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Somos Todos Iguais Nesta Noite – Ivan Lins (EMI-1977)

Por Fabian Chacur

Chegou às melhores bancas de jornais, livrarias e espaços similares o número 21 da Grande Discoteca Brasileira.

Esse volume é dedicado a Ivan Lins e traz como brinde um de seus álbuns mais importantes e belos, Somos Todos Iguais Nesta Noite (1977).

Logo, uma bela desculpa para escrever sobre esse trabalho, que deu início à melhor fase da carreira deste genial cantor, compositor e músico carioca.

O álbum marcou a estreia de Ivan na EMI-Odeon, onde, nesta sua primeira fase no selo (voltaria nos anos 2000), gravou quatro álbuns entre 1977 e 1980.

O emocionante A Noite (1979) já faz parte dos Discos Indiscutíveis de Mondo Pop. E lá vai mais um para a lista.

Somos Todos Iguais Nesta Noite consolida a parceria entre Ivan e o poeta Vitor Martins, um casamento musical perfeito iniciado em 1974 com a música Abre-Alas.

Das 11 faixas do disco, nove levam a assinatura da dupla, com o quase baião Velho Sermão escrita com o seu parceiro anterior, Ronaldo Monteiro de Souza (coautor de Madalena) e a bossa nova Aparecida com Maurício Tapajós.

Somos Todos Iguais Esta Noite (É o Circo de Novo) é como se fosse um hino dedicado àqueles humildes cidadãos que em seu dia a dia são obrigados a encarar uma vida injusta, triste e sem perspectivas, mas sem nunca largar a luta. É a joia da coroa deste CD.

Quadras de Roda começa com leve ingenuidade no estilo canção infantil e acaba como forte estocada contra a Ditadura Militar que nos dominava naqueles anos de chumbo.

Dinorah Dinorah é um escândalo rítmico e melódico, tornando-se uma das melhores criações da dobradinha Lins/Martins, com letra que invade as fantasias eróticas adolescentes/adultas.

Baladas tocantes e doces como Choro das Águas, Mãos de Afeto e Qualquer Dia pontuam o repertório, que também inclui a marcha Dona Palmeira e a visionária e tocante Qualquer Dia, que encerra o álbum.

Somos Todos Iguais Nesta Noite mostrava que Ivan Lins podia estar atingindo o auge de sua forma aos 33 anos.

Mal sabíamos nós que o melhor viria nos dois anos seguintes, com os fantásticos Nos Dias de Hoje (1978) e A Noite (1979).

Mas este aqui é bem legal, também.

Um único senão: o texto do livro que acompanha o CD não está a altura desta obra excelente. Mesmo assim, pelo preço de R$ 14,90 e com essa apresentação visual, é uma boa pedida.

Última ressalva: faltaram as letras, algo imperdoável para uma obra em que as palavras são tão marcantes quanto as melodias…

Ouça Qualquer Dia, de Ivan Lins:

Ivan Lins aos 65 anos de idade, parabéns!

Por Fabian Chacur

Em 1979, vi Ivan Lins ao vivo pela primeira vez, no extinto teatro Pixinguinha do Sesc, na rua doutor Vila Nova, no centro de São Paulo. Ele estava lançando, na época, um de seus melhores álbuns, A Noite, e o show foi maravilhoso.

Sou fã desse cantor, compositor e tecladista carioca nascido em 16 de junho de 1945 desde que era moleque. Desde que Madalena invadiu as paradas de sucesso de todo o país, na voz dele e, principalmente, na de Elis Regina, que depois gravaria diversas de suas composições.

Chega a ser curioso pensar que, por pouco, o mundo perde um grande músico para ganhar mais um engenheiro químico. Sorte que a atuação dele no cenário musical universitário acabou motivando-o a deixar o mundo das calculadoras, pranchetas e réguas tê rumo ao universo da notas musicais.

Atualmente, a sonoridade de Ivan é mais mansa, aproximando-se mais da bossa nova, do jazz e do pop latino. Curto, sim, mas não tanto como a de suas fases anterioras. A inicial, por exemplo, era bastante calcada na soul music, e rendeu maravilhas como Quero de Volta O Meu Pandeiro e O Amor é o Meu País, entre outras.

Em 1974, quando vivia o auge do desgaste de ter apresentado um programa na Globo, o Som Livre Exportação, e ter sido descartado pela mesma, e também de uma perseguição por parte da crítica, que o considerava um artista alienado, surgiu Vitor Martins em sua vida.

O paulista de Ituverava se mostrou o parceiro ideal para Ivan, com sua poesia ora lírica e romântica, ora política e incisiva. A primeira parceria dos dois já indicava o que viria a seguir: Abre Alas, um dos grandes sucessos da MPB em 1974 e um clássico instantâneo.

A primeira fase de Ivan Lins na EMI-Odeon foi impecável. Fazendo uma mistura de MPB, rock, pop, jazz e soul, ele lançou alguns dos melhores discos pop da história da nossa música: Somos Todos Iguais Nesta Noite (1977), Nos Dias de Hoje (1978), A Noite (1979) e Novo Tempo (1980).

Ivan Lins sempre foi um artista de música emotiva, forte, intensa. Lógico que nem sempre a crítica especializada gosta desse tipo de artista, e então, muitos adoram baixar o cacete em seus trabalhos. Azar deles, pois assinam atestado de ignorantes.

Nessa fase, Ivan e Vitor Martins assinaram maravilhas como Quaresma, Guarde Nos Olhos, Cartomante, Saindo de Mim, Antes Que Seja Tarde, Somos Todos Iguais Nesta Noite e Velas Içadas, só para citar algumas canções dessas que nem o tempo irá apagar, de tão fortes e belas.

Nos anos 80 e 90, Ivan Lins se firmou no mercado internacional, virando fã de gente do naipe de Quincy Jones, George Benson (que gravou-bem- Dinorah Dinorah), Patty Austin, Sting e tantos outros.

Ele continuou lançando bons discos, como Awa-ii-o (1991) e Mãos (1987), com direito a algumas músicas arrepiantes, entre as quais Iluminados, Vitoriosa, Ai Ai Ai Ai Ai, Lua Soberana e Lembra de Mim.

Ivan Lins é um daqueles artistas difíceis de serem rotulados, pois sua música é MPB, é jazz, é rock, é pop, é soul…. É música com eme maiúsculo. Parabens, grande mestre, muita saúde, paz e alegria!

Ivan Lins mostra no Brasil som para gringos

Por Fabian Chacur

Quando se apresenta no exterior, algo que ocorre freqüentemente em sua carreira, Ivan Lins costuma apresentar espetáculos um pouco diferentes dos que faz por aqui. Os arranjos são um pouco mais swingados, e, principalmente, rolam mais espaços para as improvisações instrumentais.

Também ocorre a inclusão de canções que, embora não tenham tido tanta repercussão no Brasil, tornaram-se standards dele lá fora. Como forma de apresentar ao fã tupiniquim esse formato que utiliza em outras plagas, o cantor, compositor e músico carioca lançou em 2007 o CD/DVD Saudades de Casa, registrado nos ensaios para uma turnê pelo Japão. Agora, ele está viajando pelo país, e passou por Sampa City no último fim de semana.

Simpático e bastante comunicativo, Ivan aproveitou para falar sobre as músicas, criticar com veemência o governo Lula e explicar o contexto em que o show foi concebido. Sua banda é composta por cinco músicos, dos quais se destacam o veterano Téo Lima (bateria) e os jovens e talentosos Marco Brito (teclados) e Leonardo Amuedo (guitarra e violão).

O entrosamento entre eles é grande, o que possibilita improvisos de grande qualidade estética e técnica. O repertório não se restringe ao apresentado no CD/DVD, acrescentando canções como O Amor é o Meu País, Madalena, Velas Içadas e Dinorah Dinorah.

Do novo trabalho, espécie de retrospectiva da carreira, tivemos A Gente Merece Ser Feliz, Vitoriosa, Depois dos Temporais, Depende de Nós, Saudades de Casa e Formigueiro. Mesmo alguns problemas com a voz, habituais nos shows do autor de Começar de Novo, não atrapalharam um espetáculo que agradou em cheio o público presente no Sesc Pinheiros (SP).

Ivan Lins canta ao vivo Vitoriosa:
http://br.youtube.com/watch?v=B4BabynzlYc

Ivan Lins registra ensaios em DVD

Por Fabian Chacur 

ivan_lins.jpgNormalmente, um DVD musical costuma registrar um show, uma turnê, ou mesmo os bastidores da gravação de um novo trabalho. Ivan Lins resolveu inovar, em seu novo projeto de áudio e vídeo que inaugura parceria com a Indie Records/Warner. Saudades de Casa flagra o cantor, compositor e tecladista carioca preparando o repertório do show que irá levar mundo afora nos próximos meses, no qual mistura material das várias fases de sua trajetória, iniciada há quase 40 anos. Como forma de incrementar o pacote, ele conta com participações especiais que dão um molho especial ao projeto.

Os registros contidos no DVD foram feitos de forma profissional, mas bem descontraída, no Estúdio Mega, situado no Rio de Janeiro. Ele bate bola com os músicos, interage com os convidados e investe em uma sonoridade que se concentra em samba, bossa nova e pitadas de pop, tendência de sua obra nos últimos anos. Dos sucessos consagrados, destacam-se Depende de Nós (com participação do filho Cláudio Lins), Depois dos Temporais, Formigueiro (com os afilhados Luiz Ribeiro e Pedro Altério), Saindo de Mim e Daquilo Que Eu Sei. Debruçado é uma parceria de Ivan com Gonzaguinha escrita em 1969 e até agora inédita, e ele a gravou em dueto com o filho do saudoso astro carioca, Daniel Gonzaga.

A cereja do bolo é Renata Maria, da qual participam Leila Pinheiro e o co-autor, ninguém menos do que Chico Buarque. Aliás, os diálogos entre Chico e Ivan são hilários. Nos extras, entrevista do autor de Madalena falando sobre o projeto. O CD tem 14 faixas, mas as versões são diferentes das contidas no DVD: integrais e sem os comentários entre uma e outra. Saudades de Casa é mais um ótimo trabalho deste grande nome da música brasileira.

[youtube]PkHgisB8Rpg&rel=1[/youtube]

Michael Bublé e Ivan Lins, número 1 nos EUA

O cantor canadense Michael Bublé conseguiu esta semana atingir o primeiro lugar na parada de álbuns da Billboard, a bíblia da indústria musical. O CD, intitulado Call Me Irresponsible, proporcionou ao astro, cujo estilo procura seguir o jazz crooner a la Frank Sinatra, seu primeiro momento no topo da parada americana. Curiosamente, o disco obteve tal façanha apenas na segunda semana de lançamento, quando vendeu 145 mil cópias, números menores do que os obtidos na primeira, 212 mil exemplares.

A efeméride que mais interessa aos brasileiros é o fato de que uma das principais faixas do álbum, a releitura de Wonderful Tonight, sucesso de Eric Clapton nos anos 70, conta com a participação especial de Ivan Lins. Ou seja, o brasileiro, por tabela, também está no posto mais alto do paradão da terra de George W. Bush. Outra presença ilustre fica por conta do grupo vocal Boyz II Men, presente em Comin’ Home. Me And Mrs. Jones, sucesso na voz de Billy Paul, esse cantor que ano, sim, o outro, também, canta por aqui, entrou em trilha de novela global na voz de Bublé.

Call Me Irresponsible também inclui standards como Always On My Mind, a faixa título e The Best Is Yet To Come, e segue a linha de crooner de jazz, com a possível exceção da pop Everything, com seu estilo soft rock anos 70 e, curiosamente, a faixa de trabalho do disco. Nascido em 9 de setembro de 1975, Bublé tomou contato com a música dos anos 1940/1950 através de seu avô. Seu primeiro álbum, auto-intitulado, saiu em 2003. Call Me Irresponsible é o sexto, incluindo um ao vivo que também gerou DVD.

Ouça trechos das músicas de Call Me Irresponsible:
http://www.amazon.com/


Site oficial do artista:

http://www.michaelbuble.com/

Ivan Lins – A noite (EMI)

ivan_noite.jpgO show de lançamento deste álbum foi o segundo que tive a oportunidade de assistir, no então Teatro Pixinguinha, do Sesc. Certamente, marcou a minha vida, um belo presente de 18 anos que me concedi. Para alegria de alguém que ama a boa música com toda a intensidade, é ótimo constatar que esse A Noite continua tão maravilhoso, consistente e importante como na época. Dois temas básicos permeiam as 10 faixas: as idas e vindas das relações amorosas e o duro momento político de Ditadura Militar que vivíamos na época. Ambos, como se fossem analisados na mesa de um bar, em uma dessas noites de solidão, esperança, sonho e dor.

Portanto, trata-se, de cara, de um disco extremamente emocional, emotivo, lírico, dolorido e esperançoso, ao mesmo tempo. A maravilhosa faixa título, uma balada tocante, não deixa margem a dúvidas: “A noite traz no rosto sinais de quem tem chorado demais”. A dor da separação é o mote para as inspiradíssimas Começar de Novo (que fez muito sucesso na voz de Simone, na abertura do seriado global Malu Mulher), Saindo de Mim e Velas Içadas. A crença em um futuro que será melhor dá o tom para Desesperar Jamais, dueto de Ivan com o sambista Roberto Ribeiro marcada por versos certeiros como “afinal de contas não tem cabimento entregar o jogo no primeiro tempo”.

O samba-canção Antes Que Seja Tarde, a sacudida A Voz do Povo (dos engajados João do Vale e Luiz Vieira) e baião pop Formigueiro e a de teor rural Noites Sertanejas tocam fundo na veia política, enquanto Te Recuerdo Amanda (de Vitor Jara) ressalta a união latino-americana. Ivan canta com linda voz e emoção à flor da pele, hiper bem acompanhado por seu piano e músicos do naipe de Gilson Peranzzetta (teclados), Nathan Marquez (guitarra e viola) e João Cortez (bateria). Fica difícil entender o porque, até hoje, esse e outros trabalhos deste cantor, compositor e músico carioca não integram a lista dos melhores de todos os tempos. 

Site oficial do artista

http://ivanlins.uol.com.br/ 

Ivan Lins e o americano Lee Ritenour em Beyound The Storm

http://www.youtube.com/watch?v=u3d8pQyAxRU 

Ivan Lins canta ao vivo Começar de Novo

http://www.youtube.com/watch?v=MUb_hWuCQnw

DVD de Rogério Rochlitz é cativante

Por Fabian Chacur

Descobri Rogério Rochlitz por acaso, ao vê-lo fazer excelente abertura para um show de Guilherme Arantes em dezembro de 2012. Bela descoberta. Desde então, acompanho com atenção o seu trabalho, e inclusive já resenhei aqui em Mondo Pop seu excelente CD Móbile (leia aqui). Agora, é a vez de dar a minha opinião referente a seu DVD Cores ao Vivo (Itaú Cultural/Tratore/Independente) e só tenho elogios para o mesmo. Coisa finíssima mesmo!

Com pouco mais de 40 anos de idade, Rogério é um cara com sólida formação técnica como músico e bastante versátil como profissional, pois atua como tecladista, compositor, arranjador e produtor, sempre com nível de excelência dos mais altos. Integrou nos anos 90 a ótima banda Jambêndola e tocou com gente do naipe de Elton Medeiros, Paula Lima e Danilo Caymmi, além de integrar o célebre Trio Mocotó.

Sua carreira solo é centrada na música instrumental, e ele mostra mais uma vez que dá para investir nessa seara sem cair no virtuosismo excessivo ou no que alguns apelidam de “música só para músicos”, repletas de acordes e levadas rítmicas difíceis que, no entanto, pouco cativam o público neófito ou sem tanto conhecimento teórico. Rochlitz não cai nessa armadilha, e faz música para todos, sem amarras ou restrições.

Seu DVD traz músicas que fundem jazz, forró, baião, bossa nova, samba, pop, chorinho e o que mais pintar sempre de forma fluente e boa de se ouvir. Os instrumentos entram sempre nas horas certas e dialogam entre si com o objetivo de servir cada tema, sem arroubos ou exageros metidos a besta. Os solos e acompanhamentos elaborados ocorrem, mas de forma a gerar prazer nos ouvidos alheios. E como geram!

A abordagem que Rogério Rochlitz e sua banda mostram em termos de ritmos brasileiros é deliciosa, mesclando-os sem medo de ser feliz com funk de verdade e jazz, por exemplo. Dá para dançar, para ouvir atentamente ou para curtir com a pessoa amada. Faixas como Simbora, Mashish, Filarmônica da Chipônia, Maré, Estrela Azul e Suíte Baião são bons destaques dessa fusion brazuca contagiante e levada da breca.

O músico também mostra Tempo e Meio Sonho no esquema piano solo, e demonstra muita técnica, sensibilidade e swing, elementos que me conquistaram logo na primeira vez que o ouvi se apresentando ao vivo. Impressionante como o cara toca piano e como o cara respeita o seu instrumento, dosando as notas e as harmonias e dividindo generosamente com a plateia o prazer que esbanja ao tocar.

A banda que o acompanha é impecável, com Fábio Sá (baixo), João Poleto (sopros), Amílcar Rodrigues (sopros) e o lendário João Parahyba (percussão), fundador do Trio Mocotó e célebre por participações marcantes em discos de artistas como Jorge Ben Jor e Ivan Lins, só para citar dois. Só o baile percussivo dessa fera já valeria o DVD, que no entanto tem mais, muito mais.

Cores Ao Vivo é um documento concreto de como a música instrumental brasileira pode mergulhar em caminhos igualmente elaborados, criativos e acessíveis ao ouvido médio, permitindo a quem o ouve ter o mesmo tipo de reação que nossos pais e avós tinham ao ouvir os mestres geniais do chorinho como Altamiro Carrilho, Luperce Miranda e tantos outros, que criavam genialmente e entretinham com habilidade ao mesmo tempo.

Veja o clipe de Prince No Sambão, com Rogério Rochlitz:

Luiz Gonzaga Jr.- Luiz Gonzaga Jr. (EMI-Odeon-1973)

luiz gonzaga jr 1973-400x

Por Fabian Chacur

Quando lançou o seu 1º álbum, Luiz Gonzaga Jr. (1973), no ano em que completou 28 anos, Gonzaguinha já tinha uma trajetória com boas realizações em seu currículo. Não é de se estranhar que soe como um trabalho bastante maduro e bem formatado. Ele entrou em estúdio com experiência suficiente para dar conta do recado com categoria. Para situar bem o leitor, vamos fazer uma viagem por essa fase inicial da carreira deste grande cantor, compositor e músico.

Gonzaguinha foi fruto de um relacionamento de menos de dois anos entre seu pai, Luiz Gonzaga (1912-1989) e a cantora, dançarina e compositora Odaléia Guedes dos Santos. Eles se conheceram quando ela fez vocais de apoio em gravações do Rei do Baião, como integrante do coro de Erasmo Silva. Foi ele quem sugeriu a Gonzaga que hospedasse a jovem artista, que há pouco havia sido expulsa de casa.

Odaléia também atuava no Rio de Janeiro em dancings, salões de baile nos quais os frequentadores pagavam para dançar com as meninas disponíveis, que tinham cartões nos quais marcavam suas atividades. O músico pernambucano não aceitava o jeito mais independente e rebelde da parceira. Mesmo assim, tiveram um filho, que nasceu no dia 22 de setembro de 1945.

Luiz Gonzaga do Nascimento Jr. teve pouca convivência com a mãe. Por volta de dois meses após o nascimento de Luizinho (como ele era chamado quando era criança), Odaléia foi diagnosticada com tuberculose, e precisou ser internada em Minas Gerais. Gonzagão, então, pediu aos padrinhos da criança, seus amigos desde que chegou ao Rio, em 1939, que cuidassem dele.

Entre idas e vindas, Odaléia acabou falecendo por volta dos 23 anos, quando o filho não tinha nem 4 aninhos. O pai se casou com Helena em 1948, e ela não aceitou que o sanfoneiro levasse o garoto para morar com eles. Aí, os padrinhos, Leopoldina (Dina) de Castro Xavier e Henrique Xavier Pinheiro, o Baiano do Violão, passaram a criar de forma efetiva Luizinho.

Dina sempre fez de tudo para manter o menino próximo do pai, levando-o para visitá-lo de forma regular. Morando no Morro do São Carlos, no célebre bairro do Estácio, um dos berços do samba carioca, Luizinho aprendeu as malandragens na rua e também se apaixonou pela música, inspirado no pai, no padrinho e naquilo que ouvia nas programações das rádios de então- boleros, sambas-canção, baião, som de orquestras etc.

Rebelde e introspectivo, Gonzaguinha resolveu aos 16 anos tentar se aproximar do pai de uma forma mais efetiva, indo morar com ele. A madrasta desta vez aceitou, mesmo a contragosto, e dessa forma duas pessoas com personalidades muito distintas foram aprendendo a se entender aos poucos, mesmo que aos trancos e barrancos.

O autor de Asa Branca queria que o filho tivesse um curso superior, “virasse doutor”, como se dizia na época. Luizinho estudava, mas a música sempre se mostrou uma opção profissional que cresceu cada vez mais na sua vida. E, ao contrário do que alguns pensam, foi exatamente o pai quem lhe abriu as portas na carreira que viria a exercer.

Em 1964, Gonzagão gravou pela primeira vez uma música de seu filho, Lembrança de Primavera (ouça aqui), incluída no seu álbum A Triste Partida e canção que Luizinho escreveu quando tinha apenas 14 anos.

Papai mostrou que tinha fé no seu rebento, pois em seu álbum seguinte, Quadrilhas e Marchinhas Juninas (1965), registrou mais duas canções dele, Matuto de Opinião (ouça aqui) e Boi Bumbá (ouça aqui).

O álbum Canaã (1968), de Gonzagão, marcou o auge desse período, pois inclui nada menos do que quatro composições assinadas por Luiz Gonzaga Jr.: Pobreza por Pobreza (ouça aqui ), Erva Rasteira (ouça aqui), Festa (ouça aqui) e Diz Que Vai Virar (ouça aqui).

Quando resolveu gravar um álbum com canções de novos valores da música brasileira, O Canto Jovem de Luiz Gonzaga (1971), o Rei do Baião obviamente não iria deixar seu filho de fora, e não só registrou Morena (ouça aqui) como convidou-o para um dueto na releitura de Asa Branca (ouça aqui).

Completa essa sequência a música From U.S. Of Piaui (ouça aqui), composição de Gonzaguinha que Gonzagão gravou em seu álbum Aquilo Bom (1972). Vale registrar que o jovem compositor, que raramente pedia dinheiro ao pai, teve como ganhos iniciais no mundo musical exatamente os direitos autorais provenientes dessas gravações.

Entre 1964 e 1972, portanto, Luiz Gonzaga gravou nada menos do que 9 composições do filho em seus discos. De quebra, ainda foi o padrinho de casamento do seu herdeiro em 1971, com Angela Porto Carreiro. Ou seja, aquela história de que eles só se entenderam a partir de 1979, quando gravaram juntos A Vida do Viajante, é pura balela.

Uma das razões pelas quais Gonzaguinha passou a morar com o pai foi para poder ingressar em uma universidade, algo que seus padrinhos não tinham como ajudá-lo a fazer em termos financeiros. E isso ocorreu em 1967, quando ele entrou na Faculdade de Ciências Econômicas Cândido Mendes com o intuito de se tornar economista.

A entrada no meio universitário o ajudou a se aproximar de outros talentos musicais. O primeiro trabalho de Gonzaga Jr. fora do universo do pai ocorreu quando compôs a trilha sonora da peça teatral Joana em Flor, do grupo teatral Arena da Ilha (no caso, a do Governador). Nessa mesma época, foi levado pela amiga Angela Leal (que depois se tornaria uma famosa atriz) a uma certa casa situada na rua Jaceguai nº 27, no bairro da Tijuca.

Naquela residência simples de classe média, o médico Aluizio Porto Carrero, que também era músico, fazia reuniões musicais no melhor espírito dos saraus de antigamente. Ele, a esposa Maria Ruth e as filhas Angela e Regina recebiam jovens amigos, geralmente estudantes universitários, para tocar música e conversar. Gonzaguinha se sentiu à vontade logo na primeira visita.

Em 1968, Gonzaguinha lançou o seu primeiro disco, um compacto simples produzido por conta própria incluindo Tema Joana em Flor (ouça aqui), da trilha da peça teatral Joana em Flor, e Pobreza por Pobreza (ouça aqui).

Esta última, além de ter sido posteriormente gravada pelo pai, participou do I Festival Universitário da Música Brasileira, realizado pela TV Tupi. A composição ficou entre as finalistas, e acabou incluída no LP do evento em interpretação do cantor Jorge Nery (ouça aqui ). E foi ali que ele conheceu um de seus melhores amigos na cena musical, Ivan Lins.

Vale dizer que, a partir de 1965, os festivais de música se tornaram a grande plataforma através dos quais os novos nomes chegavam ao grande público. Elis Regina, Chico Buarque, Milton Nascimento, Edu Lobo, Caetano Veloso, Gilberto Gil e Jair Rodrigues, entre outros, ganharam fama participando dessas competições organizadas pelas emissoras de TV.

Interagindo na casa da rua Jaceguai com Ivan Lins (que também se tornou figura assídua por lá), Aldir Blanc, Cesar Costa Filho, Guinga e outros jovens talentos, Gonzaguinha foi mergulhando cada vez mais na cena dos festivais, e em 1969 foi o vencedor do II Festival Universitário, da TV Tupi, com a música O Trem (Você se Lembra Daquela Nega Maluca Que Desfilou Nua Pelas Ruas de Madureira?) (ouça aqui).

Com elaborado arranjo fortemente influenciado pelo jazz de artistas como Miles Davis e escrito pelo consagrado músico Luizinho Eça, O Trem recebeu vaias intensas do público, obviamente não preparado para ouvir algo tão refinado, e com uma letra profunda e inspirada na fugacidade e dificuldade da vida de uma pessoa comum.

A vitória valeu a Luiz Gonzaga Jr. um contrato com o selo Forma, da gravadora Philips. Naquele mesmo 1969, outro resultado expressivo: venceu na categoria melhor letra com Moleque (ouça aqui) no 5º Festival da Música Popular Brasileira da TV Record.

Em 1970, a turma da Rua Jaceguai resolve participar do 5º Festival Internacional da Canção (FIC), promovido pela Rede Globo. Embora apresentem suas músicas de forma individual, os integrantes usam coletes da mesma cor e se definem como MAU (Movimento Artístico Universitário).

Ivan Lins atinge o 2º lugar, com O Amor é o Meu País, e Gonzaguinha fica com o 4º posto com Um Abraço Terno em Você, Viu, Mãe? (ouça aqui), canção que cita Asa Branca e é claramente inspirada em Tropicália, também aproveitando elementos de versos da mesma.

No III Festival Universitário da Canção, Gonzaguinha participa com Parada Obrigatória Para Pensar (ouça aqui), que seguia a mesma fórmula elaborada de O Trem e lhe valeu um honroso 4º lugar na classificação geral.

O bom desempenho dos integrantes do MAU no 5º FIC chamou a atenção de sua organizadora, a TV Globo, que pensava em fazer um programa musical dedicado aos jovens. Surgiu, dessa forma, o Som Livre Exportação, que no início de 1971 trazia como apresentadores Ivan Lins e Elis Regina e a turma de universitários participando, entre eles Gonzaguinha.

Após o contrato inicial, de dois meses, a Globo ofereceu renovação a apenas três integrantes do MAU: Ivan, Gonzaguinha e Cesar Costa Filho. Eles aceitaram, e assim tivemos o fim do movimento. O programa durou aquele ano de 1971, e teve boa repercussão perante o público.

Gerou o lançamento de dois LPs com performances dos convidados e dos apresentadores, com duas músicas inéditas de Gonzaguinha: Eu Quero (ouça aqui), bastante inspirada em Batmacumba, de Gilberto Gil, e Raça Superior (ouça aqui), ironizando o brasileiro naquele momento.

Mesmo com a presença expressiva de Luiz Gonzaga Jr. nos festivais e na mídia, o selo Forma não se mostrava animado em investir em um LP dele. Naquele ano efervescente, lançaram apenas um compacto simples (com Afriasiamérica) e um compacto duplo que destacava a faixa Por Um Segundo.

Por Um Segundo (ouça aqui), com sua roupagem meio soul pop que caberia feito luva na voz de Wilson Simonal, foi a que mais tocou em rádios, e é excelente, embora à parte do estilo habitual do cantor e compositor carioca.

A experimental e roqueira Afriasiamérica (ouça aqui), a lírica e no melhor estilo voz e violão Felícia (ouça aqui) e a deliciosa Plano Sensacional (ouça aqui), com inspiração no estilo de Milton Nascimento, são provas da qualidade da sua produção na época.

O compacto duplo era completado por Sanfona de Prata (ouça aqui), uma tocante homenagem ao pai que ressalta sua proximidade com o povo e as viagens pelo país inteiro divulgando a cultura popular. Embora ainda em processo de amadurecimento, ele já merecia a deferência de lançar um LP.

Com o fim do Som Livre Exportação e o aparente desinteresse da Forma/Philips em investir mais forte na sua carreira, Gonzaguinha assinou em 1972 um contrato com a EMI-Odeon.

Sua estréia na nova casa fonográfica foi no formato compacto, trazendo uma nova e bem melhor versão de Pobreza Por Pobreza (ouça aqui) e Mundo Novo Vida Nova (ouça aqui), linda canção que em 1969 foi interpretada por Claudete Soares no 2º Festival Universitário da Música Brasileira e em 1980 seria gravada por Elis Regina no álbum Saudade do Brasil.

O último lançamento daquele 1972 foi Depois do Trovão (ouça aqui), que concorreu no 5º Festival de Música Popular Brasileira de Juiz de Fora e foi incluída no LP com músicas daquele evento em versão ao vivo voz e violão, na qual Gonzaguinha cita novamente Asa Branca.

As músicas lançadas pelo autor de Explode Coração no selo Forma foram reunidas e lançadas no CD Gonzaguinha (2001), em ótimo trabalho do pesquisador Marcelo Fróes. Só ficou de fora Raça Superior, lembrando que as versões originais de Tema Joana em Flor e Pobreza por Pobreza são de um compacto independente. Esta última entrou no CD com Jorge Nery.

Em 1973, portanto, Luiz Gonzaga Jr. estava mais do que pronto para lançar um consistente álbum de estreia. E foi exatamente isso o que ele fez. A direção musical ficou a cargo do então já veterano Maestro Lindolfo Gaya (1921-1981). Para atuar como assistente de produção, orquestrador e regente, entrou em cena o brilhante J.T. Meirelles (1940-2008), conhecido por sua atuação com o grupo Copa 5.

O principal mérito dos arranjos neste álbum é não se perder em climas rebuscados que eventualmente frequentavam algumas gravações na época. As roupagens sonoras procuravam enfatizar as letras e os vocais.

O disco não traz ficha técnica completa, mas é possível deduzir que o guitarrista e violonista Sidney Mattos(que é citado nos agradecimentos especiais) tenha tocado nele, pois o músico tinha sido colega de Gonzaguinha no MAU e está na ficha técnica do segundo álbum do artista, de 1974.

A capa é enigmática. De forma apressada, pode parecer uma foto do artista em um porta-retratos cujo vidro estaria rachado. No entanto, se olharmos mais atentamente, podemos imaginar que seja, na verdade, o reflexo de Gonzaguinha em uma janela ou espelho, que estava refletindo também uma árvore. Como a outra foto do álbum traz o cantor atrás de plantas, esta segunda hipótese se mostra a mais pertinente.

As 10 faixas deste trabalho giram em torno de estilos musicais que seriam constantes nos álbuns de Gonzaguinha. Basicamente, bolero, baião, samba e rock sob o viés de Milton Nascimento e do Clube da Esquina. Vamos a uma análise música a música deste LP.

Sempre Em Teu Coração (ouça aqui)

O álbum abre com uma canção lírica, com um delicado arranjo de cordas ao fundo e violão conduzindo tudo. A influência do Clube da Esquina se mostra nítida. A letra é ambientada em um salão de danças, certamente inspirada na atuação da mãe Odaléia, e cita a Orquestra de Waldir Calmon (1919-1982), que viveu o seu auge na década de 1950, ou seja, na infância-adolescência de Gonzaguinha. Ele exploraria esse mesmo universo futuramente.

Minha Amada Doidivanas (ouça aqui)

Neste bolero estilizado, o ouvinte desavisado pode achar que se trata de alguém lamentando um amor persistente por uma pessoa que o despreza em nome de outra pessoa-paixão. No entanto, a citação de trecho do Hino Nacional Brasileiro (para ser mais preciso, “No Teu Seio Mais Amores”) e os versos “dói saber, amada tropicana, somente eu não estou a fim de te explorar, doidivana” deixam claro se tratar de lamentações contra a ditadura militar que deitava e rolava naquele cinzento Brasil de 1973.

Página 13 (ouça aqui)

Em sua carreira, Gonzaguinha sempre se mostrou um ácido cronista do cotidiano brasileiro. Aqui, em uma mistura de samba-canção e jazz rock (com passagens de metais e guitarra simplesmente matadoras), narra a tragédia ocorrida com um vizinho que ele tinha em grande conta por razões absolutamente superficiais, e que acabou virando estrela macabra de matéria em um jornal popular. Ele tira conclusões acerca de um cara que viveu por 10 anos na vizinhança, e que ele só encontrava no elevador e de quem nem sabia o nome, “ele nunca falou”. Obra-prima, raramente citada.

Românticos do Caribe (ouça aqui)

Essa faixa é mais uma prova concreta de como o romantismo sempre fez parte da obra deste artista, taxado por alguns apressados como “cantor-rancor” nessa sua fase inicial. Com direito a uma guitarra jazzística e musicalidade envolvente, o tema aqui é uma relação afetiva que de certa forma entrou no piloto automático, longe da paixão dos tempos iniciais. E o que Gonzaguinha propõe é exatamente isso, a retomada do prazer da dança ao som de um bom bolero à meia luz. O romance resiste!

Sim, Quero Ver (ouça aqui)

Com tempero de samba-canção e acompanhamento em ritmo meio marcial, o tema aqui é o desejo de ver a festa de volta, “sem máscaras negras e com o pierrot vencendo o arlequim”. Lógico que o assunto aqui é o repúdio à ditadura militar e o sonho do retorno à democracia. A interpretação sutil e delicada em termos vocais mostra o quanto o Gonzaguinha cantor havia amadurecido em relação aos anos anteriores.

A Felicidade Bate à Sua Porta (ouça aqui)

Um dos temas recorrentes de Gonzaguinha é o retorno da festa, da alegria, de um tempo mais alegre e pra cima, em meio àqueles anos de chumbo vividos durante a ditadura militar. Aqui a abordagem é do tipo vamos voltar aos bons tempos da felicidade com a ajuda de um certo trem da alegria, “e que importa a mula manca, se eu quero…”. O arranjo pende para o rock latino percussivo. Com uma roupagem disco music, esta canção se tornaria o primeiro hit das Frenéticas, em 1977.

Palavras (ouça aqui )

Este samba-canção com um certo tempero de fado é explícito ao condenar quem fala muito e não faz nada para minorar ou mesmo acabar com o sofrimento e a tristeza. O ouvinte mais atento pode identificar ecos melódicos de Negue (Adelino Moreira e Enzo de Almeida Passos), clássico da nossa música que fez sucesso nas vozes de Nelson Gonçalves, Maria Bethânia e até do Camisa de Vênus.

Moleque (ouça aqui)

Esta canção equivale a um auto-retrato do autor, lembrando de suas origens como moleque nas ruas do Morro do São Carlos, onde aprendeu muito sobre a vida e firmou sua personalidade irreverente, contestatória e inconformista. A gravação original de 1969 trazia um arranjo orquestral um pouco rebuscado demais. Aqui, o acompanhamento é exato, com ênfase na parte rítmica (bem nordestina), uma flauta precisa e o vocal de Gonzaguinha mandando uma de suas melhores letras. Ele a regravaria em 1977, em pot-pourry com Festa, no álbum intitulado, não por acaso Moleque Gonzaguinha. Uma das canções essenciais do songbook gonzaguiano.

Comportamento Geral (ouça aqui)

Se em outras canções tínhamos críticas feitas de forma um pouco mais sutil, aqui o filho do Rei do Baião vai direto ao assunto, ironizando o conformismo das pessoas ao aceitar as imposições dos patrões e dos ditadores de plantão. “Você merece, você merece, tudo vai bem, tudo legal, cerveja, samba e amanhã, seu Zé, se acabarem com o teu carnaval?”, diz o ácido refrão. Este samba fantástico foi lançado em compacto simples que rapidamente vendeu mais de 20 mil cópias, especialmente após ter sido apresentado no Programa Flávio Cavalcanti, uma das maiores audiências da TV de então. Outro momento estelar da obra de Gonzaguinha.

Insônia (ouça aqui)

O momento mais introspectivo e tenso do álbum, e que o encerra, começa com o tic-tac de um relógio e flagra alguém na cama, de madrugada, tenso e obviamente inseguro com aqueles dias cinzentos, com versos agudos como “e esse lençol gelado,e esse sono que não vem”.

A versão em CD de Luiz Gonzaga Jr. saiu em 1997 incluindo como faixa-bônus Depois do Trovão (ouça aqui).

Com a grande repercussão obtida por Comportamento Geral, a censura se mostrou implacável e determinou não só o recolhimento do compacto simples como também do álbum, que só seriam liberados novamente em 1980, quando vivíamos a abertura.

Embora reflita aquele tempo tão difícil, trata-se de um trabalho repleto de musicalidade, esperança e fé em um futuro melhor, e que seria uma espécie de template (molde) para os trabalhos posteriores de Gonzaguinha, artista que se valeu com rara habilidade da autorreferência e do desenvolvimento de um mesmo tema em várias canções diferentes, marca também de Belchior, vale registrar.

Ouça Luiz Gonzaga Jr. (1973) em streaming na íntegra:

Joabe Reis faz show e dá uma prévia do seu novo álbum 028

Por Fabian Chacur

Há quem reclame dos domingos, acreditando serem dias tediosos e sem charme. Haja mau humor… Se alguém ainda insiste nesse tipo de abordagem e mora em São Paulo, recomendo um belo programa para dar uma detonada nesse baixo astral. Será neste domingo (2/7) às 11h no Centro Cultural Vila Itororó (rua Maestro Cardim, nº 60- Bela Vista), e com entrada gratuita. Trata-se de um show do excelente trombonista, compositor e produtor capixaba Joabe Reis, que dará uma prévia de seu álbum, 028.

O título do álbum tem a ver com o número de DDD de Cachoeiro de Itapemirim (ES), cidade da qual Joabe é filho ilustre. Ele toca com uma banda afiada integrada por Sidmar Vieira (trompete), Josué Lopez (sax), Agenor de Lorenzi (teclado), Daniel Pinheiro (bateria) e Felipe Pizzutiello (baixo).

028 flagra Joabe Reis investindo em sua mistura de jazz, soul e r&b com ritmos brasileiros, e traz parcerias com nomes do porte do saxofonista norte-americano Bob Mintzer. Em seu currículo, o músico apresenta trabalhos ao lado de gente do alto gabarito de Ivan Lins, Paula Lima. Macy Gray, Roberto Menescal e Hamilton de Holanda, entre outros.

Partido Alto– Joabe Reis:

Mário Sève mostra faceta choro de Paulinho da Viola em show

mario seve-400x

Por Fabian Chacur

Uma das mais belas homenagens recebidas por Paulinho da Viola em 2022, ano em que completou 80 anos de vida, foi o álbum Ouvindo Paulinho da Viola. O lançamento da gravadora Kuarup traz o flautista, saxofonista, compositor e arranjador Mário Sève relendo com categoria faixas da faceta choro do grande cantor, compositor e músico carioca. Ele vem a São Paulo para mostrar esse repertório iluminado em um show nesta quinta-feira (27) às 20h no teatro do Sesc 24 de Maio (rua 24 de Maio, nº 109- fone 11-3350-6300), com ingressos de R$ 12,00 a R$ 40,00.

Mário Sève (sopros e arranjos) terá a seu lado no show Adriano Souza (piano), Celsinho Silva (percussão) e Dininho (baixo) — integrantes do seleto grupo do próprio homenageado —, além de Jorge Filho (cavaquinho), Kiko Horta (acordeão) e Luiz Otávio Braga (violão de sete cordas). Vale lembrar que Mário também integra há muitos anos a banda de Paulinho.

Frequentemente lembrado como sambista, Paulinho da Viola tem também uma forte faceta de choro na sua obra, influência direta de seu saudoso pai Cesar Faria, e é essa veia que Mário explora de forma extremamente competente em Ouvindo Paulinho da Viola. O álbum traz chorinhos escritos pelo autor de Pecado Capital e também duas parcerias de Séve com Paulinho- Vou Me Embora Pra Roça e Carinhosa.

Com uma carreira extensa e consistente, Mário Sève é também educador, sendo mestre e doutor em Música e com vários livros publicados, além de ter sido um dos fundadores dos grupos Aquarela Carioca e Nó em Pingo D’Água. Teve composições suas gravadas por artistas do gabarito de Ney Matogrosso, Alceu Valença, Ivan Lins, Guinga, Moraes Moreira, Marisa Monte e Zeca Pagodinho, entre outros.

Ouvindo Paulinho da Viola- Mário Séve (ouça em streaming):

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