The Famous International Playboys, marcando presença até em clipes dele.

Em 1990, ele tocou em algumas faixas do álbum I Do Not Want What I Haven’t Got, que elevou Sinéad O’Connor ao estrelato, especialmente por causa da canção Nothing Compares 2 U (escrito por Prince).

Pouco depois, Andy Rourke trabalhou com os Pretenders (participou do álbum Last of The Independents, de 1994), Killing Joke, Ian Brown (vocalista do grupo Stone Roses) e o guitarrista Aziz Ibrahim.

Andy também integrou dois grupos montados por músicos famosos por seus trabalhos anteriores. Um foi o Freebass em 2007, com Mani (baixista dos Stone Roses) e Peter Hook (ex-baixista do New Order). O outro surgiu com o nome D.A.R.K., tendo a participação da saudosa cantora dos Cranberries, Dolores O’Riordan. Ambos os projetos geraram singles e álbuns.

Além de músico, Rourke também atuou intensamente como DJ, e veio ao Brasil em várias ocasiões, na primeira e também na segunda década deste século, para discotecar por aqui.

This Charming Man (clipe)- The Smiths:

Daft Punk lançará reedição do CD Randon Access Memories

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Por Fabian Chacur

Random Access Memories, do Daft Punk, celebra dez anos de seu lançamento (leia mais sobre esse álbum aqui). Como forma de marcar essa efeméride bacana, será lançada no dia 12 de maio uma edição comemorativa, que será disponibilizada nas plataformas digitais e também nos formatos CD duplo e LP de vinil triplo.

Além da versão remasterizada do conteúdo do álbum original, o fã terá aproximadamente 35 minutos de conteúdo adicional, com direito a outtakes e demos. Como forma de divulgar esse lançamento, entrou nas plataformas digitais a faixa The Writing of Fragments of Life (ouça aqui), que mostra um pouco do processo de criação da faixa Fragments of Life.

Uma segunda amostra do material adicional deste relançamento foi disponibilizado agora, desta vez referente à faixa Give Life Back to Music, que você poderá conferir no fim desse post.

Este lançamento será uma espécie de consolo para os milhões de fãs do Daft Punk pelo mundo afora, que desde fevereiro de 2021 lamenta a separação do duo francês após uma carreira de quase 30 anos repleta de grandes momentos (leia mais sobre a história do grupo aqui ).

Aliás, o mistério em torno de quais seriam as razões para o fim da dupla foram enfim esclarecidos em entrevista concedida este mês por Thomas Bangalter (que integrava o time ao lado de Guy-Manuel de Homem-Christo) à conceituada publicação britânica New Musical Express (leia aqui).

Essencialmente, Bangalter explicou que ele e seu colega temiam que seu trabalho fosse confundido com um apoio a coisas como o atual desenvolvimento da inteligência artificial. “A última coisa que eu quero ser no mundo em que vivemos em 2023 é um robô”, afirmou, referindo-se aos personagens que ele e seu parceiro viviam, nunca mostrando seus rostos.

Ele deu ainda mais detalhes: “Com o Daft Punk, tentamos usar essas máquinas tecnológicas para expressar algo extremamente tocante, que uma máquina não pode sentir, mas um ser humano pode; sempre estivemos do lado humano, e não da tecnologia pura”.

Uma prova dessa nova abordagem de Thomas Bangalter é seu surpreendente e recém-lançado álbum solo Mythologies (ouça aqui), composto no melhor estilo da música erudita e interpretado pela Orchestre National Bordeaux Equitaine. Um trabalho delicado e muito bom de se ouvir.

Eis as faixas de Random Access Memories-10 Years:

Give Life Back To Music
The Game Of Love
Giorgio by Moroder
Within
Instant Crush
Lose Yourself To Dance
Touch
Get Lucky
Beyond
Motherboard
Fragments Of Time
Doin’ It Right
Contact
Horizon (Japan CD)
GLBTM (Studio Outtakes)
Infinity Repeating (2013 Demo)
GL (Early Take)
Prime (2012 Unfinished)
LYTD (Vocoder Tests)
The Writing Of Fragments Of Time
Touch (2021 Epilogue)

GLBTM (Studio Outtakes)– Daft Punk:

Ivan Conti Mamão, 76 anos, um craque das baquetas e da vida

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Por Fabian Chacur

Acompanhar o perfil no Facebook de Ivan Conti Mamão era uma delícia. Sempre imagens bacanas de sua intimidade com a família e amigos, e também registros dos inúmeros shows realizados por ele com a banda que o tornou mundialmente famoso, a Azymuth. Imaginem o susto que tomei ao ler, nesse mesmo perfil, o anúncio de sua morte, ocorrida nesta segunda-feira (17), aos 76 anos.

Sem causa divulgada, a partida deste grande baterista e compositor carioca choca por ocorrer em meio à turnê que celebrava os 50 anos de carreira do seu grupo, com muitas datas ainda a serem cumpridas. Ninguém imaginava que o simpático e talentosíssimo Mamão estava em vias de nos deixar. Assim é a vida, mas fica difícil vê-lo nos deixar ainda tão produtivo e feliz.

Nascido em 16 de agosto de 1946, Ivan Miguel Conti Maranhão iniciou a sua carreira como músico profissional tocando em grupos e participando de gravações com outros artistas. Nesse período, montou um grupo ao lado dos amigos Alex Malheiros (baixo) e José Roberto Bertrami (teclados). E em uma dessas sessões, por volta de 1972, conheceram o grande Marcos Valle.

Esse encontro se mostraria providencial. Eles gravaram dois discos não creditados com o músico, e receberam o convite para participar da trilha do filme O Fabuloso Fittipaldi (1973), de Roberto Farias. Por razões contratuais, Valle ficou oculto, e o álbum com a trilha sonora foi creditado ao trio, que acabou batizado com o nome de uma música de sua autoria de 1969 resgatada por Marcos Valle para este trabalho.

E que batismo abençoado! Em 1975, o grupo lançou o seu primeiro álbum oficial, Azymuth, e sua música Linha do Horizonte (ouça aqui) estourou nacionalmente, incluída na trilha sonora da novela global Cuca Legal.

Essa canção virou um belo cartão de apresentações para o trio, com seu som misturando pop, soul, jazz, música brasileira e o que mais pintasse. Logo a seguir, Melô da Cuíca (ouça aqui), da trilha de Pecado Capital, trouxe ainda mais brazilidade swingada ao som deles.

Em 1977, Águia Não Come Mosca manteve a ascensão dos rapazes no mercado brasileiro, com direito a mais um hit em trilha de “telelágrimas” (como alguns chamavam as novelas de TV na época, de forma irônica), a não menos incrível Voo Sobre o Horizonte (ouça aqui).

Naquele mesmo 1977, foram convidados e participaram do badalado Festival de Jazz de Montreux, na Suíça, e em seguida fizeram uma turnê pelos EUA ao lado dos conterrâneos Airto e Flora Purim. Pronto. As portas do mercado internacional estavam abertas, e o Azymuth entrou com tudo.

Com o álbum Light as a Feather (1979), consolidaram essa abertura internacional, com a faixa Jazz Carnival (ouça aqui) tornando-se rapidamente um grande hit no mercado internacional, especialmente no Reino Unido, onde emplacou o Top 20 como single em plena era disco.

Nos anos 1980, o trio emplacou diversos álbuns no mercado internacional, até que em 1989 Bertrami resolveu sair do time. Após alguns anos com outras formações, o resgate de gravações antigas da banda por DJs britânicos reacendeu não só o interesse pelo grupo como também resgatou a sua formação clássica, que voltou na metade dos anos 1990 e se manteve até 2012, com a morte de José Roberto Bertrami.

Nessa última década, Mamão e Malheiros tiveram a seu lado o ótimo tecladista Kiko Continentino, com quem se mantinham em franca atividade. Paralelamente ao trabalho com o grupo, Mamão gravou com inúmeros artistas, entre os quais Hyldon, Odair José, Roberto Carlos, Jorge Ben Jor, Gal Costa, Paulinho da Viola, Raul Seixas e Chico Buarque.

O músico também desenvolveu uma carreira solo, lançando os álbuns The Human Factor (1984), Pulsar (1997) e Poison Fruit (2018).

Vai fazer muita falta esse verdadeiro dínamo que era o Mamão enquanto músico, um mestre do ritmo. E fará ainda mais falta o cara simpático, acessível, sem estrelismos e que adorava seus amigos e sua família. Meu abraço solidário a todos eles, e a mim também, que sempre curti e muito a sua música envolvente e encantadora. Difícil ficar triste ouvindo o Azymuth.

RIP, querido Mamão!

Jazz Carnival (live)- Azymuth:

The Kinks lançam uma boa coletânea celebrando 60 anos

Por Fabian Chacur

Como forma de celebrar os 60 anos de carreira dos Kinks, uma das bandas mais importantes da história do rock, serão lançadas duas coletâneas, disponíveis nas gloriosas plataformas digitais e também no exterior em CDs e LPs duplos (saiba mais aqui). A primeira delas acaba de sair, com suas faixas selecionadas pelos integrantes Ray e Dave Davies e Mick Avory.

As versões físicas das coletâneas trazem encartes luxuosos com fotos e textos sobre cada uma das faixas escritas por Ray, Dave e Mick, além de fotos. As versões contidas nesses álbuns foram remasterizadas a partir das fitas originais lançadas anteriormente. As canções aparecem em sequências temáticas com direito a hits, faixas essenciais de álbuns e lados B.

Eis as faixas de Kinks 60- The Journey- Part 1

CD1

SONGS ABOUT BECOMING A MAN, THE SEARCH FOR ADVENTURE, FINDING AN IDENTITY AND A GIRL:
1. YOU REALLY GOT ME (UK#1, 1964)
2. ALL DAY AND ALL OF THE NIGHT (UK#2, 1964)
3. IT’S ALL RIGHT (1964)
4. WHO’LL BE THE NEXT IN LINE (1965)
5. TIRED OF WAITING FOR YOU (UK#1, 1965)
6. DANDY (GERMANY#1, 1966)
7. SHE’S GOT EVERYTHING (1968)
8. JUST CAN’T GO TO SLEEP (1964)
9. STOP YOUR SOBBING (1964)
10. WAIT TILL THE SUMMER COMES ALONG (1965)
11. SO LONG (1965)
12. I’M NOT LIKE EVERYBODY ELSE (1966)
SONGS OF AMBITION ACHIEVED, BITTER TASTE OF SUCCESS, LOSS OF FRIENDS, THE PAST COMES BACK AND BITES YOU IN THE BACK-SIDE:
13. DEAD END STREET (UK#5, 1966)
14. WONDERBOY (1968)
15. SCHOOLDAYS (1975)
16. THE HARD WAY (1975)
17. MINDLESS CHILD OF MOTHERHOOD (1969)
18. SUPERSONIC ROCKET SHIP (UK#2, 1972)
19. I’M IN DISGRACE (1975)
20. DO YOU REMEMBER WALTER? (1968)

CD2
DAYS AND NIGHTS OF A LOST SOUL, SONGS OF REGRET AND REFLECTION OF HAPPIER TIMES:
1. TOO MUCH ON MY MIND (1966)
2. NOTHIN’ IN THE WORLD CAN STOP ME WORRYIN’ ‘BOUT THAT GIRL (1965)
3. DAYS (UK#2, 1968)
4. LAST OF THE STEAM-POWERED TRAINS (1968)
5. WHERE HAVE ALL THE GOOD TIMES GONE (1965)
6. STRANGERS (1970)
7. IT’S TOO LATE (1965)
8. SITTING IN THE MIDDAY SUN (1973)
A NEW START, A NEW LOVE, BUT HAVE YOU REALLY CHANGED? STILL HAUNTED BY THE QUEST AND THE GIRL:
9. WATERLOO SUNSET (UK#2, 1967)
10. AUSTRALIA (1969)
11. NO MORE LOOKING BACK (1975)
12. DEATH OF A CLOWN (UK#3, 1967)
13. CELLULOID HEROES (1972)
14. ACT NICE AND GENTLE (1967)
15. THIS IS WHERE I BELONG (1967)
16. SHANGRI-LA (1969)

Veja vídeos dos Kinks relativos às coletâneas:

George Benson celebra 80 anos como um dos nossos mestres

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Por Fabian Chacur

Nada melhor do que celebrar aniversários e parabenizar pessoas que você ama e que te fizeram bem de uma forma ou de outra. E, no dia em que completa 80 anos muito bem vividos, George Benson não poderia passar sem ser devidamente reverenciado por este humilde fã. Dos inúmeros artistas da área musical que eu curto, este cantor e guitarrista norte-americano é um dos meus favoritos desde sempre. Um craque do mais alto gabarito, capaz de te fazer rir, dançar e se emocionar.

Minha paixão pela música deste artista nascido em 22 de março de 1943 em Pittsburg, Pensilvania, teve início nos anos 1970, quando conheci suas brilhantes releituras de On Broadway (ouça aqui)- uma das faixas mais irresistivelmente dançantes de todos os tempos- e Love Ballad, onde romantismo e swing se casam de forma irreversível e linda.

A partir daquele momento, lá pelos idos de 1978, o poder cativante de Benson me pegou e não largou mais. Logo, fui atrás e descobri que ele, na verdade, tinha começado sua trajetória “apenas” como guitarrista de jazz, sendo considerado na metade dos anos 1960 um dos mais promissores na área. Com o tempo, no entanto, percebeu que também era bom como cantor, e aos poucos foi incluindo faixas com vocais nos seus discos, algo similar ao ocorrido com um de seus ídolos, Nat King Cole.

Graças a álbuns sublimes como The Other Side Of Abbey Road (1970), no qual relê faixas do célebre álbum dos Beatles, uma ousadia pelo fato de este trabalho ter sido lançado há pouco tempo na época, Benson foi aos poucos se aproximando do público pop, sem que isso significasse queda na qualidade de seu trabalho. Muito pelo contrário, vale ressaltar de forma enfática.

Em 1976, chegou a hora do estrelato, quando seu álbum Breezin’, o 15º lançado por ele até aquele momento, atingiu o topo da parada norte americana, impulsionada pela deliciosa faixa-título instrumental (ouça aqui) e especialmente por sua sublime releitura de This Mascarade (ouça aqui), que muitos conheceram com os Carpenters.

Nem é preciso dizer que os críticos e os jazzistas mais ranzinzas baixaram o cacete em Benson por essa ampliação de horizontes, mas felizmente ele não deu bola e procurou fazer apenas aquilo que o agradava, conseguindo dessa forma transmitir suas emoções positivas para todos nós.

Pronto. O mundo ganhava um astro pop de proporções mundiais, e Benson soube aproveitar com categoria essa fase de muito sucesso comercial e artístico, que durou até a metade dos anos 1980. Com direito a obras primas como o álbum Give Me The Night (1980) (ouça a faixa-título aqui), que inclui duas faixas do nosso Ivan Lins, entre elas Dinorah Dinorah (ouça aqui).

Vi George Benson ao vivo pela primeira vez em 1979, em um show simplesmente espetacular no antigo Palace, em São Paulo. O segundo conferido por este que vos tecla ocorreu em 2009 (leia a resenha aqui), com direito a orquestra, hits e músicas de Nat King Cole.

Se não repetiu mais o sucesso comercial dos 1970 e 1980, este vencedor de 10 troféus Grammy, o Oscar da música, manteve-se sempre ativo e em altíssimo nível, tanto em shows quanto em novas gravações. Bons exemplos são Givin’ It Up (2006), gravado em dupla com o grande cantor Al Jarreau (leia a resenha aqui) e Songs And Stories (2009- leia a resenha aqui).

Além de cantor de timbre doce e delicioso, repleto de swing e sensualidade, e de tocar guitarra com uma habilidade impressionante, George Benson sabe como poucos reler composições alheias. Se ele compõe pouco e raramente, incorpora sua alma e talento às canções de outros autores que grava, tornando-se assim praticamente um coautor dessas obras.

Como último elogio a esse artista que tanto amo, afirmo que sempre que me sinto com o astral mais baixo e preciso de uma dose de energia positiva, sempre apelo para os discos de George Benson. E, acreditem em mim, SEMPRE dá certo! As flores em vida para esse artista completo, e que ele permaneça conosco por muitos e muitos anos ainda, sempre com saúde e paz. Gratidão a ele!

Love Ballad- George Benson:

The World is a Ghetto- War (1972)- a paz dos guerreiros

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Por Fabian Chacur

No dia 17 de fevereiro de 1973, o álbum The World is a Ghetto chegou ao topo da parada americana, onde se manteve por duas semanas, além de vender mais de 3 milhões de cópias por lá. Com este trabalho, a banda War atingiu o ponto máximo de sua carreira em termos de sucesso comercial e criatividade. Prova de que, sim, qualidade artística e ousadia podem gerar muito dinheiro. E a história em torno desta banda é das mais interessantes.

Tudo começou em 1962 em Long Beach, situada na região de Los Angeles, California (EUA), quando os adolescentes Howard Scott (guitarra, percussão e vocais) e Harold Brown (bateria, percussão e vocais) deram início à banda The Creators. No decorrer dos anos, entraram no time B.B. Dickerson (baixo, percussão e vocais), Lonnie Jordan (teclados, percussão e vocais), Papa Dee Allen (percussão e vocais) e Charles Miller (clarinete e sax).

O então sexteto foi pegando corpo e entrosamento graças a inúmeras apresentações em casas noturnas da Califórnia e arredores, e aos poucos criou um estilo próprio, com forte influência de música latina, jazz, rock, soul e r&b. O fato de terem acompanhado o saxofonista Jay Contreli também incorporou elementos de psicodelia ao seu som.

Nesse meio tempo, o cantor britânico Eric Burdon, que havia ganho fama mundial integrando a banda The Animals e depois Eric Burdon & The Animals, foi para os EUA em busca de novos rumos para a sua carreira. Ao lado do produtor Jerry Goldstein, conhecido ser o coprodutor dos hits Hang on Sloopy (1965), dos McCoys, e My Boyfriend’s Back (1963), dos The Angels, percorria Los Angeles em busca de possíveis novos parceiros.

O primeiro a ser arregimentado foi o dinamarquês Lee Oskar, que se mudou para os EUA com a roupa do corpo e a sua harmônica em busca de fama e tocava em bares em troca de dinheiro. Ele, Burdon e Goldstein queriam uma banda para acompanhá-los, e é aí que o The Creators, cujo nome havia sido trocado para The Nighshift, entra em cena. O trio os viu, curtiu seu som e os chamou para uma conversa.

Estávamos em junho de 1969. O papo foi muito produtivo, e o sexteto topou unir forças com eles. A única exigência foi a mudança de nome. Burdon e Goldstein sentiram que, em função da Guerra do Vietnã e do clima vigente, o nome War para um grupo musical poderia ser bem chamativo, e a nova entidade musical seria batizada como Eric Burdon & War.

Mesclando composições de autoria dos músicos a releituras de material de outros artistas devidamente repaginados, o grupo entrou em 1970 com um ótimo álbum de estreia, Eric Burdon Declares War, do qual foi extraído um single explosivo, Spill The Wine, que atingiu o 3º posto na parada norte-americana com sua levada latina e o vocal falado de Burdon.

O álbum, que chegou ao 18º lugar nos EUA, impulsionou shows da banda pelos EUA e também Europa. Em um deles, no dia 16 de setembro de 1970, no badalado Ronnie Scott’s em Londres, contaram com uma canja de ninguém menos do que Jimi Hendrix. Esse evento se tornaria histórico de forma triste, pois foi a última aparição pública do mago da guitarra, que morreria apenas dois dias depois.

Ainda em 1970, sairia Black Man’s Burdon, o 2º álbum do grupo, que chegou à 28ª posição na parada ianque. Em 1971, enquanto faziam shows bem concorridos, o grupo decidiu que iria investir em uma carreira paralela sem Burdon, e lançou War, álbum com pequena repercussão. O que eles não imaginavam é que o instável vocalista inglês sairia da banda em meio a uma turnê, novamente em busca de novos rumos.

Apesar da saída de Eric Burdon, Goldstein resolveu apostar na banda assim mesmo, confiando na qualidade dos caras como músicos e compositores. Naquele mesmo 1971, o agora septeto nos oferece All Day Music, e desta vez a coisa vai bem, com o disco chegando ao 18º lugar nos EUA e emplacando hits como a faixa-título e Slippin’ Into Darkness.

Era nesse clima positivo que o War iniciou os trabalhos para o que viria a ser o seu 3º álbum na fase pós-Eric Burdon. Jerry Goldstein estava tão animado que reservou o Crystal Studios, em Los Angeles, por 30 dias consecutivos, para que a banda pudesse trabalhar à vontade e sem se preocupar com o fim de sessões de um dia para outro. Períodos com 12 horas seguidas de duração das gravações eram comuns.

A ideia de Goldstein não poderia ter sido melhor, porque os sete integrantes do War sempre trabalhavam juntos, criando melodias, letras e arranjos das músicas de forma coletiva, tanto que todos assinavam a autoria das faixas, sendo que em uma ou outra Goldstein também adicionava o seu nome. E foi nesse espírito de time que surgiram as seis faixas de The World is a Ghetto.

O álbum saiu nos EUA em novembro de 1972, e trouxe como uma de suas marcas as letras com temáticas sociais e pacifistas, com direito a umas pitadas de bom humor e de espiritualidade no meio.

Uma análise das faixas de The World is a Ghetto

THE CISCO KID (4m35)- ouça aqui.

Nenhum dos integrantes do War é descendente de latinos. No entanto, o fato de terem sido criados na região de Los Angeles (com a óbvia exceção de Lee Oskar) incorporou à musicalidade deles forte salerosidade, percussão acentuada e um swing irresistível. Cisco Kid é um dos momentos mais emblemáticos e escancarados dessa vertente da banda, e homenageia em sua letra o personagem Cisco Kid, vivido pelo ator Duncan Renaldo (1904-1980) na TV americana entre 1950 e 1956.

Era, então, o único herói latino televisivo, e homenageá-lo deu ao War ainda maior penetração na população latina dos EUA. O single atingiu o 2º lugar na parada ianque, seu maior hit. O grupo premiou Duncan Renaldo, dando a ele um disco de ouro, em encontro eternizado por fotos icônicas.

WHERE WAS YOU AT (3m25)- ouça aqui.

Com uma variação rítmica impressionante, o septeto nesta música se vale da influência do funk de New Orleans, especialmente graças à batida irresistível criada pelo baterista Harold Brown. Outro ponto alto fica por conta dos vocais em uníssono duelando com o habitual vocalista líder, Howard Scott, outra das marcas registradas deste grupo, sempre com efeito contagiante.

CITY, COUNTRY, CITY (13h18)- ouça aqui

O War era uma banda auto-suficiente, pois não precisava de músicos de apoio ou de estúdio em seus shows e gravações. O talento, criatividade, ousadia e entrosamento deles explica faixas como esta.

A única totalmente instrumental do álbum abre com um clima sereno, pontuado pela harmônica de Lee Oskar, e depois envereda por variações pulsantes e envolventes que tornam seus mais de 13 minutos de duração mais do que justificáveis e de puro prazer auditivo.

Seu clima cinematográfico não é por acaso, pois foi concebida para integrar a trilha do filme The Legend of Nigger Charley (1972), mas a banda ficou insatisfeita com o tratamento que recebeu por parte dos produtores e preferiu ficar com City, Country, City para incluí-la neste álbum.

FOUR CORNERED ROOM (8m30)- ouça aqui.

O momento mais psicodélico do álbum, com um clima hipnótico e letra que mergulha nas questões particulares de cada pessoa, naquilo que ocorre internamente com cada um de nós e que ninguém percebe.

Outra prova contundente da qualidade dos músicos, com cada um aproveitando para desenvolver os seus solos mas sem cair no mero exibicionismo. Os poderosos vocais em uníssono e a alternância de sax e harmônica também dão um tempero extremamente envolvente.

THE WORLD IS A GHETTO (10m10)- ouça aqui.

Com uma letra poderosa e de forte conteúdo social, a faixa que dá nome ao álbum começa com um solo memorável de sax de Charles Miller, e depois mergulha em um clima soul e um refrão marcante. Novamente os vocais se mostram poderosos e impactantes, e a guitarra roqueira com pedal wah wah de Howard Scott também acrescenta mais poder a uma música impactante. Uma versão editada foi lançada no formato single e chegou ao 7º lugar nas paradas americanas, mas a do álbum é a melhor.

BEETLES IN THE BOG (3m51)- ouça aqui

O álbum é encerrado com uma canção balançada e divertida, no melhor estilo dançante e também com alguns ecos do som de Nova Orleans. Poderia ter sido lançada em single, mas isso não ocorreu, provavelmente pelo fato de o álbum ter sido um estouro de vendas, sendo apontado pela Billboard, a bíblia da indústria fonográfica norte-americana, como o mais vendido naquele país durante o ano de 1973.

OBS.: a versão remasterizada do álbum lançada em 2012 trouxe quatro faixas-bônus:

Freight Train Jam (5m26)- Ouça aqui– inclui trechos do refrão de The Cisco Kid

58 Blues (5m26)- Ouça aqui. Como o nome já entrega, um blues pontuado pela harmônica de Lee Oskar.

War is Coming (blues version)- ouça aqui. (6m15)

The World is a Ghetto (rehersal take)- Ouça aqui (8m06)-

Apesar do nome, o War sempre foi uma banda de cunho pacifista, o que pode se conferir nas letras de suas músicas. E essa somatória de músicas contagiantes e mensagens fortes deu a eles um grande sucesso comercial na década de 1970. Outros trabalhos marcantes viriam, mas World is a Ghetto é mesmo o seu momento máximo.

Curiosamente, o álbum ficou por muitos anos fora de catálogo por problemas com a gravadora, só retornando nos anos 1990 graças ao selo Avenue Records, criado por Jerry Goldstein exatamente para relançar os trabalhos dessa banda seminal.

The World is a Ghetto (single version)- War:

Sueli Costa, 79 anos, uma das grandes compositoras do Brasil

sueli costa-400x

Por Fabian Chacur

Existem compositores que contam com tantos clássicos em seu songbook que fica difícil citar apenas uma ou duas delas para exemplificar uma produção tão impactante. A cantora, compositora e musicista carioca Sueli Costa se encaixa feito luva nessa descrição. Seu rico e intenso repertório foi gravado por Simone, Nana Caymmi, Elis Regina, Gal Costa. Fafá de Belém, Fagner e inúmeros outros. Ela nos deixou neste sábado (4) aos 79 anos.

Nascida no bairro da Tijuca, no Rio de Janeiro, em 25 de julho de 1943, Sueli compôs Balãozinho logo aos 15 anos de idade. Em 1967, teve Por Exemplo: Você (parceria com João Medeiros) gravada por Nara Leão, sua primeira canção a ter registro fonográfico. Seria a primeira de inúmeras outras. Ela escrevia tanto sozinha como com parceiros.

Entre as inúmeras maravilhas escritas por Sueli, vale citar 20 Anos Blue (com Vitor Martins), Jura Secreta (com Abel Silva), Cordilheira (com Paulo Cesar Pinheiro), Primeiro Jornal, Coração Ateu, Altos e Baixos (com Aldir Blanc), Face a Face (com Cacaso), Música Música (com Abel Silva) e Medo de Amar nº 2 (com Tite de Lemos). Só coisas finas.

De quebra, Sueli também era uma excelente intérprete de suas composições, tendo gravados oito álbuns nos quais suas melodias encantadoras e as letras sempre abordando as idas e vindas do amor e da vida eram abordadas com muita classe. Vai deixar muita saudade, e uma obra musical preciosa.

obs.: o livro 1979- O Ano Que Ressignificou a MPB (2022- Garota FM Books)-organizado por Célio Albuquerque, inclui um excelente texto de Andréia Pedroso sobre o álbum Louça Fina (1979), de Sueli Costa, que faz uma bela análise sobre essa grande artista.

Jura Secreta– Sueli Costa:

Jards Macalé celebra 80 anos com single Coração Bifurcado

Fotografia de Leo Aversa leo@leoaversa.com

Fotografia de Leo Aversa
[email protected]

Por Fabian Chacur

O seminal cantor, compositor e músico carioca Jards Macalé celebra 80 anos de idade nesta sexta-feira (3). Mais ativo do que nunca, ele marca essa efeméride tão importante com o lançamento do single Coração Bifurcado, melodia dele com letra de Kiko Dinucci que é a primeira amostra do álbum que ele lançará em breve, e cujo título será exatamente o nome deste excelente samba percussivo, repleto de sutilezas e com uma letra inspirada.

Coração Bifurcado, o álbum, trará 12 canções compostas por Macalé em parceria com Dinucci e também José Carlos Capinam, Ronaldo Bastos, Rodrigo Campos, Clima, Gui Held, Alice Coutinho e Rômulo Froes, oriundos de várias gerações e que mostram a abertura deste grande nome da nossa música para trocar figurinhas com os colegas de profissão.

Em texto enviado à imprensa, Jards Macalé deu uma geral sobre a inspiração e a forma como foram feitas as canções deste novo trabalho, que sairá através da gravadora Biscoito Fino:

“Desde antes da pandemia, foi me batendo um sentimento de que o ódio crescia, a cizânia crescia, o desentendimento orgânico no Brasil crescia. Então, eu resolvi fazer um disco falando de amor como um gesto político, mas também amoroso. É como se fossem 12 personagens: em cada faixa, um deles conta a sua história de amor. Essa foi a minha ideia. Pela primeira vez eu fiz as músicas primeiro, e mandei para vários poetas. Também fiz parceiros novos nesse disco”

Guilherme Held (guitarra), Pedro Dantas (baixo), Rodrigo Campos (violão, cavaquinho e percussão) e Thomas Harres (bateria) são os músicos que acompanharam Macalé nas gravações, com ele nos vocais e violão.

Coração Bifurcado- Jards Macalé:

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